Na velhice darão ainda frutos

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“Na velhice darão ainda frutos” são extratos selecionados do livro “Seventy Years of Pilgrimage – being a memorial of William Hake”, editado por Robert C. Chapman. Esse livro é composto por uma coletânea de cartas de seu amigo e cooperador, William Hake.

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Robert Cleaver Chapman (1803-1902) 

“O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano. Plantados na Casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça” (Salmo 92:12-15).

A importunação de um afeiçoado neto de meu prezado companheiro de jugo, que recentemente partiu, acabou por me convencer a ajuntar cartas e notas que pudessem nos dar uma imagem daquele que nos deixou, e que só nos proporcionarão edificação.

Nada do pequeno livro do meu irmão Hake “Como conduzir a Crianças” foi acrescentado nessas memórias, mas em ajuda aqueles pais piedosos, digo que esse livro, que é muito valorizado por muitas pessoas espirituais, ainda pode ser adquirido com a editora.

O treinamento da criança na educação e admoestação do Senhor é uma tarefa mais importante aos olhos de Deus, do que governar um grandioso reino terreno, por isso não posso deixar de mencionar esse livro.

Meu caro amigo sempre pensou que naquilo que tangia aos seus filhos, deveria buscar primeiro o reino de Deus e Sua justiça, e nisso sua querida esposa (que já partiu há muitos anos) concordava com ele. Eles receberam sua recompensa em seus filhos, e em ambos era possível ver as virtudes santificadoras da Cruz de Cristo. Assim, os últimos dias dos dois foram, de fato, os melhores. Nenhum dos dois podia dizer que não tinha prazer em seus últimos dias [Ec 12:1].

Meu amado coobreiro era naturalmente tão irritadiço, que apesar de possuir um temperamento tão doce e amável, cheio de consideração pelo próximo, facilmente se aborrecia. Mas a graça de Deus é mais que suficiente para subjugar aquilo que ela perdoa.

Quando, na menor medida, ele dava lugar à precipitação de espírito, nunca falhava em rapidamente confessar isso diante de Deus, e, com o passar do tempo, obteve tamanho domínio próprio, que poucos saberiam que ele enfrentava essa dificuldade.

Ele nunca fez aliança com os Cananitas – veja Juízes 2.

R. C. C.

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Carta de Comunhão

20 de Novembro de 1890.

Aprouve a Deus, no ano de 1831, ajuntar nesse bairro nosso amado irmão que recentemente partiu e eu, na casa de um filho na fé. Nossos corações foram imediatamente unidos na comunhão do Espírito, de acordo com as palavras do Senhor: “para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade” [Jo 17:22,23]. Um encontrou no outro um amante das Escrituras, e alguém dedicado ao Senhor em obediência, sem reservas. Nesse tempo, o Irmão Hake residia em Exeter. Em abril, 1832, deixei Londres para viver em Barnstaple, me entregando completamente para a obra do Senhor. Alguns anos depois, em resposta à nossas orações conjuntas, ele veio à Bideford, onde teve uma escola, dessa forma a nossa comunicação se tornou mais frequente, e a comunhão ainda mais próxima.

Em 1863 ele veio residir em Banstaple, e até o momento de sua partida para estar com Cristo, fomos companheiros de jugo na obra do Senhor. Nossas duas casas, a No 9 e 6, New Buildings, se tornaram numa casa de repouso para os servos do Senhor, e um lugar de refúgio para novos discípulos, quando nós, irmãos mais idosos, buscávamos encorajá-los em sua caminhada. Nossa comunhão foi sempre crescente, e durante esses 59 anos nunca houve contenda ou amargura entre nós, certa vez o amado irmão disse: “Oh! Caro amigo, nunca nos desentendemos!”. 

Foi-nos dado, pela graça de Deus, o desejo de sempre nos apegarmos à verdade de Deus – toda a Sua verdade – também na forma de palavras sãs concebidas pela infinita sabedoria do Espírito de Deus. Nossos corações confiavam na plenitude da Palavra de Deus, e embora possa ser encontrada cor em quase toda a falsa doutrina ou erro – nenhum erro pode suportar o teste de todas as Escrituras.

Assim, contribuíamos um com o outro diariamente, a partir desse tesouro de graça e verdade.

No que tange às Escrituras já cumpridas, nossa unidade de julgamento era total, no que ainda está por se cumprir, chegamos à uma excelente medida de unidade, que crescia até o fim.

Para direção de nossos passos, ordenação de nossos caminhos, administração de nossa casa, sempre esperamos juntos em Deus até compreender Sua vontade. Se nosso pensamento era unânime, entregávamos nossa unidade diante de Deus para que Ele a aperfeiçoasse – pois nos lembramos da falha de Natã com Davi, que, sabendo que era em parte a vontade de Deus construir um templo para Si, falhou em considerar o assunto diante de Deus para uma perfeita compreensão de Sua vontade antes de se manifestar. Se não concordávamos em nossos julgamento, esperávamos no Senhor por unidade, e nunca nenhum dos dois tomou um passo contra o julgamento do outro – por isso não tivemos contenda ou amargura! A obrigação de João 17 de buscar a unidade entre os filhos de Deus, assim como ela existe entre o Pai e o Filho será cumprida no próximo dia – se não for nos nossos dias – mas essa obrigação é tão imutável o quando é perene Seu Manancial – o amor de Deus depositado em Seu Filho. 

Nos empenhamos, com vistas ao tribunal de Cristo, em trilhar o caminho no qual toda a igreja de Deus deve ser encontrada caminhando. O fruto de tal obediência não poderia deixar de ser a preservação da unidade do Espírito em humildade, mansidão e amor – longe de toda a cisma e divisão.

R. C. C. 

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Robert Cleaver Chapman (1803-1902)

Nasceu na Dinamarca, em uma família abastada de mercadores de Yorkshire (UK). Chapman se tornou advogado aos 20 anos de idade, mesma época em que se converteu em uma pregação de James Harignton Evans, em Londres. Por um certo período, ele prosperou em sua carreira profissional. Também amadureceu espiritualmente, passando a maior parte de seu tempo livre visitando e ajudando os pobres de Londres. Sua dedicação aos pobres causou uma forte impressão no marido de sua prima, o Sr. Pugsley, outro advogado, que também se converteu e começou a trabalhar com os pobres onde vivia, em Barnstaple. Em 1831, Robert depois de visitar Barnstaple, se convenceu de que estava sendo chamado para a obra cristã em tempo integral; e também sentia cada vez mais que alguns aspectos do seu trabalho jurídico eram incompatíveis com sua fé. Em 1832, ele foi convidado pela Ebenezer Strict Baptist Chapel para ser seu pastor, quando deixou finalmente a profissão de advogado.

Chapman aceitou esse encargo com a condição de que seria balizado apenas pelo que estava escrito na Bíblia e não por quaisquer credos ou crenças denominacionais. Ele acreditava que a comunhão dos santos deveria ser estendida a todos os verdadeiros crentes em Cristo, e não restrita somente àqueles que foram batizados por imersão total em profissão de fé. Suas opiniões sobre a comunhão eram semelhantes às de Anthony Norris Groves.

Com o tempo, a congregação passou a se tornar não denominacional, funcionando em bases semelhantes à assembleia liderada por George Müller em Bristol. 

Chapman tornou-se uma figura influente entre os Irmãos de Plymouth, ao lado de John Nelson Darby e George Müller. Seu zelo e compaixão pelas pessoas o levou a ser referido por muitos como o “apóstolo do amor”. Ele sempre preferiu viver de forma muito simples em uma área carente de Barnstaple, para alcançar os pobres.

Quando alguns dos seguidores de Darby reprovaram algumas posições de Chapman em relação aos problemas que envolveram os irmãos, Darby disse: “Deixem Robert Chapman em paz. Falamos sobre as regiões celestiais, esse homem vive lá”. 

Apesar de nunca ter se casado, nem tido filhos, era impressionante como tinha facilidade para ensinar as crianças e como a hospitalidade era uma das marcas mais proeminentes do seu ministério – seu desejo era que sua casa fosse um lugar de descanso e encorajamento para os santos de toda parte, o que foi uma realidade.

Charles Spurgeon chamou Chapman do “o homem mais santo que já conheceu”. Chapman ficou tão conhecido ao ponto de uma carta do exterior endereçada apenas a “R.C. Chapman, Universidade do Amor, Inglaterra” ser corretamente entregue a ele.

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