Não agora, mas depois

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“Não agora, mas depois” é a tradução do texto homônimo de T. Austin-Sparks publicado na revista “Toward the Mark” de Mai-Jun de 1981.

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T. Austin-Sparks (1888-1971)

“Quem há entre vós que ouça isto? Que atenda e ouça o que há de ser depois?” (Isaías 42:23).

Desconsiderando o contexto das palavras do profeta, pergunto se realmente acreditamos que existe um porvir. Será que acreditamos que o porvir é um tempo maior que o agora e que o depois é mais elevado do que o presente? Será que cremos que ainda existirão outras eras e que nossa existência nessa terra é apenas um mero fragmento daquilo que ainda será, independente de sua duração? Podemos afirmar que acreditamos que nosso serviço nas eras que virão será muito mais importante do que o realizado nesta era?

Não desejo minimizar a importância desta vida, pois devemos aproveitar toda a oportunidade diante de nós, remindo o tempo que ainda nos resta. Ainda assim, devemos ter consciência que esta existência é só um breve espaço de tempo dentro daquilo que se manifestará. Algumas vezes, parece que partimos exatamente quando estamos chegando à uma maior condição de utilidade para os demais. Quando aprendemos algo de real valor para cooperar com os outros, somos chamados para partir. Que problema! Que enigma é essa vida diante de nós!

O que há de ser depois”. Essa era a perspectiva dos apóstolos, como vemos pelas suas palavras: “esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que… mesmo depois da minha partida…” (2Pe 1:15). Esse é o teste supremo: medimos as coisas apenas dentro desse período da nossa breve existência ou estaremos contentes em aguardar pelos valores da eternidade?

Alguns acreditaram que valeria a pena partir para uma terra estranha por Cristo, vivendo ali por apenas um ou dois meses, e então entregar a vida ali. Aquelas pessoas estavam absolutamente corretas! De fato aquilo valeu a pena, se era da vontade de Deus para eles. Se eles não pensassem assim, não teriam sequer o direito de ir. Os valores de Deus são sempre eternos.

Vamos sempre vislumbrar “o que há de ser depois” como verdadeira motivação para nossa vida. O fruto de nossas vidas nunca será visto plenamente hoje. Só vislumbraremos uma pequena parcela do seu sentido em nossos dias, pois seu valor completo só será visto depois. Precisamos viver não apenas focados no agora, pois, apesar de vivermos intensamente nossos dias, ainda assim não seremos capazes de fazer ou ser muito. Poderemos até chegar a duvidar se o resultado que obtivemos aqui valeu todo o esforço. No entanto, nosso empenho não será avaliado apenas nesta vida, pois o Senhor avalia as coisas à luz dos “séculos dos séculos”.


T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério. Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência. Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church.

“Nenhum homem é infalível e ninguém ainda ”obteve a perfeição”. Muitos homens piedosos precisaram se ajustar, seguindo um senso de necessidade, após Deus lhes haver concedido mais luz.” (De uma Carta do Editor publicada pela primeira vez na revista “A Witness and A Testimony“, julho-agosto de 1946).

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