Os Filhos de Corá é uma tradução do texto “The Sons of Korah” de Harry Foster, publicado no livro “The Essence of All Prayer” publicado pela Emmanuel Church.
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Harry Foster
“Respondeu o SENHOR a Moisés: Fala a toda esta congregação, dizendo: Levantai-vos do redor da habitação de Corá, Datã e Abirão. Então, se levantou Moisés e foi a Datã e a Abirão; e após ele foram os anciãos de Israel. E disse à congregação: Desviai-vos, peço-vos, das tendas destes homens perversos e não toqueis nada do que é seu, para que não sejais arrebatados em todos os seus pecados. Levantaram-se, pois, do redor da habitação de Corá, Datã e Abirão; e Datã e Abirão saíram e se puseram à porta da sua tenda, juntamente com suas mulheres, seus filhos e suas crianças. Então, disse Moisés: Nisto conhecereis que o SENHOR me enviou a realizar todas estas obras, que não procedem de mim mesmo: se morrerem estes como todos os homens morrem e se forem visitados por qualquer castigo como se dá com todos os homens, então, não sou enviado do SENHOR. Mas, se o SENHOR criar alguma coisa inaudita, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao abismo, então, conhecereis que estes homens desprezaram o SENHOR. E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra debaixo deles se fendeu, abriu a sua boca e os tragou com as suas casas, como também todos os homens que pertenciam a Corá e todos os seus bens. Eles e todos os que lhes pertenciam desceram vivos ao abismo; a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação” (Números 16:23-33).
Trago uma palavra de solene julgamento, porque é bem claro que o pecado de Corá foi muito sério. Sem dúvida, circunstâncias extenuantes podem ter sido produzidas. Eles estavam no deserto. Aquela era uma vida de esforço excessivo e tensão para todos, e sob tais circunstâncias, frequentemente descobrimos nossas fraquezas. Sem dúvida, poderíamos defender Corá, dizendo que ele sofreu a influência de Datã e Abirão, mas essa não é uma desculpa, porque se isso fosse verdade, também era um fato que a Corá foram concedidos privilégios especiais, devendo ele ter sido capaz de vencer essa tentação.
Podemos também atribuir parte dessa dificuldade a Moisés e suas imperfeições. Alguns podem ficar surpresos com isso, mas não sou daquelas pessoas que acredita que o ungido do Senhor é perfeito, exceto quando O Ungido é o Senhor Jesus. Assim, não acredito que Moisés, por ter sido um homem de Deus, fosse livre de falhas. Verdadeiramente, uma das primeiras coisas mencionadas a seu respeito, quando vemos o relato do início da peregrinação no deserto, é que quando seu sogro, Jetro, chegou ao acampamento, apesar de ser de fora, logo percebeu falhas em Moisés, as apontando abertamente à ele: “Não é bom o que fazes” (Êxodo 18:17). Entretanto, independente do que se pudesse falar de Moisés, aquele era um homem humilde, que alegremente aceitou aquela reprovação do seu sogro e se ajustou a ela.
Mas, mesmo trazendo todos esses argumentos, no caso de Corá ainda temos um homem merecendo o mais severo julgamento de Deus. Se formos ao Novo Testamento, para a carta de Judas, descobriremos algo que é considerado com um exemplo impressionante de uma situação que demandava um julgamento. Judas chamou isso de “revolta de Corá” (verso 11).
A Bondade e a Severidade de Deus
Então podemos começar a pensar: ‘De quem ele está falando ou pensado? Para quem é essa mensagem?’ Será que esse não é o cerne da explicação do pecado que é encontrado em cada um de nós? Será que essa não é a nossa maior culpa diante de Deus? O Seu Ungido é muito superior a Moisés – é Jesus Cristo, mas nós temos nos rebelado contra Ele, nos ressentido contra o seu Senhorio e resistido à Sua vontade. Se você pode honestamente dizer que isso não é verdade a seu respeito, então essa mensagem não é para você, mas acredito que a maioria de nós verdadeiramente dirá: ‘Sim, nosso pecado é sério, e, se considerarmos os nossos méritos pessoais, a terra deveria se abrir e, se fôssemos engolidos vivos para dentro do abismo, isso seria nada menos do que nós merecemos’.
Falo, por assim dizer, dos solenes julgamentos de Deus, mas também falo das maravilhosas misericórdias do Senhor.
Se nos voltamos para Números 26, veremos nos versos 9 e 10 uma repetição da história desses homens que lutaram contra o Senhor, e do registro daquele evento da terra abrindo a sua boca e os engolindo junto com Corá, e então vemos uma nova luz derramada ali: “Mas os filhos de Corá não morreram” (verso 11). Aqui temos um milagre da graça de Deus! Você pode dizer: ‘Talvez isso tenha acontecido porque os filhos de Corá eram pequenos’, mas, quando lemos a história cuidadosamente, vemos que dentre aqueles que morreram foram incluídos: “Datã e Abirão… suas mulheres, seus filhos e suas crianças“. [Então, se os filhos de Datã e Abirão morreram, por que os filhos de Corá não morreram?] Não foi porque eram pequenos que eles não estavam lá. Podemos pensar: ‘Bem, talvez eles tenham se desassociado da rebelião do seu pai’. Isso também não está declarado.
O Milagre da Graça de Deus
Por um lado, a imagem está pintada para nós da forma mais negra, temos o mais terrível julgamento de Deus. Assim, devemos então afirmar: ‘Em julgamento, Deus se lembrou da Sua misericórdia. Os filhos de Corá foram poupados e sobreviveram. Esse foi um milagre da graça de Deus’. Então, podemos dizer de nós mesmos: ‘Sim, somos como Corá e verdadeiramente somos aqueles que merecem julgamento’; mas podemos também dizer: ‘Pela grandiosa graça de Deus, somos aquele que foram poupados’, ou podemos usar a linguagem de Efésios e dizer: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia” (Efésios 2:4).
Caros amigos, nossa sobrevivência é um milagre da graça de Deus. Nunca podemos pensar que aqueles homens mereciam julgamento por serem perversos, enquanto que nós somos diferentes deles. Não! Somos filhos deles, pertencemos a eles naquilo que o registro nos diz, e parece que tudo o que pertencia a eles foi engolido no julgamento. Entretanto, nos é permitido ver que o Senhor é maior em misericórdia do que poderíamos imaginar ser possível… “Mas os filhos de Corá não morreram”. Aleluia! O que eles fizeram?
“Hemã, o Cantor”
Descobriremos o que aconteceu com esses sobreviventes se nos voltarmos para 1 Crônicas 6:31-33, “São estes os que Davi constituiu para dirigir o canto na Casa do SENHOR, depois que a arca teve repouso. Ministravam diante do tabernáculo da tenda da congregação com cânticos, até que Salomão edificou a Casa do SENHOR em Jerusalém… São estes os que serviam com seus filhos. Dos filhos dos coatitas: Hemã, o cantor”. Quem era Hemã, o cantor? Bem, ele era o filho de Joel, que era filho de Samuel e, seguindo até o verso 37, ele era “filho de Corá”. Estamos certos de que se trata do mesmo Corá? Sim, bem certos, porque é dito no verso 28 que ele era filho de Isar, e esse é o próprio homem mencionado em Números 16.
Veja o que aconteceu com os sobreviventes do julgamento, aqueles para quem um caminho especial da graça de Deus foi estabelecido para uma preservação miraculosa: A eles foi dada a tarefa de liderar o serviço de cânticos, e esse homem foi chamado “Hemã, o cantor”. E como poderemos ficar silenciosos, como poderemos ser falhos em nosso serviço de louvor, quando fomos salvos de tão grande julgamento por uma tão suprema misericórdia?
Essa era a vocação dos filhos de Corá, os quais foram maravilhosamente livrados do julgamento: dar suas vidas para manter em força e continuidade os louvores ao Senhor.
É algo maravilhoso ter uma vocação, mas é outra coisa cumpri-la. Davi deu a esses homens sua tarefa, e certamente o Senhor nos deu a nossa! Então, cantemos:
Redimido, sarado, restaurado, perdoado,
Quem poderá cantar Seu louvor?
Fazemos isso? Eles faziam.
Vamos nos voltar para o livro de Salmos e para aquele pequeno título que está sobre o Salmo 42: “Ao Mestre de Canto. Salmo didático [Maschil] dos filhos de Corá”, e encontramos essa inscrição: “dos filhos de Corá” sobre alguns dos mais impressionantes Salmos dentro desse livro. Os Salmos 42 e 43 realmente formam uma unidade e foram escritos de forma bastante compacta e ordenada, o que é pouco usual, com os versos e aquele coro maravilhoso de esperança repetido em 42:5 e 11, e em 43:5.
Temos nesses dois Salmos a prova que aqueles que foram poupados para louvar, e a quem foi ordenado louvar, estavam fazendo exatamente o que foram chamados para fazer: mantendo os louvores ao Senhor.
O Triunfo do Louvor
Se você ler esses dois Salmos, encontrará algo na atmosfera, que evidencia que o louvor triunfou. Temos uma atmosfera de muitos problemas. Talvez alguns de nós gastamos muitas horas andando por aí nos sentindo atribulados, contrariados, aturdidos com problemas e questionamentos. Bem, vejamos o que os filhos de Corá tem a nos dizer sobre isso!
A primeira pergunta no verso 2 do Salmo 42: “Quando?” e então no verso 3 temos: “Onde?… Onde está o Senhor em tudo isso, em minha vida, em nossas circunstâncias… onde? Onde está o Senhor?” – e o que você pode responder? E então temos a terceira pergunta, que vem repetidamente ao longo do Salmo: “Por que?”
Isso é tão alinhado com nossa realidade hoje: Quando? Onde? Por que? E é o trabalho dos filhos de Corá, em meio a essa atmosfera, sustentar os louvores ao Senhor. Quando? Não sei quando. Onde? Não sei onde. Por que? Não sei. Entretanto, se posso continuar louvando, eventualmente, aprenderei quando, onde e por quê… Eu o louvarei! Os homens que disseram isso não foram aqueles que ficaram em casa e disseram: “Bem, um dia quando o sol brilhar, a tempestade passar e tudo estiver claro, então, eu O louvarei”. Eles foram os homens que ficaram na casa do Senhor, tanto na noite, assim como no dia: (“e à noite comigo está o seu cântico” – verso 8), conduzindo o povo em sua canção – “Eu ainda O louvarei. O dia da resposta de cada pergunta está chegando, graças a Deus! Se cremos nisso, podemos louvá-Lo hoje, quando ainda não temos a resposta”.
Eles louvaram, mesmo submersos pela provação: “as minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite” (verso 3). Isso não é algo fácil e superficial, como cantar do “alvorecer na minha alma”, essa é a canção do sofredor. Isso não está na superfície: foi muito fundo – “Um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim” (verso 7).
Então temos o verso 9: “Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?” As ondas e vagas são o Senhor, e enquanto você sabe que é o Senhor, não importa quão difícil, tempestuoso e profundo é, você sente que pode suportar. Mas agora temos algo que definitivamente não é do Senhor – é do inimigo: “Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?” Isso é, evidentemente, uma atividade e preocupação muito reais, porque está repetida no verso 43:2. E o louvor segue!
Essa é a tarefa desses homens, louvar o Senhor, em meio as lágrimas, se for necessário, louvar o Senhor quando submersos pelas ondas e vagas que estão envolvidas no seu serviço, louvar ao Senhor mesmo quando estiverem lamentando pela opressão do inimigo. Você não pode colocar tudo nas mãos do inimigo, mas no momento em que você abrir mão de seu louvor, é isso que você fará.
Confira outros textos que nós selecionamos sobre esse assunto:
O Louvor é a resposta
A resposta à opressão do inimigo é louvar ao Senhor. Paulo e Silas na cela em Filipos são um belo exemplo disso! Quando estavam ali, eles cantavam louvores e hinos ao Senhor. Não é de se admirar que tenha ocorrido um terremoto. Eles estavam cumprindo seu ministério. Eles foram chamados para pregar pelo mundo todo, mas quando foram trancados em uma cela, não podiam pregar. Eles foram chamados para ser testemunhas, mas não havia oportunidade para tal, porque tudo estava trancado naquela cela. Eles foram chamados soberanamente para louvar, e todo o inferno não podia os impedir de louvar – nem pode nos impedir de fazer isso! Apenas a falta de fé, ou um esquecimento das grandes misericórdias de Deus podem silenciar nossa canção.
Mas, quando você é um filho de Corá e sabe que o abismo deveria ter aberto sua boca e te engolido, e você conhece seus méritos, seus pecados, e como merece os julgamentos de Deus, então, por outro lado, você pode dizer: “Mesmo assim, pela infinita graça de Deus, eu fui poupado!” Esse louvor não é apenas uma comissão oficial, mas é um desejo do coração de manter viva uma canção para o Senhor. Como? Em esperando Nele, porque este é o encargo dessa canção – “Espera em Deus”.
Apropriando-se do Senhor para Si
Note como o cantor apropria-se do Senhor para si mesmo, e quão pessoal isso é para ele? O Senhor não é apenas o Deus vivo, Ele é o meu Deus, Ele é a minha rocha, Ele é o Deus da minha força, e Ele é muito mais do que isso. Você pode fazer um breve estudo nesses Salmos e verá como pode se apropriar do Senhor para si mesmo… “Deus… minha grande alegria”. É ali que a alegria está – em Deus.
Esperança por se apropriar e por esperar: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu“. Sabemos, falamos disso uns para os outros, lemos isso várias vezes na Bíblia e vemos isso exemplificado em cada servo de Deus, que um dos grandes exercícios da vida espiritual é a paciência. Como é difícil esperar pelo tempo de Deus! Mas precisamos fazer isso, e os filhos de Corá devem ser um exemplo para nós. Precisamos fazer isso com uma canção, e precisamos sustentar os louvores ao Senhor vivos e fortes, enquanto estivermos esperando no escuro.
Louvando com Entendimento
Não sou erudito em hebraico e mesmo os eruditos não parecem ter isso totalmente claro, mas eles se referem ao Salmo 47, que é outro desses Salmos dos filhos de Corá. No seu verso 7, lemos : “Pois Deus é o Rei de toda a terra; cantai louvores com inteligência”. A margem nos diz que aquelas duas palavras em Hebraico são: “Maschil”. Esses homens compreendiam aquilo sobre o que cantavam. Esses Salmos não eram apenas algo que elegeram em um livro e que foi colocado sob a forma musical. Eles foram cantados com entendimento. Eles sabiam tudo sobre as lágrimas, os questionamentos, as vagas e a opressões; e como eram doces esses salmos e as canções que vieram desse entendimento! Compreender a grande graça e bondade do Senhor, compreender o Seu caráter e Sua fidelidade, e compreender a esperança que está diante de nós. Essas não são apenas canções que os filhos de Corá passaram adiante ou inventaram. Elas foram canções que surgiram das profundas provas e entendimento dos estranhos e maravilhosos caminhos do Senhor.
Caros amigos, vamos cantar Seus louvores com entendimento! E que não sejam apenas meras palavras! Quando o apóstolo disse “Tende bom ânimo!”, que poder ele tinha em suas declarações! Mas aquilo não era apenas para que eles olhassem para ele e vissem que funcionava. Não! Quando ele estava louvando, se alegrando, confiando e vivendo de acordo com a pregação de sua mensagem, eles poderiam dizer: “Aquilo precisa estar certo”, e então podiam se juntar à sua canção.
O Senhor nos faça ministros da esperança, ministros do louvor e ministros de Sua alegria!
7 Comentários. Deixe novo
Maravilhoso muito rico
Gostei muito de estudar a palavras através do participante de Cristo.. porém ainda ficou dúvida sobre os filhos de cora.
Vocês estão de parabéns!👏👏👏👏👏
Ei Nildes, ficamos muito felizes que o site tem sido útil para você. Nosso objetivo é compartilhar aquilo que tem nos edificado. Alguns pontos realmente não são tão claros, mas o próprio Deus vai iluminando nosso entendimento, e trazendo Sua palavra, para aos poucos elucidar nossas dúvidas, na medida que Ele entender que é o tempo. Enquanto isso vamos aproveitando o alimento que Ele nos deixou, né? Obrigada por deixar seu comentário!
Gostei muito desse estudo a respeito dos filhos de cora e grande lição para nós…amei… tem como me enviarem esses outros estudos em PDF?
Ficarei muito grato….
Ola Cleidimir! Ficamos muito felizes em saber que esse estudo também te edificou…
Quanto aos arquivos, a partir de hoje você pode gerar o pdf qualquer postagem do site se clicar na impressora que fica logo no início do post!
Que o Senhor continue te abençoando!
Gostei muito, que Deus abençoe vocês.
Excelente estudo!!