À Procura de Sinais

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Martyn Lloyd-Jones

“Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal nos mostras, para fazeres estas coisas? Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei. Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás? Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus” (Jo 2:18-22).

Vamos considerar o que aconteceu após aquele incidente no qual Jesus expulsou os cambistas e outros comerciantes do templo. Na passagem acima, vemos o primeiro confronto real entre o nosso Senhor e os líderes religiosos da nação judaica. Até então, eles se limitaram a observar passivamente, mas nesse momento decidiram começar a questionar Jesus. Nos Evangelhos, muito espaço foi dedicado a relatar as argumentações e discussões que foram travadas entre nosso Senhor e os líderes religiosos, como os fariseus, escribas e outros. Portanto, sob todos os prismas, este é um dos mais importantes incidentes ao qual devemos considerar juntos, e gostaria de mostrar-lhe que esta é uma das mensagens mais prementes a ser dada à Igreja de Deus de nossos dias.

Primeiramente, vamos deixar bem claro o cenário. Aqui, vemos o relato da reação dos líderes judeus com respeito ao que Jesus fez no templo. Sem dúvida alguma, entre os que O questionaram estavam algumas das pessoas que Ele expulsou. Elas observaram a maneira que Jesus, após entrar nas dependências do templo e olhar ao redor, improvisou um chicote com cordas e expulsou os animais e cambistas. Assim, eles se dirigiram a Ele e perguntaram: “Que sinal nos mostras, para fazeres estas cousas?”

Com efeito, estavam dizendo: “Olhe aqui. Você apareceu de repente no templo e, mesmo não sendo um dos líderes religiosos, não hesitou em se revestir de autoridade para fazer o que fez. Você está reclamando ser o Senhor e Mestre do templo. Então, se você reclama ter este poder, deve dar-nos provas de Sua autoridade. Forneça-nos alguma demonstração clara e tangível de que Você possui o direito de agir como agiu.” 

Note que os judeus usaram a palavra “sinal”: “Que sinal nos mostras”. Os líderes religiosos não queriam um sinal qualquer, mas algo incomum, grandioso e impressionante.

Observe a forma como Jesus trata com a exigência deles. Naquele momento, no início de Seu ministério, vemos Jesus estabelecendo os princípios com os quais ele sempre age. Ele não dá uma resposta direta aos líderes. Antes, responde: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei”. É claro que os judeus não compreenderam essa abordagem indireta. Havia um significado escondido que eles não entenderam. Os dois pontos, portanto, que gostaria de salientar são estes: a resposta de nosso Senhor é indireta e é uma profecia de Sua própria ressurreição, como João deixa bem claro: “Ele, porém, se referia ao santuário do Seu corpo.”

Estes, então, foram os fatos. Mas, por que aconteceram e o que significam para nós? A primeira coisa é que há um significado muito especial para a nação judaica, seus líderes e mestres religiosos. Nosso Senhor está revelando algo sobre eles mesmos. Está colocando em palavras o que já demonstrou na prática. Jesus está mostrando aos judeus a posição em que chegaram em seu relacionamento com Deus e está, portanto, condenando-os. Porém, estou mais interessado em que enxerguemos o sentido disso para nós hoje. 

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil” (2 Tm 3:16).

Ainda, Paulo escreve a respeito dos filhos de Israel no exílio: “Estas cousas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos tem chegado” (1 Co 10:11).

Portanto, o diálogo que Jesus manteve com os judeus possui um significado local imediato, mas também expressa algo maior e mais abrangente. Nessa passagem, nosso Senhor está nos fornecendo um ensinamento sobre toda a questão de sinais. Os judeus O levaram a fazer isso, claro, ao exigir um prodígio, e Jesus lida com essa questão.

Mas, por que isso é significativo para nós? Bem, pelo fato de sermos informados sobre a razão pela qual muitas pessoas não são, verdadeiramente, abençoadas pelo Senhor – e lembre-se de que estamos tratando aqui com pessoas religiosas. Essas pessoas vêem a Jesus, exatamente, da mesma maneira que todas a outras, recebem os mesmos convites e ofertas gratuitas do Evangelho, mas nunca o recebem. Aqui estamos dando uma das razões.

Quero lembrar-lhe, uma vez mais, que estamos nos concentrando no grande tema do Evangelho de João, assim resumido pelo Senhor: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Por que razão algumas pessoas jamais chegam a ter um conhecimento dessa plenitude da vida? 

Bem, esse é um assunto delicado e envolve um problema. No entanto, ele é vital, porque muitas pessoas têm-se perdido em tudo o que envolve sinais e o desejo por eles. 

Continua no próximo post…

Extraído do livro “O Segredo da Bênção Espiritual” de Martyn Lloyd-Jones – Capítulo Oito

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