Considerados Dignos do Reino – 4

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Considerados Dignos do Reino – 4 é a tradução do capítulo 6 do livro “Breaking the Satanic Siege”, de Harry Foster publicado pela Emmanuel Church. Originalmente, esse artigo foi publicado na revista A Witness and A Testimony” no 1, Vol 36 de Jan-Fev de 1958.

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Harry Foster

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“Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros, porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação” (Daniel 5:11,12).

“Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas do lado de Jerusalém, três vezes por dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer” (Daniel 6:10).

5 – Soberania

Um espírito Excelente” (vs 12) foi encontrado em Daniel. A história nos revela que espírito foi aquele, muito além do que poderia ser imaginado. O Capítulo 5 é principalmente lembrado pela história da tolice de Belsazar e sua condenação pela escrita na parede. Pode ser útil, entretanto, olhar pelo o ponto de vista de Daniel, porque assim vemos quão maravilhosamente a soberania de Deus trabalhou para restaurá-lo à sua posição na Babilônia, exatamente no momento certo.

Quando esta história começou, Daniel estava na obscuridade. Sua grandeza anterior estava esquecida, seu lugar de autoridade, que havia sido conquistado somente por sua fidelidade a Deus, tinha sido tirado dele. Será que isso aconteceu por acaso? Será que esta era uma obra de intrigas de inimigos? Uma coisa é certa, que tão completo era o seu eclipse naquele reino, que quando a necessidade surgiu de um intérprete, apenas a velha Rainha Mãe sabia o seu nome; e quando o servo de Deus foi trazido à presença real, o rei não o reconheceu, tendo que perguntar: “És tu aquele Daniel…?”

Sem dúvida era bem típico daqueles tempos inconstantes, que um homem tão importante pudesse afundar na obscuridade. Mas isso não nos lembra de outros servos do Senhor que tiveram que esperar o Seu tempo, antes que pudessem entrar em seus ministérios? José definhou e foi esquecido em uma prisão; Moisés passou quarenta anos no fundo de um deserto (Êxodo 3:1; Atos 7:30); Elias teve que se esconder por três anos e meio (1 Reis 17:3, 18:1; Tiago 5:17); João Batista esteve nos desertos até o dia que deveria se manifestar em Israel (Lucas 1:80); e ninguém realmente sabe onde Saulo de Tarso esteve, até que Barnabé o trouxe para Antioquia (Atos 9:30; 11:25,26).

Tudo isso parece expressar uma característica espiritual daqueles que servem no Reino. Eles devem provar que Deus é o Deus da ressurreição, Aquele que pode estabelecê-los ou restabelecê-los pela Sua própria sabedoria e poder. Nenhum verdadeiro servo de Deus deve abrir caminho para si mesmo. Ele pode até parecer esquecido e negligenciado, no deserto ou na prateleira. Isso é particularmente doloroso quando o homem sabe, como Daniel, que  tem um serviço a fazer que ninguém mais pode realizar. A inatividade é muito penosa, e a obscuridade é dolorosa para a carne… a tentação de tentar se liberar e avançar sozinho é quase tão grande para que se possa suportar.

Se, entretanto, tal pessoa for um servo do Deus vivo, precisa aprender a confiar apenas no poder soberano de Deus. Infelizmente, o mundo Cristão está muito familiarizado com a auto-propaganda, apelos para influenciar a ajuda de terceiros, a discutível busca por um lugar de proeminência, a luta por direitos pessoais e tudo mais que envolve isso. Daniel não era esse tipo de pessoa. Se ele era um servo de Deus, o Senhor o restabeleceria à sua posição. Não era sua responsabilidade tomar seu próprio caminho ou sustentar sua posição; esse era um trabalho de Seu Mestre. Tudo o que ele tinha que fazer era acautelar-se da auto-afirmação e manter seu “espírito excelente”. E como ele estava certo!

A história descreve a impressionante sabedoria pela qual essa restauração aconteceu. Daniel deixou claro a Belsazar de que não desejava favores, nem buscava lugares em seu reino, mas o rei dissoluto insistiu em vesti-lo de púrpura, colocar um colar de ouro em seu pescoço e proclamá-lo o terceiro governante no reino. Esse foi o seu último ato. Naquela noite ele foi morto. Assim, no último minuto, Daniel foi trazido de volta ao seu lugar, onde a nova dinastia tomou lugar no império. Parece que Dario estava feliz o suficiente por encontrar aquele homem estrangeiro para governar o novo domínio. O próximo capítulo revela quão rapidamente Daniel ganhou o favor desse rei. Que lição esse capítulo nos dá a respeito da soberania Divina e da prova de como o Senhor é capaz de buscar os Seus próprios interesses e Seus próprios servos, se estes estiverem preparados para esperar apenas Nele.

6 – Oração Prevalecente

Isso nos leva ao último capítulo, que descreve um incidente que traz à luz o fim da vida longa do profeta. Cronologicamente, tal incidente parece estar localizado depois do Capítulo 9, que é o capítulo que lida com a oração intercessória pela restauração de Jerusalém.

Sem dúvida, o tempo de humilhação, confissão e intercessão teve um alto preço para Daniel. Esse tipo de oração é custosa. Ainda assim, o teste mais severo veio depois, quando Daniel, com suas janelas “abertas em direção à Jerusalém…”, buscava três vezes ao dia, e “perseverava na oração, vigiando com ações de graças” (Colossenses 4:2). Satanás estava determinado a fechar aqueles lábios ou até mesmo aquelas janelas, e ele inspirou aquela conspiração contra Daniel tendo isso em vista.

A conspiração falhou. A oração se seguiu, e Daniel viveu para ver a resposta no reino de Ciro (verso 28). Isso aconteceu, não por uma posição terrena sustentada por Daniel, mas somente por sua autoridade espiritual, como um homem em contato com o Trono celestial. Em sua vida enquanto jovem, Daniel foi livrado da tentação por tem um coração fixo e determinado de ser verdadeiro para com seu Deus. Em sua idade avançada, ele foi mais uma vez deliberado no mesmo propósito. Ele sustentou seus olhos fixos no propósito Divino, e o Senhor cuidou dele.

Não existe nada mais tocante do que vermos Daniel dignamente ignorar seus inimigos, quando “orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer”(verso 10). Para seus amigos pode ter parecido patético. Era um homem velho, sozinho, contra “a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar” (verso 8). O próprio Dario passou um dia miserável, e uma noite ainda pior, preocupado com isso. Daniel, entretanto, não pareceu se preocupar nem um pouco. Ele conhecia um poder maior do que a lei dos medos e dos persas: o poder do Nome, usado como uma arma na oração prevalecente. Aquelas janelas abertas em direção à Jerusalém nunca se fecharam! Daniel nunca se rendeu. O império medo-persa teve que se render, os leões famintos tiveram que se render, os inimigos tiveram que se render, mas ele permaneceu firme, triunfando com sua fé simples.

Essa é a figura final dada a nós daquele a quem foi prometido um lugar no Reino (Daniel 12:13). Vemos ele agora como um príncipe da semente real, não como um líder, um vidente, uma figura pública, um conselheiro de reis, mas um homem normal. Um homem olhando, em fé, para o objetivo Divino. Um homem assediado por muitos inimigos. Um homem, entretanto, em seus joelhos, convencido da suprema importância da oração. Esse tipo de homem todos nós podemos ser. Precisamos ser assim se vamos ser levados em conta por Deus. Não existem covas de leões nos nossos dias, mas existem muitas fornalhas ardentes determinadas a silenciar a oração prevalecente. Muitas questões importantes do Reino podem ser decididas se nos rendermos ou se prevalecermos. Graças a Deus, o “Deus de Daniel” (verso 26) ainda está conosco.

“Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança” (Daniel 12:13).

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