G. H. Lang (1874 – 1958)
“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem” (Salmo 32:8,9).
Enquanto a perversidade impede a direção, a mansidão a assegura. No Salmo 32:8,9 temos a advertência de Deus para o perverso. Mas veja a promessa ao manso:
“Guiará os mansos em justiça e aos mansos ensinará o seu caminho” (Salmo 25:9 – ARC)
Em relação a este verso, Dr. Arthur T. Pierson escreveu o seguinte no livro George Muller de Bristol, pp. 185-187:
Ao cuidadosamente pesar uma questão, muitos discípulos falham e tendem a ficar impacientes com a demora em tomar decisões. O impulso muito frequentemente agita, e planos da própria vontade seduzem, conduzindo-os a erros falsos e até desastrosos. A vida é muito preciosa para arriscar-se a tal falha. Nos foi dada uma promessa de grande significado:
“Guiará os mansos em justiça e aos mansos ensinará o seu caminho” (Salmo 25:9 – ARC)
Há uma dupla ênfase sobre a mansidão como uma condição para ser guiado e aprender. A Mansidão é uma verdadeira preferencia pela vontade de Deus. Onde este santo hábito mental existe, mesmo não havendo qualquer sinal exterior, haverá um reconhecimento interior e escolha pela vontade de Deus. Deus guia, não por sinais visíveis, mas por influência no discernimento. Esperar diante do Senhor, pesando honestamente em medidas cada consideração contra ou a favor de um curso proposto, aliados a uma prontidão para ver para qual caminho o predomínio direciona, é um estado de espírito e de coração no qual alguém é capacitado para receber direção. Então Deus toca as escalas e faz com que a balança penda para Sua vontade. Mas nossas mãos devem estar fora da balança, caso contrário não podemos esperar uma interposição Dele em nosso favor. Para retornar à figura sobre a qual o capítulo se inicia, a alma mansa simples e humildemente espera, e observa o mover do Pilar.
Um sinal seguro deste espírito de mansidão é o completo descanso quando são encarados os aparentes obstáculos para qualquer plano proposto ou curso. Enquanto estamos esperando e desejando apenas conhecer e fazer a vontade de Deus, obstáculos não trarão ansiedade, mas um tipo de prazer, como que possibilitando nova oportunidade para interposição divina. Se é o Pilar de Deus que estamos seguindo, o Mar Vermelho não vai nos assustar, por que vai prover uma nova cena para a demonstração do poder dAquele que pode fazer as águas se empilharem em montões, e se tornarem paredes ao nosso redor, à medida que vamos através do mar em terra seca.
O Sr. Muller aprendeu essa rara lição, e no seu caso ele disse: “Eu tive uma satisfação secreta nas grandes dificuldades do caminho.Longe de ser abatido por elas, elas traziam deleite para a minha alma; porque eu só desejava fazer a vontade de Deus naqueles assuntos.”
Aqui é revelado outro segredo da vida santa. Para aquele que sempre coloca o Senhor diante de si, e para quem a vontade de Deus é seu deleite, existe o hábito da alma de antecipadamente liquidar as mil dificuldades e desconcertantes questões diante de si.
O caso em questão é uma ilustração da bênção encontrada por essa mansa preferência pelo prazer do Senhor. Se é da vontade de Deus que uma viagem Continental seja feita neste tempo, dificuldades não devem desanimar; porque as dificuldades não podem ser de Deus, e, se não são de Deus, elas não devem tirar-nos do descanso, porque, em resposta à oração, elas serão removidas. Se, por outro lado, esta visita proposta ao Continente não é plano de Deus, mas apenas o fruto da vontade própria; se alguma motivação sutil secreta e egoísta estiver nos dirigindo, então nesse caso os obstáculos podem ser interferências de Deus, designados para ser Seus passos. No último caso, Mr. Muller julgou corretamente que dificuldades no caminho certamente o iriam irritar e aborrecer; e que ele não gostaria de olhar para elas, ou buscaria removê-las por seus próprios esforços. Ao invés de dar a ele uma satisfação interior de dar a Deus uma oportunidade de intervir a seu favor, essas circunstâncias iriam trazer irritação e aborrecimento, como que impedindo a vontade própria de levar em frente seus planos.
Essa discriminação deve estar estabelecida em qualquer mente espiritual, para que haja discernimento. Cada filho de Deus deve calibrar cuidadosamente a medida de sua entrega à vontade de Deus, em qualquer assunto, pela medida da impaciência que sente nos obstáculos do caminho. Por isso, na proporção que a vontade própria o agita, qualquer coisa que aparentemente se opõe ou impede seus planos vai o incomodar e irritar, ao invés da calma entrega de todos esses impedimentos ao Senhor, para que Ele lide com eles como desejar, de acordo com Seus caminhos e Seu tempo. A vontade forte do discípulo vai se posicionar para remover esse empecilhos pelo seus próprio esquemas e esforços, com impaciência e na energia da carne, não tolerando nenhum atraso.
Sempre que Satanás age como impedimento (1 Ts 2:18), os obstáculos que ele coloca no nosso caminho não devem nos desanimar; pois Deus permite que as coisas se atrasem e nos detenham por um tempo, apenas parar testar nossa paciência e fé, e o impedimento satânico será tratado pelo Ajudador divino que vai varrer todos os obstáculos, como o sopro da Sua boca.
Um estudo atento da vida de George Muller nos traz a impressionante lição que, através de mais de setenta anos de caminhada como Cristão e como ativo servo de Deus, ele parece nunca ter perdido ou ter tido de rever seus caminhos. Isso deveria ser a experiência Cristã normal. A vereda do justo (o homem que estuda para fazer sempre e apenas o que é reto diante de Deus) é comparada a uma luz brilhando, subindo firmemente do nascer do sol até o meio dia (Pv 4:18). O sol nunca hesitou, perdeu seu caminho, ou teve que perder tempo para retomar seu verdadeiro curso. Mas essa vida só pode ser vivida pela incessante direção e energia divinas, assim como é Deus que sustenta o sol em seu caminho.
Traduzido do livro “Divine Guidance” (Direção Divina) de G.H.Lang.