Watchman Nee (1903-1972)
“E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gênesis 2:8,9).
Deus criou o homem e providenciou sustento para ele. A existência do homem veio de Deus e a intenção de Deus era que ele fosse dependente Dele ao longo de toda a sua vida. A vida que o Senhor lhe deu deveria ser nutrida por meio de alimentos adequados, que o Próprio Deus havia suprido.
Por meio das duas árvores, a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal, Deus mostrou figuradamente dois caminhos diferentes, nos quais as pessoas podem viver seus dias na terra: o princípio que governa a conduta de alguns é o conhecimento do bem e do mal, enquanto outros são governados pelo princípio da vida.
Se nossa conduta é controlada pelo princípio do bem e do mal, então toda vez que temos que tomar uma decisão, primeiro perguntamos: “Isto é certo ou errado? Seria bom fazer isso ou seria mau?” Muitos cristãos hesitam antes de fazer qualquer coisa e ficam se consumindo em perguntas nas suas mentes. Eles estão inclinados a fazer o que é certo; querem evitar todo mal; desejam viver uma vida de acordo com o que julgam ser o viver cristão. Então, meticulosamente, ponderam todas as suas ações. Examinam cuidadosamente cada situação com que se deparam e, enquanto não se convencem de que certa maneira de agir é boa, não prosseguem.
Todavia, a Palavra de Deus diz: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia que dela comeres, certamente morrerás.” O viver cristão não consiste em agir de acordo com o padrão aparentemente sublime de rejeitar tudo o que é mau e escolher apenas o que é bom. Isso é viver sob a lei, é agir de acordo com a antiga aliança, não de acordo com a nova. Agir desse modo é conformar-se aos padrões religiosos ou morais. Isso está totalmente aquém do padrão cristão.
O que é o viver cristão? O viver cristão é uma questão de vida. Se você é cristão, então você possui uma nova vida; e quando tem de decidir sobre determinada coisa, você não deve se perguntar: “É certo fazer isso?”, mas sua pergunta deve ser: “Se fizer isso, no que isso afetará a minha vida interior? Como reagirá a isto a nova vida que tenho dentro de mim?”
O mais surpreendente é que o objetivo de tantos cristãos é somente a conformação a um padrão exterior, apesar de Deus não nos ter dado, pelo novo nascimento, uma porção de regras e regulamentos novos. Ele não nos levou a um novo Sinai, nem nos deu uma nova lista de mandamentos com seus “Farás isto”, e “não farás aquilo”.
O viver cristão não requer que investiguemos o certo e o errado das diferentes maneiras de agir, mas requer que sondemos a reação da vida divina a qualquer ação proposta.
Como cristão, você agora possui a vida de Cristo, e são as reações desta vida que você tem que levar em conta.
Se, ao refletir sobre determinada ação, houver um brotar da vida em seu interior para executá-la, se houver uma resposta positiva da vida interior, se houver “a unção” (1 Jo 2:20,27), então você pode seguir em frente com confiança. Mas, se você, ao refletir sobre certa atitude, sentir que a vida interior começa a desfalecer, então saberá que essa atitude deve ser evitada, mesmo que seja, aparentemente recomendável.
A palavra de Deus monstra-nos claramente que o cristão é controlado pela vida de Cristo, e não por um código de ética exterior. Há algo vital dentro de um cristão que reage positivamente a tudo o que é de Deus, e rejeita tudo o que não provém dEle.
Quando você descobre que o fator determinante de toda conduta é a vida, então percebe que deve não só evitar tudo o que é mau, como também o que é apenas aparentemente bom. Somente o que emana da vida de Cristo em nós é conduta cristã. Lembremo-nos da Palavra de Deus: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Note bem que “bem” e “mal” estão colocados juntos aqui, mas a “vida” é colocada em oposição ao “bem e mal”.
Extraído do texto “Dois Princípios de Conduta” do livro Doze Cestos Cheios Vol II – Watchman Nee, publicado pela Editora Árvore da Vida (esgotado).
