Negligenciando a intimidade com Deus

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O artigo “Negligenciando a intimidade com Deus” é uma coletânea de extratos selecionados do prefácio e do capítulo 1 do livro “A Vida Interior”, de Andrew Murray. Livro publicado pela Editora Vida.

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Andrew Murray (1828-1917)

“Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:6).

A nossa vida interior trás à luz fatores da maior importância: a necessidade diária de isolamento e quietude, o verdadeiro espírito de oração, a leitura devocional da Palavra de Deus e a comunhão com Deus.

Esses hábitos são necessários para o desenvolvimento de intimidade com Deus, e por meio deles, ela se torna uma bênção. Por meio deles, nossas devoções se transformam numa fonte de alegria e poder, e podem intensificar a nossa vida espiritual, qualificando-nos para as tarefas diárias neste mundo.

Na África do Sul, onde moro, são várias as doenças que atacam as laranjeiras. Uma delas é conhecida popularmente como doença da raiz. A árvore pode ainda estar dando fruto, e o observador comum talvez não perceba que há algo errado com ela. Mas um técnico notará o começo de um processo lento de morte. Vemos isso ocorrer também na raiz da videira, onde pode aparecer uma doença chamada filoxera. Descobriu-se que a única cura para esse mal é substituir as raízes velhas por novas. A planta é enxertada numa raiz de videira americana e, no devido tempo, temos o mesmo pé, galho e fruto de outrora, mas as raízes novas são capazes de resistir à doença. Essa enfermidade tem início na parte da planta que está oculta aos nossos olhos, e é ali o lugar onde deve haver cura.

Como a Igreja de Cristo e a vida espiritual de milhares de seus membros sofrem dessa doença da raiz, da negligência de uma comunhão secreta com Deus! A causa da fraqueza da vida do cristão para resistir ao mundo é a falta de oração em secreto. É a negligência da manutenção dessa vida oculta, arraigada em Cristo, fixada e assentada em amor, que explica o fracasso na produção abundante de fruto. Somente a restauração da comunhão íntima com Deus pode mudar a vida do cristão. 

Quando os cristãos aprenderem a desejar de todo coração uma comunhão pessoal secreta com Deus, a verdadeira santidade florescerá. 

Será que estamos negligenciando nossa intimidade com Deus?

O objetivo da hora tranquila

Nossa hora tranquila não deve ser considerada como um fim em si mesma. Não é suficiente que ela nos dê uma hora abençoada de oração e estudo bíblico, trazendo-nos, assim, certo renovo e ajuda nas dificuldades. Esse momento deve ser considerado como um meio para se chegar a um alvo: assegurar a presença de Deus ao longo do dia.

A devoção pessoal a um amigo ou a uma atividade significa que esse amigo ou essa atividade tem um lugar reservado em nosso coração, mesmo quando outras ocupações demandam por nossa atenção. A devoção pessoal a Jesus significa que não permitiremos que coisa alguma nos separe dEle, por um momento sequer. Permanecer nEle e em Seu amor, ser preservado por Ele e por Sua graça e fazer a Sua vontade não será algo intermitente em nossa rotina, se formos verdadeiramente dedicados a Ele.

O cristão não pode ficar por um momento sequer sem Cristo. Se formos devotados a Ele, nós nos recusaremos nos satisfazer com menos do que permanecer o tempo todo no Seu amor e Sua vontade. Essa é a verdadeira vida cristã bíblica. A importância, a bem-aventurança e o real objetivo da hora tranquila fazem parte da nossa entrega total ao Senhor. 

Quanto mais claro for o objetivo de nossa busca, mais seremos capacitados para atingi-la. Considere a hora tranquila como a maneira de chegar à grande finalidade: assegurar a presença de Cristo ao longo do dia.

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“Por que perdemos esse descanso, que por vezes é por nós desfrutado? A razão deve ser o fato de nunca termos entendido que a rendição a Jesus é o seu segredo, nEle desfrutamos do perfeito descanso. Abrir mão de toda nossa vida para que somente Ele a governe e ordene, tomar sobre nós o Seu jugo (submetendo-nos à Sua direção e ensino), aprender dEle – essas são as condições do discipulado, sem as quais não será possível manter aquela condição que nos foi concedida quando viemos a Cristo pela primeira vez. O descanso está em Cristo, não é algo que Ele concede à parte de Si mesmo. Assim, a única maneira de reter e gozar o descanso é ter o Senhor.” (Permanecei em Cristo, pg 18).

Não vamos seguir negligenciando nossa intimidade com Deus, mas lançar nossa fé nAquele que iniciou a obra, e é poderosamente capaz de dar continuidade a ela todos os nossos dias. Aquele que nos chama também o fará, pois é fiel! (1Ts 5:24).


Andrew Murray (1828-1917) foi pastor, escritor e missionário sul-africano, educado na Universidade de Aberdeen, Escócia, e na Universidade de Utrecht, Holanda. Andrew Murray foi um dos líderes do avivalismo missionário na África do Sul. Durante os últimos 28 anos de sua vida, foi considerado o pai do Movimento Keswick na África do Sul. Ele foi muito influenciado pelos escritos de William Law, Madame Guyon, Jessie Penn-Lewis e T. Austin-Sparks. Seu ministério enfatizava a necessidade da habitação em Cristo. Ele nos deixou um precioso legado literário de aproximadamente 240 livros sobre vida cristã e vida devocional. Algumas de suas obras foram traduzidas e são publicadas na língua portuguesa: Permanecei em Cristo, Com Cristo na Escola de Oração, A Vida Interior, Escola da Obediência, Humildade, a Beleza da Santidade e O Espírito de Cristo.

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