Descanso em Cristo

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Descanso em Cristo é a tradução do capítulo 36 (Peace) do livro “How to See Jesus”, de James William Kimball.

“Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, e a aliança da minha paz não será removida, diz o SENHOR, que se compadece de ti.” (Isaías 54:10).

“Quão docemente parte o sol cristão,
Assim como o monarca de verão se põe,
No meio de céus sem nuvens, sua jornada terminou,
Para subir em regiões ainda mais brilhantes.
Oh, onde o cristão termina seus dias,
Perdura uma linda linha de raios,
Que fala sua calma partida mais abençoada,
E promete para aqueles que contemplam,
A mesma bem-aventurança do descanso”.

Sobre o livro “Como Ver Jesus”

“Ver Jesus” significa conhecer “o Jesus vivo” como pessoa e como amigo, não é apenas uma confissão de fé e ou a concordância com uma verdade. James Kimball fala a seu público como quem escreve uma carta a um amigo, de modo que pessoas comuns em circunstâncias cotidianas podem se identificar com aquilo que ele diz.

“Esta, portanto, é uma oferta ‘de coração para coração’ para aqueles que estão aguardando a prometida manifestação do Senhor Jesus.”

“Amar a Jesus e tentar em todas as coisas promover Seus interesses e desejos deve inevitavelmente resultar na consciência de Sua proximidade e amor.”

“Amar a Jesus de todo o coração, alma, mente e força equivale a vê-Lo. Assim como é nosso amor, assim deve ser a nossa visão.”

Prefácio

Em uma de nossas cidades da Nova Inglaterra morava um ministro de Cristo cuja única preocupação era pregar o evangelho a todos os membros de sua paróquia.

Sua esposa tinha a mesma mentalidade. Ambos seguiam todos os mandamentos e ordenanças do Senhor, sem culpa, e eram honrados por Deus com grande utilidade.

A Sra. Emily T.G. ansiava pela promessa do Salvador: “Aquele que me ama será será amado por meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”.

Um amigo colocou em suas mãos três pequenos folhetos, expressões francas de um coração feliz no amor de Jesus. Essas revelações do coração fizeram com que ela se comunicasse com o escritor e levaram a uma correspondência que, em parte, é apresentada aqui [livro “How to See Jesus”].

Não pedimos desculpas pelas características pessoas que foram preservadas. O Rev. John Angell James certa vez disse: “Se prestei algum serviço considerável ao meu povo, isso se deve muito ao hábito de mostrar-lhes meu coração, e de compartilhar com eles as alegrias e tristezas com as quais Deus moldou minha própria vida”. Encontraremos precedentes apostólicos para esse hábito.

Essa, portanto, é uma oferta “de coração para coração” para aqueles que estão aguardando a manifestação prometida do Senhor Jesus (Jo 14:21).

Paz (ultimo capítulo)

Talvez que alguém que leu os registros dessa criança faminta, – como ela frequentemente se autodenominava, – esteja desejando me perguntar se suas expectativas foram realizadas? Será que ela obteve a experiência pela qual tanto ansiava?

Ouça por você mesmo. Como já indiquei, ela foi uma das boas pastoras do Senhor. Pouco antes de ser chamada para seu lar celestial, ela escreveu a seguinte carta a um crente tímido que era inválido há muito tempo. Não tendo forças para escrever outra, ela pediu a um amigo que fizesse uma cópia da carta e me pediu para aceitá-la como se fosse dirigida a mim, para que pudesse ser informado a respeito de sua condição.

“MEU QUERIDO AMIGO: Por muitas semanas tenho esperando para me sentir forte o suficiente para escrever para você. Tenho pensado muito em você, e com muita ternura, e tenho desejado ser capaz de conduzi-lo ao descanso tranquilo que o Senhor tem me dado.  Não se surpreenda ao me ouvir dizer isso e não comece a pensar que recebi uma nova luz, que passei por alguma experiência maravilhosa, e que deixei você para trás. Não foi nada disso, mas acho que sei um pouco mais sobre o que significa confiar em Deus do que costumava saber.

Quando meu gentil médico me disse pela primeira vez que eu tinha uma doença fatal e que eu deveria largar tudo para cuidar em primeiro lugar de minha saúde, naquele exato momento realmente ‘larguei tudo’: os fardos espirituais e os temporais.

Vivia me esforçando por meses e anos tentando melhorar; tentando, penso eu, tornar-me importante aos olhos de Deus. Sempre esperava pelo momento quando oraria mais, seria mais diligente, mais consagrada, e então Deus ficaria satisfeito comigo e eu teria esperança de ser Sua filha. Tudo isso, veja você, era nada além de justiça própria, afinal. Mas as palavras do meu médico me fizeram sentir que carregava um vulcão dentro de mim, e que ele estava prestes a terminar com a minha existência a qualquer momento. Em uma pequena hora, fui confrontada com o fato de que minhas atividades, quaisquer que fossem, estavam prestes a cessar; e que eu não teria mais tempo para terminar minha obra nesse mundo, e nem mesmo para me preparar para o próximo.

Não fiquei alarmada nem perturbada, embora tenha ficado muito surpresa. Mas meu primeiro pensamento foi: “Bem, estou nas mãos do Senhor e sei disso agora”. E a seguir fiz a seguinte oração: ‘Senhor, recebe-me; me entrego ao Senhor como estou. Não posso fazer mais nada para me tornar melhor; nunca poderei estar mais apta para vir ao Senhor do que estou neste momento.’ Acredito que o Senhor deve ter ouvido aquela oração. Nenhum farfalhar de asas angelicais agitou o ar. Nenhuma revelação visível apareceu para mim. Nenhuma alegria profunda fluindo para mim alma fez-me sentir que minha oração fora aceita e que acabara de ser levada para os braços do Bom Pastor. Mas muito quieta e calmamente, sem desejar nada diferente, fiquei sentada naquela longa tarde de sábado e conversei com um querido amigo sobre a mensagem que o Senhor me enviou.

Como tudo aquilo era estranho! De manhã, não me sentia forte, com certeza, mas sequer suspeitava de que alguma coisa estivesse doente em mim, apesar de sentir aquela fraqueza temporária. À tarde estava sentada à beira do rio que nos separa de nosso lar celestial.

Bem, uma serena calma que veio sobre mim naquela hora, o próprio presente de meu Senhor para mim que nunca mais me deixou. “Isto procede do SENHOR e é maravilhoso aos nossos olhos” [Sl 118:23]. Não tenho medo do futuro, no que diz respeito à minha doença; nem tenho qualquer desejo, que eu possa recordar, quanto à duração da minha estada aqui. Você sabe que isso não é da natureza humana; e eu tenho muitas coisas que tornam essa vida agradável para mim.

Também não tenho desejo de partir. Todas essas coisas depositei nas mãos do Senhor de uma vez por todas, e Ele me deu graça para deixá-las lá. Jesus não é mais real para mim do que era antes. Não sinto que O amo mais, ou que estou mais próxima dEle. Gostaria de estar; mas não luto mais por essas coisas porque não há nada que possa fazer a respeito. Hoje posso confiar quando as coisas não são como eu acho que deveriam ser; ou como eu gostaria que fossem, e acho que é isso que Deus deseja de mim mais do que qualquer outra coisa. Portanto, parei de tentar melhorar e me entreguei em Suas mãos para ser salva como qualquer outra pobre pecadora. Me ocupo somente em receber as bênçãos que Ele envia dia após dia, e elas são inumeráveis, e procuro apreciá-las como Seus presentes, esperando em silêncio até que Ele me tire desta escola inferior e me coloque em uma classe superior no lar celestial, onde aprenderei a amá-Lo como devo.

Te escrevo isso porque acredito que pode ajudá-lo um pouco. Amigos disseram a você, eu suponho, centenas de vezes, para apenas abrir mão de todos os seus esforços e confiar em Cristo, quer você sinta alguma coisa ou não. Só posso repetir essa mesma lição. Você nunca estará mais apto a confiar nEle do que hoje. Suponha que você soubesse que sua vida terminaria esta semana; instintivamente seu sentimento não seria: ‘Só posso confiar no Senhor?’ Bem, você só pode descansar nEle dessa maneira, e com o tempo o Senhor fará com que você saiba que pertence a Ele.

Você acha que algum inimigo de Deus já ficou angustiado como você porque Deus não era mais real para eles? Nunca! Gostaria de poder compartilhar com você alguns dos doces pensamentos que tive sobre Jesus visitando os enfermos quando esteve na terra. Você notou o quanto o evangelho relata sobre isso? Pensei que se Ele viesse a mim e me curasse, eu ia querer levá-Lo direto para o seu quarto e pedir-Lhe que curasse você. Algum dia Ele o fará.

Tenho certeza disso assim como sei que é Ele quem me traz alegria e me faz feliz todos os dias.

Você não pode confiar nele, querido, e esperar o Seu tempo? Eles dizem que sou uma pessoa totalmente diferente desde a minha doença; e acredito que é verdade. É uma obra do Senhor. As preocupações terrenas foram deixadas de lado em grande medida, os fardos espirituais caíram a Seus pés, que manda ‘não deixarmos nossos corações se perturbarem’ [Jo 14:1] – tenho esperado silenciosamente através da luz do sol e das sombras pela vinda de Seu mensageiro. Desfrutei muito neste inverno. Não tive experiências maravilhosas, nenhum êxtase, nenhuma nova visão de Cristo e de Seu amor. Eu amo viver. Deus derramou sobre mim tantas bênçãos incontáveis nestes meses do meu declínio, que tem sido uma alegria perpétua contá-las para mim mesma e para aqueles que estão ao meu redor. O futuro parece tão cheio de reverência e majestade que me fico aturdida; por isso não penso muito nisso; mas sigo confiando dia a dia com um coração alegre, sabendo que meu Deus não vai falhar quando chegar a hora da minha provação.

Não alcancei aquilo pelo qual lutava por tantos anos; mas sou uma das pequeninas do Senhor, confio eu; e Ele me mantém tão tranquila! Às vezes quase me parece que eu tivesse já comecei a viver em um pedacinho do céu aqui na terra.”

Para outro amigo, ela escreveu: “Fui à igreja na segunda-feira passada à tarde e sentei-me em meu próprio assento pela primeira vez desde que retornei de E…. Talvez você dificilmente me reconhecesse com minhas vestes roxas alegres, meu xale e touca de veludo preto com flores de veludo branco. Disseram-me que alguém comentou: “Como a Sra. G. está bonita hoje”. Fico feliz com isso, se de fato ocorreu, porque me esforcei ao máximo para isso.

Pode parecer tolo da minha parte, mas pensei comigo mesma que queria tirar minhas vestes de luto e me despojar de tudo que fosse sombrio, para que se as pessoas nunca mais me vissem novamente, tivessem como última lembrança uma imagem brilhante e alegre. Isso não propriamente por mim, mas porque Deus fez tanto por mim, que desejo que todos tenham pensamentos agradáveis a Seu respeito. Me parece que eu já O desonrei muito vivendo de forma tão sombria no passado, que agora quero compensar isso o máximo que eu puder.

Nunca esquecerei do seu salão, querida J., e o local onde me sentei naquele memorável 15 de agosto. Não sabia então o que agora vejo claramente, que O próprio Senhor estava lá também; que Ele pegou minha mão naquele dia com um aperto novo e mais firme; e nunca mais soltou.

Senti desde aquele momento um descanso que não desfrutava antes, e acho que é porque vi claramente que não tinha mais tempo para melhorar; e então me entreguei como estava, de uma vez por todas.

Sempre fui muito mais ansiosa para crescer espiritualmente do que para confiar em Deus. É muito mais fácil deixar o Senhor me salvar do que tentar salvar a mim mesma. Então, hoje sou feliz todos os dias. Não porque me tornei numa pessoa melhor do que costumava ser. Mas hoje eu confio mais; e em relação aos pecados, negligências, omissões que tanto me oprimiam, lembro que uma vez que o sangue de Cristo me purificou de todo pecado, e como o Senhor assumiu toda a obra, porque não deixar que Ele faça tudo, em vez de entregar a Ele só parte?

Assim, toda vez que Satanás ou minha consciência, dizem: ‘Você pecou dessa maneira; ou você pecou assim e assim; replico: ‘Eu sei disso; não há como negar; mas ‘Seu sangue me purifica de todo pecado.’ Essa palavrinha é um grande conforto para mim!

Um de nossos poetas disse: “O amor tem olhos”. O Primeiro Mandamento garante e defende este enunciado. Amar Jesus com todo o coração, alma, mente e força equivale a vê-lo. Assim como é o nosso amor deve nossa visão.

Quem foi James Kimball

James William Kimball (1812-1885) nasceu em Salem, Massachusetts. Ele estudou em Yale para se preparar para o ministério, mas não concluiu os estudos por motivos de saúde. Casou-se com Mary S. Tappan em 1838 e teve sete filhos. Atuou como agente comercial em Boston e tinha um ministério ativo como escritor. Escreveu muitos folhetos e vários livros sobre temas cristãos.

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