A Restauração do Testemunho do Senhor – Parte 3

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Stephen Kaung (1915–) e Watchman Nee (1903-1972)

“Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Coríntios 10:11,12).

Na mensagem anterior (a segunda de quatro), falamos do primeiro dos três princípios fundamentais relacionados ao processo de restauração, que é A Necessidade de uma Revelação do Propósito Eterno de Deus.

Agora vamos falar dos dois outros, a saber:

  1. A Vontade e o Tempo de Deus
  2. A Obra deve ser feita Mediante o Poder de Deus

A Vontade e o Tempo de Deus

Conhecendo o Tempo e o Modo

O segundo princípio é o dia das pequenas coisas. Se você ler o capítulo 3 de Eclesiastes, verá que o sábio Salomão diz o seguinte: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de se arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar” (Ec 3:1-3). Em outras palavras, o tempo muda. Se você é sábio, você conhece o tempo. Em Eclesiastes 8:5 nos é dito: “e o coração do sábio conhece o tempo e o modo” (KAUNG, 1983).

Para cada propósito existe tanto um tempo como um modo. Diferente de um homem tolo, o homem sábio conhece o tempo, e pelo fato de conhecer o tempo, ele também conhece o modo (ou seja, ele sabe como agir). Se você age fora do tempo ou se você tenta viver contra o tempo, você pode fazer muito esforço, mas nada vai funcionar, porque há um tempo para cada coisa, um tempo para cada propósito (KAUNG, 1983).

Quando lemos sobre a vida do Senhor Jesus, especialmente no evangelho de João, existe um ponto que chama nossa atenção. O Senhor seguidamente afirma: “Ainda não é chegada a minha hora. Este não é o meu tempo. O vosso tempo está sempre presente, mas o meu tempo ainda não é chegado” [Jo 2:4; 8:20; 12:23,27; 13:1; 17:1] (KAUNG, 1983).

Acaso isso não parece estranho? Para o Senhor Jesus existia uma hora, um tempo, e isso era muito importante para Sua vida. Nosso Senhor nunca faria qualquer coisa fora de tempo de Deus. Ele não apenas fazia a vontade de Deus, mas Ele fazia a vontade de Deus no tempo de Deus. Enquanto o tempo não havia chegado, Ele não se moveria (KAUNG, 1983).

Um dia, o Senhor encontrava-se em Nazaré, na Galiléia, nos dias que antecediam a Páscoa (Jo 7:1-10). Seus irmãos na carne não criam nEle naquela época e, portanto, disseram: “Se você quer ficar famoso, por que fica aqui nesse vilarejo das montanhas? Vá para Jerusalém, onde estão as pessoas e então ficará famoso.” Você sabe o que o Senhor disse? “O tempo de vocês está sempre presente. Vocês podem fazer qualquer coisa que desejam porque vocês não se importam. Vocês vivem suas próprias vidas, mas comigo é diferente. O meu tempo ainda não é chegado. Eu estou esperando pela ordem de Deus, pelo tempo de Deus” (KAUNG, 1983).

Estranhamente, depois que seus irmãos subiram para Jerusalém, Ele também subiu, contudo em secreto. Em função disso, algumas pessoas pensam que o Senhor estava enganando seus irmãos. Mas isso não aconteceu de forma alguma (KAUNG, 1983).

Depois que seus irmãos já haviam partido, a hora chegou. Ninguém poderia fazer qualquer coisa ao Senhor enquanto a sua hora não tivesse chegado. Houve aqueles que tentaram matá-Lo, mas não puderam fazê-lo. Entretanto, quando a hora chegou, nosso Senhor Jesus ofereceu a Si mesmo como sacrifício. O tempo tornou-se o tempo de Deus (KAUNG, 1983).

Precisamos compreender o tempo de Deus. Na verdade, existem tempos diferentes. Há dias de grandes coisas e também há dias de pequenas coisas. Aquilo que você faz depende do dia em que você está vivendo. Se você tivesse vivido nos dias de Salomão, você teria experimentado um dia de grandes coisas. Se Salomão tivesse construído um templo pequeno, isso teria sido uma desgraça, algo fora de propósito para aquela ocasião. Ele tinha que construir um grande templo, pois aqueles eram dias de grandes coisas. Contudo, se o remanescente tivesse planejado e construído algo grandioso, isso os teria colocado fora do tempo e da ordem de Deus. Para com o remanescente, o dia era das pequenas coisas. Evidentemente, aquele remanescente foi encorajado no sentido de que ainda haveria um dia de coisas maiores. Quando o Senhor vier, Ele edificará a Sua igreja de todas as nações, todas as tribos, todos os povos, todas as línguas. Ele edificará a Sua igreja e será uma igreja gloriosa que será apresentada ao Senhor. Isto realmente é algo maior (KAUNG, 1983).

 A Natureza do Nosso Dia

“Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mateus 25:21).

Qual é a natureza do nosso dia? Não é possível repassarmos tudo que aconteceu ao longo da história, mas gostaria de salientar uma coisa: Se o dia de hoje for separado para a obra de restauração de Deus, então este é o dia das pequenas coisas. Lembre-se de que o remanescente retornou para reconstruir a casa para o testemunho de Deus. Era a obra de restauração de Deus, e Deus disse a eles que não desprezassem o dia das pequenas coisas. Em outras palavras, com a restauração vem o dia das pequenas coisas. Não tente fazer algo grandioso, pois, se você o fizer, você estará fora do tempo de Deus. Você estará edificando algo que Deus não está edificando (KAUNG, 1983).

Em nossos dias, não temos muitos daqueles que chamaríamos de gigantes espirituais. Nos surpreende que, ao lermos a história da igreja do final do século XIX e do início do século XX, notamos que Deus levantou muitos assim chamados “gigantes espirituais”; grandes mestres, grandes homens e mulheres de Deus. Contudo, em nossos dias, não encontramos muitos. Não é estranho? Será que isso não é uma indicação de que estamos no dia das pequenas coisas? Se de fato estamos vivendo no dia das pequenas coisas, será que a nossa responsabilidade não é ser fiel em poucas coisas? Se você for fiel em poucas coisas, então o Senhor diz que lhe dará mais (KAUNG, 1983).

Os olhos do Senhor percorrem a terra (Zc 4:10). O que os olhos do Senhor estão procurando? O Senhor queria ver aquele prumo nas mãos de Zorobabel (KAUNG, 1983).

Quando o Senhor o viu, então Ele se regozijou. Hoje em dia, os olhos do Senhor estão percorrendo a terra. Você sabe o que Ele está procurando? Ele busca por qualquer um que tenha o prumo em suas mãos. O prumo é uma ferramenta, um instrumento usado na construção de um edifício, de forma que este seja edificado corretamente, de acordo com a vontade de Deus. O que importa não é quão grande ou quão pequena é a obra, mas se está na vontade de Deus e no tempo de Deus (KAUNG, 1983).

A Obra deve ser feita Mediante o Poder de Deus

“Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:6).

Se algo é da vontade de Deus e está de acordo com o tempo de Deus, então não fique apreensivo e temeroso de não ter o poder para levá-la adiante, pois “não é por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor” (Zc 4:6).

Precisamos aprender que, ainda quando é Deus quem inicia a obra, se tentarmos executá-la com nosso próprio poder, nosso Deus jamais se comprometerá com nossa obra. Você me pergunta o que é que eu entendo por força natural. Descrevendo-a de modo muito simples, diria que força natural é aquela que empregamos sem a ajuda de Deus. Atribuímos a uma pessoa a tarefa de organizar algo — que planeje, por exemplo, uma campanha de evangelização, ou outra atividade qualquer — visto que tal pessoa é por natureza uma pessoa organizada. Mas, nesse caso, qual será a dedicação dessa pessoa à oração? Se essa pessoa está acostumada a confiar em seus dons naturais , poderá não sentir necessidade de clamar a Deus (NEE, 1994).

Na obra de Deus dos dias atuais, as coisas com frequência estão dispostas de tal maneira que não temos necessidade de confiar em Deus. Toda a obra que a pessoa consegue fazer sem a ajuda de Deus é madeira, feno, palha — materiais de pouco valor — e o fogo provará nossas obras, comprovando esse princípio (NEE, 1994).

A obra de Deus só pode ser executada com o poder de Deus, e esse poder só pode ser encontrado no Senhor Jesus. Ele está à nossa disposição na ressurreição, que é do outro lado da cruz. Em outras palavras, é quando chegamos ao ponto em que honestamente dizemos: “Eu não sei falar”, descobriremos que Deus está falando. Quando chegarmos ao fim de nossas obras, a obra de Deus se iniciará. Deste modo é que o fogo nos dias vindouros e a cruz hoje efetuam a mesma obra. O que não suportar a cruz hoje, não suportará o fogo amanhã (NEE, 1994).

Se o meu trabalho, que faço no meu poder, vier a morrer, será que sairá da sepultura? Nada! Nada, absolutamente nada sobrevive à cruz, senão o que veio integralmente de Deus, em Cristo (NEE, 1994).

Deus jamais nos pede que façamos uma coisa que podemos fazer. Pelo contrário. Ele nos pede que vivamos uma vida que jamais poderemos viver, e que executemos um trabalho que jamais poderemos executar. No entanto, pela Sua graça, estamos vivendo Sua vida, e estamos executando a Sua obra. A vida que vivemos é a vida de Cristo vivida no poder de Deus, e a obra que executamos é a obra de Cristo desenvolvida por nosso intermédio, mediante Seu Espírito, a Quem obedecemos. O egoísmo é a única obstrução a essa vida e a essa obra. Que todos nós possamos orar em nosso coração: “Ó Senhor, cuida de mim!” (NEE, 1994).

Necessidade de Perseverança

“Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa” (Hebreus 10:36).

Se você está na vontade de Deus e também está no tempo de Deus, então não fique desanimado. “Sede fortes“, diz o Senhor, “pois eu estou convosco” (Ag 2:4). “Não é por força nem por poder, mas pelo meu Espírito“, diz o Senhor (Zc 4:6). A obra não é feita pelo homem, mas pelo Espírito de Deus. O que importa não é quão poderoso algo aparenta ser. O que importa realmente é responder à pergunta: “será que a presença do Senhor está aqui?”. O Senhor diz: “Eu estou convosco”. Isto é tudo que importa. “Quando dois ou três estão reunidos em meu nome, ali Eu estou no meio deles“. Isso é o que importa. Se a presença do Senhor está ali, então Seu poder está ali, e a obra será realizada (KAUNG, 1983).

Graças a Deus, mesmo em tempos difíceis, a obra de reconstrução da casa de Deus nos tempos de Zorobabel foi terminada. Creio que a mesma coisa é verdadeira hoje em dia. Nós estamos vivendo nos tempos mais difíceis. O inimigo está tentando usar todos os artifícios para nos desviar, distrair, desanimar, acusar e atacar. Ele tenta impedir e paralisar a obra de Deus de edificar a Sua própria casa. Certifique-se de que você não está enganado por aparências externas. Asseguremo-nos de que estamos na vontade de Deus, de que estamos no processo da obra de Deus. Mesmo que os resultados sejam pequenos, lembremo-nos que estamos vivendo no dia das pequenas coisas. Não busque um poder espetacular, mas busque a presença do Senhor, pois Ele é o nosso poder e a obra será realizada. Possa o Senhor nos ajudar (KAUNG, 1983).

Continue lendo no próximo post.

Trechos extraídos dos livros “O Dia das Pequenas Coisas”, de Stephen Kaung, publicado pela ALC – Associação de Literatura Cristã (esgotado), e “As Três Atitudes do Crente” (capítulo 3), de Watchman Nee, publicado pela Editora Vida (esgotado).

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