Na Arena da Fé – Parte 4

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“Na Arena da Fé – parte 4” é parte da tradução do capítulo 5 do livro “In the arena of faith”, de Erich Sauer.

 

Erich Sauer (1898 – 1959)

“É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hebreus 12:7).

Até aqui meditamos sobre a infinita sabedoria de Deus e Seus tratos para conosco. Na primeira mensagem tivemos o vislumbre das 7 características da fé provada pelas adversidades, e também descobrimos que a verdadeira fé vê nas dificuldades dessa vida provas da Paternidade de Deus.

Na segunda mensagem aprendemos que a verdadeira fé considera as aflições e provas caminhos do amor de Deus, e como as preocupações e ansiedades são antagônicas à nossa posição como Filhos de Deus. Então, analisamos a terceira característica da fé provada pela adversidades: uma fé que confia, em meio a todo sofrimento, na infalibilidade e fecundidade de todas as decisões da sabedoria de Deus.

Vamos então passar para a próxima faceta dessa fé provada e aprovada:

A verdadeira fé conta, no turbilhão dos acontecimentos, com a permissão da mão do ‘soberano governo Divino’

O principal pensamento de nossa passagem em Hebreus 12 é, sem dúvida, que os sofrimentos dos remidos têm um sentido mais profundo do que sua aparência exterior indica (Hb 12:11), e que Deus na realidade é o autor de todas as atividades realizadas pelos nossos inimigos.

Apesar dos perseguidores dos Cristãos terem como alvo sua destruição, o verdadeiro alvo intencionado por Deus em todos esses eventos é a sua glorificação. O Senhor visa seu “benefício”, a produção do “fruto pacífico de justiça”.

“É para disciplina que perseverais, Deus vos trata… para aproveitamento” (vs 7,10).

Designados para aqueles que forem exercitados no sofrimento estão os frutos pacíficos de justiça (vs 11), mas isso “depois” do sofrimento. E isso ocorre até mesmo no caso do sofrimento derivado da perseguição, que é referido especialmente nesses versos que consideramos.

Isso indica que Deus permite até mesmo as ações de Seus próprios inimigos. Eles pensam intentam o mal contra nós, mas Deus o transforma em bem (Gn 50:20).

Deus usa até mesmo os objetivos dos ímpios, com vistas a obter Seus alvos Divinos.

Ele age de uma maneira tão misteriosa e velada que até a mesmo a fé reconhece isso de maneira limitada. Nos múltiplos eventos, Ele nunca perde Sua visão do todo. Ele não é somente o Deus de tudo no senso coletivo, mas também é o Deus de cada indivíduo.

Mesmo nos grandes eventos, Ele nunca se esquece de pequenas questões, nunca deixa de perceber a vida individual se desenrolando dentro do contexto da história universal.

O Senhor nunca desperdiça segundos, mesmo no curso dos séculos. Ele sustenta todas as coisas e reina nos eventos que estão em Suas mãos, em cada detalhe de todas as conexões intrincadas dos acontecimentos do tempo e espaço, do homem e da história.

A fé pode, portanto, considerar as ações dos descrentes como que sendo enviadas da parte de Deus.

Eles não teriam sido capazes de colocar os distúrbios e obstáculos em nosso caminho, se não tivessem sido autorizados a fazê-lo pelo Organizador celestial da competição, e se o poderoso Árbitro Divino, de forma misteriosa, porém efetiva, não estivesse Pessoalmente agindo em todas essas circunstancias.

Isso nos dá um notável senso de independência dos homens e de superioridade em todas as cenas instáveis da vida.

Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus” (Gênesis 45:8), foram as palavras de José aos seus irmãos, apesar dele saber perfeitamente o que aconteceu, e apesar de ter se apresentado a eles com as seguintes palavras: “Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito” (vs 4).

Por três vezes, José afirmou: “Deus me enviou adiante de vós”(vs 5), “Deus me enviou adiante de vós” (vs 7), “Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gênesis 50:20).

Assim, a fé, em última análise, não aceita nada das mãos dos homens.

A fé aceita todas as coisas das mãos de um grande Deus amoroso, onipotente e dominante, incluindo todas as dificuldades e perdas, e até mesmo as injustiças que deve sofrer.

“Sucederá algum mal à cidade, sem que o SENHOR o tenha feito?” (Am 3:6).

Aqui encontramos um poderoso segredo do governo mundial de Deus, cujo poder devemos reconhecer obedientemente e com confiança, embora possa ser incompreensível para nosso intelecto humano compreender as conexões tão detalhadas do Seu plano.

Faz-nos extremamente felizes saber que: “Tudo que nos alcança na vida, deve primeiramente ter passado diante de Deus”. Ele governa todas as coisas e faz tudo muito bem.

Por essa razão, sabemos que “amamos a Deus, e somos chamados segundo o Seu propósito”.

Este versículo expressa a servidão de todas as relações terrenas à vontade de Deus. Todas as coisas “trabalham juntas” (literalmente).

Todos os meios terrenos cooperam com os objetivos celestiais. Por meio de todas as coisas, mesmo “as piores delas”, o “melhor” será alcançado, que é a transformação dos redimidos na imagem de Cristo, o Redentor, de forma que eles possam se tornar “conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29).

Mas é expressamente declarado, entretanto, que isso acontece apenas com “aqueles que amam a Deus”.

No âmbito terreno, “as coisas precisam ser conhecidas antes que possamos amá-las, mas as coisas divinas devem ser amadas antes que possamos conhecê-las” (Pascal).

Por isso aqueles que amam a Deus são caracterizados como “aqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Isso equivale a dizer que um plano eterno governa nossa vida.

Nossa curta vida na Terra está entre duas eternidades: a eternidade antes do tempo do mundo, quando da eleição Divina, e a eternidade depois deste mundo, com Sua gloriosa perfeição.

Todas as circunstâncias do tempo têm sido consideradas e permitidas no plano eterno de Deus.

Se, portanto, todos os acontecimentos e relacionamentos do tempo presente servem para operar a realização final do plano Divino, isso indica que não devemos estar despreparados para nenhuma circunstância que surgir de tempos em tempos, e que os acontecimentos não são meras coincidências ou questão do acaso, mas são evidências da premeditação eterna no conselho do nosso gracioso Deus.

Assim, nossa garantia de fé é fundada em uma rocha firme: tudo que é temporal é apenas um elo na cadeia do eterno.

Se considerarmos com confiança o governo onipotente de um Deus amoroso e Pai, poderemos passar por caminhos sombrios e perigosos na vida sem ansiedade ou medo.

Continue a leitura aqui.


Erich Sauer (1898-1959) foi um dos teólogos alemães mais conhecidos deste século. O teólogo britânico F. F. Bruce afirmou que “provavelmente, Sauer era teólogo e professor bíblico mais capacitado nos círculos de irmãos do continente [europeu]“. Seus livros sobre a história da salvação tiveram grande circulação e foram traduzidos para diversos idiomas. Muitos cristãos se beneficiaram de seu trabalho e receberam inestimável ganho espiritual por meio de seus escritos.

Apesar de ter problemas nos olhos, Sauer lia muito. Sua extensa biblioteca testemunhava do seu hábito de leitura. Ele era dotado da capacidade de sintetizar as verdades bíblicas de maneira condensada e estruturada. Mas Erich Sauer também escrevia. Sua grande influência, tanto na Alemanha quanto no exterior, decorreram de sua obra literária. Seus livros não são uma leitura rasa para a hora de dormir, são livros de estudo, contando com muitas referências bíblicas em cada frase ou afirmação.
O tema principal dos escritos de Sauer é a história da salvação de Deus, da criação à perfeição, conforme revelado na Bíblia. “A história do mundo é o andaime da história da salvação.” Para Sauer, a história da salvação não corre de forma paralela ou superior à história mundial, mas é a interpretação da história do mundo a partir da perspectiva de Deus.
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