A certeza da nossa esperança

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“A certeza da nossa esperança” é um estudo baseado no capítulo 15 do livro de Números. Tomamos como referência o capítulo 10 do livro “Os sacrifícios e o seu significado – Vol 2”, de H. L. Heijkoop e o capítulo 4 do livro “The spiritual meaning of service”, de T. Austin-Sparks.

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“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro” (1 João 3:1-3).

“Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos. Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos… Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade” (Hebreus 3:7-10).

“Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:14-16).

Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar, e ao SENHOR fizerdes oferta… Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que nos cantos das suas vestes façam borlas pelas suas gerações; e as borlas em cada canto, presas por um cordão azul (Nm 15:2,3;38).

O livro de Números discorre sobre a jornada do povo de Israel no deserto rumo à Canaã. Como retratado pelo Apóstolo dos gentios, tudo que aconteceu ao povo de Israel foi exemplo para nós. Em sua primeira epístola aos Coríntios, ele faz uma referência a essa trajetória do povo de Israel no deserto:

“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo.” (1Co 10:1-4).

Esse capítulo é uma severa advertência à Igreja, pois como ele afirmou, “estas coisas se tornaram exemplos para nós” (vs 6). Tudo que aconteceu ao povo de Israel faz parte de nossa educação espiritual também.

Considerando que o livro de Números trata especificamente da jornada do povo no deserto, podemos extrair dele ricas lições para nossa caminhada, para que possamos aprender com seus erros e entrar na vida abundante, que equivale à vida em Canaã, a terra que mana leite e mel.

O enigma do capítulo 15 do livro de Números

Depois que o povo recebeu a lei no Monte Sinai, foi dirigido a se organizar e se preparar para a viagem até Canaã. Isso é pormenorizadamente descrito nos primeiros capítulos de Números, que contém muitas lições espirituais. Nos capítulos 13 e 14 de Números temos um relato do ocorrido quando o povo chegou diante da terra. Foram enviados 12 homens escolhidos para espiar a terra e quando retornaram, 10 deles infamaram a terra que mana leite e mel, desencorajando o povo.

O povo não teve fé para entrar na terra, a despeito de tudo que Deus havia realizado diante deles até aquele momento. Só Josué e Calebe mantiveram uma posição de fé e confiança no Senhor. Isso acarretou no julgamento daquela geração, que perdeu a possibilidade de entrar na terra de Canaã. Em Hebreus 3 e 4 temos o registro desse incidente em uma outra perspectiva, dentro da ótica da nova aliança. O escritor da epístola aponta: “não puderam entrar por causa da incredulidade”.  

Em Números 16 temos um escalonamento daquela atitude de coração, quando Coré, Datã e Abirão se revoltam contra Moisés e Arão. Eles se opuseram diretamente ao sacerdócio estabelecido por Deus (que figurava o Sacerdócio do Senhor Jesus, tão claramente descrito na Epístola aos Hebreus).

Entre esses três capítulos tão obscuros temos o capítulo 15, que parece estar absolutamente fora do contexto. Nesse capítulo temos a abordagem de três fatos principais:

  • a referência aos sacrifícios que seriam oferecidos na terra de Canaã
  • o relato de um incidente infeliz
  • orientações sobre as borlas das vestes dos filhos de Israel, que deveriam ser amarradas com um cordão azul

Perceba que esse capítulo não se ocupa mais com o povo, nem com o deserto, pelo contrário, começa com uma nota de esperança: “Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar…” (vs 2).

Alguns questionam se esse capítulo não foi posicionado no lugar errado, pois parece se encaixar mais em Levítico, o livro dos sacrifícios ou até mesmo em Deuteronômio, que é a repetição da lei antes do povo entrar na terra, quando estavam prestes a entrar nela. 

Por que a menção a esse sacrifício logo depois do julgamento do povo, quando Deus afirmou que passariam 40 anos vagando no deserto (Nm 14:34)?

Ao contrário do que pode nos parecer, a ordem estabelecida por Deus é perfeita! Temos uma chave nessa instrução, uma nota de esperança.

A perspectiva celestial da derrota de Israel

Em Números 13 e 14 vemos claramente que o homem natural NÃO PODE entrar na terra de Canaã a menos que passe pela morte. Como Paulo afirma no Novo Testamento:

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2:14). 

Nossa vitória está em saber que Cristo morreu, e que nós com Ele morremos. Se Ele ressuscitou, nós também experimentamos de Sua vida ressurreta – nEle somos perfeitos. Nunca poderemos entrar na esfera da vida abundante apoiados em nossos méritos pessoais e pela nossa força. Como aconteceu com o povo de Israel, veremos as riquezas, mas seremos esmagados pelo senso de nossa incapacidade de conquistá-la. As dificuldades são grandes quando não temos fé.

Mas apesar de nossa limitação e incapacidade sabemos que ainda que sejamos infiéis, Ele permanece fiel (2Tm 2:13).

Deus toma a iniciativa e diz: “Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar…” (vs 2). Ele atesta – EU O FAREI. Sim, de fato o Senhor já fez tudo e completará Sua obra em nossa vida, Ele é o Deus de Jacó. Ele é fiel e capaz de nos conduzir ao nosso destino final. 

Nesse capítulo Deus nos apresenta O QUE pode nos aumentar nossa fé. Ele nos traz esperança para prosseguir.

Deus nada pode fazer diante da INCREDULIDADE, pelo contrário, Ele julga a incredulidade – ninguém com aquele coração poderia entrar em Canaã. Mas a situação não estava perdida, Deus traz a certeza da concretização do Seu propósito, que é a entrada na maravilhosa terra, as inesgotáveis riquezas de Cristo!

Contemplando o objeto

Como nossa fé pode ser fortalecida? OLHANDO PARA O SENHOR. A fé não está em nós, no nosso próprio coração. A fé enche meu coração quando contemplo a beleza do Senhor, a Sua força! Percebendo como tudo é perfeito e maravilhoso no Senhor, somos renovados. 

Temos o incidente registrado no Novo Testamento daquele jovem endemoniado que os discípulos não conseguiram libertar. Seu pai vai até o Senhor e lança mão desse segredo: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” (Mc 9:24). 

A visão de Números 15 era essencial naquele momento do deserto. Quando olhamos muito para NÓS MESMOS e AS NOSSAS DIFICULDADES, precisamos da ajuda contida aqui.

Quando percebemos nossa total incapacidade, Deus afirma: “Eu o farei!” 

Certamente temos uma parcela de responsabilidade nesse processo de amadurecimento espiritual, isso pode ser claramente visto nas Cartas do deserto: aos Coríntios e aos Hebreus. Elas apresentam nossa responsabilidade diante de tudo que recebemos do Senhor. Mas se nos voltarmos para Ele, ELE MESMO FARÁ.

Uma oferta de gratidão

“Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar, e ao SENHOR fizerdes oferta…” (Nm 15:2,3).

Na experiência do deserto, quando Deus tira todos os nossos recursos, descobrimos que Ele é suficiente em todas as circunstâncias (Fp 4:13). Aquelas experiências difíceis nos conduzem a uma maior confiança nEle (Rm 5:1). 

Então, quando chegarmos à terra compreenderemos, ficaremos admirados e cheios de gratidão pelo Senhor Jesus e pelo Pai. Uma vida de gratidão é um retrato da vida de Canaã (nas regiões celestiais). 

Aqui, nesse pequeno fragmento preservado em meio a um relato tão desanimador, Deus mostra O RESULTADO de nossa experiência.

As dificuldades são meios, parte do processo da disciplina dos filhos (Hb 12). Mas qual a sua finalidade?

  • fortalecer nossa fé
  • ensinar-nos que TUDO deve vir dEle
  • estimular uma confiança absoluta no Senhor

Ele é capaz de nos conduzir em qualquer circunstância, e também é capaz de satisfazer todos os anseios de nosso coração.

“Entretanto, precisamos também acreditar (e se necessário, lutar para isso) que o fim justificará o caminho pelo qual fomos conduzidos, vindicando a Deus por Sua direção. Isso é muito difícil e toca em tantas outras questões! Não é fácil acreditar que haverá um dia em que afirmaremos de forma positiva e definitiva: “Deus não cometeu nenhum erro, Ele sabia o que estava fazendo, fez a coisa certa!”, a despeito de todas experiências desta vida, dos caminhos pelos quais Ele nos conduziu e que abalaram nossos alicerces, como o sofrimento, a aflição, as decepções, tristezas e perplexidades… Diante de tudo o que estamos passando, todo o estado de nossas vidas neste momento, talvez seja difícil acreditar que tudo está precisamente certo. O fim justificará o caminho, vindicando os tratos de Deus conosco. No final, diremos positivamente: “Deus não cometeu erros!” Nos pequenos caminhos em nossas vidas, quando passamos por difíceis provações, experiências profundas e escuras, e saímos do outro lado entendendo o sentido de tudo, fomos capazes finalmente de dizer: “Não teria ficado sem isso por nada! Estou feliz por ter tido essa experiência!”. Entretanto, enquanto estávamos passando pelas situações, a última coisa que nós teríamos dito seria isso… O final altera de forma estranha a visão do todo. No desenlace, dizemos: “Afinal de contas, o Senhor não estava tão errado quanto pensei. Ele estava certo.” (T. Austin-Sparks – Ascendência Espiritual – cap. 1).

Uma vida ascendente

Apesar dessas ofertas serem voluntárias, temos prescrições detalhadas a respeito da maneira que deveriam ser oferecidas. 

Quando lemos Levítico, o livro dos sacrifícios, percebemos uma progressão. Em Levítico 1, na primeira oferta, o ofertante poderia oferecer um novilho, e se o ofertante não fosse capaz de trazer um novilho (devido à pobreza, falta de recursos para tal) havia a possibilidade de trazer gado miúdo, um cordeiro ou um cabrito. 

O propósito é que o crente tivesse se ocupado tanto do Senhor ao ponto de trazer uma oferta abundante, rica! Mas Deus estende essas possibilidades aos mais pobres também, pois Ele é um Deus gracioso.

Aqui no registro de Números 15 temos uma INVERSÃO importante desse princípio. 

A sequência se inicia com o sacrifício de um cordeiro, depois de um carneiro e então de um novilho. Temos uma indicação de que haverá um acréscimo, um aumento no conhecimento e na apreciação do Senhor quando estivermos em Canaã. A vida nas regiões celestiais é uma vida ascendente!

“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2Co 3:18).

Todos os itens da oferta tem proporções aumentadas também.

Vamos observar o conjunto da oferta passo a passo.

A oferta queimada

Em primeiro lugar, vale observar que esse sacrifício era um HOLOCAUSTO, uma oferta queimada de aroma agradável. Devemos nos lembrar que o holocausto retrata a obra do Senhor na Cruz com o foco exclusivo de glorificar o Pai. Aquele era o sacrifício mais sublime, dando inclusive nome ao altar, que é chamado altar do holocausto (Êx 30:28). 

Em nossa natureza, tendemos a olhar as coisas pela ótica de nossos interesses, e por isso valorizamos muito a oferta pelo pecado. Devemos sim apreciar profundamente esse aspecto do sacrifício do Senhor a nosso favor. Mas devemos nos lembrar que na ótica do Pai, o holocausto é o aspecto mais importante do sacrifício do Senhor Jesus. Aquele sacrifício era exclusivo para o Pai, nem o ofertante, nem o sumo sacerdote participavam dele. 

O sacrifício pelo pecado não era oferecido no altar, era queimado no chão, fora do arraial, não tinha um aroma agradável. 

Então a indicação de que a oferta descrita em Números 15 seria dessa natureza é muito profunda. Aqui tratamos de uma apreciação da Pessoa do Senhor Jesus como holocausto, oferta agradável ao Senhor. 

Junto a essa oferta deveria ser associado: 

  • 1/10 de efa de flor de farinha
  • 1/4 parte de um him de azeite
  • 1/4 parte de um him de vinho

A flor de farinha aponta para a natureza humana perfeita do Senhor Jesus. Ele fez aquela obra maravilhosa porque ERA UMA PESSOA MARAVILHOSA. Nossos corações devem se ocupar com Sua pessoa, não somente com Sua obra. 

É importante atentar que mesmo ali, nas regiões celestiais, nossa apreensão dessa Pessoa gloriosa é limitada a 10% [1/10] de Sua grandeza, nossos corações são pequenos para absorver quem Ele é. Começamos a vislumbrar Sua glória, viveremos, estudaremos e ainda assim jamais O ESGOTAREMOS, sempre encontraremos mais tesouros em Sua Pessoa. Como o Senhor Jesus é rico! Ilimitado!

Nem mesmo a eternidade será suficiente para sondar Sua glória. 

O azeite é uma indicação do Seu Espírito, que acompanha a oferta. O vinho indica a alegria atrelada à essa oferta (Jz 9:13). É impossível trazer uma oferta SEM VINHO. 

Como isso nos encoraja quando no deserto!!

NÃO É POSSÍVEL SE OCUPAR COM O SENHOR SEM SE TORNAR CADA VEZ MAIS RICO.

A próxima oferta na sequência indica a progressão do desfrute e apreciação do Senhor. Agora podemos oferecer algo maior, e proporcionalmente os itens da oferta são ampliados. Temos:

  • um carneiro (um animal maior)
  • 2/10 de um efa de flor de farinha
  • 1/3 de um him de azeite
  • 1/3 de um him de vinho

Isso indica que o quanto mais rico no Senhor eu sou, mais compreendo Sua pessoa, desfruto do Seu Espírito e tenho um gozo ainda maior nEle. 

Essa progressão ainda continua no novilho, quando é oferecido com 3/10 de um efa de flor de farinha, 1/2 him de azeite e de vinho. 

Que prospecto maravilhoso diante de nós! Que progressão notável! Como nosso Senhor é rico. Como é bom ter essa visão no deserto, como isso nos fortalece!

Ainda que a carne continue militando contra o Espírito, se revoltando contra a autoridade do Senhor (Nm 15:32-36 e Nm 16), olhar para o Senhor enche o nosso coração. A carne não melhora, e por isso o Senhor nos conduz a essas experiências tão duras, para que não confiemos em nós mesmos. Ele nos atrai para mais perto.

Finalmente, conheceremos mais de Sua glória, de Sua maravilhosa graça, do Seu cuidado conosco. Perfeita é a Sua obra!

O cordão azul

“Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que nos cantos das suas vestes façam borlas pelas suas gerações; e as borlas em cada canto, presas por um cordão azul” (Nm 15:38, conf Hb 4:14,15).

“Farás também a sobrepeliz da estola sacerdotal toda de estofo azul” (Êx 28:31, conf Hb 9:2).

O Antigo Testamento é o livro ilustrado de Deus. Nele, temos todo tipo de figuras e representações das realidades celestiais. Entretanto, ainda que as representações passem, a realidade espiritual permanece, pois essas realidades são eternas.

Logo depois da ordenação dos sacrifícios e o relato de um acontecimento desastroso, temos uma ordenança específica que os filhos de Israel fizessem borlas em suas vestes presas por um cordão azul. Qual seria sua lição espiritual?

Em Êxodo 2o temos uma descrição da estola sacerdotal, que era a veste principal nos trajes do sumo sacerdote, e que era bordada com ouro, estofo azul, púrpura, carmesim e linho fino. Em Números, temos a indicação de que os filhos de Israel deveriam ter um cordão azul amarrado nas borlas de suas vestes.

É muito significativo perceber essa correspondência: o AZUL era um símbolo daquilo que o Sacerdote e o povo tinham em comum. 

Podemos observar que a cor AZUL é amplamente usada na Palavra de Deus em relação àquilo que pertence ao céu. 

Quando Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e os anciãos de Israel subiram no Sinal, o chão parecia safira, o céu na sua claridade (Êx 24:8-10 – essa foi a 1ª menção de safira na Palavra). Quando Ezequiel viu o trono de Deus, afirmou que era semelhante à safira (Ez 1:26). Também vemos esse elemento na descrição da cidade celestial em Apocalipse 21. 

Se consideramos que o sumo sacerdote apontava para o nosso Sumo-sacerdote, Aquele que realizou completa expiação e que vive eternamente a interceder por nós (Hb 7:25), essa figura é impressionante.

Vivendo em harmonia com o céu

Aquele povo foi chamado a viver EM HARMONIA com o céu. É claro que essa harmonia não é algo natural em nós, isso só é possível EM CRISTO. Pela fé aceitamos o Seu sacrifício e então aquela discórdia que está em nossa natureza cessa, temos paz com Deus (Rm 5:1; Cl 1:20). 

Aquelas borlas deveriam indicar que:

  • Somos um povo separado, distinto, possuímos uma vida diferente, que gravita em direção ao céu (Nm 23:9 – Jo 6:33; 51). Essa é a grande característica do Cristão: viver em contato e comunhão com o céu. É uma força magnética que nos atrai – Cristo no céu. Nossa vida natural, pelo contrário, sempre tende para baixo, para a terra, se for deixada livre e sem restrições.
  • Somos um povo que pertence a outro mundo, com outros alvos e objetivos. Israel viveu 40 anos no deserto, mas nunca esteve limitado aos recursos naturais daquele lugar, na verdade o deserto serviu para ensiná-los a viver a partir dos recursos celestiais. A sobrevivência dos cristãos sob pressão, provações e intenso sofrimento é um testemunho REAL de que eles são sustentados por recursos de outro mundo. O deserto não é o fim dos cristãos. Nosso alvo é glorioso.
  • Somos um só povo. Vemos uma cor comum, um interesse comum. Quais seriam esses interesses, seriam os nossos próprios interesses? Claro que não. São os interesses do Senhor (Fp 1:21). Ele é o nosso interesse maior, nossa paixão e nEle somos um.

Tudo apontava para Ele, não mais precisaríamos trabalhar, nos esforçar para mudar, melhorar. A questão não é ser bom ou ser mau. Deus não busca boas pessoas – não espera uma MUDANÇA em nós. Tudo foi feito em Cristo, e isso deve estar diante de nós.

Ele fez tudo, devemos crer e aceitar Seu glorioso sacrifício, Sua vida maravilhosa, e jamais esquecer disso. Isso precisa estar diretamente no nosso ângulo de visão, precisaremos ver as coisas a partir dessa perspectiva, de QUEM SOMOS NELE.

Devemos reconhecer nossa necessidade, nos dobrar diante dEle, afirmando: “nada somos, estamos em necessidade e o SENHOR TEM A PROVISÃO”. Pela fé devemos nos apropriar dessa provisão. 

Uma vitória preciosa

Essa não é uma vitória barata, pelo contrário, custou muito ao Pai e ao Filho. De fato custou o maior sacrifício e sofrimento que o universo já viu. Esse foi o preço da nossa plena salvação.

Receber isso pela fé não indica que foi barato, pois custou muito para Deus. Agora cabe a nós mantê-Lo diante de nossos olhos, e oferecer nossas vidas sem controvérsias para que Ele viva em nós.

A obra do Senhor está concluída, Ele está nos céus hoje atestando disso, Ele é nosso Sumo-sacerdote celestial, intercede por nós.

“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma” (Hebreus 12:1-3). 

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