Como ovelhas para o matadouro

Print Friendly, PDF & Email

Como ovelhas para o matadouro é um artigo baseado em considerações sobre o paralelo entre o Salmo 44 e sua aplicação por parte do apóstolo Paulo em sua tão grandiosa declaração a respeito do amor de Cristo em Romanos 8!

***

Participante de Cristo

“Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus ou tivéssemos estendido as mãos a deus estranho, porventura, não o teria atinado Deus, ele, que conhece os segredos dos corações? Mas, por amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o matadouro. Desperta! Por que dormes, Senhor? Desperta! Não nos rejeites para sempre! Por que escondes a face e te esqueces da nossa miséria e da nossa opressão? Pois a nossa alma está abatida até ao pó, e o nosso corpo, como que pegado no chão. Levanta-te para socorrer-nos e resgata-nos por amor da tua benignidade” (Salmo 44:20-26).

“Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:36-39).

É bem significativo considerarmos esses dois trechos da Palavra, tendo em vista os seus autores. O Salmo 44 é um Salmo didático dos filhos de Corá. O segundo trecho, muito conhecido, é do Apóstolo Paulo. Se colocarmos esses dois textos lado a lado, perceberemos que parecem ser uma pergunta e uma resposta. Os filhos de Corá não compreendiam por que Deus não se levantava e os socorria em meio à tanta opressão. Eles disseram: “Desperta!”. Esse é um panorama de desespero, de incompreensão.

O Apóstolo Paulo citou esse texto de forma maravilhosa, ao escrever sua epístola aos Romanos, dizendo: “como está escrito…”. De forma tão impressionante, é como se ele tivesse compreendido o dilema dos filhos de Corá. Paulo entendeu o que Deus estava fazendo, o meio que Ele usava, como Ele estava respondendo àquela oração. Deus não iria tirar a perplexidade, nem afastar as situações que nos trariam dor e fraqueza. Não! Paulo afirmou algo ainda maior: somos mais que vencedores sobre essas coisas – mas isso não em nós mesmos. A vitória sobre a morte está em outra Pessoa. Outra Pessoa venceu.

Então apensar da aparente opressão, Paulo via que aquele era um meio para que ele se tornasse um vencedor. Mas sua vitória não seria da maneira convencional, mas aconteceria por meio da apropriação pela fé da vitória de Outro.

Cades-Barnéia, o Ponto de Inflexão

Acho que podemos usar como paralelo a situação de Israel em Cades-Barnéia. Quando foram espiar a terra, viram o seguinte panorama:

“O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, mui grandes e fortificadas; também vimos ali os filhos de Anaque… Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós…. Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos” (Nm 13:28; 31; 33).

“Levantou-se, pois, toda a congregação e gritou em voz alta; e o povo chorou aquela noite. Todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Tomara tivéssemos morrido na terra do Egito ou mesmo neste deserto! E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito?” (Nm 14:1-3).

Aos seus próprios olhos, eles eram apenas gafanhotos, pequenos, incapazes de enfrentar as adversidades e os inimigos em Canaã, apesar dessa terra ter sido prometida a eles por Deus e ser uma terra muitíssimo boa.

Apenas duas pessoas olharam para aquela terra com os olhos do Apóstolo Paulo, compreendendo o segredo para a vitória sobre os inimigos e posse da terra:

“Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela” (Nm 13:30).

“E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dentre os que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes e falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muitíssimo boa. Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel. Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor e não temais o povo dessa terra, porquanto, como pão, os podemos devorar; retirou-se deles o seu amparo; o Senhor é conosco; não os temais” (Nm 14:6-9).

A terra de Canaã no AntigoTestamento pode ser usada como uma representação das riquezas insondáveis de Cristo para nós hoje.

Quer entender melhor esse assunto? Leia esses posts aqui: Cristo é o Alto Monte e O Estudo dos Tipos, Uma Introdução

Então, percebemos que o Apóstolo Paulo expressou, por meio de sua afirmação, qual era o segredo de entrar e possuir a nossa Canaã hoje, a terra que nos foi prometida, que são as insondáveis riquezas de Cristo. Entrar e tomar posse dessa terra, ou seja, entrar e permanecer em Cristo é o segredo da nossa vida vitoriosa. Cristo é a nossa vida vitoriosa.

Josué e Calebe admoestaram o povo de Israel sobre a forma de ver a terra e as adversidades que estavam diante deles. Era o Senhor QUEM conquistava a terra, e Ele já havia decidido que iria colocar o povo de Israel ali, pois Ele o disse claramente. Da mesma forma, temos a Palavra do Senhor nos afirmando que tudo que é de Cristo é nosso. Assim, a vontade Dele, aliada com a nossa fé em Sua palavra, são a chave para a entrada em Canaã.

Ovelhas em um Matadouro, mais que Vencedores

Difícil imaginar que uma ovelha sendo conduzida à morte está vencendo, prevalecendo. Mas tomando a chave que o Apóstolo Paulo nos deixou, podemos vislumbrar como podemos ser mais que vencedores, tomando posse da nossa terra de Canaã, que é Jesus:

  • Os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8:8). Isso pode ser visto como a circuncisão que aconteceu em Gilgal (Josué 4), antes do povo iniciar a conquista da terra. O apóstolo explicou aos Filipenses o que representava, de fato, a circuncisão: “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Fp 3:3). Portanto, para experimentar a vida em Cristo, vitoriosa sobre a morte, precisamos da circuncisão de Cristo (Cl 2:11). A nossa carne precisa ser totalmente deixada de lado.
  • Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito“. Devemos nos inclinar para o Espírito, andar segundo o Espírito (Rm 8:4,5; 14). Jesus disse que os nascidos do Espírito são guiados por Ele (Jo 3:8). Mas para andar no Espírito, precisamos ouvi-Lo. No livro de Josué, vemos que o Príncipe do Exército do Senhor era quem dirigia todo o combate do povo de Israel (Js 5:14,15). Ele é quem dirige os nosso passos, não mais nós mesmos e as nossas motivações.

Para andar com Deus, aprenderemos que a nossa carne precisará ser deixada de lado. Isso será morte para nós, mas dará lugar para que Ele cresça, e experimentemos uma vida que transcende as circunstâncias. Esse era o tipo de vida que o apóstolo Paulo se referia em Romanos.

Nosso Modelo, O Cordeiro está no Trono

Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53:7).

Isaías retrata O SERVO do Senhor maravilhosamente! Dentro dos valores da nossa sociedade, a pessoa realmente forte é quem sempre prevalece, batalha com força e poder, mas vemos ali O SERVO, Aquele que será exaltado (Is 52:13), primeiramente Se esvaziando totalmente e se tornando uma OVELHA MUDA. Esse foi o nosso Jesus!

Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:6-8).

Toda a trajetória do Senhor é uma ilustração maravilhosa da nossa trajetória, pois “não é o servo maior do que seu senhor” (Jo 15:20). “Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará” (Jo 12:26).

O Senhor nos deixou um exemplo para do caminho da abundância, o caminho do trono. Ao longo desse trajeto, passaremos por situações onde somente o Senhor poderá nos levar em frente, e nossa dependência dEle como nossa vida nos trará a experiências reais de Sua abundância e suficiência. Que possamos ser os Josués e Calebes de nossos dias, confiando no Senhor e na Sua vontade, desejando o que Ele deseja!

Nunca nos esqueçamos que no futuro, glorificaremos o Cordeiro diante do trono:

Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap 7:9,10).

De tal forma, não devemos nos desesperar pelas dificuldades, pois Deus está trabalhando em nós para ganhar mais espaço para Esse Cordeiro, para que Ele seja manifesto em nós! Dessa forma, apesar de parecermos como ovelhas em um matadouro, e em algumas circunstâncias nos sentirmos impotentes e sem esperança, devemos nos lembrar que Deus tem um propósito! Ele venceu e nós estamos sendo PLANTADOS EM SUA VITÓRIA pela fé, passo a passo, por meio das próprias tribulações (Rm 5:3,4).

Que possamos viver a cada dia pela graça de Deus, com os olhos iluminados para compreender os Seus maravilhosos e inescrutáveis caminhos!

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida” (2Co 4:7-12).

Gostou de “Como ovelhas para o matadouro”? Leia mais artigos relacionados aqui.

Post anterior
Aprendendo a Ser Guiados
Próximo post
Quebrando o Cerco Satânico II

3 Comentários. Deixe novo

  • João David Ramos de Souza
    6 de fevereiro de 2020 18:04

    Eu queria saber o que quer dizer; fomos considerado como ovelhas para o matadouro .

    Responder
    • Prezado irmão, considerando sua dúvida, fizemos uma revisão no post para que isso ficasse um pouco mais claro. Essa expressão usada pelo Apóstolo Paulo demonstra que apesar de “ser entregue à morte o dia todo”, ele ainda se considerava mais que vencedor, pois compreendeu que os sofrimentos contribuíam para que Cristo fosse formado nele. Esperamos que tenha ficado mais claro para o irmão. Paz!

      Responder
    • José Luiz Aguiar Cunha
      6 de julho de 2020 23:22

      Muito bom Deus te abençoe

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.