“O Fim Justificará o Caminho” é um artigo composto por extratos do Capítulo 1 do livro “Spiritual Ascendency“, de T.Austin-Sparks.
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T. Austin-Sparks (1888-1971)
“Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil… São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro; e não se achou mentira na sua boca; não têm mácula” (Apocalipse 14:1-5).
Algo em que precisamos acreditar e, se necessário, talvez até lutar para acreditar é que o fim justificará o caminho, e que Deus será plenamente justificado pelo caminho no qual Ele nos conduziu. Isso é um tema difícil. Não é fácil acreditar que as experiências da vida e os caminhos cheios de sofrimento, aflição, decepção, tristeza, perplexidade, espanto pelos quais o Senhor conduz as vidas daqueles que se entregam a Ele – coisas que, por vezes, abalam seus próprios fundamentos – podem levá-las a afirmar, no futuro: “Deus não cometeu nenhum erro. Ele sabia o que estava fazendo. Ele fez a coisa certa!”
Diante de tudo o que podemos estar passando, do estado em que nossas vidas se encontram neste momento, talvez seja difícil acreditar que tudo esteja certo, precisamente certo. Mas o fim justificará o caminho, vindicando a maneira de Deus lidar conosco. No final, diremos positivamente: “Deus não cometeu erros!”
Nos pequenos caminhos de nossas vidas, quando passamos por provações difíceis, experiências profundas, escuras, e saímos do outro lado entendendo o sentido de tudo, fomos capazes de dizer: “Não teria ficado sem isso por nada. Estou feliz por ter tido essa experiência”. Entretanto, enquanto estávamos passando pelas situações, a última coisa que teríamos dito seria isso.
O final altera de forma estranha a nossa perspectiva do todo. Naquele momento diremos: “Afinal de contas, o Senhor não estava errado como eu imaginava. Ele estava totalmente certo”.
Um grupo denominado na Palavra de Deus de 144.000 (não devemos ser demasiadamente literais com esse número) foi comprado dentre os homens. Eles passaram muitas vezes por esse tipo de situação. Eles encararam o vigor do sol escaldante para amadurecê-los, e foram os pioneiros neste caminho, sabendo bem o que significa provar os sofrimentos do Cordeiro.
Não posso deixar de acreditar que quando esse grupo estiver no monte Sião com o Cordeiro, a única coisa que dirão será: “Ele sabia o que estava fazendo conosco. Tudo estava certo. Não ficaríamos sem essa experiência de jeito nenhum, isso justifica tudo. Embora por vezes estivéssemos sendo tentados a questionar a Deus, questionar se Ele estava nos conduzindo ao caminho certo, se estava sendo justo conosco, nós podemos ver agora, que não foi só o caminho certo, mas esse era o único caminho! Nada mais poderia ter sido feito.”
Acredito que Deus não é um mero espectador dos nossos sofrimentos, provações e adversidades, olhando, observando friamente, mas Ele tem o controle de tudo em Suas mãos. “Ele sabe o meu caminho” (Jó 23:10). Ele não é apenas um espectador.
De acordo com Jó, que sabia algo sobre isso, este é o veredicto: “Pois Ele cumprirá o que está ordenado a meu respeito e muitas coisas como estas ainda tem consigo” (Jó 23:10,14). Vamos voltar para os primeiros capítulos deste livro, e veremos o que estava ordenado para Jó, lembrando que Deus já tinha tudo em vista. “Vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo” (Tiago 5:11). Esse texto abrange todo o caso de Jó. Estamos lidando com coisas muito difíceis. É fácil dizer e ouvir palavras como esta, mas precisamos nos fortalecer no Senhor para chegarmos a essa gloriosa consumação.
Uma das maneiras em que poderemos fazer isso é simplesmente dizendo um ao outro: “Nós cremos em Deus tão completamente que afirmamos, mesmo nas situações mais difíceis, que Ele será justificado no final. Diremos a Ele: Tu estavas certo, e não ficaria sem essa experiência por nada”.
Alguns de vocês talvez não se imaginem dizendo isso, mas todos nós iremos dizer isso no final, se não rompermos com a nossa fé em Deus. O fim justificará o caminho e vindicará a Deus.
T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério. Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência. Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church.
“Nenhum homem é infalível e ninguém ainda ”obteve a perfeição”. Muitos homens piedosos precisaram se ajustar, seguindo um senso de necessidade, após Deus lhes haver concedido mais luz.” (De uma Carta do Editor publicada pela primeira vez na revista “A Witness and A Testimony“, julho-agosto de 1946).