Pede-me o que queres que eu te dê

Print Friendly, PDF & Email

Pede-me o que queres que eu te dê é um estudo sobre as recorrências dessa expressão nas Escrituras, e alguns vislumbres do que eles representam para nós.

“Disse ele: Quem és tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador. Disse ele: Bendita sejas tu do Senhor, minha filha; melhor fizeste a tua última benevolência que a primeira, pois não foste após jovens, quer pobres, quer ricos. Agora, pois, minha filha, não tenhas receio; tudo quanto disseste eu te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa.” (Rute 3:9-11).

“Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” (Tiago 4:2,3).

Rute foi muito ousada ao pedir a Boaz que fosse seu resgatador. Mas apesar de sua intrepidez, seu pedido foi muito bem recebido e prontamente atendido. 

Também é importante observar que esse episódio na história de Rute representa mais um ponto de transição em sua vida. Ela agora iria entrar para uma união mais íntima e permanente com Boaz.

Podemos observar também outras instâncias nas Escrituras onde foi concedido às pessoas a possibilidade de pedir algo do Senhor. Ao observar a simetria contida nessas porções, mais uma vez vamos nos surpreender com o descortinar da graça de Deus, e podemos extrair preciosas lições para futura meditação com o Espírito Santo. 

Três pedidos

Se Deus lhe permitisse fazer pedido específico a Ele para ser concedido por Ele, o que você pediria? Queremos destacar duas situações específicas no Antigo Testamento e uma no Novo Testamento, quando foi dada aos homens a oportunidade de pedir o que quisessem. Coincidentemente isso também aconteceu em situações de transição em suas vidas, momentos que estavam perplexos e aturdidos com o desenrolar dos acontecimentos.

A simetria contida nesses textos é impressionante, nos levando a perceber que cada uma das situações revela um segredo, que mais adiante foi iluminado e alargado pelo apóstolo Paulo em sua oração aos Efésios. 

Vamos observar melhor os detalhes contidos nesses três incidentes, que guardam três chaves maravilhosas para o coração de Deus.

O pedido de Salomão – Entendimento

“Em Gibeão, apareceu o SENHOR a Salomão, de noite, em sonhos. Disse-lhe Deus: Pede-me o que queres que eu te dê… tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, meu pai; não passo de uma criança, não sei como conduzir-me. Teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, tão numeroso, que se não pode contar. Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo? Estas palavras agradaram ao Senhor, por haver Salomão pedido tal coisa. Disse-lhe Deus: Já que pediste esta coisa e não pediste longevidade, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos; mas pediste entendimento, para discernires o que é justo; eis que faço segundo as tuas palavras: dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti não houve teu igual, nem depois de ti o haverá” (1 Reis 3:5-12).

É interessante que Deus tenha concedido a Salomão a possibilidade de escolher o que quisesse. Aquele foi um cheque em branco, e devemos considerar que ele era jovem, enfrentando enormes desafios diante de si. Seu pai tinha sido um grande rei, e ele precisaria dar continuidade ao que Davi havia começado. 

Davi tinha deixado à ele a planta e materiais para a edificação da casa de Deus, o que representava uma obra imensa e grandiosa.

Então, Deus lhe diz para pedir o que desejasse, e Salomão fez um pedido que claramente AGRADOU A DEUS. 

Isso torna esse registro bíblico muito importante para cada um de nós, principalmente se nos lembrarmos que, no Novo Testamento, Tiago afirma em sua carta que é possível PEDIR MAL (Tg 4:2,3).

Analisando alguns aspectos do pedido de Salomão, veremos algumas chaves interessantes para nós:

  • Não passo de uma criança, não sei como conduzir-me” – antes mesmo de pedir, percebemos humildade, um espírito consciente da necessidade de dependência de Deus. Isso é essencial para pedir bem. Se entendermos QUEM REALMENTE somos, teremos temor até mesmo de escolher algo diante de DEUS.
  • Teu servo está no meio do teu povo que elegeste” – perceber QUEM é o Senhor, quem inicia as coisas também nos gera temor. Somos e seremos eternos SERVOS, e tudo o que temos, tudo o que vemos É DELE (Ap 22:3). 
  • Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal– é como se Salomão, mesmo que inconscientemente, percebesse onde reside a VERDADEIRA CAPACIDADE DE CONHECER O BEM E DO MAL, que não está em nossa alma, mas no AUTOR DA VIDA.

Outro ponto foi que Salomão não pediu nada PARA SI MESMO, ainda que pudesse fazê-lo, mas pediu algo pelo reino, pelos interesses do Senhor.

DEUS SE AGRADOU do seu pedido, e a Palavra diz que lhe acrescentou muito mais, além do que pediu.

“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3:20,21).

O pedido de Eliseu – Poder

“Havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti. Disse Eliseu: Peço-te que me toque por herança porção dobrada do teu espírito. Tornou-lhe Elias: Dura coisa pediste. Todavia, se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, se não me vires, não se fará” (2 Reis 2:9-10).

Aquele momento deve ter sido difícil para Eliseu. Ele sabia que o seu mestre ia ser tomado e que, a partir daquele ponto, estaria sozinho.

Naquele momento de transição na vida de Eliseu, Elias lhe dá uma oportunidade de ouro: PEDE-ME O QUE QUERES. O que pedir ao grandioso profeta Elias?

A Palavra nos transmite a ideia de uma resposta pronta e rápida, o que é impressionante! Eliseu tinha aprendido algo naquele tempo que conviveu com Elias. Sim, o grande profeta tinha um segredo.

Para continuar esse ministério em tempos tão difíceis como aqueles que Eliseu estava vivendo, ele precisaria desse mesmo segredo, e foi isso que pediu. Seu pedido refletiu seu entendimento espiritual.

Mas Eliseu não pediu simplesmente do ESPÍRITO DE ELIAS, mas a porção do primogênito. Ele foi ousado e pediu o dobro do que seu mestre tinha. 

Elias não lhe negou o pedido, mas advertiu que seu pedido era algo difícil – não para ser concedido, mas o efeito que teria sobre Eliseu. Nos tipos do Antigo Testamento vemos como o óleo da unção não podia ser simplesmente derramado sobre qualquer um, mas somente sobre os sacerdotes, pessoas separadas, pois o óleo tinha um fim específico, era PARA O SENHOR (Êx 30:31-33). O Espírito e a CARNE não coexistem. Não poderemos usar o Espírito Santo para nossos interesses. O Espírito Santo busca os interesses do alto. Por isso, receber uma porção dobrada do Espírito implicaria em um processo na vida de Eliseu, que Elias conhecia muito bem. Elias viveu uma vida de dependência do Senhor e de total renúncia de seus prazeres e interesses pessoais. 

Eliseu não retrocede, e Elias coloca uma condição para que ele pudesse receber do pedido. Ele precisaria ver SUA PARTIDA. 

Nesse pedido vemos dois elementos importantes:

  • Há um preço a ser pago.
  • Há uma condição para sua realização.

Todos nós recebemos do Espírito, mas a PLENITUDE DO ESPÍRITO demanda uma cooperação nossa. Isso está bem claro nas Escrituras como um todo.

Um desejo definido, uma firme determinação de prosseguir para o alvo, de renunciar a carne, tomar a cruz e olhar firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé. Para termos uma vida CHEIA DO ESPÍRITO, a carne precisa ser deixada de lado (Rm 8:5; Gl 6:16,17).

O pedido do cego Bartimeu – Visão

“Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver. Então, Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora” (Marcos 10:51-52).

Esse cego estava sentado, quando ouviu Jesus passando, e logo começou a clamar: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!” Quanto mais o repreendiam, mais alto ele clamava. Aquele homem percebeu QUEM era Aquele que passava.

Sua atitude desesperada atrai a atenção do Senhor Jesus, que lhe concede a oportunidade de Lhe pedir alguma coisa. Ele podia responder pedindo o que quisesse, mas sua reposta indicava seu maior anseio e angústia.

“Que eu TORNE A VER”. Jesus não impõe condições, mas deixa uma chave: A TUA FÉ TE SALVOU. Onde vemos essa fé? 

Se aquele homem não tivesse crido, teria deixado o Senhor passar. Ele insistiu desesperadamente porque sabia QUEM ERA JESUS. 

A Palavra nos diz que logo que tornou a ver, aquele cego passou a seguir Jesus. A visão lhe permitiu prosseguir. 

Que pergunta e que resposta! Que maravilha, que necessidade! Como precisamos de visão espiritual, e só o Filho pode nos libertar, vivificar, libertar e redimir! Ele é o único que pode abrir nossos olhos. 

Os três pedidos de Paulo em sua oração pelos Efésios

É interessante perceber que outro homem agregou esses três pedidos em uma só oração. Em Efésios 1:15-21, o apóstolo Paulo ora pelos Efésios, e os elementos de sua maravilhosa oração abrangem os três pedidos que acabamos de elencar:

“Por isso, também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações…

  • para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele,
  • iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos
  • e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro”.

Paulo teve uma grandiosa revelação do Senhor Jesus! A grande ajuda que recebemos de Paulo vem de sua visão de Cristo. Em sua oração, aprendemos como esses pedidos devem e podem ser feitos sob a ótica e perspectivas corretas, dentro dos conselhos eternos de Deus:

  • Sabedoria e revelação vêm de Deus! Elas se concentram especialmente no CONHECIMENTO de uma Pessoa. Não precisamos conhecer a respeito de TUDO, mas conhecer APENAS uma PESSOA, que contém em SI os segredos do universo (Cl 2:3).
  • Olhos DO CORAÇÃO iluminados. Paulo compreendeu nossa cegueira intrínseca. Ele percebeu que TODOS SOMOS cegos para ver aquilo que é celestial. É preciso um milagre, uma intervenção Divina para resolver isso, e só assim poderemos compreender as riquezas e glória daquilo que Deus intenciona e busca. Essa visão é essencial para caminhar em direção ao propósito “porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1Jo 2:11b).
  • A grandeza do poder à nossa disposição. Que poder é esse? O poder de Deus está em Seu Espírito. Jesus se ofereceu pelo Espírito Eterno (Hb 9:14), e Ele enviou ESSE MESMO ESPÍRITO para habitar em cada um de nós. Quando o Senhor subiu aos céus, Ele enviou o Seu Espírito para nos conduzir, assim como Elias deixou com Eliseu a porção dobrada do Espírito que nele estava (Jo 14:16-18, 26; 16:12,13). De uma forma plena e amplificada que o tipo não pode traduzir, hoje temos a porção dobrada em nós (Lc 11:13). 

Infinitamente mais – um pedido extravagante

O que não podemos nos esquecer é que a salvação é um DOM maravilhoso, gratuito e impagável. A GRAÇA será nossa canção na eternidade. 

Maturidade espiritual, por outro lado, demanda um anseio e uma cooperação nossa. No Antigo Testamento vemos que foi concedido às pessoas a possibilidade de PEDIR, e no Novo Testamento o Senhor Jesus também repete essa admoestação (Mt 7:7; Jo 16:24). Todavia, existe a possibilidade de pedirmos mal, ou pedirmos coisas que não nos seriam proveitosas, como Paulo, quando pediu para que Deus lhe tirasse o espinho da carne (2Co 12:8), ou quando a mãe de Tiago e João pediu que o Senhor lhes concedesse lugares de honra no reino (Mt  20:21). 

Finalmente, Tiago afirma:

“Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” (Tg 4:2,3).

Se não pedirmos, nada teremos, mas se pedirmos mal, também não teremos garantias de receber. 

Que o Senhor nos dê VISÃO, ENTENDIMENTO ESPIRITUAL do Filho de Deus e que possamos dar lugar AO ESPÍRITO SANTO para nos conduzir, guiar e dirigir. Esses três pedidos certamente não serão negados, pois eles estão atrelados ao principal sentido de nossa existência, que é a UNIÃO PLENA COM O SENHOR. 

***

A ousadia do pedido de Rute e o pedido de seu bisneto

“Disse ele: Quem és tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador”. (Rute 3:9)

Boaz não era de fato resgatador de Rute. Pelo menos não no âmbito estrito da lei, como já vimos. Mas ela pediu, e vemos como Boaz assumiu esse pedido e tomou Rute como sua esposa. Ser esposa, noiva, precisa ser fruto de um desejo.

Mas ainda mais precioso é ver que Davi, o bisneto de Rute, tomou o mesmo caminho de ousadia ao declarar:

“Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo” (Salmos 27:4).

Habitar no templo era reservado para a tribo de Levi, para pessoas específicas, e ainda assim, Davi, que era da tribo de Judá, desejava isso, e por isso pediu. O que Davi pediu foi ousado, e não temos dúvida de que ele foi um dos homens que mais desfrutou da graça de Deus no Antigo Testamento. Habitar e permanecer na presença do Senhor também demanda por um profundo anseio.

Davi louvou a Deus até seu leito de morte, e teve seu nome mencionado até mesmo nos últimos versos das escrituras quando o Senhor disse – “Eu sou a raiz e geração de Davi” (Ap 22:16). Em outras palavras, o Senhor diz: “fui gerado de Davi, que teve seu sustento e força extraídos de Mim”. Que possamos aprender com a ousadia desses pedidos a escolher a melhor parte e pedir mais do Senhor. Sim TUDO vem Dele, por Ele e para Ele!

***

A transição e a Certeza

No nosso estudo de Rute, vimos que ela passou por algumas transições desde que saiu de Moabe.

  • A saída de Moabe e a chegada em Belém.
  • O rebuscar nos campos de Boaz como estrangeira.
  • A colheita como serva de Boaz até que cessasse a colheita da cevada. 
  • O fim da colheita da cevada, que era a forma de sustento de Rute, passando a descer à eira, onde Boaz extraia a palha da cevada.
  • O pedido para que Boaz fosse seu resgatador. 

Quando passamos por esses momentos importantes, quando algo novo está prestes a ocorrer em nossa vida espiritual, o Senhor também nos admoesta:

Espera, minha filha, até que saibas em que darão as coisas, porque aquele homem não descansará, enquanto não se resolver este caso ainda hoje” (Rute 3:18).

Esse princípio está claramente descortinado em outras porções nas Escrituras. Sempre que ocorre uma transição relacionada à maturidade espiritual, Deus reforça SUA FIDELIDADE. Tomando uma frase que foi usada pelo escritor de Hebreus, extraída do Antigo Testamento, vemos uma chave maravilhosa que nos ajuda a descortinar a grandeza da fidelidade e do amor de Deus:

De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13:5).

A Primeira menção

“Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido” (Gn 28:15).

A primeira menção da promessa da presença de Deus usando essas palavras foi feita ao patriarca Jacó, e nela temos uma chave maravilhosa! Jacó se dirigia para Padã-Arã para buscar uma esposa, conforme orientação de seu pai. Quando dormia teve um sonho, e nele vê uma escada ligando a terra e o céu. Deus então lhe afirma a promessa dada aos seu avô e ao seu pai: “Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência” (vs 13).

Então, o Senhor lhe diz que estaria com ele até que CUMPRISSE TUDO AQUILO QUE HAVIA REFERIDO. Ou seja, podemos confiar plenamente que Deus está totalmente engajado no SEU PROPÓSITO. Ele nunca nos deixará, nem nos desamparará ATÉ QUE ELE SEJA PLENAMENTE CUMPRIDO. 

Veremos outras instâncias onde Deus reafirma as mesmas palavras, como encorajamento aos seus servos em momentos de transição para algo novo e desafiador.  

1. TRANSIÇÃO DA ALMA PARA O ESPÍRITO, DO VISÍVEL PARA O INVISÍVEL, PARA A DIMENSÃO DA FÉ

O Templo de Jerusalém, o grande orgulho da religião judaica, provavelmente foi destruído logo depois dessa Epístola de Hebreus. Deus prepara seu povo para essa grande perplexidade. Essa epístola descreve uma transição importante, porque alguns estavam retrocedendo, e existe forte advertência para perseverar em fé.

“A primeira parte da frase [de Hb 13:5] contém uma dupla negativa, enquanto a segunda parte apresenta uma negação tripla (com base no texto original). Assim a frase contém uma negação quíntupla, e se pudesse resumiria da seguinte maneira: ‘Não vou falhar com você! Nunca, mas nunca, e de maneira alguma te abandonarei’” (Erich Sauer, Na Arena da Fé).

Em Hebreus, vemos a transição da esfera do natural para a esfera da fé, inclusive essa é a epístola que traz a definição mais detalhada de fé no Antigo Testamento. Quando todos os apoios naturais estavam prestes a ruir, Deus encoraja Seu povo: “Jamais te abandonarei”. 

2. TRANSIÇÃO NA TRAVESSIA DO JORDÃO, EM DIREÇÃO À CONQUISTA DE CANAÃ

“Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o SENHOR, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará. Chamou Moisés a Josué e lhe disse na presença de todo o Israel: Sê forte e corajoso; porque, com este povo, entrarás na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a teus pais; e tu os farás herdá-la. O SENHOR é quem vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te atemorizes.” (Dt 31:6-8).

“Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei” (Js 1:5).

Como entrar na terra de Canaã? Que garantia o povo teria de conseguir conquistar a terra? O Senhor garante a eles, de forma TRÍPLICE, COMO ISSO SERIA POSSÍVEL: COM SUA PRESENÇA – “serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei”.

3. TRANSIÇÃO DA CRUZ PARA A RESSURREIÇÃO

Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros… E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco” (Jo 14:18; 16).

“E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:20).

Nas palavras de despedida no cenáculo, o Senhor dá aos seus discípulos a certeza de que não os deixaria, que não os abandonaria. Logo adiante estava aquele momento da Cruz, e aquelas palavras seriam um encorajamento, pois na ressurreição, o Senhor e os discípulos nunca mais seriam afastados novamente. 

A chave da permanência estava ali! Não vos deixarei. A garantia da PRESENÇA DO SENHOR seria a esperança naquele momento de transição.

4. TRANSIÇÃO DE DAVI PARA SALOMÃO, NA EDIFICAÇÃO DO TEMPLO

“Disse Davi a Salomão, seu filho: Sê forte e corajoso e faze a obra; não temas, nem te desanimes, porque o SENHOR Deus, meu Deus, há de ser contigo; não te deixará, nem te desamparará, até que acabes todas as obras para o serviço da Casa do SENHOR” (Crônicas 28:20).

Davi disse essas palavras à Salomão quando estava diante da tarefa da edificação do Templo. Davi lhe passa todas as instruções, planta e materiais, e então lhe diz essas palavras. A instrução de Davi para seu filho é de grande valor para nós. O Senhor preparou tudo para nós, mas precisamos nos lembrar que SUA PRESENÇA é a garantia do sucesso do SEU PROPÓSITO. 

Veja 1Cr 29:1-9.

“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15:5).

***

“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10).

Quando olhamos para trás, podemos ficar desapontados de várias maneiras, em especial ao contemplarmos nossa participação na jornada. Podemos ver muitos de nossos vacilos, mancadas e erros. Podemos até sentir que não somos adequados para o chamado, e podemos pensar que Deus cometeu um erro ao nos escolher. É possível que venhamos a nos sentir assim. Entretanto, ao examinarmos mais profundamente os caminhos de Deus e ao conhecer os Seus princípios, veremos uma lógica maravilhosa: Somos chamados, tomados e colocados por Deus NA DIREÇÃO DE ALGO. Mesmo ao sentirmos que Deus cometeu um erro, declarando: “Não sou a pessoa certa para isso, não tenho qualificações para o chamado!”, percebemos que, de uma forma ou de outra, Deus nos leva adiante. Para nossa surpresa e admiração, Ele nos capacita, nos conduz e realiza a obra. Quando tomamos posse do Espírito Santo, está feito! Isto é, se não nos afundarmos em nós mesmos, desistindo por causa daquilo que somos, e então nos apossarmos do Espírito Santo, passaremos pelas situações e ficaremos maravilhados por tê-las superado. O Senhor o fez através de nós.

Isso é muito consistente com os princípios de Deus. Não é contradição, mas está alinhado com Seus princípios mais profundos. Nenhuma carne se gloriará em Sua presença. Tudo deve voltar para Ele. Deus escolheu “as coisas loucas do mundo… as coisas fracas… aquelas que não são” (1Co 1:27,28). ELE escolheu. Sim, Seus caminhos não se podem esquadrinhar. Misteriosos são Seus caminhos, ao realizar Suas maravilhas”, mas Ele é consistente com Seus princípios. Uma vida no Espírito reflete numa sucessão de confirmações de que Deus está executando um plano. Somente a rebelião, teimosia, auto-afirmação e as demais formas e manifestações do nosso ego vão atrapalhar ou impedir esse progresso. Mas uma vida no Espírito será uma sucessão constante de provas e evidências de que FOMOS ESCOLHIDOS PARA ALGO. Deus não trabalha conosco paulatinamente, aos poucos. Tudo já está resolvido. As Suas boas obras já foram predeterminadas (Ef 2:10). Se andarmos no Espírito, andaremos nessas obras de antemão preparadas; quer vejamos isso ou não, ainda assim isso será um fato. Finalmente, precisaremos admitir: “Bem, Senhor, perdoe-me por discutir, por questionar. Perdoe-me por estabelecer minhas ideias e pensamentos contra o Senhor! Tu és maravilhoso, Senhor!”. Então, de fato, adoraremos, e essa será a prova da eleição. Não desejaremos prova melhor do que essa. Tudo está EM CRISTO, pelo Espírito Santo. 

Tradução do dia 27 de outrubro do devocional Daily Open Windows, de  T.Austin-Sparks. 

Leia mais sobre Rute aqui.
Post anterior
Conduzidos à plena união com Cristo
Próximo post
As qualidades do nosso resgatador

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.