Pela fé e não por vista

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Pela fé e não por vista é um artigo baseado no texto “By Faith and not By Sight” de Harry Foster.

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Harry Foster

“Visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5:7).

Pela fé e não por vista, essas palavras reservam o grande segredo do ministério tão bem-sucedido do Apóstolo Paulo. Sua abordagem tão ativa é tipificada pelo seu constante uso da palavra “andar”. Entretanto, progresso espiritual jamais será possível sem uma fé viva, porque não podemos trilhar os caminhos até Sião por vista. No momento em que voltarmos nossa atenção às coisas visíveis, nossa caminhada cessará – seremos impedidos, presos, paralisados. O único caminho adiante de nós é o caminho da fé.

Um Contraste Real, pela fé e não por vista

Fé não significa sentimento. Assim como não iremos em frente se olharmos ao nosso redor, da mesma forma é igualmente errado olharmos para dentro de nós mesmos. A fé é muito diferente das emoções e reações da nossa alma. Fé é verdadeiramente um exercício interior, aquilo pelo qual estamos ligados ao Senhor em glória.

O marinheiro, enquanto em mar aberto, não pode ser guiado pelas aparências, porque não terá nada visível em que se apoiar. Ele precisa da sua bússola, e só terá a direção correta a seguir se a usar. A bússola, por outro lado, não é nada em si mesma, porque ela só funciona devido às forças magnéticas. É o polo magnético que indica o curso do marinheiro, apesar da bússola ser o meio pelo qual ele obtém a direção.

Da mesma forma, nossa fé não é nada em si mesma. Precisamos ser governados pelo ponto fixo da vontade de Deus. Assim como a bússola, a fé nos capacita a nos ajustarmos à essa vontade, e a sermos governados por ela.

Então, seria um erro abandonarmos as evidências externas e passarmos a confiar nas evidências interiores dos nossos sentimentos. Não devemos ser governados pelas coisas que vemos, tampouco pelas coisas que sentimos. Por isso é tão desafiador andar pela fé, não por vista.

Características Espirituais da Caminhada de Fé

A caminhada cristã demanda por algo além do abandono das coisas visíveis e do que sentimos. Isso porque até mesmo os homens do mundo podem seguir uma direção vinda de dentro. Eles têm, talvez, um impulso ou anseio, ou ainda, podem se sentir restringidos por um súbito e inexplicável medo, um aviso no seu interior. Algumas pessoas têm uma impressionante impressão intuitiva que as leva a ignorar as aparências exteriores e agir de acordo com algum sentido interior. Tais pessoas não têm nada a seguir além desse anseio ou aviso, e frequentemente isso aparenta ser correto. Mas, independente de qual seja a explicação para tal fenômeno, o fato permanece de que isso não pode ser fé. Precisamos ter algo melhor do que isso para nos apoiar. Nossos sentimentos podem ser tão instáveis e indignos de confiança, quanto as coisas visíveis. Para nós, o oposto de visível não é o sentimento, mas é a fé.

Pode ser de grande ajuda se nos perguntarmos o que torna um Cristão diferente daquelas pessoas que acabamos de descrever. O que nós temos que os demais não têm? Como podemos distinguir a verdadeira fé dos impulsos das nossas próprias almas?

Em primeiro lugar, nossa fé nos mantém muito dependentes do Senhor. Nós O conhecemos como uma Pessoa real, e nossa fé não será uma virtude separada Dele, mas é aquilo que nos liga a Ele, de forma muito próxima e pessoal. A obra do Espírito dentro de nós não é separada ou independente, mas é uma ação que nos mantém em contato muito próximo com o Senhor Jesus.

Nós não podemos ver o Senhor com os olhos naturais, nem podemos ouvir Sua voz com nossos ouvidos. Então, não temos como andar por vista. Podemos, no entanto, ter uma consciência interior de Sua proximidade e de Sua vontade, e é por isso que precisamos de fé.

Então, nossa fé encontra sua fonte e força na Palavra de Deus. Isso não é uma questão de ler ou aprender as Escrituras, mas agir em fé quando o Senhor fala conosco por meio delas. Tal fé envolve uma convicção de que o Senhor realmente quer dizer aquilo que diz, e que Ele vai fazer aquilo que prometeu. Isso também envolve um comprometimento total de obediência à Sua vontade quando esta for revelada a nós. Não devemos ler a Bíblia para decidir quando cabe a nós obedecê-la ou não, mas apenas para descobrir qual é esta vontade.

Duas Chaves Contra as Aparências

Entretanto, vale lembrar que, às vezes, as aparências são os maiores inimigos da fé. Podemos ver na vida do apóstolo Paulo que, algumas vezes, o veredito das aparências foi absolutamente contrário a ele. Foi apenas a reação de fé que o capacitou a seguir em frente até o fim. Não sabemos ao certo quais eram as lutas que o apóstolo enfrentou, a ponto de se desesperar da própria vida (2Co 1:8), nem qual foi o espinho na sua carne (2Co 12:7). Tais detalhes foram mantidos em segredo, mas precisamos atentar para os princípios envolvidos, que poderão nos ajudar quando estivermos passando por momentos em que as circunstâncias estiverem abalando nossa fé. Tais princípios são:

(1) Vida através da Morte

A primeira aflição descrita em 2 Coríntios, capítulo 1, abateu completamente o Apóstolo. Mas foi para isso mesmo que ela aconteceu, porque até mesmo ele poderia tomar as situações em suas próprias mãos, e confiar em sua capacidade natural. Ele precisou aprender a entregar, experimentando a realidade do serviço no poder da vida de ressurreição. Quando Paulo teve a “sentença de morte” em si mesmo, ele aprendeu o segredo do verdadeiro poder, que é a Vida que vem da morte.

“Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos” (2Co 1:9).

(2) Força através da Fraqueza

A segunda luta foi intitulada por ele de “mensageiro de satanás”. Ela não parece ter ameaçado sua vida física, mas o humilhou e lhe causou muita dor, acontecendo logo depois de uma visão espiritual. Podemos imaginar o efeito que isso lhe causou. Quando pediu ao Senhor para remover o espinho (vs 8), a resposta foi inesperada. Manter tal espinho o sustentou vivendo nesse princípio de andar pela fé. Se o Senhor tivesse tirado tal espinho, Paulo teria andado pelas aparências, porque não sentiria mais a prova, e então estaria pronto para voltar ao ministério. Esperar até que a aflição se fosse seria voltar a andar por vista; mas a fé demandava que ele não esperasse, mas que experimentasse a vitória sobre o espinho por meio da graça de Deus. Foi isso que ele fez.

“Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2Co 12:9,10).

A graça de Deus não é algo visível, mas a fé é poderosa e suficiente para nos levar a viver por ela.

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6).

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