Stephen Kaung (1915–)
“Quem dentre vós, que tenha sobrevivido, contemplou esta casa na sua primeira glória? E como a vedes agora? Não é ela como nada aos vossos olhos?… Pois assim diz o SENHOR dos Exércitos: Ainda uma vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o mar e a terra seca; farei abalar todas as nações, e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos Exércitos. Minha é a prata, meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos. A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ageu 2:3;6-9).
“Pois quem desprezou o dia das pequenas coisas? Sim, estes regozijarão – estes sete mesmos – e verão o prumo na mão de Zorobabel: estes são os olhos do Senhor, que percorrem toda a terra” (Zacarias 4:8-10; Darby).
Esta é a primeira das quatro mensagens que compõem esta série, formada por uma coletânea de textos dos irmãos Stephen Kaung, Watchman Nee e T.Austin Sparks, escritos em diferentes épocas e publicadas em livros distintos. O que fizemos foi coletar tais preciosidades em seus livros e reuni-las aqui.
O tema diz respeito ao remanescente, como foi necessário que eles retornassem à Jerusalém quando toda a tribo de Judá estava cativa na Babilônia, e como isso se aplica espiritualmente a nós hoje como igreja que vive no tempo do fim.
Esta primeira mensagem vem dos escritos do nosso irmão Stephen Kaung:
Aqueles que Vivem para Deus Precisam Retornar
Tenho certeza de que vocês lembram da história de como os filhos de Israel foram levados para o cativeiro, na Babilônia, por terem se rebelado contra Deus, e de como permaneceram lá por setenta anos. Então, pela soberana misericórdia de Deus, lhes foi permitido retornar da terra do cativeiro até Jerusalém, para reconstruir a casa de Deus (o templo). Contudo, também precisamos lembrar de que não foi por causa da sua condição espiritual que os filhos de Israel receberam permissão para retornar à Jerusalém. Eles não haviam mudado muito. O motivo foi a soberana misericórdia de Deus. Deus moveu o coração do Rei Ciro, da Pérsia, a fim de que promulgasse o decreto dizendo que todo aquele que quisesse retornar à Jerusalém poderia fazê-lo.
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:33).
“Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (Marcos 10:21).
Poderíamos pensar que provavelmente todo o povo de Israel que estava no cativeiro se levantaria e retornaria. Infelizmente, não foi isso que aconteceu, e este fato revela a condição espiritual do povo. Após setenta anos na Babilônia, a maioria deles estava enraizada na terra do cativeiro. Eles haviam construído suas próprias casas e estabelecido seus próprios negócios. O povo no cativeiro havia recebido muita liberdade religiosa, ainda que não houvesse templo, já que o templo de Jerusalém havia sido destruído. Entretanto, foi permitido aos judeus adorar a Deus, não no templo, mas, nas sinagogas. Passados setenta anos, havia muitas sinagogas na terra do cativeiro.
Mesmo após o juízo de Deus, a maioria do povo judeu vivia para si mesmo. Se você viver para si mesmo, então ficará satisfeito, mesmo vivendo na terra do cativeiro. Afinal de contas, suas propriedades e seus negócios estão ali. Você também consegue ali obter até mesmo um certo grau de liberdade religiosa. Em outras palavras, sua consciência é apaziguada e subornada, porque você ainda pode adorar a Deus, embora permaneça na terra do cativeiro. Portanto, a maioria do povo estava satisfeita em continuar vivendo ali. Ainda que tivessem recebido permissão para retornar, eles nem consideraram retornar, porque Jerusalém estava em ruínas naquela época. Não havia nada lá. A cidade estava cercada por inimigos. Por que você arrancaria suas raízes para retornar a uma terra que não tinha nada? Portanto, a maioria do povo vivia para si mesmo.
A Restauração do Testemunho e a Oposição do Inimigo
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 1:10-12).
Ao ler a Bíblia, notamos que, durante o tempo do cativeiro, Deus nunca é chamado de “o Deus dos céus e da terra”. Evidentemente, nosso Deus é o Deus dos céus e da terra, porque Ele criou os céus e a terra. Mas estranhamente, durante o período do cativeiro babilônico, Ele nunca é endereçado como “Deus dos céus e da terra”. Qual é a razão disso? Isso ocorreu porque Deus não tinha testemunho na terra. Ele havia confiado seu nome ao seu povo, mas o povo estava no cativeiro. Ele colocou seu nome em Jerusalém, mas Jerusalém se encontrava em ruínas. Ele deveria encher o templo em Jerusalém com Sua glória, mas o templo estava completamente destruído.
Portanto, mesmo que Ele ainda fosse o Deus da terra, Ele não era reconhecido como tal, por não haver um testemunho aqui. Por isso, logo que o remanescente retornou à terra da Judéia, sua primeira preocupação foi a reconstrução do templo. Eles lançaram os alicerces e se prepararam para construir a casa de Deus, para que o nome de Deus estivesse sobre a terra e para que o testemunho de Deus pudesse ser restabelecido sobre ela. Isso foi algo tremendo. Contudo, o inimigo de Deus estava muito ativo e incitou os adversários que viviam ao redor de Jerusalém. De diversas maneiras, eles tentaram fazê-los desistir, impedir seu trabalho e interromper a construção da casa de Deus. Finalmente, eles alcançaram seu objetivo através de falsas acusações. As mãos do remanescente foram enfraquecidas. Desta forma, depois de terem lançado os alicerces, eles não foram capazes de edificar a casa de Deus, e o trabalho foi interrompido por alguns anos.
Fortalecidos Pela Palavra de Deus
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo… Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.” (Hebreus 1:1,2; 2:1).
Foi somente no segundo ano do rei Dario, da Pérsia, que Deus levantou dois profetas no meio do seu povo, sendo que um deles era um velho e o outro um moço. Ageu era um homem idoso. Ele pode ter sido um daqueles que viu o templo construído por Salomão, em Jerusalém, antes de ser destruído. Provavelmente, ele foi levado para o cativeiro quando era um adolescente ou então aos vinte anos de idade. Junto com esse homem idoso, Deus levantou um jovem. Esse jovem provavelmente nasceu no cativeiro e nunca havia estado em Jerusalém antes. Ele nunca tinha visto o antigo templo, contudo Deus levantou esse jovem chamado Zacarias.
Através de suas profecias, as mãos de Zorobabel (o governador), de Josué (o sumo sacerdote) e do remanescente foram fortalecidas. Isso não aconteceu pelo fato de haver algum decreto real dizendo que eles poderiam iniciar a obra. Também não aconteceu porque os inimigos diminuíram a intensidade da perseguição. Isso ocorreu porque Deus falou através de seus profetas.
Esse empreendimento não era um trabalho fácil, pois seus inimigos ainda os cercavam. O inimigo continuou tentando desanimá-los, buscando de todas as formas paralisar, acusar e atacar o remanescente. Os tempos continuaram difíceis e, para piorar, novos problemas surgiram – não apenas problemas relacionados aos inimigos que estavam ao redor, mas problemas entre eles mesmos… Mesmo assim, eles se reuniram e começaram a edificar.
Uma Pequena Casa
“Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (Lucas 12:32).
“Conheço as tuas obras — eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar — que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome” (Apocalipse 3:8).
Passou-se um mês, e aqueles que estavam edificando a casa de Deus ficaram desanimados. Qual foi a causa desse desânimo? À medida que eles olhavam a obra de suas mãos, percebiam muito claramente que aquela casa nunca poderia ser comparada com o templo de Salomão, mesmo depois de terminada. O templo de Salomão fora construído com tanto ouro, prata, pedras colossais, madeira e outros materiais similares! Além disso, fora edificado por um grande número de pessoas, construído em tamanho gigantesco e terminado com glória e grandeza.
O remanescente era tão pequeno em número, e seus recursos eram muito limitados… Ainda que estivessem edificando a casa de Deus, em um mês de trabalho, eles puderam perceber que essa pequena casa jamais poderia ser comparada com o templo construído por Salomão! Aos seus olhos, ela era como nada. Se era como nada, então por que edificá-la? Eles ficaram desanimados. A palavra de Deus teve que vir a eles através do profeta Ageu: “Considerai enquanto vedes a obra de vossas mãos. O que vedes? Isso é como nada aos vossos olhos.”
Mas Deus diz: “Sê forte, sê forte, Zorobabel, sê forte, Josué, sê forte, remanescente e trabalhem, porque Eu estou com vocês. Eu não mudei. Eu tirei vocês da terra do Egito (o profeta aqui retrocede ao tempo em que Deus tirou os filhos de Israel do Egito) e a minha aliança ainda está com vocês. Eu não mudei nem um pouco. Portanto, continuem, edifiquem e terminem a casa“.
Então, a palavra do Senhor veio através de Zacarias, o jovem: “Zorobabel lançou os fundamentos desta casa e ele a terminará. Não desprezem o dia das pequenas coisas, pois os olhos de Deus, os sete olhos, percorrem toda a terra e Ele olhou para o prumo nas mãos de Zorobabel“.
Eles, então, se regozijaram. Deus estava feliz com o trabalho deles. Se Deus está feliz, por que você também não está feliz? Portanto, continue, vá adiante e termine a obra. Graças a Deus, através do Seu próprio encorajamento, a casa foi finalmente terminada.
O que podemos tirar da história do povo de Israel como lição para nós nos dias de hoje? Como podemos edificar nesse tempo em que o testemunho de Deus se encontra em ruínas e Seu povo está tão fragmentado e voltado para si mesmo?
Continue a leitura no próximo post.
Extratos do livreto “O Dia das Pequenas Coisas”, de Stephen Kaung, publicado pela ALC – Associação de Literatura Cristã (esgotado).
2 Comentários. Deixe novo
Maravilhoso estes relatos. Gostaria de ter toda a coleção desses livros.
Maravilhoso estes relatos. Gostaria de ter toda a coleção desses livros.