Betânia – Parando para Ouvir o Senhor

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O artigo “Betânia – Parando para ouvir o Senhor” é uma meditação baseada no texto de Lucas 10:29-41, que nos mostra Maria assentada aos pés do Senhor, ouvindo os Seus ensinamentos, enquanto Marta, por outro lado, estava ansiosa e se afadigava para receber bem o Mestre, querendo oferecer-Lhe e a Seus convidados o melhor.

O texto que se segue foi retirado do livreto “Betânias Verdadeiras“, de T.Austin-Sparks.

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T. Austin-Sparks (1888-1971)

“Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10:39-42).

Podemos dizer que o texto diz literalmente: “Que tomou seu assento aos pés de Jesus e continuava ouvindo a Sua palavra”. Foi isto que irritou Marta: Maria continuava ouvindo. O que Marta realmente disse ao Senhor está no mesmo tempo verbal. Quando veio ao Senhor, ela disse: “Não Te importa que minha irmã continue deixando-me servir sozinha?”. “Continue deixando-me…”, porque “continuava ouvindo”.

Que significa essa cena? Significa que Maria concedeu ao Senhor aquilo que Ele mais desejava. A satisfação do coração do Senhor. A satisfação do coração do Senhor aconteceu pelo que Maria fez. É aí que entendemos o significado de Betânia. Em Mateus 21, encontramos a história da figueira. Jesus estava se movendo entre Jerusalém e Betânia. Ele esteve em Jerusalém e viu as coisas no templo, e Seu coração foi machucado, transpassado pela agonia do desapontamento. Olhou tudo à Sua volta; porém nada disse e voltou para Betânia. Pela manhã, estando a caminho de Jerusalém novamente, Ele teve fome. Avistando uma figueira, dela se aproximou para ver se porventura havia nela fruto, porém, nada encontrou. Então disse: “Nunca mais nasça fruto de ti”. Ao retornarem os discípulos notaram que a figueira havia secado e estava morta, e chamaram a atenção para esse fato (ler também Mc 11:11-14; 20,21).

Aquela figueira, como sabemos, se refere à Jerusalém e representava o judaísmo daquele tempo. O desapontamento de coração que o Senhor teve no templo foi o mesmo que sentiu ao vir faminto à figueira e não encontrar nela fruto – os dois fatos são um. Toda aquela ordem de coisas que constituem o judaísmo, então, sai de Sua esfera de interesse: o judaísmo se desvanesce pelo resto da era: “Nunca mais nasça fruto de ti”.

Se algo não O pode satisfazer, então, se desvanece; é uma árvore seca que nada dá ao Senhor. Mas no momento em que aquele desapontamento de coração se faz sentir tão agudamente, Ele vai para Betânia, cujo significado é “a casa de figos”. Nem no templo, nem em Jerusalém o Senhor encontrou satisfação de coração como em Betânia. Ele sabia que mesmo que Suas palavras fossem rejeitadas em Jerusalém, seriam ali aceitas e ouvidas com avidez. Ali haveria sempre alguém que continuaria ouvindo.

Maria se entregou totalmente, entregando a si mesma, e é isso que o Senhor busca. Me pergunto qual seria o resultado se tivéssemos a mesma atitude em relação a cada palavra de verdade divina que chega à nós. Isso é o que o Senhor deseja. Isso é o que satisfaz o Seu coração. Maria tomou seu assento aos Seu pés e continuava ouvindo Sua Palavra, e isso Lhe satisfez o coração, enquanto tudo o mais O desapontava. O foco e desejo na satisfação do coração do Senhor tem de ser a característica da vida do Seu povo. A satisfação do Seu coração, para Ele, é precisamente isto: que devoremos Sua palavra, e que a estimemos corretamente, que a consideremos como aquilo que é supremo. A assembléia tem de ser a ‘casa de figos’ para o Senhor.

[Que possamos proporcionar ao Senhor essa satisfação em nosso viver. Que, pela graça transmitida pelo Seu Espírito, possamos assentar aos Seus pés, ouvindo-O continuamente. Ele está vivo e anseia por isso em nós. Que Ele encontre em nós lugar para falar, e que Ele saiba que Suas palavras são apreciadas, amadas e obedecidas, e que Sua presença é altamente estimada!] (parágrafo acrescentado por participantedecristo.com).


T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério. Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência. Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church. 

“Nenhum homem é infalível e ninguém ainda ”obteve a perfeição”. Muitos homens piedosos precisaram se ajustar, seguindo um senso de necessidade, após Deus lhes haver concedido mais luz.” (De uma Carta do Editor publicada pela primeira vez na revista “A Witness and A Testimony“, julho-agosto de 1946).

Leia aqui outros textos do mesmo autor.

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