O Treinamento do Deserto

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Participante de Cristo

“Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem” (Deuteronômio 8:2-3).

Logo após a redenção, o povo de Israel precisava experimentar o treinamento do deserto. Aquela transição antes da chegada a Canaã era temporária e necessária. Vemos em Números 14 que Deus esperava que a experiência inicial do deserto demonstrasse Sua glória ao povo de Israel (Nm 14:21-24). Eles presenciaram vários sinais como prova da presença de Deus com Eles (vs 11), o que alimentaria a sua fé para os desafios em Canaã. Infelizmente, apenas Josué e Calebe tiveram essa experiência (vs 24; 30). Em Números 13 vemos como os espias infamaram a terra, tiveram uma reação de revolta contra o Senhor e de murmuração, chegando ao ponto de cogitar até mesmo voltar para o Egito.

Apesar do deserto trazer a nós uma perspectiva tão negativa, em Deuteronômio 8  o vemos sob a perspectiva do Pai. Moisés, retrata de forma especial, como o deserto era uma manifestação do amor paternal de Deus:

“Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o Senhor, teu Deus” (Dt 8:5).

Entretanto, durante o processo da disciplina no deserto, o povo deveria manter os olhos fixos em Canaã. O texto Bíblico descreve, em detalhes, a riqueza e abundância da terra prometida (vs 7-9). Qual era o propósito do deserto então? Podemos ver que, por três vezes, nos versos 2, 3 e 16, o Senhor menciona que tentava humilhar o povo de Israel. Essa humilhação objetivava um ganho de inteligência espiritual em Cristo –  lições essas essenciais para poder desfrutar a terra.

Sendo o que somos em nossa natureza Adâmica, precisamos ser humilhados, provados, para que saibamos o que está realmente em nosso coração. Nos enganamos a respeito de nós mesmos, até que Deus nos prove, então descobrimos o quanto somos diferentes de Cristo, quão incapazes somos em nós mesmos de nos tornar como Ele.

Deus permite que isso se torne um exercício intenso – “te deixei ter fome” (vs 3). Ele permite que sintamos fortemente o senso de absoluta insuficiência em nós mesmos, para que haja um profundo desejo da alma pela suficiência que vem de Deus, que não pode ser conhecida pela nossa natureza Adâmica – “que seus pais não conheciam”.

Deus nos conduz por um caminho preparado para nos reduzir e humilhar, e devemos ter “fome e sede de justiça” para ter a experiência da suficiência Divina. O maná fala da suficiência para cada dia (Ex 16:18, 2 Co 9:8). Ninguém conhece o valor do maná, a não ser que seja uma alma humilhada e que “passou… fome”. A humilhação deve ser sentida antes do suprimento ser dado. Humilhados sob a poderosa mão de Deus, aprendemos a apreciar a Cristo. Jesus, pela maravilhosa graça de Deus, foi humilhado, e além da fome e humilhação, viveu e provou a fidelidade e suficiência Divinas durante toda a Sua vida.

O que Deus disse ao povo de Israel está hoje falando à nós: “você deve viver por aquilo que vem diretamente de Mim, e isso te será suficiente”. Ele nos leva a saber que não vivemos “pelo pão”- por recursos naturais – mas por aquilo que é enviado por Ele, que é exatamente o necessário para cada dia. Precisamos aprender que não vivemos pelas circunstâncias exteriores, mas pela forma como Deus é conhecido por nós.

Devo estar nas circunstâncias numa relação espiritual com Deus, de forma que seja sustentado no meu espírito pelo que vem Dele, assim como foi com nosso amado Jesus. Que deleite foi para Deus ter UM HOMEM aqui na terra para quem a Sua palavra era plenamente suficiente!

“Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4).

Sabendo que Aquele que nos chama é fiel e capaz de nos conduzir a Ele mesmo, que possamos ter nosso entendimento espiritual alargado para compreender e cooperar com Seus tratos conosco. Assim, teremos um relacionamento mais íntimo de dependência e poderemos viver por meio dEle dia a dia – experimentando todas as riquezas insondáveis de Cristo disponíveis a nós! É tão fácil voltar para o Egito em busca de refúgio, alimento e proteção pelos meios naturais visíveis… (isso foi tão verdade, em tantos momentos da história de Israel). Que possamos desejar ardentemente conhecer e desfrutar da nossa preciosa herança em Cristo!

“Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (1 Ts 5:24).

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