A Escolha do Cristão, O Ego ou Cristo

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Ruth Paxson (1889 -1949)

“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais” (1 Coríntios 3:1,2).

Há duas espécies de cristãos, facilmente identificados e claramente distintos um do outro. A pergunta pode ser feita: Como pode haver dois rios de um mesmo manancial que fluem tão completamente separados? [Tg 3:11] Precisamos obter a resposta para essa pergunta se quisermos ser cristãos espirituais e viver consistentemente como tal.

A Coexistência de Duas Naturezas em Todo Crente

Todo cristão está consciente de uma dualidade dentro dele:

–  Uma parte dele quer agradar a CRISTO, enquanto outra quer satisfazer toda a demanda do ego.
–  Uma parte dele anseia pelo descanso da terra prometida, a outra cobiça as cebolas e alhos do Egito.
–  Uma parte dele procura alcançar CRISTO, mas a outra procura alcançar o mundo.

Há uma lei de gravitação que o puxa para o pecado, enquanto que, ao mesmo tempo, uma lei de oposição o puxa para CRISTO.

A explicação Bíblica dessa dualidade consiste em que cada crente tem dentro de si duas naturezas: a pecadora, chamada de natureza adâmica, e a espiritual, que é a natureza de CRISTO. A primeira epístola de João nos dá uma revelação clara dessa verdade:

“Se dissermos que não TEMOS pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1 Jo 1:8).

Se algum cristão, ainda que maduro, disser que não tem pecado algum e que é inteiramente liberto de sua velha natureza, engana a si mesmo. Ele não engana a sua família ou aos seus amigos, muito menos engana a DEUS. Ele só engana a si mesmo. No verso seguinte, DEUS faz provisão para os pecados dos cristãos.

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9).

Os “pecados” e “toda injustiça” mencionados aqui são dos santos.

Se não houver “pecado nenhum”, então o crente “não tem cometido pecado”. Todo rio, ainda que muito pequeno, deve ter uma fonte. O apóstolo João sabia bem que algumas pessoas que almejavam a santidade seriam tentadas a ultrapassar a Sagrada Escritura, por isso usou uma linguagem muito drástica por meio de advertências.

“Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1:10).

Os pecados grosseiros e carnais podem ter-se ido de nós, mas e quanto aos pecados escondidos do espírito, como o juízo áspero, a irritabilidade secreta, a atitude incorreta, o pensamento insolente? E quanto aos pecados de omissão? Temo mais a Tiago 4:17 do que a quase todos os versos da Bíblia! Ele me diz que o pecado não é simplesmente um ato ou uma atitude, mas é uma omissão. É o que eu não faço, sabendo que devo fazer. Quem então não tem pecado?

Em todo crente está aquela velha natureza que não pode fazer nada além de pecar. Inerente a ela está uma incapacidade tripla: ela não pode conhecer, obedecer ou agradar a DEUS. Através do nascimento físico adquirimos esta natureza que ignora a DEUS, que desobedece a DEUS, que desagrada a DEUS e que está empenhada na satisfação e na glorificação de si mesma.

Todo crente tem uma nova natureza que não pode pecar. Inerente a ela está uma capacidade tripla: ela pode e realmente conhece, obedece e agrada a DEUS. Pelo nascimento espiritual possuímos uma natureza que possui o conhecimento de DEUS, a obediência a DEUS, a natureza agradável a DEUS, e que está empenhada na satisfação e na glorificação de CRISTO.

O Conflito Dessas Duas Naturezas em Todo Cristão

Essas duas naturezas coabitam em todo crente por toda a sua vida. João escreveu aos crentes como se eles não esperassem que pecariam por terem esta natureza produzida por DEUS.

“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis” (1 Jo 2:1a).

Contudo Ele fez a completa provisão para o pecado deles, porque tinham essa natureza produzida pelo diabo.

“Mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 Jo2:1b).

DEUS não faz nenhuma tentativa de melhorar essa velha natureza, porque ela não pode ser aperfeiçoada. Ela nem mesmo se sujeita a Ele, pois é irreconciliável. Ele sequer tenta exterminá-la, porque tem uma forma muito mais maravilhosa de conquistá-la.

A coexistência dessas duas naturezas diametralmente opostas em uma pessoa inevitavelmente exige o conflito. Esse é o conflito perene entre Satanás e CRISTO, sendo a vida do cristão como o campo de batalha. O conflito é personalizado em Romanos 7.

CRISTO tinha entrado na vida de Paulo para possui-lo e controlá-lo. Mas outros contestaram o Seu direito. Romanos 7 é o quadro de um cristão despedaçado por esse conflito, confundido e desencorajado de forma indizível.

Esse é um conflito que surpreende muitos cristãos jovens e muitas vezes causa um eclipse total da fé ou uma apostasia gradual para o mundo. O primeiro passo na vida cristã foi dado porque a sua consciência foi despertada para a maldade das suas ações. Seu principal entendimento foi a respeito dos seus pecados. Ele buscou CRISTO como seu Salvador para que pudesse obter o perdão dos pecados. Na compreensão do perdão, ele experimentou grande alegria e começou a testemunhar de CRISTO. Mas logo descobriu que faz as mesmas coisas novamente; os maus hábitos persistem; o pior de tudo é que a alegria em CRISTO diminui, o coração se torna frio e ele fica completamente desanimado.

Mas o seu amor por DEUS não está completamente extinto. Alguma coisa nele clama por DEUS, enquanto que outra coisa disputa cada centímetro do direito e controle de DEUS. Ele se esforça contra o pecado, ora por libertação e faz todo esforço na sua própria força para obter vitória. Ele chega ao ponto onde diz: “Isso vale a pena?” Um dia, na mesma situação de desespero, ele pede por libertação a gritos: “Oh! miserável homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte?”

O que parece a sua queda completa é realmente a hora da sua libertação. Ele teve de chegar ao fim de Romanos 7 antes que pudesse entrar em Romanos 8. Você está vivendo em Romanos 7 hoje? Você deseja conhecer o caminho para sair dele?

A Conquista da Velha Natureza

DEUS nos deu a instrução clara e definida quanto à nossa parte no destronamento do ego.

DEUS condena a carne como sendo completamente pecadora. Ele não vê “nenhuma coisa boa” nela. Assim devemos nós aceitar a estimativa de DEUS a respeito da carne e condená-la também. Isso parece fácil, mas é muito difícil. O padrão de DEUS é muito exato. Ele diz que não há “nenhuma coisa boa” na carde, desde o seu centro até a sua periferia. Ele condena os seus desejos íntimos (Ef 2:3) e os seus feitos externos (Cl 3:9). O primeiro passo que Paulo tomou para a vida no plano mais alto foi condenar a carne e “não ter nenhuma confiança” nela (Fp 3:3-4).

Mas realmente nós ainda temos confiança na carne. Nós a dividimos em duas partes: a parte boa e a má. Há certas coisas na carne que condenamos como sendo pecados, outras que admitimos serem fraquezas; mas há outra porção de bom tamanho da carne que avaliamos ser muito elevada e de confiança, sem reservas. 

Vamos então colocar a carne em teste. Tome a coisa mais divina na vida das pessoas que é o amor, e coloque o mais puro exemplar dele em sua vida, lado a lado com 1 Coríntios 13, que é o amor de DEUS. Será que ele é sempre longânimo, sem nenhum traço de impaciência ou irritabilidade? Ele é sempre gentil, sem rudeza ou aspereza? Ele nunca busca o seu próprio interesse ou é ciumento? Ele não pensa em nenhuma maldade, sempre sem suspeita? A sua carne nunca se quebrantou mediante este teste divino?

DEUS nos pede para condenar até “a roupa contaminada pela carne” [Jd 23] como sendo suja e indigna de confiança.

Devemos consentir na crucificação do velho homem. DEUS já crucificou o velho homem, mas devemos dar o nosso consentimento amável à transação e considerá-la como um fato consumado. Este foi o segundo passo que Paulo tomou para a vida no plano mais alto. Ele disse, “estou crucificado com Cristo” (Gl 2:20).

Você consentiu na sua crucificação com CRISTO? Não pode haver nenhuma reserva, nenhuma retenção de parte do preço. O “Eu” inteiro deve ser considerado crucificado. DEUS pede a você para colocar a sua assinatura nesta afirmação: “Estou crucificado com Cristo“. Se você nunca fez isso, você o fará agora?

Devemos cooperar com o ESPÍRITO SANTO em manter o velho homem crucificado. O que CRISTO tornou possível, o ESPÍRITO SANTO torna verdadeiro dentro de nós, mas só com a nossa cooperação inteligente.

DEUS afirma muito claramente que a nossa parte é:

(1) Nos considerarmos mortos para o pecado.

“Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Rm 6:11).

Através da crucificação do velho homem, o crente é libertado do poder do pecado e livrado do domínio de pecado. Toda reivindicação do pecado foi anulada e ele está morto para o pecado. A graça fez disso um fato consumado; a fé o faz um fato experimental. Pela graça, o velho homem foi colocado na cruz e sepultado no túmulo; pela fé ele será mantido lá. Quando o cristão se considera “morto para o pecado”, o ESPÍRITO SANTO o torna real; quando ele continua assim considerando, o ESPÍRITO SANTO continua a torná-lo real.

(2) Não fazer provisão para a carne.

“Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências” (Rm 13:14).

Contudo, diariamente e de hora em hora fazemos provisão para a renovação da vida da carne, alimentando-a com as coisas que a engordam. Provemos a carne através das coisas que lemos, através dos prazeres com os quais nos satisfazemos, através das companhias que mantemos, através das atividades que exercemos.

Você passa horas lendo coisas infrutíferas e logo se admira por não ter nenhum gosto para a Bíblia? O ESPÍRITO SANTO vive de comida espiritual. Você está exaurindo a sua natureza espiritual, O alimentando com palhas? Você está tentando alimentar o ESPÍRITO SANTO com o alimento da carne? Será que os seus amigos mais próximos estão te enfraquecendo espiritualmente? É o seu objetivo na vida ganhar dinheiro, e todo o seu tempo, capacidade e força é dirigido para alcançar esse alvo? Então, não se admire de que o seu espírito esteja fraco.

“Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas quem semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6:8).

A lei de DEUS para semear e colher no reino espiritual é tão inexorável quanto o é no reino material.

Se semearmos na carne, colheremos aquilo que é da carne. O que você está semeando, na carne ou no Espírito?

“Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito” (Rm 8:5).

“Inclinam-se” é uma palavra forte. Sobre que coisas a sua inclinação está fixamente estabelecida e com que coisas está habitualmente ocupada? Você se ”inclina” para as roupas ou para uma conta bancária? Somos responsáveis pela direção que os nossos pensamentos tomam. Para que coisas você se “inclina”?

“Para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:4).

O mundo julga um cristão primeiramente pelo seu caminhar. Mas o que o mundo pensa do cristão que anda com ele seis dias da semana, e se separa dele só o tempo suficiente para ir à igreja no domingo?

Possivelmente você deu o primeiro passo na vida cristã aceitando CRISTO como seu Salvador. Você enfrentou a escolha entre seu pecado e o Filho de DEUS, escolhendo CRISTO como seu Salvador. Mas desde então, a sua vida foi uma jornada ao longo do deserto cheia de derrota e desânimo. Você está cansado de tudo isso e o seu coração pede, clama por paz, descanso e vitória? Você está pronto então para o segundo passo? DEUS coloca diante de você outra escolha – o ego ou CRISTO? CRISTO é o seu Salvador. Você O deixará ser seu Senhor?

Capítulo 4 do livro “Rios de Águas Vivas” de Ruth Paxson (esgotado).

Gostou? Leia o próximo post da mesma autora, que continua no mesmo assunto…Cristo, Nossa Vida

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