O Sofrimento e sua origem

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O Sofrimento e sua origem é um artigo baseado em meditações sobre as três primeiras menções da palavra sofrimento no livro de Gênesis.

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“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.” (Gênesis 1:26).

“E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos [‘itstsabôn] da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas [‘itstsabôn] obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.” (Gênesis 3:16,17).

“Lameque viveu cento e oitenta e dois anos e gerou um filho; pôs-lhe o nome de Noé, dizendo: Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas [‘itstsabôn] de nossas mãos, nesta terra que o SENHOR amaldiçoou…. Porém Noé achou graça diante do SENHOR. Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus.” (Gênesis 5:28,29; 6:8,9).

A terrível consequência do pecado

Quando o homem pecou, Deus lhe trouxe uma severa palavra de julgamento. Nessa sentença proferida a Adão e Eva, temos uma palavra chave[‘itstsabôn], é a primeira menção da palavra sofrimento. Apesar de nossa tradução não deixar isso muito claro, essas palavras foram traduzidas como SOFRIMENTO ou FADIGAS. Segundo o dicionário Vine, o sentido dela pode ser traduzido como dor, trabalho, dor de parto, pesar, labuta. Se pesquisarmos em uma concordância a ocorrência dessa palavra no original, descobriremos três referências, todas contidas no livro de Gênesis (Gn 3:16,17 e 5:29). 

Essas duas primeiras menções na Palavra de Deus são muito instrutivas. Nas palavras de julgamento proferidas por Deus à Adão e Eva, podemos perceber que o pecado acabou por trazer à luz a presença do sofrimento.

Esse SOFRIMENTO estava ligado à duas coisas muito especiais para aquela primeira família: sua multiplicação e seu sustento, que absolutamente necessários para o cumprimento do primeiro mandamento recebido de Deus, que era que eles se multiplicassem e enchessem a terra:

“Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gn 1:28). 

Entrando no descanso de Deus

Mas o Senhor deixou uma outra menção dessa palavra um pouco adiante, no capítulo 5 do livro de Gênesis. Sim, o pecado entrou em cena trazendo consigo a dor, MAS nosso Deus maravilhoso deixou um testemunho de Sua bondade e Sua graça EM CRISTO JESUS. Veremos isso na terceira menção dessa palavra, que traz consigo uma nota de ESPERANÇA:

“Pôs-lhe o nome de Noé, dizendo: Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o SENHOR amaldiçoou…Porém Noé achou graça diante do SENHOR. Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus”. (Gn 5:29; 6:8,9).

A palavra FADIGAS aqui é a terceira menção da palavra [‘itstsabôn]. Na pessoa de Noé vemos o caminho de esperança.

O homem e a mulher pecaram, e tudo que deles fosse gerado a partir dali envolveria dor e sofrimento. Na pessoa de Noé vemos o CAMINHO DO DESCANSO, pois esse é o sentido de seu nome.

O doce vislumbre da graça de Deus

Um ponto extraordinário que está associado à pessoa de Noé e segue de perto a referência ao sofrimento é a PRIMEIRA MENÇÃO de outra palavra: GRAÇA. Que nota doce proporcionada pelo Espírito Santo!

PORÉM Noé achou GRAÇA diante do Senhor… Noé ANDAVA COM DEUS” (Gn 6:8,9).

Sim, a pessoa de Noé encarna o caminho do DESCANSO de toda a labuta e sofrimento. Essa tão maravilhosa GRAÇA é a BASE que nos capacita a ANDAR COM DEUS ALTÍSSIMO.

Vemos esse princípio em Gênesis 17, no verso 1, quando Deus ensina essa mesma lição a Abraão, depois de passar pela triste experiência de tentar ter um filho “pela força de sua carne”:

“Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. 

Esse é o caminho da GRAÇA, andar na Sua presença, e assim SER PERFEITO. 

Paulo alarga isso no Novo Testamento ao dizer aos Gálatas:

“Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl 5:16).

A PERFEIÇÃO é consequência da fonte de nossa vida. Hoje ELE habita em nós. 

Permitiremos que Ele assuma o governo de nossa vida ou ainda iremos tentar andar pela velha vida, firmados no conhecimento do bem e do mal que só gera sofrimento e desgaste?

Entrando na arca, Permanecei em mim

Mas a vida de Noé ainda nos reserva um outro segredo. Noé, que em sua vida manifestou o caminho do DESCANSO, andava com Deus e achou graça diante dos Seus olhos. Esse patriarca foi convidado e ENTRAR NA ARCA quando tudo ao seu redor ruía pelo julgamento Divino. Sim, ele e sua família foram preservados EM CRISTO.

“Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração” (Gn 7:1).

O Senhor Jesus aplica esse princípio à SUA PESSOA:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11:28-30).

“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15:4).

Ele é a fonte do nosso DESCANSO, nEle encontramos a paz e alívio de todo o sofrimento. Nele somos convidados a permanecer. 

O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1:26-28).

Uma importante distinção

“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer…” (Is 53:3).

“Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm 8:17).

“Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?… Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres”. (Mt 20:22; 26:39).

Deus transcende Seu próprio julgamento, não anulando a consequência do pecado, mas garantido um CAMINHO para uma VIDA de DESCANSO em meio à esse mundo caído. O sofrimento ainda estará presente ao nosso redor e em nossa vida, mas agora Deus o usa dentro do Seu propósito soberano. 

Seu Filho experimentou do cálice do sofrimento, mergulhou nas profundezas indescritíveis da consequência do pecado ao ter se tornado pecado por nós (2Co 5:21). Nós fomos convidados a SEGUIR o CORDEIRO (Ap 14:4), esse é o caminho do trono. O caminho do Cordeiro é o caminho de sofrimento, mas sabemos que hoje podemos triunfar em tudo isso, pois EM CRISTO somos mais que vencedores (Rm 8:35-39). Se nEle permanecermos, desfrutaremos de Sua vitória. 

Na verdade, sofrer com o Senhor Jesus é uma das mais elevadas possibilidades de COMUNHÃO com Ele (Fp 3:10).

Hoje somos guardados pela Graça de Deus EM CRISTO, e o sofrimento soberanamente ordenado em nossas vidas será um MEIO para que CRISTO seja plenamente formado (Gl 4:19, Hb 12:5). 

O princípio governante estabelecido em Gênesis 3 que determinou que a vida deveria ser gerada e nutrida EM MEIO AO SOFRIMENTO ainda permanece (até os novos céus e nova terra – Ap 22:4,7). O meio de multiplicação e produção de fruto ainda é atrelado às dores de parto. 

Que as palavras do Senhor sejam fonte de encorajamento para todos nós, sabendo que nada foge do controle de Deus. Sua insondável graça em Cristo Jesus nos sustentará, capacitará a dar frutos para o Senhor, e nos conduzirá à progressiva semelhança do Seu filho até aquele dia, se dermos ao Espírito Santo liberdade para realizar Sua obra. 

“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará” (Jo 12:24-26).

Gostou, leia mais sobre esse assunto aqui.

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