Disciplina até a oração

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T. Austin-Sparks (1888-1971)

“Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra” (Jó 42:10).

Temos uma sequência impressionante no arranjo de muitos dos livros da Bíblia; apesar dessa ordem não ser sempre cronologicamente correta. Podemos ver um sentido espiritual na ordenação dos livros de Neemias, Ester e Jó. Cada um desses livros está centrado ou enfatiza a questão da intercessão. Neemias retrata a obra de oração. Oração está por toda parte nesse livro, em todos os momentos, orações longas e curtas, mas tudo relacionado à oração na obra, e a obra da oração. “Em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica” (Fp 4:6). Acredito que isso sintetize o livro de Neemias. Em Ester, atingimos uma nota mais profunda, é a oração do amor, do amor sacrificial, em um grande momento de intercessão na vida de Ester. E no caso de Jó iremos ainda mais fundo, incluindo, é claro, esses outros dois. Em Jó não temos alguém marcado pelo que faz, mas alguém fazendo algo devido ao que é, vemos a vida de oração.

Como Jó passou por situações difíceis! O verso citado acima parece indicar o clímax de sua experiência, assim como o ponto de virada para ele, em sua vida pessoal. Ele orou por seus amigos. Que oração! Que necessidade! E que homem usado para a proferir! Não devemos considerar a oração como uma dessas atividades menos importantes da vida. Parece que foi nisso que culminou toda a vida de Jó. Então, depois de tudo que passou, Jó era capaz de orar! Podemos então, afirmar: Agora ele está rico. Sim. Agora Jó é, de fato, próspero. No capítulo 42 podemos afirmar que sabia orar. Não que Jó não tivesse orado anteriormente, mas algo que foi produzido nele, acrescentou qualidade em suas orações.

Podemos nos lembrar do caso do Senhor Jesus. Como fruto do Seu conflito com Satanás, no culminar de toda a Sua experiência, o Senhor obteve exatamente isso: hoje Ele vive para interceder. Isso não indica o mero fato de que Ele pode orar, e a maravilha de que Deus responde à Suas orações, ou como é dito: que “muito mais coisas são forjadas por meio da oração do que o mundo pode sonhar”. Me refiro à algo muito mais profundo.

Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por ele” (Hb 7:25). O quanto devemos às orações do Senhor Jesus! Mas as orações do Senhor derivam de Quem Ele é! A qualidade da oração vem dEle, é claro, como o Filho de Deus, O Perfeito, mas também nos é dito em Hebreus que tudo é fruto de uma profunda experiência de disciplina e sofrimento, que O tornaram num hábil intercessor.

Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos”. Devemos colocar “amigos” entre aspas aqui. É muito fácil orar por seus amigos quando eles são de fato amigáveis, mas penso que não estou deturpando a história ao dizer que quando Jó orou, estava orando por seus inimigos. É difícil imaginar o que mais os amigos de Jó poderiam ter feito para tornar a vida mais difícil para ele.

Eles poderiam ao menos tê-lo deixado sozinho, algo que ele lhes suplicou, mas não o fizeram. O que Jó fez não foi fruto de afeição – o tipo de sentimento que temos por nossos amigos e que nos leva a desejar orar por eles. Aqueles foram os homens que lhe causaram extrema dor e ressentimento, mas que também precisavam de oração.

Imagino se podemos perceber isso! Os amigos de Jó eram homens, e conheciam tudo sobre Deus. Algumas coisas preciosas que são ditas a respeito de Deus no livro de Jó não são de fato ditas por ele, mas por seus amigos. Os amigos de Jó proferiram algumas das passagens que amamos. Eles estavam certos, sabiam tudo sobre o Senhor, e ainda assim eram muito diferentes do Senhor – eram duros, severos, rudes. Que desafio para nós! Podemos saber tudo sobre Deus, mas ser totalmente diferentes dEle.

É muito interessante que as experiências de Jó foram tomadas pelo Senhor não apenas para trazer para a superfície e revelar o estado e necessidade dele, mas também o dos seus amigos. O quanto pode estar acontecendo ao nosso redor em nossas experiências, que também beneficia outras pessoas! Tudo estava sento trazido à tona: não apenas o que Jó era, mas que seus amigos foram severos, críticos e cruéis com ele.

Posso estar errado, mas sempre imaginei que o fato de Jó ter amaldiçoado o dia de seu nascimento foi realmente causado por seus amigos. Quando todos os seus sofrimentos lhe acometeram, ele bendisse o Senhor e foi paciente. Mas quando esses homens vieram se compadecer dele, e por sete dias sentaram com ele, sem dizer uma palavra, mas permaneceram com os olhos sobre ele naquela atmosfera crítica, certamente Jó sabia o que estavam pensando. Aquilo foi demais para Jó, e o mesmo acontece conosco.

Então eles começaram a falar, e a segunda fase da sua cordialidade se iniciou. Que experiência dolorosa foi para Jó ter aquelas flechas afiadas da interpretação injusta de sua experiência, julgamentos errados, todas empunhadas em sua carne. Eles eram as pessoas que careciam de oração.

Talvez não pensemos assim a respeito deles. Acreditamos que precisavam de outras coisas, mas de fato careciam de oração. Quando Deus Se revelou, não apenas Jó foi envergonhado, mas esses homens também foram golpeados. Isso traz uma nova luz às pessoas críticas, duras e severas que tornam a vida ainda mais difícil do que ela é para os outros. É bem verdade que quando Jó viu tudo debaixo da luz da presença de Deus, ele viu a si mesmo, mas também percebeu a necessidade desses pobres homens. Eles careciam de oração. Que novo homem Jó se tornou ao orar por eles.

Novo Poder na Oração

Como já dissemos, Jó já servia na capacidade de sacerdote antes dessa experiência. Podemos ver isso no primeiro capítulo do livro. Ele intercedia por sua família. Jó podia orar, como ele de fato fez, mas esse é um novo Jó, e também temos um novo poder em sua oração. O que há de novo nela?

(a) Um Novo Senso do Pecado

Em primeiro lugar, por mais estranho que possa parecer, vemos um novo senso do pecado. Talvez não acreditemos que isso pode nos levar a orar melhor, mas é exatamente isso que é necessário. De acordo com Deus, Jó havia dito coisas que eram certas mas, de acordo com as palavras de Eliú (e ele parece ter falado da parte de Deus), Jó era um homem que justificava a si mesmo, em vez de justificar a Deus. Jó foi o homem que disse: “À minha justiça me apegarei e não a largarei” (Jó 27:6). Ele era apegado à sua justiça própria, e foi para revelar esse fato que foi permitido ao diabo fazer o que fez com ele. Justiça própria é um grande impedimento à oração. Assim o Senhor trouxe Jó ao ponto onde cada partícula de opinião própria seria completamente abandonada e repudiada. Ele tinha um novo senso de pecado.

Conhecemos a carta aos Romanos, que traz a discriminação entre “pecados” e “pecado”, e foi algo assim que foi clarificado no coração de Jó. Seus amigos estavam o tempo todo dizendo: “Você deve ter cometido pecados”, mas Jó disse: “não cometi!”. Eles insistiam que sim, e ele sustentava sua posição. Quando Jó viu a Deus, não se lembrou, afinal de contas, de pecados específicos que tivesse cometido. Algo mais profundo veio até ele – uma convicção de que, apesar de poder encarar seus amigos e se apegar à sua integridade, quando chegava na presença do Senhor, não era o fato dele ter cometido pecados que importava, mas de ele que era um pecador, seu próprio ser era impuro diante de Deus.

Se os amigos de Jó tivessem orado em vez de ter falado com ele, poderiam ter ajudado um pouco, mas acredito que eles orariam de acordo com seu discurso: “Jó deve ter feito isso. Mostre-lhe o que ele fez”. Se Jó estivesse com esse coração – e de fato estaria! – quando o Senhor dissesse, “Ore por seus amigos”, ele teria caído na mesma armadilha. “Senhor, eles disseram isso, Bildade disse aquilo, e aquele outro falou aquilo outro”. Mas ele chegou a um ponto onde não mais olhava para as falhas em particular das pessoas, mas estava esmagado pelo senso da santidade de Deus, e da profunda iniquidade do homem. “Me abomino”.

Talvez você possa afirmar: “Bem, esse homem que está abatido no pó, abominando a si mesmo, não pode ser muito útil na oração”. Ele é exatamente o homem! Não somos muito úteis na oração, porque não estamos abatidos. Esse senso de indignidade pessoal e pecado é o que nos humilha diante de Deus, e se isso for gerado em nós, irá levar-nos a um lugar onde seremos capazes de orar como nunca antes, quando éramos fortes e auto-confiantes. Podemos notar que Jó não se ofereceu para orar por eles, Deus disse a Jó: “Agora você é o homem que deve orar”. Ele poderia ter replicado: “Eu, Senhor? Mas sou horrível! Coloco minha mão nos meus lábios, sou impuro, pecador, abomino a mim mesmo”. Mas o Senhor diz: “Você é aquele que deve orar, porque você o único que pode orar o tipo de oração que Eu busco”.

(b) Uma Nova Compreensão do Sofrimento

Sim, uma nova compreensão do sofrimento. Jó agora sabe o que Deus busca com o sofrimento, e nós também precisaremos saber. “Meu servo Jó”. Como aqueles homens devem ter ficado boquiabertos e surpresos! O Senhor disse, e com certa frequência: “Meu servo Jó”. Mas o que Jó estava fazendo, afinal? Ele estava sofrendo. Será que isso é tudo? Sim, sofrimento. Ele sofreu debaixo da mão e da vontade de Deus, e daquela maneira ele estava O servindo. Ele era um servo de Deus anteriormente. Deus disse a Satanás: “Observaste o meu servo Jó?”. Mas existe um sentido, no qual o final desse livro se concentra, de que é como se Deus dissesse: “Esse homem está me servindo”. Isso não equivale ao que alguns pregadores fazem seguindo por toda parte dizendo às pessoas o que é certo e errado, o que devem ou não fazer, e todo tipo de teoria sobre os tratos de Deus com o homem, mas o ali vemos um homem que passou pelo fogo. “Ele está me servindo”. Todos os desprezaram. “Ele era um servo de Deus, mas olhe para Ele agora, despido de tudo! Ele não tem mais nada!”. Os jovens zombam dele e todos o desprezam. Mas Deus diz: “Meu servo”, e o próprio povo que zombou e desprezou Jó precisou agradecer a Deus, do fundo de seus corações, pelo fato de Jó ser um servo de Deus, porque teria sido um péssimo dia para eles se ele não o fosse.

Jó descobriu muito mais sobre sofrimento, sobre como as dificuldades nos trazem para mais perto do Senhor, se isso for tomado com o espírito correto. Como Jó ficou mais próximo de Deus, e como Deus se aproximou dele no final desse livro! E tudo isso foi devido ao sofrimento. O sofrimento debaixo da mão de Deus trouxe proximidade, e tornou Jó num homem diferente. Essa foi uma das coisas que Eliú disse: “Quem é mestre como ele?” (Jó 36:22). Deus estava ensinando Jó, e é a partir desse pano de fundo que ele pôde orar.

(c) Uma Nova Concepção de Deus

Mas acredito que foi principalmente por uma nova concepção de Deus que Jó orou daquela maneira. Esse foi o valor de sua experiência. Ele conheceu Deus e orou anteriormente, mas agora ele tinha uma concepção de Deus totalmente nova. Ele havia tratado Deus em termos de igualdade. Isso vem à tona mais de uma vez, e ele é acusado disso: de considerar Deus como se Ele fosse um homem, em vez de perceber a plena transcendência do Senhor: “Nisto não tens razão, eu te respondo; porque Deus é maior do que o homem” (Jó 33:12). Podemos não acreditar que um homem como Jó precisasse ouvir isso, mas não é verdade. O Senhor falou com Jó e é como se dissesse: “Jó, você usou termos errados Comigo. Desejo intimidade, mas não familiaridade”. E esse é um perigo inerente à todos nós. Confundirmos familiaridade com intimidade. Assim o Senhor repentinamente se volta para Jó e diz: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” (Jó 38:4). Essa é a pergunta chave. Mas Jó estava lidando com Deus como se estivesse lá. Esse é um dos perigos. Sei que a oração tem suas esferas, e temos a oração executiva, em uma esfera de comunhão com Deus, mas existem aspectos perigosos que podemos inadvertidamente não observar, e perder de vista o grandioso poder da transcendência de Deus. Esse é o homem que orou: o homem que podia ver quão grandioso Deus era.

Quando ele orava anteriormente, tratava Deus como se fosse mais ou menos um igual, dizendo a Ele o que deveria fazer. Agora, ele apenas pode se dobrar em plena adoração e admiração. Esse é o tipo de homem que pode orar, pois sabe quão onipotente Deus é. “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42:2). Em certo sentido, ele está respondendo a todas as suas próprias perguntas. Parece-me que Deus deliberadamente confundiu Jó. Se soubermos tudo a respeito do que Deus está fazendo, isso pode trazer um efeito danoso para cada um de nós. Assim Deus tomou o Seu servo mais prezado, e o conduziu por meio de experiências que o confundiram e deixaram-no perplexo, para que, finalmente, ele não soubesse de mais nada. “Ah! Se eu soubesse…” (Jó 23:3). Seus amigos, é claro, sabiam de tudo – ou pensavam que sim. O pobre Jó afirmou: “Nada sei, mas antes sabia!”. E Deus fez isso de propósito porque Jó, por meio disso tudo, foi levado a conhecer o supremo poder e sabedoria de Deus.

Se conhecêssemos tudo a respeito dEle, Deus não seria em nada maior do que nós. Mas quando vemos apenas a orla de Suas vestes, as bordas dos Seus caminhos, vendo só relances aqui e ali das vastas esferas dos Seus conselhos Divinos e Seu soberano poder, dizemos: “Que maravilhoso o Senhor é! Não compreendo o que Ele está fazendo, mas sei que Ele pode fazer qualquer coisa, não sei por que Ele está agindo dessa maneira, mas estou certo que Ele sabe o que faz”. Esse é o homem que pode orar, aquele que tem um novo sentido de Deus em sua Plena grandeza, Sua transcendência, Seu poder, e acima de tudo, Sua graça.    

(d) Uma Nova Compreensão da Graça de Deus

Suponho que podemos imaginar que Jó estava restabelecido, tendo suas coisas restituídas além do que tinha anteriormente, e se sentindo bom e magnânimo, quando então disse aos seus amigos: “Não vamos mais falar desse assunto”. Absolutamente! Jó não tinha nada naquele momento. Esse foi seu ponto de virada. Ele ainda estava despido, pobre, e tão abatido quanto antes. O que Jó obteve, então, que o levou a orar, e ser capaz de fazê-lo dessa maneira? Jó tinha um novo entendimento da graça de Deus, e essa é a coisa mais valiosa que qualquer um de nós pode obter. Ele sabia quão gracioso Deus era, e não poderia orar propriamente por seus amigos se fosse diferente. Tudo isso Jó conheceu em termos de sua experiência pessoal. Deus foi gracioso e misericordioso com ele. Que coisas Jó disse e pensou a respeito de Deus, e durante todo aquele tempo o amor Divino planejava, a graça estava era derramada, de maneira que por meio de uma nova compreensão no coração da maravilhosa graça de Deus, ele então pudesse orar.

Isso tem igual importância para cada um de nós, porque um fator essencial em nosso ministério é certamente a oração. O Senhor sempre nos chama para orar. Talvez o Senhor esteja trabalhando em nós, para que sejamos capazes de fazê-lo. Foi isso que Ele fez com Jó – e vemos o que aconteceu quando ele orou! Seus amigos foram libertos do perigo e da necessidade, e a oração foi respondida. Mas o ponto central do verso é que Jó chegou à plenitude porque orou, e não que a oração foi respondida. “Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos”. É comum sentirmos que se tudo estivesse dando certo, estivéssemos fortes e prósperos, então poderíamos orar. Mas o Senhor diz: “Se você orar, as coisas darão certo”. Isso não quer dizer, é claro, que devemos fazer um tipo de arranjo com o Senhor: “Não orarei por mim mesmo. Orarei pelos outros, e então o Senhor me ajuda”. Não foi isso que aconteceu. Tenho certeza que Jó sequer pensava a seu próprio respeito, mas, como fruto de um novo conhecimento de Deus e do pecado, e do comando para orar por aqueles pobres homens em necessidade, que haviam sido tão duros com ele, Jó orou. Precisamos estar contentes em orar pela vontade de Deus acima de nossos interesses. Precisamos orar principalmente pelos necessitados entre o povo do Senhor e na humanidade onde quer que estejam. Que Ele nos prepare como quiser, para suprir essa necessidade, mas nossa primeira obrigação é orar.

Foi exatamente isso que Jó fez. Ele não disse: “Torne-me em um grande homem de novo, então Te servirei”. Ele disse: “Senhor, tenha misericórdia desses homens que devem ser seus servos, mas que estão em necessidade e foram revelados em toda a sua nudez da sua espúria profissão de espiritualidade. Tenha misericórdia deles!”. Quando Jó começou a orar por eles dessa maneira, o Senhor lhe acresceu o dobro.

Alguns de nós podem estar buscando plenitude e não encontrando porque são críticos com o povo do Senhor, estão observando, analisando, e assim como os amigos de Jó, estão prontos para apontar onde eles estão errados. Podemos não ter coragem, mas o faríamos se tivéssemos oportunidade. Estamos encontrando nosso próprio vazio, nossa limitação nessa linha de pensamento. Jó encontrou sua plenitude quando, como fruto de um profundo senso da graça de Deus, orou por seus amigos.

Possa o Senhor nos tornar naqueles que desfrutam de tal experiência com Ele, a ponto de ser constituídos em hábeis intercessores! Então encontraremos plenitude, e o Senhor nos acrescentará em dobro.

Tradução do texto homônimo de T. Austin-Sparks, publicado no livro “Discipline unto Prayer”, publicado e distribuido gratuitamente pela Emmanuel Church.


T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério. Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência. Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church.

“Nenhum homem é infalível e ninguém ainda ”obteve a perfeição”. Muitos homens piedosos precisaram se ajustar, seguindo um senso de necessidade, após Deus lhes haver concedido mais luz.” (De uma Carta do Editor publicada pela primeira vez na revista “A Witness and A Testimony“, julho-agosto de 1946).

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