O Reino e o Cordeiro

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O artigo “O Reino e o Cordeiro” é a tradução de extratos do capítulo 3 (The Kingdom and the Lamb) do livro “The Throne of God and of the Lamb”, de T. Austin-Sparks, publicado no site www.austin-sparks.net.  

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T. Austin-Sparks (1888-1971)

“Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro; e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina.” (Apocalipse 21:9-11).

“Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Apocalipse 5:5,6).

O propósito de Deus: o reino incorruptível do Cordeiro

Deus projetou Sua criação visando uma manifestação de vida e plenitude. Sua Vida incorruptível reinaria em todo o Seu universo. Esse é o propósito Divino que motiva todas as Suas atividades. Mas o pecado entrou em cena trazendo com ele morte, corrupção e um severo conflito. A realização do propósito de Deus foi, e ainda é, uma questão que envolve conflito terrível e uma constante guerra espiritual. Nesse contexto vemos o Cordeiro de Deus e o Seu sangue.

Apocalipse 5 é uma passagem fundamental, pois demonstra essa base sobre a qual Deus procede em direção ao Seu propósito final, o objetivo glorioso, descrito em nos capítulos 21 e 22 desse livro. Ali vemos a concretização do reino de Deus pelo Cordeiro de Deus. 

Isso é claramente atestado no evangelho de Mateus, que é o evangelho do Rei e do Reino. A mensagem do Reino começa, mas assim que o Rei é apresentado e a mensagem do Reino é divulgada, outro reino logo se levanta em oposição. Depois de apresentado o Rei e a mensagem do Reino, esse Rei é crucificado e aparentemente o Reino é silenciado. Mas o livro de Apocalipse nos mostra um outro lado dessa história, indicando que a morte do Rei na cruz e esta oposição ao evangelho do Reino não representaram derrota ou desastre; pelo contrário, atestaram uma vitória gloriosa! 

O Cordeiro venceu! Então, em virtude daquela poderosa vitória da destra do Cordeiro, a igreja é trazida à luz. O Cordeiro triunfante é arrebatado ao trono, acima da morte, do inferno, de Satanás e do mundo. A missão da Igreja começa e, assim como a sua natureza, a sua missão nasce da vitória do Cordeiro. Seu testemunho é que ela também deve chegar ao trono onde está o Cordeiro, para vencer pelo do sangue do Cordeiro e pela palavra de seu testemunho.

Esse é o ponto. Para a realização do Reino, que é este estado glorioso que certamente acontecerá porque já está assegurado pelo Cordeiro no trono (Ele está no trono, Ele está lá agora), o significado daquela Cruz deve ser aplicado em todos os domínios. A primeira esfera da aplicação da Cruz – isto é, o significado do Cordeiro, do sangue do Cordeiro – é direcionado à igreja.

A Igreja se eleva a partir da vitória do Cordeiro. O Cordeiro venceu, e a igreja enfrenta todas as forças antagônicas neste universo com base nessa vitória, por meio do sangue do Cordeiro. Mas isso não é algo apenas objetivo para a igreja, ou seja, não é algo exterior a ser observado, levado em consideração, para formar o credo da igreja ou seu arcabouço doutrinário. Não, não é nada disso. 

Isso é algo que deve estar forjado bem no âmago da vida de cada membro do Corpo de Cristo, que é Sua igreja. Minha sensação é que há uma nova necessidade de voltarmos aos nossos alicerces. Ainda há muitos dentre o povo do Senhor que não tiveram os fundamentos adequadamente estabelecidos, e estou convencido de que precisamos voltar ao alicerce, porque esse é o segredo da vitória. 

Não digo que os fundamentos da sua fé no Senhor Jesus não estejam lançados, mas precisamos ver algo, e isso constitui nossos fundamentos, apesar de ser algo além daquilo que a cristandade em geral reconhece e compreende. 

Portanto, embora seja maravilhoso falar e orar sobre o Reino vindouro – ‘Venha o Teu reino’ -, ter uma grandiosa concepção mental do Reino e dos dias vindouros, devemos nos lembrar que o Senhor Jesus disse: “O reino de Deus está dentro de vós” [Lc 17:21]. Tudo começa aí, e devemos saber o que é o Reino dentro de nós, para ter certeza da herança do Reino no presente. O Reino dentro de nós representa o estabelecimento de uma vitória poderosa. 

Apocalipse 12 nos mostra o sentido dessas palavras: “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus” (Ap 12:7-10).

Mateus, o evangelho do Reino, termina assim: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto …” (Mt 28:18,19). “Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo” (Ap 12:10). 

Quando isso aconteceu? Quando a igreja entrou nessa vitória, quando o povo do Senhor passou a desfrutar dos benefícios dessa verdade relacionada ao Cordeiro. Em Apocalipse 12, o filho varão, aquele grupo representativo, é visto sendo arrebatado até o trono. Agora, é chegado o Reino! O Reino não é estabelecido apenas pelo fato do Cordeiro estar no trono, mas quando a Igreja também está no trono. É então que vemos o Reino em plenitude, e é por isso que o evangelho do Reino foi confiado à igreja. Mas a vinda desse evangelho do Reino, como vimos, dá início à um combate terrível.

O conflito contra esse reino incorruptível do Cordeiro

Mas qual é a natureza desse combate? Ele pode ser traduzido em pressão espiritual e conflito. Sabemos bem o que é isso. Também pode ser expresso por perseguição e sofrimento vindos de fora (e a igreja também conhece isso muito bem). 

No entanto, ao abrir o livro do Apocalipse, vemos o Senhor ressurreto se dirigindo à Igreja representativa aqui na terra [capítulos 2 e 3]. O efeito de Sua mensagem à igreja (como é representado nessas cartas) é desafiá-las naquilo que tem representado derrota para elas e vitória para Satanás. 

Quando nos perguntamos o que é que reverte a nossa vitória, concedendo triunfo a Satanás, e quais seriam os meios que levam a igreja, o povo do Senhor, a ser derrotado em qualquer circunstância, percebemos que devemos olhar para dentro, não para fora.

Lembre-se de que Satanás não tem absolutamente nenhum poder sobre o povo de Deus, exceto à medida em que eles lhe dão poder; isto é, apenas na medida da existência neles daquilo que é peculiar ao próprio Satanás. É exatamente nesse ponto que a aplicação da Cruz deve ser realizada, se for resumir isso em poucas palavras. 

Não iremos muito longe na realização de toda a plenitude do propósito de Deus, nem iremos desfrutar de uma posição de poder, vitória, Vida, glória, eficácia ou plenitude espiritual até que uma coisa básica tenha sido realizada, algo fundamental – a Cruz do Senhor Jesus deve ser plantada bem no coração da nossa velha natureza, da velha criação. Vamos levar uma vida inteira para descobrir o que isso, de fato, significa.

Nós ainda não sabemos plenamente o que representa a velha criação, mas, continuaremos fazendo novas descobertas até o fim de nossas vidas, debaixo do escrutínio desses olhos que são como chama de fogo. Apesar de não podermos entender tudo de uma só vez, e essa descoberta se desdobrar ao longo de nossas vidas, uma crise real e definida se faz necessária – uma crise da Cruz. Nesse momento não aceitaremos apenas algo que conhecemos a respeito da Cruz, como recebido de um ensino, mas algo acontecerá em nós representando uma divisão, uma quebra e a destruição da espinha dorsal da velha criação.

A velha criação destruída por meio da cruz

Você sabe o que significa ter um membro quebrado, não é? Se você sofreu uma fratura, o que pode fazer? Não tem mais poder ou controle sobre aquele membro. O que quer que deseje fazer a partir daí, será absolutamente inútil. Você perdeu todo o poder de dirigi-lo, governá-lo e usá-lo. A energia acabou.

Pense então em uma fratura na espinha dorsal, na coluna vertebral, que sustenta toda a estrutura do nosso corpo. Uma fratura na coluna! O que podemos fazer em uma situação como essa? Você está acabado. Isso não quer dizer que todos os seus ossos estejam quebrados. Você descobre que ainda tem muitos ossos inteiros, mas o esteio está quebrado, perdeu a força principal e sabe que, bem no centro do seu ser, algo aconteceu. Embora ainda possam haver muitos ossos a serem quebrados (e o Senhor quebrará todos os nossos ossos. Ele vai fraturar cada osso daquela velha criação, tornando-a indefesa e incapaz de funcionar), saberemos que Deus colocou Seu dedo sobre a força central da nossa velha natureza. Ele tocou nela.

Somente sabemos que o Senhor operou porque, a partir daquele momento, haverá uma esfera na qual não poderemos mais nos movimentar. Haverá algumas coisas nas quais não mais ousaremos tocar. Existirão recursos para os quais não mais recorreremos, não seguiremos mais naqueles caminhos. Existe uma vida que não ousaríamos viver, ainda que nos fosse possível. Nós não podemos! É como o quadril de Jacó. O Senhor tocou o tendão da coxa de Jacó no momento de sua força, na hora de sua autoconfiança. Aquele foi apenas o toque do dedo de Deus, não do Seu grande poder; mas ainda assim foi suficiente. 

Os judeus, se forem ortodoxos, nunca comem dessa porção. Ela está debaixo da proibição de Deus. A coxa é um símbolo de força, da força natural, essa força da velha criação. Deus colocou Seu dedo sobre ela, e Jacó, desde aquele dia até sua morte, andou apoiado em um cajado. Lemos que, no dia de sua morte, quando ele abençoou seus filhos, o fez apoiado em seu bordão [Hb 11:21]. Aí está um homem coxo até o leito de morte, porque Deus tocou na junta de sua coxa, em sua força.

Essa é a velha criação: Jacó. Por natureza, somos todos Jacós. A cruz significa que a força da nossa vida natural foi tocada. Não me refiro a força do pecado! Sim, existe o pecado e os pecados, mas de forma inclusiva e abrangente, me refiro a nós, nossa natureza – a capacidade de usar nossas capacidades e talentos naturais nas coisas Divinas.

O Senhor Jesus – o Vencedor

Essa mudança deliberada nas imagens usadas pelo Espírito de Deus tem um propósito, um objeto. Qual é o segredo do poder? Qual é sua verdadeira natureza? Qual é o recurso para vencer? O que será nossa Vida vitoriosa, triunfante, nossa Vida de glória e plenitude? Seria sentir-se e aproximar-se de tudo como um leão? 

Não! Vitória implica em saber o significado da Cruz, quanto à destruição de todas as nossas forças e recursos naturais, e conhecer o Senhor Jesus, o Vencedor, dentro de nós. Acredite em mim: nunca seremos vencedores. O Senhor Jesus é o único Vencedor. Todos os demais vencerão porque Ele, o Vencedor, estará dentro deles.

Isso significa que se o Senhor Jesus realmente estiver em nós e na igreja, a mesma coisa que ocorre com Ele deve acontecer conosco. Ele se esvaziou, tornou-Se obediente até a morte, a morte da Cruz, e, apesar de nunca termos aquilo que Ele tinha para nos esvaziar, deve haver um esvaziamento real de todo EGO – da força, da vontade própria, da auto-estima, dos interesses pessoais e desejos, de todo raciocínio natural.

O EGO, a soma total da velha criação, é a base da força de Satanás. Quando estamos fundamentados nesse ego, encontramos Satanás como vencedor. Para que Satanás seja derrotado e derrubado, e o Reino se estabeleça no nosso interior, o EGO – a própria espinha dorsal do EU – deve ser quebrado. 

Os muitos outros membros do nosso EGO serão tocados à medida que avançarmos, mas deve haver essa quebra da espinha dorsal do EU. Não te perguntarei: “Você está salvo?”, “Você crê no Senhor Jesus?”, “Você sabe que seus pecados foram perdoados? Você sabe que foi aceito por Deus?”. Podemos todos estar nos regozijando com isso, mas há algo infinitamente maior no propósito de Deus do que apenas ter nossos pecados perdoados e sermos salvos do pecado e do inferno. Existe outro grande propósito. É o Reino. Nós ainda não aprendemos o que isso significa – o Reino. “Eles reinarão para todo o sempre.”

O que é esse reino? Na carta aos Efésios, vemos de forma muito clara que, ao nosso redor, no espaço entre a terra e os céus superiores, as forças espirituais do mal têm sua habitação, e que o mundo inteiro é dividido em principados e seções governadas por um príncipe do mal, debaixo de cujo governo existem potestades e inúmeras hostes de espíritos malignos. Paulo diz: “principados e potestades, governantes mundiais desta escuridão, hostes espirituais da maldade nas regiões celestiais” [Ef 6:12]. Esse é o reino de Satanás neste mundo, e ninguém questionará a realidade dele, tendo em vista o que hoje ocorre neste mundo. É algo muito real esse pano de fundo espiritual do que está acontecendo na terra! Não são apenas homens maus e perversos fazendo o que bem entendem. Existe um poder por trás disso.

Você não pode explicar a ascensão ao poder de certos homens, nem sua capacidade de dominação mundial por meio de suas palavras, se pensar em bases meramente naturais. É algo fenomenal e sobrenatural. Vemos nisso uma manifestação do espírito e do poder do Anticristo. Tudo isso é motivado, gerado e sustentado por Satanás, e as coisas mais extraordinárias, inesperadas e improváveis acontecem. Toda a inteligência e sabedoria de todos os estadistas do mundo são como nada. Existe uma astúcia e iniquidade oculta por trás dos fatos que vislumbramos, que deriva do próprio inferno. Esse é o reino de Satanás. Ele governa o reino dos homens ímpios, o mundo da velha criação. Chegará o dia em que outro reino será estabelecido para governar esse mundo. Isso envolve reinar, não apenas ser salvo, não apenas pertencer ao Senhor. Temos o Reino, o lugar de governo, a possibilidade de subir ao trono. Interprete isso espiritualmente: o reino indica domínio espiritual; isso é o reino.

A natureza do Cordeiro

Mas somente por meio do CORDEIRO iremos alcançar essa intenção e pensamento de Deus. Esse Cordeiro é uma absoluta contradição com a força natural. Quando pensamos em um leão, o que nos vem a cabeça? Algo terrível, feroz, poderoso, que demonstra poder. Ah, sim, essa é a maneira natural de ver as coisas! Mas o pensamento de Deus, a respeito do que é o Leão de Deus, é um Cordeiro, e um Cordeiro “como se tivesse sido morto”! A vitória foi conquistada pela morte e ressurreição do Senhor Jesus, e Sua morte foi a nossa morte. A morte dEle foi a sua morte, foi a minha morte. Isso não implica que Jesus apenas morreu por nós… Lembre-se de que a Palavra ensina claramente que Ele morreu por nós, mas ELE também morreu COMO NÓS. Quando Ele morreu, no conceito de Deus, nós também morremos. Nunca devemos nos esquecer disso ou desvalorizar essa grandiosa verdade, por mais que ela nos seja familiar.

A obra da Cruz deve tomar lugar em nós, destruindo as forças da nossa vida natural, de modo que seja impossível usá-la nas coisas espirituais novamente. Se tentarmos fazê-lo, saberemos que imediatamente o Espírito Santo colocará o Seu veto ali. Nós sabemos que isso introduzirá a morte; passaremos por maus momentos e teremos que pedir ao Senhor, mais cedo ou mais tarde, que nos perdoe e nos purifique. Ao tentarmos fazê-lo, estaremos tocando no antigo reino que está atrás da cruz, e Deus dirá: “Não!”

Você foi quebrado bem no centro do seu ser? Sabe do que estou falando? Se não, peço que converse com o Senhor a esse respeito. O inimigo continuará a bagunçar as coisas. Ele ganhará espaço até que isso seja concretizado. Cada um de nós deve conhecer aquele veto de Deus representado pela Cruz do Senhor Jesus, que atesta para a vida natural: “Não, jamais!”

O Espírito de Deus traz isso à luz toda vez que começamos a argumentar de acordo com nossas idéias, quando projetamos nossos desejos e manipulamos as coisas para realizar nossa vontade. Projetamos nossa vontade de obter, dirigir e governar as coisas. Isso é morte, e nós sabemos disso. Essas coisas são reais! Nós sabemos o que é a morte, espiritualmente falando. Esta é a educação do povo de Deus: saber, dessa maneira interior, o que está debaixo da proibição de Deus.

Por meio dessa crise, ruptura, desse rompimento do próprio centro da nossa vida natural, da nossa velha criação, será possível para o Senhor nos conduzir diretamente em toda a Sua vontade. É a partir daí que conheceremos o significado de um céu aberto. 

Foi quando desceu ao Jordão e às águas do batismo, que em tipo o Cordeiro de Deus declarou Sua ida à Cruz, morrendo e ressuscitando. Ali que os céus foram abertos e o Espírito desceu sobre Ele, e tudo aquilo que dizia respeito ao Reino de Deus teve início. Ele já estava, em Espírito, nos lugares celestiais.

Quando somos batizados, estamos afirmando: “Aceito tudo o que a Cruz do Senhor Jesus representa, do ponto de vista de Deus, naquilo que me diz respeito. Entendo que significa que estou crucificado com Cristo; a partir de agora não mais Eu, não mais minhas vontades, meus gostos, meus desejos. Agora é Cristo. Minha atitude, meu espírito, meu comportamento, tudo é o Cordeiro… rendendo-me à vontade de Deus.”

“Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro”. Você acha que foram os homens que o tornaram no Cordeiro? Você acha que Ele foi um Cordeiro para Satanás? De jeito nenhum! Ele era um Leão para Satanás! Ele foi o Cordeiro de Deus! 

O que o Cordeiro de Deus significa? Total rendição à vontade de Deus. Não havia martelo, pregos ou soldados romanos poderosos o suficiente para colocar o Senhor Jesus naquela cruz. Foi a vontade de Deus que O colocou ali. Nenhuma legião romana poderia ter colocado Cristo na cruz. Jamais! 

“Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” [Mt 26:53]. Ao lembrar do que um anjo fez ao exército de Senaqueribe, podemos imaginar o que doze legiões poderiam fazer!

Não havia poder neste universo capaz de colocar Jesus Cristo na cruz. Apenas A VONTADE DE DEUS poderia fazer isso. Esse é o Cordeiro – alguém absolutamente entregue à vontade de Deus.

Que o Senhor traga Sua Palavra aos nossos corações de uma nova maneira. Vamos reconhecer o fundamento de tudo: a base do Trono e do Reino é o Cordeiro.


T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério. Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência. Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church. 

“Nenhum homem é infalível e ninguém ainda ”obteve a perfeição”. Muitos homens piedosos precisaram se ajustar, seguindo um senso de necessidade, após Deus lhes haver concedido mais luz.” (De uma Carta do Editor publicada pela primeira vez na revista “A Witness and A Testimony“, julho-agosto de 1946).

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