Participante de Cristo
“Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do Homem: comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos” (Lucas 17:26-27).
“Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé” (Hebreus 11:7).
“Os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água” (1 Pedro 3:20).
“E não poupou o mundo antigo, mas preservou a Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas, quando fez vir o dilúvio sobre o mundo de ímpios” (2 Pedro 2:5).
Tomando por base o devocional de Griffith Thomas, vamos analisar algumas verdades espirituais relacionadas (1) ao período imediatamente anterior ao dilúvio, (2) o tempo do dilúvio propriamente dito, (3) os primeiros dias depois do acontecido.
Primeiro vamos perceber o contraste do pecado premente na humanidade e a pessoa de Noé, nos versos 8-10:
“Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Porém Noé achou graça diante do Senhor. Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus” (Gênesis 6:7-9).
O Propósito Divino (vs 9-13)
Em todo o processo de juízo, o propósito de Deus é claramente atestado em Gênesis 6, nos versos 9-13, atestando a respeito do julgamento do pecado da humanidade (vs 11). As duas palavras: “Corrupção” e “violência” nos retratam o caráter e manifestação desse pecado, a sua causa e efeito. A corrupção conduz à violência, maldade sempre leva à crueldade, seja como for. Uma vida que é errada diante de Deus necessariamente se tornará errada para com os seus semelhantes.
O escrutínio Divino também é declarado em um termo solene: “Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra” (vs 12). Lembremo-nos do contraste com a ocasião anterior, quando Deus viu que tudo era bom (Gn 1:31). Deus nunca está indiferente à vida humana, e o fato do pecado O compeliu à agir. Sua decisão de destruir a terra foi uma manifestação de Sua justiça e misericórdia. O fim havia chegado, não havia alternativa.
O Método Divino (vs 14-17)
A libertação de Noé e sua família foi por meio de uma Arca, que lhe possibilitou segurança naquele julgamento. As instruções foram detalhadas a esse respeito. Deus anunciou a Noé Sua intenção e chamou sua atenção para o que iria acontecer, que o dilúvio era um ato originado por Ele.
A Provisão Divina (vs 18-22)
Em contraste com o anúncio do Dilúvio, temos a declaração da aliança Divina. Vemos a palavra usada em conjunto com o termo aliança – “Estabelecerei”- Noé já estava debaixo da graça de Deus (vs 8), mas considerando a necessidade especial de proteção Divina, Deus agora declara que estabelecerá com ele Sua aliança. Essa é a primeira ocasião na qual a palavra “aliança”- uma das mais impressionantes das Santas Escrituras é usada como um indicativo das relações entre Deus e o homem. Devemos lembrar que ela incluiu também o cuidado de Deus com os animais. Um fato importante é que Noé respondeu corretamente à tudo que Deus estabeleceu (vs 22), e fez tudo de acordo com o que Deus lhe ordenou.
“Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara” (Gn 6:22).
“E tudo fez Noé, segundo o SENHOR lhe ordenara” (Gn 7:5).
Vamos observar alguns elementos essenciais na vida de um verdadeiro crente, ilustrados na vida de Noé:
- Sua Posição (vs 8) – “Achou graça diante de Deus”. Essa foi a fundação de sua vida, assim como é o fundamento de nossa vida nos dias de hoje. “Pela graça sois salvos”. Tudo é um fruto de um favor imerecido – Noé foi salvo somente pela graça.
- Sua atitude (vs 9) – “Era justo”. A partir da graça, temos justiça, independente da dispensação, seja no Novo Testamento ou no Antigo Testamento, isso continua sendo importante.
- Seu caráter (vs 9) – “Era íntegro”. A palavra original quer dizer justo, genuíno, e não tem referência com a ausência de pecado. Integridade é o resultado de ser justo diante de Deus pela graça. Nosso caráter pessoal deve ser necessariamente prova de nossa posição verdadeira aos olhos de Deus.
- Seu testemunho (vs 9) – “Em sua geração”. Vemos a vida de Noé comparada a dos seus contemporâneos. Ele viveu uma vida de testemunho entre seus semelhantes. Como disse o Apóstolo Pedro, ele foi o “pregador da justiça” (2Pe 2:5). Sua vida, assim como as suas palavras, davam testemunho de Deus e “condenavam o mundo” dos seus dias (Hb 11:7).
- Sua Comunhão (vs 9) – “Noé andou com Deus”. Ele é um dos dois homens a respeito de quem isso é registrado (Gn 5:22). A ideia é de amizade e comunhão com Deus, e é digno de nota que tal posição foi possível em um panorama muito difícil, pois esse foi um retrato dos dias em que Noé viveu. Isso representou coragem, porque ninguém mais tomava aquele caminho. Quando um homem anda com Deus, necessariamente isso significa que ele não poderá andar com aqueles que seguem na direção oposta.
- Sua Conduta (vs 22). “Assim fez Noé”, indicava sua posição espiritual, atitude, caráter e comunhão que eram expressos e provados por meio de uma obediência prática. Nada pode substituir isso. Todos os privilégios e oportunidades da graça são intencionadas para ser manifestados em obediência diária.
- Sua profundidade e rigor (vs 22). “Consoante tudo a que Deus lhe ordenara”. Esse foi o padrão pelo qual Noé viveu: a Palavra de Deus e tudo que ela declarava. Ele não escolheu algo dentre os mandamentos de Deus, mas fez tudo de acordo com o que Ele disse. Foi a Palavra de Deus que o conduziu a preparar a arca, conforme ele foi “divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam” (Hb 11:7).
Que figura esplêndida de um homem revelando uma solitária bondade! Ele foi o único santo dos seus dias. Isso é possível, portanto: ser bom, mesmo quando for necessário estar só. É possível estar certo com Deus, mesmo em meio à iniquidade. Deus é o mesmo hoje, Ele é o mesmo Deus de Noé, basta estarmos dispostos a cumprir as mesmas condições, andar com Deus e agradá-Lo.
Baseado no capítulo 7 do livro “Genesis – A Devotional Commentary”, de W.H. Griffith Thomas.