Frutos na velhice

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O artigo “Na velhice darão ainda frutos” são extratos selecionados do livro “Seventy Years of Pilgrimage – being a memorial of William Hake”, editado por Robert C. Chapman. Esse livro é composto por uma coletânea de cartas de seu amigo e cooperador, William Hake.

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Robert Cleaver Chapman (1803-1902) 

“O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano. Plantados na Casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça” (Salmo 92:12-15).

Um encerramento brilhante para uma longa peregrinação

Durante muitos anos, uma humilde casa em uma pequena rua de Barnstaple foi o amado lugar de refúgio de filhos de Deus de toda a parte. Muitos foram os testemunhos do renovo espiritual e graciosa hospitalidade experimentada ali. Os dois “patriarcas”, como eram chamados, encantavam todos os que os visitavam pela simplicidade apostólica de sua conduta e o calor de seu amor e instrução, tão bem balanceados. O sobrevivente dos dois, o prezado Mr Robert Chapman, descreve o último dia de seu longo serviço juntos, e a partida pacífica de seu amigo e companheiro, William Hake, em uma idade avançada de 95 anos, depois de oitenta anos de caminhada em Cristo e setenta de peregrinação:

“Barnstaple, 5 de Novembro de 1890.

Nessa manhã de terça-feira, 4 de novembro, meu amado cooperador, Irmão Hake, se juntou a nós na hora do café, às 7 horas. À tarde, ele nos prestou um serviço precioso, ao acompanhando-nos até a estação para encorajar um visitante que nos deixava. Retornamos juntos, tivemos nossa usual reunião de oração, na qual o amado Irmão Hake participou ativamente. Em nossa mesa de chá, às 8, tivemos a agradável companhia de jovens discípulos de Cristo, com quem o Irmão Hake falou alegremente sobre as palavras: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou  [Jo 14:27]. A reunião que se seguiu começou com o hino:

“Vamos com os redimidos experimentar 

da alegria suprema que nunca morre”

Todos que cantaram, inclusive alguns que ouviram de outro cômodo, disseram que o som era celestial, com o profundo baixo de um amado idoso aperfeiçoando a harmonia. Depois da oração, o primeiro salmo foi lido. O irmão Hake aproveitou a ocasião para traçar o contraste entre os verbos andar, permanecer e assentar do primeiro verso de nossa leitura. “Enoque andou com Deus; Elias permaneceu diante de Deus; Davi se assentou diante de Deus”.

Então, apesar de na hora subsequente ele ter sido o protagonista da reunião, subitamente sentiu dificuldade de falar, e com ajuda foi conduzido até seu quarto. Um amado irmão mais jovem sentou com ele durante esse tempo, com fidelidade amorosa. Me juntei a eles às 4 da manhã. O irmão Hake agarrou minha mão, e a segurou até que não fosse mais capaz de fazê-lo, entregando seu espírito ao Senhor às 7:10. 

Sua amada filha, Mary, está sendo sustentada por Deus. Certamente nosso Deus é o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação. Ele é “maravilhoso em conselho e grande em sabedoria” [Is 28:29].

Sua filha acrescentou a esse registro que depois que seu amado pai lhe deu último carinhoso abraço, seus olhos constantemente olhavam para o alto. “Lar, lar, descanso, descanso”, estavam entre as últimas palavras inteligíveis que ele disse. 

Gostou? Leia mais sobre esse livro aqui.


Robert Cleaver Chapman (1803-1902) nasceu na Dinamarca, em uma família abastada de mercadores de Yorkshire (UK). Chapman se tornou advogado aos 20 anos de idade, mesma época em que se converteu em uma pregação de James Harignton Evans, em Londres. Por um certo período, ele prosperou em sua carreira profissional. Também amadureceu espiritualmente, passando a maior parte de seu tempo livre visitando e ajudando os pobres de Londres. Sua dedicação aos pobres causou uma forte impressão no marido de sua prima, o Sr. Pugsley, outro advogado, que também se converteu e começou a trabalhar com os pobres onde vivia, em Barnstaple. Em 1831, Robert depois de visitar Barnstaple, se convenceu de que estava sendo chamado para a obra cristã em tempo integral; e também sentia cada vez mais que alguns aspectos do seu trabalho jurídico eram incompatíveis com sua fé. Em 1832, ele foi convidado pela Ebenezer Strict Baptist Chapel para ser seu pastor, quando deixou finalmente a profissão de advogado.

Chapman aceitou esse encargo com a condição de que seria balizado apenas pelo que estava escrito na Bíblia e não por quaisquer credos ou crenças denominacionais. Ele acreditava que a comunhão dos santos deveria ser estendida a todos os verdadeiros crentes em Cristo, e não restrita somente àqueles que foram batizados por imersão total em profissão de fé. Suas opiniões sobre a comunhão eram semelhantes às de Anthony Norris Groves.

Com o tempo, a congregação passou a se tornar não denominacional, funcionando em bases semelhantes à assembleia liderada por George Müller em Bristol. 

Chapman tornou-se uma figura influente entre os Irmãos de Plymouth, ao lado de John Nelson Darby e George Müller. Seu zelo e compaixão pelas pessoas o levou a ser referido por muitos como o “apóstolo do amor”. Ele sempre preferiu viver de forma muito simples em uma área carente de Barnstaple, para alcançar os pobres.

Quando alguns dos seguidores de Darby reprovaram algumas posições de Chapman em relação aos problemas que envolveram os irmãos, Darby disse: “Deixem Robert Chapman em paz. Falamos sobre as regiões celestiais, esse homem vive lá”. 

Apesar de nunca ter se casado, nem tido filhos, era impressionante como tinha facilidade para ensinar as crianças e como a hospitalidade era uma das marcas mais proeminentes do seu ministério – seu desejo era que sua casa fosse um lugar de descanso e encorajamento para os santos de toda parte, o que foi uma realidade.

Charles Spurgeon chamou Chapman do “o homem mais santo que já conheceu”. Chapman ficou tão conhecido ao ponto de uma carta do exterior endereçada apenas a “R.C. Chapman, Universidade do Amor, Inglaterra” ser corretamente entregue a ele.

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