Cidades de Refúgio (Josué 20) – Parte 4

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Participante de Cristo

“Para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta” (Hb 6:18).

As Seis Cidades de Refúgio

“Designaram, pois, solenemente, Quedes, na Galiléia, na região montanhosa de Naftali, e Siquém, na região montanhosa de Efraim, e Quiriate-Arba, ou seja, Hebrom, na região montanhosa de Judá. Dalém do Jordão, na altura de Jericó, para o oriente, designaram Bezer, no deserto, no planalto da tribo de Rúben; e Ramote, em Gileade, da tribo de Gade; e Golã, em Basã, da tribo de Manassés” (Js 20:7,8).

Os lindos significados dos nomes das cidades de refúgio nos revelam alguns princípios da nossa salvação em Cristo, e descrevem as bênçãos do Evangelho e da Graça de Deus em nossa vida. Deus deixa a trilha de suas riquezas registradas na Sua palavra. Quem pode duvidar de Sua Santa inspiração?

Quedes, na Galiléia, na região montanhosa de Naftali – Pode ser traduzida como “Lugar Santo”. Ela representa a justiça dada a nós por Cristo, nos fazendo aceitos por Deus. Nós nunca poderemos permanecer em descanso perfeito se não conseguirmos confiar plenamente na justiça de Deus por nós e em nós. Hoje, Cristo é a nossa justiça, nossa santidade. Se tivermos essa revelação, poderemos permanecer refugiados nEle.

“Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1:17).

“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1:30).

O nome Naftali pode ser traduzido como “luta”. Não podemos pensar que receber a justiça do Senhor não vai trazer uma luta em nosso interior. Nosso velho homem sempre vai tentar prevalecer e ter o controle. Mas o verdadeiro refúgio e descanso é na justiça de Deus. A justiça própria sempre produz lutas, contendas e divisões. Devemos nos esforçar para permanecer no descanso – que é a justiça de Deus. Isso está plenamente traduzido no texto aos Hebreus, no capítulo 4. Temos uma luta em nosso interior por prevalecer, vencer e conquistar, mas em Cristo poderemos encontrar o descanso total e receber tudo!

Siquém, na região montanhosa de Efraim, entre os montes Ebal e Gerizim – O nome pode significar “ombros”, traduzindo que Cristo nos dá Sua força. É Ele que nos sustenta e apoia. Como o sumo sacerdote, ele nos leva em seus ombros ao Santo dos Santos (Ex 28:12). Na linguagem do Novo Testamento, Judas traduziu assim:

“Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo” (Jd 1).

A menção à Efraim remete aos frutos (ou duplamente frutífero), que derivam da intercessão do nosso sumo sacerdote. Siquém foi um lugar onde os patriarcas passaram, e não podemos deixar de nos lembrar do incidente que Jacó passou, quando o filho de Siquém violou sua filha Diná. Levi e Simeão mataram todos os homens da cidade por vingança. Nesse mesmo lugar, em outro momento, Deus usou como refúgio para o homicida. Esse refúgio era possível pela ação e intercessão do Senhor, que pode vencer a nossa carne em nós.

Essa cidade também está situada entre o Monte Ebal e o Monte Gerizim, permitindo uma visão panorâmica da terra. Essa visão panorâmica das riquezas de Cristo nos leva a desejar descansar mais e mais naquele que pode nos levar a essa herança.

Se dermos um salto para o futuro, vamos nos lembrar que Siquém foi um lugar especial para o Senhor Jesus (Jo 4). Ali, junto ao poço de Jacó, Jesus disse à mulher samaritana que Ele poderia satisfazer sua sede, que Ele tinha uma água viva! Ele confronta aquela mulher com a nossa infinita sede, mas Ele falava de outra sede, Ele falava de uma vida no Santo dos Santos, que Adão e Eva perderam. Essa vida com o Pai é a peça que falta no nosso interior, e esse vazio vem sendo preenchido de diversas formas pela humanidade. Esse vazio agora seria suprido por Ele, que nos traria nos ombros até ao Pai, pela Sua obra, por ser Ele o único homem que pode! Curioso que nesse mesmo texto de João 4, Jesus, naquele mesmo local, explicou aos discípulos que os campos branquejavam para a ceifa. Os frutos (Efraim) estavam preparados, mas ceifaríamos aquilo que outros semearam. Nem os frutos seriam nossos, tudo seria obra do nosso sumo-sacerdote!

Quiriate-Arba, ou seja, Hebrom, na região montanhosa de Judá – Quiriate-Arba pode ser chamada em Hebraico “A Cidade dos Quatro”, o que tipicamente pode apontar para a verdadeira Cidade de quatro cantos, a Nova Jerusalém. Hebrom significa “comunhão”. Em Cristo, por meio de Sua justiça e Sua obra dentro de nós, seremos trazidos à uma comunhão que vai culminar na Nova Jerusalém, quando não seremos mais nós mesmos, mas pedras vivas na habitação do Pai. Vamos brilhar e expressar Sua glória. Para ter essa experiência mais profunda de comunhão com o Senhor, precisaremos aprender a viver pela justiça de Jesus, e a confiarmos na Sua obra.

A bíblia diz que naquela cidade habitava Arba, o maior homem entre os ananquins (Js 14:15). Arba era pai de Anaque (pescoço). Em Js 15:13,14, a palavra menciona que Calebe expulsou seus três filhos, Aimã (meu irmão é um dom), Sesai (nobre) e Talmai (sulcado). O fato desses quatro gigantes terem habitado ali, pode aludir a seu nome original – a habitação de quatro gigantes.

Cabe lembrar que Hebrom era a porção de Calebe, um vencedor, alguém que perseverou em seguir o Senhor, e um dos dois únicos que saiu do Egito, passou pelo deserto e entrou na terra de Canaã. Para que Calebe possuísse aquela cidade, precisou desalojar gigantes. Se pensarmos que quatro também é o número da criação, podemos vislumbrar que esses quatro gigantes podem representar nossa natureza humana, ou a fortaleza do velho homem, a velha criação. O velho homem já esta no controle de nossa vida há muito tempo, já cresceu e se fortaleceu. Entretanto, para desfrutar dos frutos abundantes dessa plena comunhão, precisamos reconhecer nosso velho homem como morto, e viver pela fé na palavra de Deus. Sem vencer o domínio desses gigantes, não entraremos na vida vitoriosa, nem na experiência das insondáveis riquezas de Cristo. Para tanto, preciso conhecer e crer na justiça de Deus e na Sua obra.

Um outro detalhe dessa cidade tão importante é que ali foram sepultados os patriarcas, em uma caverna em Macpela (Gn 23 / Gn 25:9 / Gn 49:30 / Gn 50:13). Macpela significa “dobro” ou “porção”. É importante pensar que Abraão comprou aquele pedaço de terra. Quando ele viu Sarah descansar, escolheu a dedo o lugar onde a iria enterrar. Esse lugar se tornou o lugar de descanso dos patriarcas, e pode indicar a esperança que eles tinham de uma porção dobrada. Era um lugar maravilhoso, povoado de gigantes, onde habitavam os filhos de Anaque. É impressionante o fato desse lugar ter sido conquistado futuramente por Calebe, que perseverou em seguir o Senhor, e que depois se tornou uma cidade santa – um local de refúgio habitado pelas pessoas que viviam integralmente para o Senhor, devotadas e dependentes Dele (os levitas e sacerdotes).

A menção à tribo de Judá, que era a tribo que possuía aquela região, nos remete ao significado de seu nome – louvor. Ali poderemos experimentar o verdadeiro louvor, que não pode ser oferecido pela carne, e demanda uma vitória sobre a nossa natureza. Deus é espírito.

Bezer, no deserto, no planalto da tribo de Rúben – Esse é um lugar de estabilidade, segurança, podendo ser traduzido como “Fortaleza remota” onde começamos a colher frutos de maturidade. É impressionante a localização de Bezer estar em um deserto, porque vai contra toda o nosso conceito humano de estabilidade. O ser humano, desde Caim, busca proteção, alegria, sustento – ele se considera seguro quando tem suas necessidades básicas supridas, e isso dificilmente seria vislumbrado em uma região de deserto. Isso nos sugere que a maturidade nos leva a viver sem sermos firmados na segurança das aparências exteriores, e ainda ter paz e estabilidade pela profundidade do relacionamento obtido em Hebrom.

A menção à Rúben é sugestiva, pois significa “Eis um filho”. O refúgio está disponível àqueles que poder ver e entender o Filho de Deus. O Filho é a chave de nossa estabilidade. Nada melhor para nos fortalecer do que conhece-Lo e a Sua obra maravilhosa. Assim, poderemos permanecer seguros e confiantes no Filho!

“Ele é o Filho Amado!” (Mt 3:17 / Mt 17:5).

Ramote, em Gileade, da tribo de Gade – Ramote significa “altos”. Quando aprendemos o Segredo da estabilidade, que é o FILHO, então podemos permanecer Nele, nos lugares celestiais (Ef 2:6). Experimentamos uma vida de trono.

Gade pode significar “tropas”, ou “companhia”, enquanto Gileade pode ser traduzido como “monte do testemunho” (derivado das palavras gal ‘edh – Gn 31:46). Isso é de grande instrução para nós, porque podemos desfrutar da unidade, que é fruto do testemunho do Filho em nós. Nossa unidade real é Nele! Assim podemos ser pedras vivas, podemos ser edificados juntos.

Não podemos deixar de nos lembrar que Jacó ergueu pedras como coluna onde teve a revelação da casa de Deus! (Gn 28:11) Em Deuteronômio, Deus deixa bem claro que o local onde o povo de Israel edificasse ao Senhor um altar, este deveria ser composto de pedras toscas (Dt 27:5,6). No livro de Josué, no capítulo 4, na travessia do Jordão, Josué ordenou que o povo construísse dois montes de 12 pedras. Hoje sabemos que essas pedras no leito do Jordão são nosso velho homem, enquanto as 12 que saíram do Jordão representam a vida de ressurreição, a única qualificada para desfrutar das riquezas inesgotáveis de Cristo – uma pedra para cada tribo.

Golã, em Basã, da tribo de Manassés – É impressionante o significado dessa cidade, desse aspecto de Cristo em nós. Golã pode significar um círculo que nunca acaba, ou cativeiro e alegria – uma experiência que antecipa a glória. O cativeiro também remete ao desfrute de uma vida de cativeiro plena no Senhor, de entrega à Sua vontade, não a nossa. Uma vida feliz de entrega total.

A localização na terra de Basã, que significa “frutífero”, nos remete à base para nossos verdadeiros frutos, o que depende de esquecermos do nosso velho homem e prosseguirmos em direção ao nosso Mestre. Manassés significa “ser levado a esquecer”. Essa cidade reflete o caminho para a maturidade.

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:13).

Se estivermos apegados a nós mesmos, nossa história, nosso passado, não poderemos correr a carreira. A noiva era chamada a deixar tudo!

“Ouve, filha; vê, dá atenção; esquece o teu povo e a casa de teu pai” (Sl 45:10).

Um sentido aceito para Golã é alegria! A verdadeira alegria está naquele que vive para Jesus, esquecendo-se de si mesmo, e contemplando agradar Seu mestre, oferecendo a Ele os frutos que Ele gerar em nós!

As portas estão abertas! Que possamos correr para Cristo, nossa cidade de refúgio, e permanecer ali!

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos“ (Jo 15:1-8).

Cabe lembrar que a palavra grega usada como “permanecer” está relacionada à residir, morar. Que possamos habitar Nele, nos refugiar no nosso Mestre, e desfrutar do melhor da terra até que Ele venha!

Textos base cidades de refúgio: Nm 35:9-28 / Dt 4:41-43 / Dt 19:1-13.

Bibliografia:

  • Commentary on Joshua – C.A.Coates
  • Christ in the Bible – Joshua – A.B.Simpson
  • Site bridgetothebible.com
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1 Comentário. Deixe novo

  • A sétima cidade será a nova Jerusalém,
    Ap : 21.2 e o sumo sacerdote não morrerá, viveremos com ele eternamente, Jesus Cristo.
    Deus abençoe meus irmãos, esse estudo é profundo…..

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