Major W.Ian Thomas
“Sucedeu, depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que este falou a Josué, filho de Num, servidor de Moisés, dizendo: Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel.” (Js 1:1,2)
O emprego do vocábulo “agora” implica na conclusão de um argumento. Fala de causa e efeito, pelo que Deus disse a Josué: “Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te agora…”. Vale dizer: “Moisés, meu servo, está morto – portanto, vai!”
Poderia ter-se dado o caso que o obstáculo final à marcha vencedora do povo de Israel, para o interior da terra de sua herança, tivesse sido o próprio Moisés? Ter-se-ia dado o caso que o homem que edificou a Igreja no Deserto foi o mesmo que a sepultou no deserto? que não poderia haver mudança no clima espiritual enquanto ele não saísse do caminho? Segundo nos dá a entender, essa é a conclusão inescapável a que somos obrigados a chegar.
O leitor talvez pense que estou sendo excessivamente severo para com Moisés, e que não é justo lançar a culpa sobre ele. Poderá argumentar, em defesa de Moisés, que os filhos Israel não quiseram entrar em Canaã. Nesse caso, desejo fazer uma única pergunta: E os filhos de Israel quiseram sair do Egito?
“E, chegando Faraó, os filhos de Israel levantaram os olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então, os filhos de Israel clamaram ao SENHOR. Disseram a Moisés: Será, por não haver sepulcros no Egito, que nos tiraste de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos trataste assim, fazendo-nos sair do Egito? Não é isso o que te dissemos no Egito: deixa-nos, para que sirvamos os egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto” (Ex 14:10-12).
Não, o registro sagrado é perfeitamente claro – os israelitas não queriam sair do Egito. Se tivessem podido satisfazer os seus desejos, teriam permanecido ali mesmo. “Deixa-nos, para que sirvamos aos egípcios”, reclamaram eles. Entretanto, de alguma maneira, Moisés soube como inspirar-lhes a fé que faz o homem sair de sua inércia, embora não tivesse sabido como ensinar-lhes o tipo de fé que leva o crente a entrar na posse das bênçãos.
“Moisés, porém, respondeu ao povo: Não temais; aquietai-vos e vede o livramento do SENHOR que, hoje, vos fará; porque os egípcios, que hoje vedes, nunca mais os tornareis a ver. O SENHOR pelejará por vós, e vós vos calareis. E viu Israel o grande poder que o SENHOR exercitara contra os egípcios; e o povo temeu ao SENHOR e confiou no SENHOR e em Moisés, seu servo” (Ex 14:13,14,31).
Por qual motivo um homem, que pode conduzir um povo tão mal disposto para fora do Egito, foi incapaz de conduzir o mesmo povo ao lugar do seu destino? Esse problema tem sido enfrentado por muitos, os quais gozam de certa medida de sucesso em suas atividades evangelísticas, mas cujos convertidos são dotados de tão pequeno calibre espiritual; que acham comparativamente fácil levá-los à crise da decisão de aceitaram a Cristo, mas que ficam perplexos ante a subsequente falta de conteúdo espiritual, por parte dos que fizeram a profissão de fé.
Perdoe-me se tenho parecido exageradamente severo para com Moisés. Acredite-me que tenho a mais profunda admiração por esse poderoso homem de Deus. E uma evidência da alta estima em que Deus o tinha, foi o fato de ter sido contado entre aqueles que tiveram o privilégio de estar no monte da Transfiguração, em companhia do Senhor Jesus, quando, finalmente, lhe foi permitido pisar na terra prometida.
Creio que Deus selecionou deliberadamente esse nobre homem, ensinando-nos através dele essa lição essencial, a fim de que nenhum de nós pudesse apresentar desculpas.
Deus queria que soubéssemos, sem a menor sombra de dúvida ou ambiguidade, que grau algum de excelência humana pode servir de substituto ao Seu Filho amado. Moisés fez o melhor que estava ao seu alcance! Fez o que havia de melhor em si mesmo – foi justamente esse o erro cometido por Moisés! Porquanto Deus estava esperando para poder realizar o que Êle tem de melhor, para poder dar aquilo que só pode ser dado pela Rocha viva e ressurreta.
A Rocha que Deus feriu uma única vez, que homem algum tente ferir a segunda vez! – ou morrerá cedo demais! Quando Deus disser a algum de nós: “Fala”, então que fale! E Deus fará o resto!
“A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (Jo 6:29).
“Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação. Saiamos ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos. Porque o SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses” (Salmo 95:1-3).
Extraído do livro “Salvos pela Vida de Cristo”, Cap. 10 – Major W.Ian Thomas