Abel, a Fé que Traz Justificação

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A.B. Simpson

“Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala” (Hebreus 11:4).

Dois homens estão adorando no portão do Éden, e eles nos apresentam as duas raças presentes na humanidade: crentes e incrédulos.

O homem terreno tem muito mais cultura, gosto e beleza em sua religião. Ele traz o fruto de sua labuta, o primeiro e melhor de tudo. Ele traz as flores puras e doces da primavera e os ricos frutos maduros do verão, e talvez seu altar esteja enfeitado com rara beleza e bom gosto, algo que contrasta com o rude monte de barro sobre o qual Abel oferece o horrível e revoltante sacrifício de um cordeiro sangrando, morrendo, consumindo.

Mas toda a oferta de Caim foi uma negação direta de tudo o que Deus havia dito sobre Sua maldição sobre a terra e todos os seus frutos, do fato do pecado e da necessidade de um Salvador expiatório, que já havia sido tipificado nas coberturas de pele de Adão e Eva, e sem dúvida totalmente explicados em seu sentido por Deus. O sacrifício de Abel foi um reconhecimento simples e humilde de tudo isso, e uma aceitação franca do modo de perdão e aceitação proposto por Deus.

Aceitando o Veredicto de Deus

O primeiro ato de fé é acreditar no que Deus diz sobre o pecado. Nós não precisamos tentar desenvolver um sentimento sobre nossos pecados. É suficiente acreditar que somos pecadores porque é o que Deus diz. Foi isso que Abel fez. Ele tomou o lugar do pecador e instantaneamente encontrou o “Salvador do pecador”. O publicano fez o mesmo, e eis que “ele foi à sua casa justificado” (Lc 18:14). Caim não viu seu pecado, e o resultado foi que ele caiu em um pecado ainda mais profundo, finalmente chegando a outro extremo onde ele teve que clamar: “Meu pecado é grande demais para ser perdoado”.

O primeiro truque do diabo é nos levar a dizer: “Eu não pequei”. E então seu último golpe é nos fazer pensar: “Meu pecado é grande demais para ser perdoado”. Mas a fé humilde aceita o julgamento de Deus sobre si mesmo, e escapa do julgamento.

Um imperador da França estava conduzindo um rei estrangeiro através das prisões de Toulon. Como cortesia especial, ele disse: “Você pode libertar qualquer prisioneiro que desejar”. Ele falou com vários prisioneiros, mas não encontrou ninguém que parecesse merecê-lo. Todos eram ‘inocentes’ e injustiçados. Por fim, ele encontrou um pecador, um coitado, que só pôde dizer: “Ó Senhor, sou um homem indigno, e só agradeço que meu castigo não seja pior.” Imediatamente ele o libertou, dizendo: “Você é o único homem que encontrei aqui que tem algo para se perdoar. Você é perdoado pelo imperador”. Dessa forma, os que se consideram justos se privam da grande salvação, e os perdidos são salvos. Vamos assumir o lugar da culpa e encontrar o perdão através da fé na Palavra de Deus e no sangue de Cristo. Ele condena para que possa salvar. “A todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos” (Rm 11:32).

A fé de Abel não apenas reconheceu o pecado, mas também a provisão divina para isso pelo sacrifício. Ele não olhou para seu próprio caráter ou para suas próprias obras. Deus testificou a respeito de Seus próprios dons.

O Dom que Satisfaz a Deus

O que devemos dar por infinita pureza e justiça? JESUS. Não há outro dom digno para Deus. E Ele nos deu Jesus para este fim, para que possamos devolvê-Lo como nosso substituto e satisfação. E Ele testificou a respeito desse dom o que Ele não falou de nenhum outro, a saber, que Nele Ele está satisfeito, e todos os que O recebem são “aceitos no Amado”. Devemos aceitar o testemunho de que Deus está satisfeito com o Seu Filho? Devemos ficar satisfeitos com Ele?

Deus nos cobre com a justiça de Jesus e nos ama com o mesmo amor que Ele tem por Ele, vendo-nos somente como em Jesus e aceitando-nos como Seus próprios filhos e filhas por amor a Ele.

Pela fé Abel “obteve testemunho de ser justo”. Portanto, devemos não apenas aceitar a grande expiação, mas também acreditar que somos aceitos e justificados. Isso não significa apenas que somos perdoados e isentos de julgamento. Significa que somos declarados e contados justos, total e eternamente justificados, e colocados na mesma posição de como se nunca tivéssemos pecado . É como se tivéssemos guardado todos os mandamentos de Deus, assim como Cristo o fez.

Tomando Posse pela Fé

Temos essa garantia somente pela fé. Nós simplesmente acreditamos no registro que Deus deu de Seu Filho; que Ele O concedeu a nós como nossa completa justiça, e Ele é nosso, só porque nós O aceitamos. Podemos chorar e orar, mas isso tudo não trará descanso até que simplesmente acreditemos que Deus nos aceitou, justificou e nos ama para sempre em Jesus. Como diz o querido George Muller, cada um de nós é “Seu filho querido”. Os que assim acreditam têm paz com Deus e sabem que têm vida eterna.

No momento em que a alma aceita sua justificação e fica longe da terrível sombra da maldição, imediatamente ela flui em liberdade, amor e poder. O segredo do amor fraco e falta de força é a uma fé fraca. Uma dúvida sobre nossa perfeita aceitação paralisará o nosso poder espiritual. Um artesão oriental, a serviço de um grande príncipe, tornou-se subitamente um operário instável. Suas jóias requintadas foram danificadas e suas mãos se recusavam a trabalhar com a antiga perícia. Seu rei mandou chamá-lo e perguntou o motivo. Ele descobriu que o homem estava irremediavelmente endividado e esperava, todos os dias, que poderia perdesse sua esposa e filhos como escravos por sua dívida. O bondoso príncipe pagou sua dívida e em um momento tudo estava certo. A mão do homem recuperou a sua perícia e a beleza do seu trabalho foi restaurada. Seu fardo se foi e ele estava livre. Então Deus nos liberta para servi-Lo, e uma completa garantia de completa justificação é necessária para a inteira santificação.

Uma Fé Débil

Dr. James, de Albany, o autor do notável volume, “Grace for Grace” (Graça por Graça), e alguém que foi muito usado por Deus em relações pessoais com almas sobrecarregadas em todas as partes da terra, deu como sua experiência a declaração de que o maior obstáculo por ele encontrado para a plena aceitação de Cristo como presença residente e santificante, foi a prevalência de idéias vagas e segurança imperfeita no que diz respeito à  aceitação absoluta e eterna em Cristo por parte daquelas pessoas que ele foi chamado à ajudar.

Ousamos crer que somos absolutamente, totalmente, eternamente aceitos em Jesus Cristo, no mesmo sentido em que Ele é aceito. Vamos acreditar que somos justos como Ele é justo, de modo que nosso próprio nome diante de Deus e do céu é: “Senhor, Justiça Nossa”; Seu próprio nome de inefável santidade (Jr 23:6) concedido a nós (Jr 33:16), assim como a noiva leva o nome do marido?

Tudo isso vem por um simples ato de acreditar no testemunho de Deus. Deus declara isso de nós porque aceitamos a expiação de Cristo, e acreditamos na Sua declaração,  tomando o novo lugar que nos foi designado. A noiva está naquele altar e acredita na palavra falada pelo ministro, e ela destemidamente assume o lugar de uma esposa.

O pecador crê na declaração de Deus e “vai para a sua casa justificado”. “Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso” (1 Jo 5:10). Existe uma mancha na terra coberta pela grande sentença: “Sem condenação”, debaixo da cruz de Jesus. No momento em que pisamos e reivindicamos essa sentença, ela é nossa e Deus não pode quebrar a Sua Palavra eterna.

“Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6:47).

“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”  (Jo 5:24).

Extratos do Capítulo 2 do livro “Standing on Faith”, de A.B. Simpson.

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