Um novo e vivo caminho

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Um novo e vivo caminho é a tradução da Introdução e do prefácio do livro “Brother Lawrence – The practice of the presence of God the best rule of a Holy Life”.

Introdução

“Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo”. (2 Coríntios 11:3)

O valor deste pequeno livro é sua extrema simplicidade. O problema com a maior parte da religião de nossos dias é sua extrema complexidade. O “Irmão Lourenço” não estava preocupado com nenhuma dificuldade teológica ou dilema doutrinário. Para ele, isso não existia. Seu único objetivo era desenvolver uma união pessoal consciente entre ele e Deus e para isso tomou o caminho mais curto que podia encontrar. O resultado pode ser melhor descrito em suas próprias palavras: “Se ousasse tentar expressar em palavras, chamaria esse estado que desfruto de permanecer no seio de Deus pela doçura inexprimível que experimento.”

O que o irmão Lawrence vivenciou está acessível a todos nós. Não demanda treinamento, nem é necessário sustentar quaisquer ponto de vista teológicos para a bendita “prática” que ele recomenda. Igreja suntuosa, catedral majestosa e ritual elaborado não interferem nessa experiência. Uma cozinha e um altar eram a mesma coisa para o irmão, e ele considerava pegar um graveto do chão um serviço tão grandioso quanto pregar para multidões. “A hora do trabalho”, disse ele, “não difere em nada para mim da hora da oração, e no barulho e desordem da minha cozinha, enquanto várias pessoas pedem coisas diferentes ao mesmo tempo, desfruto de tanta tranquilidade em Deus quanto se estivesse de joelhos diante do Santíssimo Sacramento”.

Este pequeno livro, portanto, parece-me um dos mais úteis que conheço. Se encaixa na vida de todos os seres humanos, sejam eles ricos ou pobres, instruídos ou não, sábios ou simples. A mulher limpando sua casa, o pedreiro na estrada podem realizar a “prática” que ele ensina com tanta facilidade e certeza de sucesso quanto o ministro ou o missionário em seu campo de trabalho.

Todos devemos sentir que qualquer coisa que traga Cristo ao alcance da humanidade sobrecarregada e assolada pela pobreza, em meio à sua ignorância e desamparo, é de benefício inestimável, e é isso que o irmão Lourenço faz.

Sua “prática” não demanda por tempo, nem talentos, nem treinamento. A qualquer momento, em meio a qualquer ocupação, debaixo de quaisquer circunstâncias, a alma que deseja conhecer a Deus pode “praticar a presença” e pode chegar a esse conhecimento. O Senhor dos Exércitos está conosco, o Deus de Jacó é nosso refúgio, sejam quais forem as “aparências”; e precisamos apenas reconhecer isso como um fato contínuo e sempre presente. Então a doçura inexprimível que o irmão Lawrence alcançou se tornará nossa também.

Hannah Whitall Smith
Londres, 1897.

Prefácio

Este livro consiste em notas de várias conversas e cartas escritas por Nicholas Herman, de Lorraine, um homem humilde e inculto que, depois de ter sido lacaio e soldado, foi admitido como irmão leigo entre os carmelitas descalços em Paris em 1666. Posteriormente ele ficou conhecido como “Irmão Lourenço”.

Sua conversão, que ocorreu quando ele tinha cerca de dezoito anos, foi o resultado, debaixo da direção de Deus, da mera visão em pleno inverno de uma árvore seca e sem folhas, e das reflexões que ela provocou a respeito da mudança que a primavera traria. A partir desse momento ele cresceu eminentemente no conhecimento e amor de Deus, esforçando-se constantemente para andar “como em Sua presença”. Não parecem ter ocorrido andanças pelo deserto entre o Mar Vermelho e o Jordão de sua experiência. Homem totalmente consagrado, viveu a sua vida cristã como peregrino e despenseiro, morrendo aos oitenta anos e deixando um nome que tem sido como “unguento derramado”.

As “Conversas” supostamente foram escritas por M. Beaufort, Grande Vigário de M. de Chalons, ex-Cardeal de Noailles, que recomendou que as “Cartas” fossem publicadas pela primeira vez.

O livro, em pouco tempo, passou por repetidas edições e tem sido um meio de bênção para muitas almas. Ele contém muito daquela sabedoria que somente lábios tocados pelo Senhor podem expressar e que somente corações que Ele tornou ensináveis podem receber.

Que esta edição também seja abençoada por Deus e redunde no louvor da glória de Sua graça.

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