Stephen Kaung (1915—)
“Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou…” (Filipenses 2:6-7).
Por toda a história humana, tudo o que vemos é rebelião e obstinação; até que um dia Deus enviou Seu único Filho amado a este mundo para ser um homem. No primeiro Adão, no primeiro homem, não há nenhuma esperança. Ele não pode ser melhorado, educado, instruído, desenvolvido. Não há esperança. Por isso Deus enviou o segundo Homem, o nosso Senhor Jesus.
Filipenses 2 nos diz que nosso Senhor Jesus, como o Filho de Deus, é igual a Deus. Na Divindade temos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É um mistério – três em um, um em três. Não podemos explicá-lo. Cremos nisso porque o encontramos revelado na Palavra de Deus. Muito embora a palavra trindade não esteja ali, o fato, a realidade, está. O Filho é igual ao Pai em todas as coisas. Entre a Divindade não há ninguém à frente, nem atrás, nem acima, nem abaixo. Eles são iguais. A glória da Divindade, a glória de Deus, é Sua autoridade. A submissão e a obediência são impensáveis quando você pensa em Deus. A quem Ele deveria se submeter? A quem Ele deveria obedecer? Ele deve ser obedecido. Ele é Soberano, a Autoridade do universo. Assim é Deus. Por isso, lembre-se: na Divindade, a glória é a autoridade. A obediência é algo desconhecido, não é necessário [na trindade], não está ali.
Não ouso ir muito a fundo no mistério da Divindade, mas tentarei lançar uma ideia. Se estiver errado, perdoe-me. No princípio, na Divindade, não havia o conceito de submissão e obediência – apenas o de autoridade. Creio que podemos aceitar isso. Agora, me pergunto: quando a submissão teve início? Na eternidade passada, antes de tudo ser criado, havia apenas Deus, que eternamente existente por Si mesmo. Mas, de alguma forma, usando palavras humanas, deve ter havido algum tipo de conselho na Divindade. Certamente esse conselho foi diferente, porque nós precisamos falar para que haja um conselho, mas Deus não precisa disso.
O Pai amava tanto o Filho, Ele queria glorificá-lO, queria dar algo ao Filho para mostrar o Seu amor. O amor sempre busca uma saída. O Pai ama tanto o Filho, que quer lhe dar algo para glorificá-LO. Ele quer criar todas as coisas e dar todas elas ao Seu Filho, para torná-lO herdeiro de tudo. Ele quer dar o homem ao Seu Filho, para ser criado à Sua própria imagem, conforme a Sua semelhança, para que o homem possa ter relacionamento, comunhão com Ele e assim, possa ser unido a Ele em vida, em amor, em propósito, compartilhando da glória e responsabilidade de Seu Filho. Mas sendo onisciente, Ele sabe o fim desde o princípio. Ele sabia que haveria problemas, não apenas no mundo invisível, mas também no mundo visível, mesmo com o homem que seria criado.
Poderia dizer que houve uma hesitação: “Deveríamos fazê-lo ou não?”. Durante aquele período, o Filho deu um passo à frente. Ele amou tanto o Pai, queria que a vontade do Seu Pai fosse feita. Ele queria agradá-lO. Queria satisfazer o coração do Seu Pai. Por isso deu um passo à frente e disse: “Pai, se isso é o que Tu queres, isso é o que terás. Quero oferecer a Mim mesmo como o Cordeiro para redimir, para restaurar, para que a Tua vontade seja feita.” Houve um acordo perfeito na Divindade. Nosso Senhor Jesus é chamado o Cordeiro morto desde a fundação do mundo (Ap 13:8), não antes da fundação do mundo, mas “desde a fundação do mundo”.
Assim, a figura do Cordeiro é uma figura de submissão. Me pergunto se esse espírito de submissão começou naquele momento, porque é no espírito de submissão que o nosso Senhor Jesus, o Filho de Deus, esvaziou a Si mesmo.
“Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou...” (Fp 2:6-7).
Houve alguém que tentou se agarrar a isso – Lúcifer, mas isso não era dele. O Filho eterno, igual a Deus, não se apegou a isso, apesar de ser Seu direito. Ele era a forma de Deus.
O que é a forma de Deus? A forma de Deus é a manifestação da plenitude da Deidade, da plenitude da glória da Deidade. Ao esvaziar a Si mesmo, vemos o espírito de submissão. Para Se submeter à vontade do Pai, Ele colocou de lado a glória, a honra, o poder, a autoridade e a posição de Deus. Certamente Ele não pôde Se esvaziar da Sua Deidade. Isso é impossível, porque isso é o que Ele é eternamente, nunca muda. Desde o princípio Ele é Deus.
Ao se tornar um homem, Ele ainda era Deus. Depois de voltar ao céu Ele continua sendo Deus, assim como será na eternidade por vir. Isso é o que Ele é. Essa é a Sua essência. Ele não pode Se esvaziar disso; mas estava apto a se esvaziar de toda a glória e honra associadas à Deidade, e isso Ele fez.
Ele colocou de lado a Sua onipotência. Ele é o Deus todo-poderoso, contudo colocou isso de lado para Se tornar um bebê indefeso. Ele colocou de lado a Sua onisciência – Sua capacidade de saber e conhecer todas as coisas. Ele disse: “Eu não sei; Meu Pai é o único que sabe”. Ele colocou de lado a Sua onipresença. Ele poderia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas se tornou um homem. Quando estava na Judeia, não estava na Galiléia.
O Senhor Jesus trouxe o espírito de submissão para este mundo. Ele tomou sobre Si mesmo a forma de um escravo. Ele tomou a forma que podia manifestar a plenitude da humildade – nenhum direito para Si mesmo, pior do que qualquer outro, submisso a todos – um escravo.
O que é a glória de Deus? É a autoridade. Quando a autoridade de Deus é manifestada, você vê a glória. O que é a glória do homem? Pela vida do segundo homem, aprendemos que a glória do homem, de acordo com aquilo que agrada a Deus, é a submissão, a obediência. Sempre que isso aparece, há glória.
Extraído do livro “Submissão espiritual”, de Stephen Kaung, publicado pela Editora Restauração (esgotado).
2 Comentários. Deixe novo
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