“O Filho – a resposta do Pai” é um artigo baseado em meditações no capítulo 1 da Epístola aos Hebreus. Tomamos por referência: “A Escola de Cristo”, de T. Austin-Sparks.
***
“A seguir, veio uma nuvem que os envolveu; e dela uma voz dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (Marcos 9:7).
***
Jesus Cristo: a resposta do Pai a um estado de declínio
Sempre que o propósito Divino começa a se perder, Deus traz novamente à vista uma revelação de SEU FILHO. Essa é a tônica principal do começo do livro de Hebreus: O Filho, Sua grandeza e Sua extraordinária obra.
“O povo do Senhor havia chegado a um ponto onde estavam prestes a receber um golpe devastador em sua vida corporativa. Isso ocorreu no período do cerco final de Jerusalém, quando tudo estava prestes a ser destruído e eles estavam prestes a ser espalhados. O grande abalo descrito pelo Senhor Jesus nas palavras: “não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” estava prestes a ocorrer. Como os crentes conseguiriam passar por tudo isso?
O Senhor tomou um homem, que não sabemos exatamente quem foi, pois existem controvérsias a esse respeito, para escrever o que chamamos de “A Carta aos Hebreus”. Ele inicia essa carta com uma quase que incomparável revelação da grandiosidade de Jesus Cristo! É como se o Senhor dissesse por meio dessa carta: ‘se você puder estabelecer esse fundamento, irá conseguir passar por tudo isso. Não retrocederá, mesmo que seja tentado a fazê-lo’.
Se ao menos conseguirmos ver a grandiosidade do Senhor, chegaremos até o fim. Dessa maneira, o fundamento para a sobrevivência da fé foi estabelecido. Vemos depois, no capítulo onze dessa mesma epístola, que essa é a questão central – a sobrevivência da fé, com base na apreensão da grandeza de Cristo”. (T. Austin-Sparks, The Unveiling of Jesus Christ).
Vemos isso acontecendo de forma impressionante em outras duas ocasiões registradas na Palavra de Deus, indicando que o princípio e o objeto de Deus permanecem imutáveis.
1) A visão de Ezequiel
O propósito Divino para o povo de Israel era representado pelo TEMPLO e por JERUSALÉM. Quando o povo foi levado cativo para a Babilônia, o profeta teve uma visão, e aquela visão mostrava que a glória de Deus havia abandonado o templo. Nessa visão, o profeta viu também a razão desse afastamento (Ez 8). A glória de Deus saiu do templo, e o juízo que Deus decretou foi que Jerusalém seria destruída (Ez 10:18).
Depois dessa visão terrível, Ezequiel recebe outra visão, a da casa celestial, medida e definida em cada detalhe a partir do ALTO. O Senhor lhe disse para anotar tudo e mostrar ao povo de Israel (Ezequiel 40 a 48).
“Disse-me o homem: Filho do homem, vê com os próprios olhos, ouve com os próprios ouvidos; e põe no coração tudo quanto eu te mostrar, porque para isso foste trazido para aqui; anuncia, pois, à casa de Israel tudo quanto estás vendo… Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel este templo, para que ela se envergonhe das suas iniquidades; e meça o modelo.” (Ez 40:4; 43:10).
Deus tratou com a decadência de Seu povo, trazendo uma visão pormenorizada do Seu Modelo, Seu Filho. Ver a perfeição e glória do Filho deve causar um impacto em nossas vidas, e é a visão que pode nos levar a permanecer firmes no propósito de Deus em meio ao declínio geral do povo de Deus. Aqueles que receberam a visão de Ezequiel foram alentados e animados a continuar. Deus não havia desistido de Israel. Mesmo quando aquele templo em Jerusalém fora destruído, Ele tinha o Templo Perfeito diante de Si e iria edificá-Lo.
2) Os Escritos de João
O Evangelho escrito por João é, na escala do tempo, praticamente o último dos escritos do Novo Testamento. Quando João o escreveu provavelmente todos os outros apóstolos já estavam na glória.
João foi inspirado a escrever quando a Igreja primitiva estava perdendo sua pureza, verdade, poder, característica e ordem celestiais. A glória inicial daqueles dias do Novo Testamento estava prestes a desaparecer.
Então, o apóstolo João foi dirigido pelo Espírito para trazer uma apresentação maravilhosa e celestial da pessoa do Senhor Jesus.
Vemos isso no Evangelho de João, em suas cartas e no livro de Apocalipse.
A reação de Deus àquela situação de declínio sempre obedece ao mesmo princípio: trazer uma nova apreciação de Seu Filho.
A maneira de Deus restaurar Seu propósito original e revelação que foram perdidos, trazendo de volta a glória celestial, é trazendo o Seu Filho novamente à vista. O Filho é a resposta do Pai.
Cristo conhecido somente por revelação
Ezequiel, os escritos de João e Hebreus trazem à luz uma nova ordem. Tudo deveria ser celestial, fruto de uma revelação interior. Quando o sistema judaico falhou em reconhecer o Messias, o Senhor ressuscitou e enviou o Espírito Santo, colocando-nos em uma Nova Aliança (cf. Jr 31:31; Mt 26:28, Mc 14:24; 2Co 3, Hb 8).
“Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações” (2Co 3:2,3).
A revelação de Cristo hoje é obra do Espírito Santo em nosso interior. Isso é um milagre. No evangelho de João temos o cego de nascença (Jo 9). Esse cego representa todos nós. Nascemos cegos e por meio de um milagre, uma intervenção do ALTO passamos a ver.
Por isso, nunca podemos nos esquecer que:
(1) Deus escondeu tudo de Si em Seu Filho. “Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14:9).
(2) Ninguém pode conhecer coisa alguma a esse respeito, exceto se lhe for revelado. “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Mt 11.27).
Revelação de Cristo ligada às situações práticas
Deus sempre mantém a revelação de Si mesmo em Cristo, atrelada às situações práticas. Nós jamais poderemos obter revelação se ela não estiver ligada à alguma necessidade.
Não é uma questão de informação, pois informação não é revelação.
Vemos isso claramente no maná, quando o povo de Israel estava no deserto. Quando o Senhor lhes deu o maná (um tipo de Cristo como o pão do céu – Jo 6:41, 51, 58), Ele estipulou muito rigidamente que nenhum pedaço a mais do que o necessário para aquele dia fosse colhido, advertindo que doença e morte resultariam de uma colheita além da medida. Esse princípio, a lei do maná, indica que Deus mantém a revelação de Si mesmo em Cristo associada a situações práticas de necessidade, e nós não iremos obter revelação como um mero ensino, doutrina, interpretação, teoria, ou qualquer coisa do tipo.
Isso implica no fato de que Deus irá nos colocar em situações em que somente a revelação de Cristo poderá nos ajudar e nos salvar.
Podemos ver isso claramente no exemplo dos apóstolos. Eles receberam as revelações para a Igreja em meio às situações práticas. Não vemos registros de que eles se reuniram numa mesa redonda para desenhar um esquema de doutrina e prática para as igrejas. Eles saíam para a obra e se deparavam com situações desesperadoras, e em meio a elas, até mesmo em desespero, eles precisavam ir até a presença de Deus e obter revelação. O Novo Testamento é o livro mais prático de todos, porque nasceu de situações de pressão. O Senhor trazia à luz àquelas situações.
Então, essa é a causa do Senhor nos manter em situações tão extremas e reais. Devemos entrar nas situações do Novo Testamento, a fim de obter a revelação de Cristo para enfrentá-las.
Assim, o caminho do Espírito Santo para conosco é nos trazer para dentro de situações, necessidades e condições vivas nas quais somente um conhecimento mais ampliado do Senhor Jesus pode redundar em nossa libertação, salvação e vida. Ele nos dará a revelação da Pessoa, não de uma teoria, e assim veremos Cristo de uma maneira que supre a nossa necessidade.
O Senhor é a Palavra encarnada, como João afirmou: “No princípio era o Verbo” (verbo aqui é logos, Palavra). Deus se fez inteligível, Se tornou na Palavra, na Sua expressão para nós em uma Pessoa, não num livro.
Deus não escreveu propriamente um livro, embora tenhamos a Bíblia em nossas mãos. Deus escreveu a respeito de uma Pessoa (Lc 24:26,27; 44).
“Não peça por luz simplesmente como algo em si, mas busque o pleno conhecimento do Senhor Jesus. Este é o único caminho vivo para conhecê-Lo. Lembre-se, Deus sempre mantém o conhecimento de Si mesmo em Cristo atrelado às situações práticas. Nós precisaremos vivenciar as situações. O Espírito Santo irá nos conduzir, se estivermos em Suas mãos, para dentro de situações que demandarão por um novo conhecimento do Senhor. Por outro lado, se estivermos numa situação muito difícil, então estaremos numa posição ideal para pedir pela revelação do Senhor.” (T. Austin-Sparks).
Se estivermos em comunhão plena com Ele, seremos conduzidos por Ele (Jo 3:8). Quando nascemos de novo, podemos ser conduzidos pelo Espírito. Ninguém pode prever o COMO o Espírito nos conduzirá, mas, como Abraão, seguiremos a direção do Filho.
O Filho entronizado nos céus e em nosso coração
“Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo; mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.” (Hb 1:7-9).
Como podemos imaginar o Senhor entronizado? Vemos o retrato de Filipenses 2, quando Paulo relata sobre o tempo em que o Senhor viveu entre nós uma vida simples, enfrentou tudo que um homem normal enfrentaria. Mas diferente de nós, o Senhor nunca pecou, mesmo vivendo tudo que experimentamos. Quando Ele morreu, aquele foi o ápice de Sua vida como homem. O próprio Deus o ressuscitou, e então Ele foi exaltado, recebendo a glória que tinha aberto mão voluntariamente quando Se tornou homem. Hoje temos um Homem sentado no trono, que tem a mesma glória de Deus. Deus não divide Sua glória com ninguém (Is 42:8; 48:11), mas quando lemos: “Seu trono é para todo sempre”, percebemos que Ele tem a própria natureza do Pai.
Em contraste ao que é dito a respeito dos anjos, que são descritos como servos, o Espírito Santo diz a respeito do Filho: “o teu trono, ó Deus é para todo o sempre”. Cristo não é somente o Filho de Deus. Ele é o próprio Deus. Ele, como Filho, tem unidade total com o Pai. Ele compartilha da mesma natureza e essência do Pai.
Cristo é Deus: nEle, temos um contato vivo com a pessoa e vida do próprio Deus.
Um pai terreno pode ser separado do filho que gerou por uma grande distância geográfica ou até mesmo situacional. Eles podem nem mesmo conhecer um ao outro. Na divindade não é assim. Pai e Filho são INSEPARÁVEIS, são um em vida e em amor; tudo o que o Pai é e possui o Filho também é e possui. O Pai está para sempre no Filho, e o Filho no Pai. Deus está no trono e Cristo também ali está: o trono e o reino também pertencem a Cristo.
Isso foi verdade mesmo quando o Senhor esteve na terra. O único momento que Jesus viu a separação do Pai foi quando todos os pecados da humanidade caíram sobre Ele. Essa foi a maior dor do Filho, quando disse: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” (Mt 27:46). O Senhor nunca havia se separado do Pai. (Leia também – Jo 1:18; 8:29; 10:30,38; Jo 14:10,11; Jo 16:32).
Na casa de meu Pai há muitas moradas
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”. (Jo 14:1-3).
Vamos pensar mais no contexto: o Senhor está se despedindo dos discípulos, preparando-os para o momento quando Ele não mais estaria fisicamente entre eles. Então, nessas palavras de despedida, Ele começa a explicar como Ele e os discípulos continuariam juntos.
Quando Jesus disse no vs 1 “credes EM Deus, crede também EM mim”, a preposição no original grego é “eis”. Essa preposição tem o sentido de “para, dentro, em direção a, entre”. Então, podemos inferir que o Senhor falou aos discípulos que eles deveriam crer para DENTRO dEle. Havia um significado mais profundo aqui para esse “crer”. Não se tratava apenas de crer, no sentido de acreditar nEle. Isso os demônios também o fazem (Tg 2:19). Mas aqui o Senhor os está chamando para crerem que estão ligados à Ele, “crer para dentro de mim”.
Jesus então continua: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito” (vs 2). Que moradas seriam essas? Casas físicas? Perceba que Jesus afirma que se não houvesse muitas moradas na casa do Pai, Ele teria dito isso aos discípulos. Também perceba que após dizer “eu vo-lo teria dito” há um ponto. A frase acaba. Muitas vezes lemos esse versículo considerando uma vírgula no lugar desse ponto. Lemos assim: “Se assim não fora, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar”. Assim, achamos que o Senhor teria que ir para o céu para construir casas para nós. Pensamos até que Jesus era pedreiro ou, quem sabe, por ter sido carpinteiro aqui na terra, iria construir casas de madeira para nós lá no céu.
Nossa mente é muito limitada. Não podemos esquecer que o Senhor estava, desde o início do capítulo, apresentando um conceito espiritual – “credes para dentro de Deus, crede também para dentro de mim”. Há um princípio espiritual que Ele está tentando comunicar aos Seus discípulos.
Depois de afirmar que na casa de meu Pai “há” muitas moradas – ou seja, Ele não precisaria construir casas, porque elas já existem e são muitas, Ele continua: “Pois vou preparar-vos lugar”. Como assim? Se já há muitas moradas, por que Ele vai preparar-nos lugar?
A resposta está no que se segue: “E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (vs 3).
Jesus diz que onde Ele estava naquele momento, Ele queria que os discípulos também pudessem estar no futuro. Mas onde Jesus estava naquele momento? Não era no mesmo lugar que os discípulos também estavam? Por que Ele está falando que Ele estava em um lugar que os discípulos estariam somente no futuro, quando Ele voltasse?
O mistério continua: “E vós sabeis o caminho para onde eu vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (vs 4 a 6).
Jesus, naquele momento, estava em um lugar que os discípulos não estavam (apesar de estarem geograficamente no mesmo local). O caminho para esse lugar que Jesus estava era conhecido dos discípulos (apesar de eles não saberem disso). Mas que caminho é esse e que lugar é esse que Jesus estava? O versículo 6 nos responde: O caminho é o próprio Jesus (“Eu sou o caminho”) e o local onde Jesus estava era no Pai (“ninguém vem ao Pai”).
Se o lugar onde Jesus estava era no Pai, como eles poderiam chegar até lá? Pelo Caminho que é o próprio Senhor Jesus. Por isso Ele havia começado o capítulo dizendo “credes em [para dentro] Deus, crede também em [para dentro] de mim”. Como estar “dentro” de Deus, nesse maravilhoso lugar que o Senhor Jesus já estava? Estando “dentro” de Cristo. Esse é o nosso lugar de repouso “em Cristo”.
Tudo isso é resumindo nessa frase de Jesus: “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (vs 20).
Agora podemos entender o que significa as muitas moradas que Jesus falou que havia na casa do Pai. “Eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (vs 20). Nós somos a morada do Senhor. Ele habita em nós. As muitas moradas são eu, você e todos os nossos irmãos em Cristo espalhados pela terra.
No versículo 23, o Senhor disse claramente que nós somos as moradas: “Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e FAREMOS NELE MORADA”.
Se somos essas muitas moradas, por que Jesus disse que precisava ir preparar-nos lugar? Ele mesmo nos responde: “E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também… E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (vs 3, 16, 17).
Ele precisava nos receber para dentro dEle mesmo (“vos receberei para mim mesmo”- vs 3), porque Ele era o caminho até o Pai – “Eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (vs 20). A única forma de estarmos no Pai é estamos dentro do Filho. Mas como isso é possível?
Quando o Senhor afirma “quando eu for e vos preparar lugar, VOLTAREI”, Ele não está se referindo à Sua volta no fim dos tempos. Como sabemos disso? Porque Ele continua falando sobre essa volta nos versículos 16 e 17, e ali vemos que Ele estava se referindo ao Espírito Santo que seria enviado quando Ele ressuscitasse e fosse exaltado nos céus. Jesus voltaria, na Pessoa maravilhosa do Espírito Santo. Ele ainda acrescenta que o Espírito habitava com eles (“habita convosco” – vs 17), porque habitava no Senhor Jesus e o Senhor habitava no meio dos discípulos. Mas, quando Ele voltasse para o Pai, o Espírito Santo viria e passaria a habitar dentro deles (“estará em vós” – vs 17). Esta é a preparação a que o Senhor se referia ao dizer “vou preparar-vos lugar”. Ele precisava voltar para o Pai, como o Cristo ressurreto e exaltado, após cumprir toda a Sua maravilhosa obra aqui na terra. Somente quando Ele estivesse de volta aos céus e fosse recebido com toda a glória que Lhe é devida, Ele poderia retornar, na Pessoa do Espírito Santo, para não mais habitar ENTRE os discípulos, mas DENTRO deles. “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (vs 20). Essa foi a providência que o Senhor tomou para que pudesse habitar DENTRO de nós. Agora estamos no Pai, porque estamos no Filho, por meio da habitação do Espírito Santo em nosso interior. As muitas moradas, que já existiam, agora foram preparadas. Elas podem receber o voltar do Senhor Jesus na Pessoa do Espírito Santo.
“Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai” (vs 28).
“Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (Jo 16:7).
Esse discurso do Senhor Jesus aos Seus discípulos se passou quando estavam comemorando a Páscoa, começando no capítulo 13 e terminando no fim do capítulo 16. Então, depois de falar essas coisas aos discípulos, Jesus olha para o céu, no capítulo 17, e começa a falar com o Pai, como que em continuação do que estava dizendo, só que agora Se dirigindo ao Pai e não aos discípulos, mas o assunto é o mesmo. Ele diz: “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste… eu neles, e tu em mim… Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste…” (17:21, 23, 24).
Aquele Jesus que sempre viveu em plena unidade com o Pai proporcionou-nos essa mesma experiência. Somos as moradas do Senhor, Ele habita em nós, mas será que desfrutamos diariamente desse privilégio?
Referências:
T. Austin-Sparks
A Escola de Cristo
Extratos selecionados do capítulo 3.
“The Unveiling of Jesus Christ”
Extratos selecionados do capítulo 1.
Baixe o livro “A Escola de Cristo” gratuitamente aqui.
Continue lendo mais estudos do livro de Hebreus aqui.