Major W. Ian Thomas
“Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6:38).
O Senhor Jesus não viveu vitoriosamente somente por não ter cometido pecado, no sentido negativo; por não ter proferido mentiras; por não ter sido desonesto; por jamais ter cometido adultério; por nunca ter tido inveja – não foi essa natureza real de sua vitória. Se tivesse sido essa a natureza de Sua vitória e esse o critério de Sua justiça e retidão, então poderia ter ficado no céu, porque lá Ele teria sido tudo isso! A natureza de Sua vitória foi que, na qualidade de Homem, Cristo cumpriu positivamente aquele propósito pelo qual encarnou; e assim, pondo de parte o que Ele não fez de errado, Cristo cumpriu positivamente tudo o que era reto. E o fato de ter-se posto à disposição do Pai, de modo absoluto, durante trinta e três anos, permitiu ao Pai, em Sua deidade, fazer no Filho e por intermédio dEle, em Sua humanidade, tudo quanto fora acertado entre o Pai e o Filho, antes que houvesse mundo.
Foi movido pelo senso de vocação que Cristo declarou: “…Porque o que a mim se refere está sendo cumprido” (Lc 22:37), e na linguagem da vitória exclama: “Está consumado!” (Jo 19:30).
Quero que você observe como Jesus Cristo se pôs à disposição do Pai. Lemos em Hebreus 10:5-7, no Amplified New Testament (traduzido para o português): “Portanto, quando Ele (Cristo) entrou no mundo, disse: Sacrifícios e ofertas Tu não desejaste, mas antes, preparaste para Mim um corpo (para ser oferecido); em ofertas queimadas e holocaustos pelo pecado não Te deleitaste. E então Eu disse: Eis que vim para fazer a Tua vontade, ó Deus: (para cumprir) o que está escrito sobre Mim no volume do livro”. Do mesmo modo que todo o propósito remidor fôra predito aos pais pelos profetas, tendo sido tudo registrado sob inspiração do Espírito Santo “no volume do Livro” – a Palavra escrita das Escrituras do Antigo Testamento – assim também agora, o Senhor Jesus, na qualidade da Palavra Viva, como diz ao Pai: “O corpo que Me preparaste, agora o apresento a Ti, a fim de que tudo quanto foi escrito a Meu respeito, no volume do Livro, seja agora completamente cumprido em Minha pessoa”.
Para completarmos o quadro, o Senhor Jesus resumiu isso na passagem de João 14:10: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai que permanece em mim faz as Suas obras”. É como se Ele tivesse dito: “Apresentei o Meu corpo ao Pai, que habita em Mim, a fim de que Ele possa realizar as Suas obras em Meu corpo; e Meu Pai faz as Suas obras através do Seu Espírito, pelo qual Ele habita em Mim, e através do qual Me ofereci sem mácula, inculpável, ao Pai”. Assim, pois, entendemos que todas as atividades do Senhor Jesus, na terra, na qualidade de Homem, eram atividades do Pai por meio do Filho, através do Espírito eterno, mediante o qual o Seu corpo fora apresentado ao Pai.
Da parte do Pai – por intermédio do Pai – em direção ao Pai! Assim foi a vida de Jesus Cristo sobre a terra, de Belém ao monte das Oliveiras. Na qualidade de HOMEM, o ofício do Filho era ser – como Deus, era ofício do Pai, fazer! Quanto à Sua vinculação com o Pai, o Filho poderia ter dito: “Eu sou – Ele faz! O que Eu faço, é meu Pai que o faz! O que Eu sou, é meu Pai que é!”.
“Disse-lhes Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai, como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14:9).
Ora, que dizem as Escrituras com respeito à nossa vinculação ao Senhor Jesus? A Bíblia declara, por vezes sem conta, através dos próprios lábios do Senhor Jesus, que a nossa relação para com Ele, agora, deve ser idêntica à relação que, então, Ele mantinha com o Pai; e assim como o Pai O enviou, assim Ele nos envia agora. “Tal como o Pai vivo Me enviou, e eu vivo pelo (através de, por causa de) Pai, assim também, todo aquele que continua a alimentar-se de Mim – que se nutre de Mim e por Mim é alimentado – (por sua vez) viverá através e por causa de Mim” (Jo 6:57 – Amplified New Testament, aqui traduzido para português). Assim, o que quer que descubramos com respeito à base da vida de Cristo, em Sua relação para com o Pai, inevitavelmente deve ser a base de nossa vida, em relação a Ele. Isso não deveria nos surpreender, pelo contrário, deveríamos ficar chocados se assim não fosse!
Extraído do livro “Salvos pela Vida de Cristo”, Cap 12 – Major W.Ian Thomas