Todas as coisas cooperam para o bem

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Todas as coisas cooperam para o bem é a tradução de carta de John Newton a um irmão (anônimo) intitulada “All things work together for good”, do livro The Letters of John Newton.

John Newton (1725-1807)

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. (Romanos 8:28).

 

28 de setembro de 1774.

Meu caro amigo,

Vejo a necessidade de ter, se possível, meus princípios na ponta dos dedos, para que possa aplicá-los conforme as ocasiões surgem, a cada hora.

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus – daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm 8:28).

Certamente, se minha habilidade equivalesse à minha inclinação, removeria seu tumor com uma palavra ou um toque – e o isentaria instantânea e constantemente de todos os inconvenientes e dores que essa enfermidade te traz!

Mas você está nas mãos de Alguém que pode fazer tudo isso e muito mais, e que o ama infinitamente melhor do que eu – e ainda assim Ele tem o prazer de permitir que você padeça dessa enfermidade.

Qual é a lição mais clara que podemos aprender? Certamente, na atual conjuntura, Ele – para quem todas as cadeias de eventos e suas consequências são apresentadas em uma só visão – considera melhor para você ter esse tumor do que ficar sem ele!

Eu não consigo imaginar um tumor surgindo (ou qualquer outra provação incidental acontecendo com você), sem uma causa, sem uma necessidade, sem uma vantagem projetada como resultado. Então, vejo uma montanha ou pirâmide erguendo-se por conta própria no meio da Main Street. A promessa é expressa e literalmente verdadeira – que todas as coisas, universalmente e sem exceção, cooperarão para o bem daqueles que amam a Deus. Mas elas trabalham juntas! Tanto os menores eventos quanto os maiores têm seu devido lugar e utilidade – como as várias pedras no arco de uma ponte, quando nenhuma seria útil individualmente – mas cada uma em seu devido lugar se torna necessária para a estrutura e o suporte do arco. Ou poderia dizer ainda melhor, que tudo funciona como o movimento de um relógio, onde, embora haja uma evidente subordinação das partes, e algumas peças tenham uma importância comparativa maior do que outras – ainda assim as peças menores têm seu lugar e utilidade, e são igualmente importantes, e sem elas todo o projeto da máquina ficaria obstruído.

Alguns trabalhos e voltas da Divina Providência podem ser comparados à mola principal ou rodas principais, que têm uma influência mais visível, sensível e determinante sobre todo o teor de nossas vidas. Mas as ocorrências mais comuns de nosso dia a dia são como pinos e pivôs, ajustados, cronometrados e adaptados com igual precisão, pela mão do mesmo grande Artista que planejou e executou o todo! Às vezes, ficamos surpresos ao ver quanta coisa depende desses eventos menores. Muito mais do que imaginávamos! Então admiramos a habilidade do Senhor e dizemos: “Tudo ele tem feito esplendidamente bem!” [Mc 7:37] De fato, no que diz respeito às suas obras de providência, bem como de criação, Ele merece o título de “Maximus in minimis”(1).

Me dedicar a pensamentos como esses, quando possível, de certa forma me reconcilia com tudo o que o Senhor atribui a mim ou a meus amigos e me convence da propriedade desse versículo, que fala a linguagem do amor, bem como da autoridade: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” [Sl 46:10].

Eu simpatizo com você em sua severa provação, e oro e confio que seu pastor será seu médico; supervisionará e abençoará o uso de todos os meios; dará a você saúde e cura em seu devido tempo, e em todos os momentos revelará a você abundância de paz.

Suas promessas e poder são necessários para nossa preservação tanto nas cenas mais suaves que Ele designou para nós, mas são igualmente suficientes para as situações mais difíceis. Estamos sempre em perigo quando dependemos de nós mesmos e, de igual maneira, permanecemos seguros debaixo da sombra de Suas asas. Nenhuma tempestade, assalto, cerco ou pestilência pode nos ferir, até que tenhamos cumprido a medida de serviço que nos foi designada! E quando nosso trabalho estiver concluído e Ele nos amadurecer para a glória – não importa qual for a maneira que convenha a Ele de nos chamar para casa, para Ele mesmo!

 

John Newton.

 

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(1) Originário do latim, significando aquele que é o maior no mínimo, “o maior nas coisas insignificantes”.

 

Quem foi John Newton

Durante seus 82 anos de vida, John Newton foi um marinheiro depravado; um pária miserável na costa da África Ocidental; um capitão de um navio de tráfico de escravos; um bem pago inspetor de marés em Liverpool; um pastor amado por duas congregações em Olney e Londres por 43 anos; um marido dedicado a Mary por 40 anos até que ela morreu; amigo pessoal de William Wilberforce, John Wesley e George Whitefield; e, finalmente, o autor do hino mais famoso da língua inglesa, “Amazing Grace”. Para Newton, sua vida foi o testemunho mais claro da comovente misericórdia de Deus que ele já havia visto.
— John Piper (Deus salvou um miserável como ele)

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