Vendo e Ouvindo o Senhor em Primeira Mão

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Lance Lambert (1931 – 2015)

“Tendo-se levantado muito cedo o moço do homem de Deus e saído, eis que tropas, cavalos e carros haviam cercado a cidade; então, o seu moço lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos? Ele respondeu: Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. Orou Eliseu e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2 Reis 6:15-17).

Pelo novo nascimento, o Senhor nos deu uma habilidade espiritual para conhecer, ver, ouvir e entender o Senhor. O apóstolo Paulo orou para que os crentes em Éfeso pudessem “iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder” (Ef 1:18,19). O Senhor Jesus disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.” (Jo 10:27).

Quando vemos e ouvimos o Senhor, não importam as circunstâncias e condições em que nos encontramos, crescemos na graça e conhecimento do nosso Senhor e Salvador, Jesus, o Messias. Esse conhecimento não é meramente acadêmico ou teológico, por mais importante que isso seja; mas é algo íntimo, uma experiência de primeira mão com o Senhor, um caminhar diário com Ele.

Em 2 Rs 6:8-23 temos uma história incrível do Profeta Eliseu e seu servo. Aparentemente o rei da Síria suspeitava que alguém seu reino fosse um espião Israelita, porque tudo o que ele dizia era conhecido pelo profeta Eliseu e era relatado ao Rei de Israel.

Uma manhã o servo de Eliseu olhou pela janela e viu um grande número de soldados Sírios. Vendo o tamanho do exército acampado ao redor deles, ele entrou em pânico. Esse jovem correu para Eliseu e disse: “estamos cercados, o que vamos fazer?” Nesse momento Eliseu não sentou com seu servo e disse que ele deveria ter fé, nem o repreendeu pelo seu medo, ele disse: “não temas, mais são os que estão conosco…” Eliseu então orou a oração mais curta da Bíblia: “Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja.” Em um instante, ele jovem viu a montanha coberta de cavalos e carros de fogo. Era o exército do Senhor.

Essa lição do servo de Eliseu é uma lição estratégica para cada um dos verdadeiros crentes! Uma fé prática e viva em um filho de Deus nasce do que ele vê ou ouve do Senhor. Sem essa visão e audição espiritual, somos deixados com as circunstâncias naturais e problemas que aparentam ser intransponíveis.

O escritor de Hebreus diz de Moisés: “Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.” (Hb 11:27) O ponto que o escritor deixa claro pelo Espírito Santo é que Moisés era capaz de perseverar porque ele viu “Aquele que é invisível” . Ele não viu as coisas em relação ao que acontecia no mundo físico, de forma temporal e sensorial, mas ele viu o mundo eterno.

Seria impossível para o príncipe do Egito, o neto do Faraó, considerar todo o poder, riqueza e grandeza da grande superpotência daquele tempo como prazeres transitórios comparados ao opróbio do Messias. Ele fez isso porque ele “viu Aquele que é invisível”. Apenas um filho de Deus que tem os seus olhos abertos para ver Aquele que é invisível podem agir, escolher e viver assim!

Se o mundo físico é essencialmente espiritual, o único caminho para vencer é por armas espirituais. O apóstolo Paulo escreveu: “Porque, embora andando na carne, não militares segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas…” (2 Co 10:3,4)

Todas essas armas são espirituais e podem ser exercitadas “diante de Deus”, na presença do Senhor.

Mesmo na leitura mais simples e superficial da Bíblia, chegamos à conclusão que aqueles chamados Redimidos em suas páginas, são aqueles que vêem e ouvem o Senhor. O Senhor é o centro e circunferência de suas vidas e existência. Eles andam como Senhor, e O experimentam. Não importa como abrimos a Palavra de Deus, encontramos homens e mulheres salvos pela Sua graça que vêem todo o curso da história humana, tanto o lado caído, cheio de trevas e maldade quanto a misericórdia do Senhor para superá-la, até o pleno cumprimento do Seu propósito. Depois que a Bíblia se inicia com a queda do homem, ela traça a história humana e o desejo inesgotável de Satanás de atrapalhar o propósito de Deus; e em contraponto, expõe a promessa de redenção e salvação nos seus primeiros capítulos (Gn.3:15). A salvação deveria ser pela “semente da mulher” e sua realização seria através da obra concluída do Messias Jesus no Calvário. A redenção prometida iria chegar à seu ápice na Eterna Glória de Deus.

Com Abraão, tudo começou quando o Deus da glória apareceu para ele, e ele viu a glória de Deus, a Cidade da Glória de Deus. Em certo sentido, no momento em que ele foi salvo, ele viu através de milhares de anos a Nova Jerusalém descendo do céu e tendo a glória de Deus (Ap. 21 e 22). É dito de Abraão: “porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11:10). De quem mais podemos falar? De Daniel, que viu todo o curso da história desde do dia da primeira vinda do Messias, e Seu retorno no tempo do fim? Deveria mencionar Isaías, ou Jeremias, ou Ezequiel, ou tantos outros profetas? Eles viram a história física dos impérios e nações de certa forma focados na vinda do Messias Jesus. O apóstolo João viu todo o curso da história do seus dias até a volta do Messias em glória. Se você olhar através do livro de Apocalipse (que significa Revelação), note quantas vezes João diz “Eu vi”. Seus pés estavam nesse mundo caído, de fato em um campo de trabalhos forçados Romano em Patmos, mas seus olhos estavam no Leão de Judá, no pequeno Cordeiro que foi morto no meio do trono de Deus. Ele viu o Senhor Jesus como uma chave para a história. Deveria escrever do apóstolo Paulo que em meio a tantas tribulações e sofrimentos tinha seus olhos fixos em Jesus, o autor e consumados de sua fé? Devemos tanto àqueles que pela fé e paciência perseveraram e nos ministraram a Palavra de Deus. Paulo viu tão claramente o propósito de Deus e os estágios de seu cumprimento através da história, até ajuntamento dos crentes Gentios e a salvação do povo Judeu. Esses são apenas pequenos exemplos daqueles que, por caminhar com Deus, andavam nessa terra e eram humanos, mas puderam entrar em uma dimensão espiritual para ver e entender o Senhor.

Texto de Lance Lambert (extraído do livro “The Battle of the Ages”)

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