Participantes de Cristo
“Tendo-a achado o Anjo do Senhor junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur, disse-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais? Ela respondeu: Fujo da presença de Sarai, minha senhora. Então, lhe disse o Anjo do Senhor: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos…. Então, ela invocou o nome do Senhor, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê? Por isso, aquele poço se chama Beer-Laai-Roi; está entre Cades e Berede” (Gênesis 16:7-14).
Todo servo de Deus precisa passar por essa experiência – precisa conhecer o Deus que tudo vê. Essa foi a experiência de Agar, que pôde ver a soberania de Deus e o Seu governo. Mesmo quando sua senhora, Sara, a tinha humilhado, Deus tinha algo em vista para Ismael.
Um ponto importante aqui é que Agar representa algo muito especial. O Apóstolo Paulo usa Agar como uma alegoria de nossa vida sob a esfera da Lei:
“Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa. Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos” (Gl 4:21-25).
Viver sob a lei traz um sério problema, porque certamente gera uma severa escravidão. Na epístola aos Romanos, Paulo diz que ele sabia que a lei era boa, mas ele era escravo do pecado (Romanos 8:14). Ou seja, apesar de vivermos sob um governo bom, essencialmente somos escravos de algo ruim e da nossa natureza.
Voltando para Agar, o incidente que levou Sara a humilhá-la foi o fato dela ter conseguido engravidar de Abraão. Ao engravidar, Agar passou a desprezar sua senhora (Gn 16:4). De fato, nossa carne não pode se sujeitar à lei. Como ela começou a ter uma postura inadequada, Sara a humilhou. Mas algo impossível para a carne é se sujeitar a humilhação, não é mesmo?
“Sarai humilhou-a, e ela fugiu de sua presença” (Gn 16:6).
É interessante que logo que conhecemos o Senhor, sempre tentamos fugir dos meios que Ele provê para nos conduzir à Cruz. Agar fugiu de Sara rapidamente e correu diretamente para o deserto. É exatamente isso que acontece conosco, porque, ao fugirmos da obra da cruz, nos encontramos em uma estranha insatisfação interior, porque o Espírito Santo nos atrai para Cristo, e nada menos que Ele mesmo poderá nos satisfazer.
Então, o Anjo do Senhor encontra Agar, a serva, e lhe dá uma direção:
“Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos” (Gn 16:9).
Ali Agar percebeu que Deus era Aquele que TUDO VIA. Só assim podemos ver a mão de Deus por trás de toda experiência que passamos, por mais estranha que pareça, porque ela tem o propósito de nos conduzir ao ESPÍRITO. Ali Agar encontrou um poço, de onde ela bebeu. Todos nós, em algum momento de nossa vida cristã, precisamos dessa experiência. Deus é o Deus que TUDO VÊ. Quem não tem esse entendimento não pode trilhar o caminho da cruz, tampouco ser servo do Senhor.
Primeiramente, Deus não deseja que sejamos como Agar, produzindo frutos na nossa própria carne, vivendo sob a esfera da Lei, mas deseja nos conduzir à outra esfera. Se isso acontecer, certamente Ele, sendo o Pai que é, nos ensinará, porque o Seu propósito é nos tornar filhos maduros. Se fugirmos, Ele nos buscará de volta, porque Ele tem uma obra completa e deseja nos tornar Seus amigos, não apenas servos.
Que possamos beber desse poço, aprender sobre o caminho da cruz e prosseguir para o alvo, não permanecendo na esfera da lei. Somente trilhando o caminho da cruz poderemos viver uma vida abundante.
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5:1).
“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (Jo 15:15).