Vivendo no Espírito

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Vivendo no Espírito é uma coletânea de porções selecionadas dos livros “Vida Cristã Normal” (cap 10), de Watchman Nee e “The Fight of the Faith” (cap 2), de T. Austin-Sparks. Nelas, podemos ver algumas chaves para viver a vida cristã abundante.

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“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. Também, nele, estais aperfeiçoados” (Colossenses 2:8-10).

Eu em Cristo, Cristo em mim

Não somente estou em Cristo: Cristo também está em mim. E assim como, fisicamente, um homem não pode viver e trabalhar debaixo d’água, mas somente no ar, assim, espiritualmente, Cristo habita e Se manifesta no Espírito, não na “carne”. Portanto, seu eu viver “segundo a carne”, verifico que minha participação em Cristo fica como que em suspenso em meu ser.

Embora eu realmente esteja em Cristo, se viver na carne, pelas minhas próprias forças e sob minha própria direção – então na prática e na experiência, verifico, consternado, que é alguma coisa de Adão que se manifesta em mim.

Se eu quiser conhecer na experiência tudo quanto possuo em Cristo, então terei que aprender a viver no Espírito.

Viver no Espírito significa que eu confio no Espírito Santo para fazer em mim o que eu não posso fazer por mim mesmo. Esta vida é completamente diferente da vida que eu viveria naturalmente por mim mesmo. Cada vez que me deparo com uma nova exigência do Senhor, olho para Ele, a fim de que Ele faça em mim aquilo que de mim requer.

Não se trata de tentar, mas de confiar; não consiste em lutar, mas em descansar nEle. Se tiver temperamento impulsivo, pensamentos impuros, a língua desregrada, um espírito crítico, não me proporei a modificar-me mediante certo esforço meu, mas, considerando-me morto, em Cristo, para estas coisas, contarei com o Espírito de Deus para que Ele produza em mim a pureza ou a humildade, ou a mansidão necessárias. É isso que significa: “Aquietai-vos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará” (Êx 14:13).

Quando o Espírito Santo toma conta, não há necessidade de esforços de nossa parte. Não se trata de nos dominar através da nossa força de vontade para obter, a duras penas, a vitória gloriosa. Não, onde se manifesta a verdadeira vitória, não há esforço carnal, pois é o próprio Senhor Quem nos conduz maravilhosamente. (Watchman Nee).

Uma vida absolutamente dependente

A vida no Espírito tem como seu pano de fundo a consciência de que não poderemos seguir em frente, se não for pelo Senhor, e que dEle extrairemos nossa própria vida a cada dia. Quanto mais caminharmos com o Senhor, no Espírito, e na medida em que nos tornarmos mais maduros, nos tornaremos cada vez mais conscientes da total necessidade de dependência de Deus para viver em toda a esfera que governa nosso relacionamento com Ele.

Recursos-próprios, força natural, auto-confiança, sabedoria humana, auto-estima, estima pela nossa reputação, serão enfraquecidos, esgotados, drenados pelo Espírito de Deus, até chegarmos ao ponto de saber que não temos capacidade para sermos Cristãos, não conseguiremos seguir com Deus por nossa própria força. Tudo deve derivar do próprio Deus, deve ser baseado na dependência dEle, na fé e na dependência.

Essa foi a lei que regeu a vida do Filho, o Senhor Jesus. Satanás sugeriu a Adão que ele poderia viver uma vida independente de Deus e ele aceitou sua oferta. Assim, Adão falhou em aceitar essa vida de absoluta dependência do Pai e de esvaziamento de si mesmo.

O Filho, no entanto, “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:6-8).

Não existe empecilho maior para a vida vitoriosa do que o orgulho. Esse orgulho sempre nos leva a desejar ter as coisas em nós mesmos. O Filho, que ocupou o lugar mais elevado, a mais suprema glória – aceitou a posição de servo, lavando os pés dos Seus discípulos. Essa era a mentalidade do Filho de Deus. Isso não é agradável para a carne, para nossa reputação, mas é a marca da vida no Espírito.

A pessoa que está amadurecendo não é a pessoa que está se tornando importante. A pessoa que está crescendo é a que está desenvolvendo, em igual medida, o espírito de servo dependente. Quem pode ir mais baixo, é de fato o mais elevado. Isso é algo exclusivo de Deus, não pertence à nossa natureza. Não poderemos produzi-lo por nós mesmos” (T. Austin-Sparks).

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Watchman Nee (1903-1972) nasceu em Swatow, na China. Quando entregou completamente sua vida ao Senhor, foi inundado por um amor pela Palavra de Deus, que o levou a estudá-la incessantemente, de maneira que rapidamente a leu por diversas vezes. Logo se tornou uma testemunha de Cristo, determinado a seguir a Palavra de Deus e nada mais. Seu ministério exerceu uma enorme influência na China, dada a sua ampla visão a respeito da Igreja do Senhor e do eterno propósito de Deus. Quando os comunistas assumiram o controle da China, Nee compreendeu que deveria permanecer ali, apesar de saber que isso provavelmente lhe custaria sua liberdade. De fato, ele foi sentenciado à prisão pelo regime, permanecendo preso por 20 anos, até a sua morte.

T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério. Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência. Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church.

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