Trabalhar pela Comida que Subsiste

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Participante de Cristo

“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo” (João 6:27).

O homem natural trabalha pela comida, a fim de obter o sustento do seu corpo. Entretanto, há um outro tipo de trabalho, por trás do natural, que é feito para obter a comida não perecível – esse é o trabalho na esfera do espírito. Muitas vezes lemos esse texto de João, interpretando-o como se estivesse relacionado às obras religiosas, dentro do “nosso” conceito do que entendemos ser “espiritual”.

Mas parece que Jesus estava falando a respeito de algo mais profundo, relacionado às motivações, à essência na obra. Isso porque, no mesmo discurso, Suas palavras eram muito espirituais, não terrenas e naturais. Ele disse que Seus discípulos deveriam comer da Sua carne (João 6:54). Esse tipo de linguagem espiritual Ele também usou com Nicodemos (João 3), quando falou a respeito de nascer de novo, nascer do alto, do Espírito. Essas são coisas que o homem natural não pode entender. Somente o homem espiritual compreende.

Jesus fez uma poderosa declaração: “Trabalhai (ergazomai), não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o FILHO DO HOMEM VOS DARÁ (didomi)” (Jo 6:27).

Podemos perceber que, na mente de Jesus, o “trabalhar” do homem, não é para “realizar” a obra de Deus, mas para “obter” a comida que “o Filho do Homem vos dará”. O verbo “didomi” indica algo que é dado de livre e espontânea vontade, concedido, oferecido. A nossa comida espiritual é dada pelo Senhor Jesus, não é conquistada por nós como fruto do nosso próprio trabalho.

Mas a multidão parecia não compreender bem essa declaração, fazendo uma pergunta ao Senhor: “Que faremos (poieo) para realizar (ergazomai) as obras (ergon) de Deus?” (Jo 6:28). Na verdade, pelas palavras originais usadas para formar essa pergunta, percebemos que eles tiveram dificuldade de captar a essência do que Ele disse. Mas não podemos nos esquecer que o anseio por saber como fazer as obras de Deus é provavelmente uma das primeiras coisas que passa pela cabeça de todo aquele que ama a Deus, não é mesmo? Por isso é importante compreender esse diálogo.

Olhando para as palavras originais gregas utilizadas pela multidão, podemos perceber o que estava em suas mentes.

“Que faremos (poieo) para realizar (ergazomai) as obras (ergon) de Deus?” (Jo 6:28).

  • Poieo” traz a idéia de “fazer, produzir, construir”.
  • ergazomai” envolve “trabalhar, labutar, fazer”.
  • ergon” tem o sentido de “algo que alguém se empenha em fazer”.

Perceba que a ênfase na pergunta está no que ELES poderiam fazer ou produzir. Aqui é que reside o problema: Que deve fazer? Quem vai produzir algo? A pergunta deles tinha a seguinte conotação: “O que NÓS podemos produzir para que, com o nosso labutar, realizemos algo para Deus?” ou “como poderemos fazer para produzir trabalhos, com os quais estaremos ocupados, para Deus?”. Essa pergunta traz em si a ideia do homem, em sua própria força, realizando a obra que é de Deus.

Pelo teor da pergunta, o Senhor Jesus percebeu que a multidão não havia entendido o que Ele estava dizendo, mas estava ainda gravitando na esfera do natural. Então, Jesus acrescentou: “A obra (ergon) de Deus é esta: que creiais naquele (eis) que por ele foi enviado” (Jo 6:29).

A preposição “eis” indica “para dentro”. Ou seja, Jesus estava dizendo que a obra era o trabalhar DE DEUS (e não das pessoas), e essa obra de Deus consistia em levar as pessoas a “crer para dentro” do Enviado.

Isso quer dizer que o trabalhar de Deus, aquilo que Ele está empenhado a fazer é nos levar a crer que fomos inseridos em Cristo (dentro dEle). Deus quer nos levar a seguir sempre em direção à Cristo, para dentro Dele – isso demanda um relacionamento e não um trabalhar pela força do nosso braço.

Nossa experiência – Em Cristo

Que posamos trabalhar para alimentar o Espírito! O nosso foco principal nessa vida não é mais trabalhar para ganhar dinheiro, tendo em vista nosso sustento físico. Por favor, não pense que estamos dizendo que devemos largar tudo e parar de trabalhar. Não! Tudo é uma questão de foco, de visão. Não podemos mais viver apenas com o foco no natural.

Que mesmo nas atividades que são aparentemente “naturais” ou seculares, tudo seja dirigido no sentido de desenvolver fé no Filho do Homem. Tudo em minha vida hoje é uma oportunidade de me alimentar Dele. Em cada passo que dou em minha vida hoje, pela fé, posso ser suprido Dele como a substância, a capacidade, o combustível que será a VIDA em tudo o que fizer.

Mesmo no trabalho secular, podemos trabalhar de forma a estarmos nos alimentando do Filho pela Fé – Ele é o alimento que não perece – Ele é o pão e a água que verdadeiramente nos saciam.

Quando vivo minha vida natural, tudo deve ser baseado na dependência do Filho, crendo que Ele em mim concederá tudo o que é necessário e suprirá todas as minhas necessidades – tudo será uma oportunidade de experimentar o Pão da Vida.

Ao acordar e me levantar para encarar um novo dia, que esse seja o meu primeiro pensamento: Eu sou do meu Amado (Ct 7:10), estou Nele e Ele em mim! (Jo 10:20). Posso me relacionar com Ele ininterruptamente. Sendo dirigido pelo Seu Espírito por meio da Palavra Viva, posso comer Jesus em cada desafio, beber Jesus em cada alegria, experimentar essa comunhão se estreitando mais e mais.

Então, ao encarar cada prova, perplexidade, situações difíceis ou até mesmo um dia tedioso e normal, essa comunhão com Jesus traz a eternidade para a minha pobre existência! Mais um dia maravilhoso que estou com Ele, pois Ele é a minha experiência, Ele é o meu guia.

O problema é que as vezes nos esquecemos disso e começamos nossos dias sozinhos, vendo todas as circunstâncias a partir do nosso ponto de vista humano e limitado, como fazem todas as outras pessoas. Como é difícil viver sem Ele!!!

Que a cada dia possamos ter um apetite maior e desfrutar mais do nosso Mestre. Ele já nos concedeu o alimento e a água viva. Ele também nos prometeu que nunca nos deixaria. Que não vivamos nossa vida cristã sem desfrutar abundantemente dessa experiência tão maravilhosa. Que nesse relacionamento, nosso foco seja transformado e o Seu propósito capture nosso coração, nos trazendo para a terra de grandes distâncias, e para o ilimitado Cristo, onde passaremos a eternidade descobrindo as riquezas de nossa herança. Comece hoje!

“O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice; tu és o arrimo da minha sorte. Caem-me as divisas em lugares amenos, é mui linda a minha herança. Bendigo o Senhor, que me aconselha; pois até durante a noite o meu coração me ensina. O Senhor, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita, não serei abalado. Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Salmos 16:5-11).

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