Chamado, Eleito, Fiel

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T. Austin-Sparks

“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis” (Ap 17:14).

Em certo sentido, estas três palavras, chamado, eleito e fiel, representam uma graduação de uma esfera de provação para outra. Embora possamos ser “escolhidos Nele antes da fundação do mundo”, é também verdade que no que tange ao serviço confiado e ao privilégio da intimidade com Deus, a escolha é daqueles que “retém firme seu chamado e eleição”. 

Deus inicia todos seus tratos conosco por um chamado. “O chamado de Deus”, para ser útil, deve ser pessoalmente sentido e percebido pelo homem interior. A carne pode ouvi-lo; como aconteceu com aqueles que iam com Paulo na estrada de Damasco. Eles podem ter sido jogados ao chão pela glória da revelação; seus sentidos podem ter testemunhado algumas das manifestações exteriores que acompanham o chamado; mas, como Paulo diz, “eles não ouviram a voz Daquele que falou a mim”.

O chamado de Deus contém tanto graça como verdade. A verdade é o instrumento separador. “Sai”. A graça é a promessa. “Abençoarei e farei uma benção”. O homem muitas vezes se agarra na graça, o “Abençoarei” de Deus, e falha em consentir com a demanda do “sai”. Ora, isto não só se aplica aos primeiros passos de nossa salvação, mas também em novas revelações e diferentes chamados do Pai para nós em diferentes momentos da vida cristã. O chamado de Deus para uma aceitação mais completa e mais ampla da verdade e ministério; de testemunho e testemunha; de rendição e experiência, surgirá sem duvida, por uma das diversas formas divinas da visitação do Senhor àqueles que Ele deseja conduzir na graça. Isto ocorrerá em um tempo apropriado, definido e desafiador. Um mensageiro pode vir do nada; talvez até no sentido de reputação, reconhecimento, fama ou honra, mas ele entregará uma mensagem, apenas ficando o tempo suficiente para deixar suas implicações essenciais àqueles que ouvem. Então, tendo esse mensageiro partido, as coisas nunca mais serão as mesmas novamente.

O “chamado” soou. A crise se precipitou. A questão está entre a vida, com suas limitações conhecidas, ou aquilo que Deus oferece. Como é geralmente o caso, esta verdade vai chamar por um “sair”. Sair pode representar deixar uma posição com certa popularidade. Pode haver um risco na reputação, ou perda de prestigio, uma desaprovação entre os homens, ser rotulado de “singular”, “peculiar”, “extremo”, “perigoso”. A obediência a esse chamado pode significar um impacto direto de todo o preconceito, tradição, e desaprovação do mundo religioso. Pode envolver exclusão, ostracismo e suspeita. Estes podem ser principais companheiros nos chamados de Deus para avançar com Ele, quando isso representar uma posição diferente do padrão geralmente aceito. Este é o custo do pioneirismo para aquelas almas que receberam o chamado, e se dispõem a responder a ele. Este é o preço a ser pago para ser útil no serviço a Deus e aos homens.

Aquele que pagou o preço (como poucos pagarão), e a quem foram confiadas revelação e serviço imortal e universal, disse no fim de sua vida: “não há nenhum homem da mesma opinião comigo”. “Nenhum homem permaneceu comigo” [provável referência a 2 Tm 4:16 – fazendo menção ao Apóstolo Paulo]. Isto significou que ele estava errado? Quem ousará dizer que sim?

Cada passo adiante com Deus traz o “chamado” a uma mais direta e íntima colisão com as forças do inimigo, e ele vai dar muito mais atenção a essas pessoas. O único caminho para “triunfar na vida” é literalmente saber dessa necessidade.

A pergunta é: “Vamos continuar com Deus a qualquer custo? Recusaremos Aquele que fala? Vamos responder a cada chamado para avançar, qualquer que seja ele? Permaneceremos firmes onde o preço parece quase que demasiado? Vamos “nos manter firmes” na provação do “chamado”, e tendo sido provados pela graça de Deus, seremos escolhidos para uma obra que só a nós pode ser confiada?”

Caso a resposta seja negativa, afundaremos de volta para nosso caminho mais fácil, e seguiremos a linha de menos resistência; mantendo nossos tesouros terrenos, com medo de perde-los, mantendo nosso lugar nas brincadeiras e seguranças das águas rasas, sem “lançar-nos ao profundo”.

O “muito bem, servo bom e fiel” será reservado para aqueles que arriscaram perder alguma coisa e foram para além da obrigação e dever, embarcando na segunda milha do “chamado” por uma revelação cada vez mais crescente.

Oh, queridos de Deus, vamos seguir todo o caminho e independente do que isso vai envolver, aspire por ser um dos “chamados, eleitos e fieis”.

Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e Uma Testemunha”, Jul-Ago 1926, Vol 4-4 sob o título – “Called. Chosen. Faithful.” 

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