G.H.Lang
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. Bem- aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo.” (Ap 1:1-3)
O Título de um livro deve revelar seu caráter geral. Conforme descrito acima, vemos nos versículos 1 a 3 de Apocalipse, capítulo 1, do que esse livro trata.
Esse livro é uma revelação. A frase de abertura diz “A revelação de Jesus Cristo… aos seus servos as coisas que em sua totalidade devem acontecer rapidamente” (Pember, Grandes Profecias relacionadas à Igreja). Não é um obscurecimento, mas uma revelação. Esse livro revela, não esconde. Seus símbolos não são usados para ocultar o significado, mas para iluminá-lo. Símbolos formam parte do seu método de instrução, e têm o objetivo de ensinar, não confundir. Entretanto, o aluno deve ter essas faculdades: saber ouvir (1:10), ver (2:11), concentração, reflexão, submissão (1:3).
Conforme a declaração de introdução do livro, os eventos não iriam acontecer tão logo João teve as visões, mas, quando eles ocorressem, tudo seria cumprido em um curto período de tempo.
A ideia é exatamente a mesma da afirmação de Cristo – quando falando do mesmo tema – que a geração dos homens de que Ele estava falando (e não da geração para quem Ele estava falando) que visse esses eventos iniciarem, “não passará… sem que tudo isto aconteça” (Mt 24:34) . Todos esses eventos devem ocorrer dentro da vida de uma geração. Isso acontecerá por amor dos Seus escolhidos: “por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados”, e também porque de outra forma essa raça de homens dirigidos por demônios iria exterminar a si mesma e “nenhuma carne seria salva” (Mt 24:22).
As últimas palavras do Senhor dos céus (22:12, 20): “venho sem demora”, não significa “logo”, mas “repentinamente”. Deve ocorrer um longo período de intervalo (Cristo mencionou isso repetidamente – Lc 19:11,12; Mt 25:14,19, e a história nos mostra que isso realmente aconteceu), mas quando a Sua jornada de retorno começar, será rápida.
Uma vez que o livro é uma revelação, foi escrito com a intenção de ser compreendido, caso contrário como alguém poderia guardar o que estava escrito nele? (1:3). Ele pode ser compreendido pelo ensino do Espírito Santo, apesar de conter “coisas profundas de Deus”, porque o Espírito entende essas coisas e é com os humildes para fazê-los as conhecer (1 Co 2:10-12).
Devemos apenas nos lembrar de que o livro de Revelação (Apocalipse), apesar de ser completo em si, é ainda assim um complemento de todo o Livro de Deus. Portanto, o significado das alusões, cenas, símbolos deve ser buscada primeiramente nos livros precedentes das escrituras. Essa posição presume que o leitor está bem familiarizado com todas as revelações divinas anteriores, e então está em condição de apreciar essa revelação final, para onde todas as prévias linhas de predição convergem. Ali elas são sistematizadas, explicadas e completadas.
O método adequado de nos aproximarmos do livro de Apocalipse é pelo primeiro capítulo de Gênesis. Esse método foi usado por muitos aprendizes da palavra. Aquele que pode dominar esses assuntos deve:
(1) Deixar sua mente familiarizada com os prospectos do futuro, descortinados passo a passo através da lei, dos salmos e dos profetas. Primeiramente, deve considerar atentamente o que eles dizem, sem fazer referência ao Novo Testamento. Deve tentar, na medida do possível, tentar ter em mente a mesma coisa que os apóstolos tinham, quando estavam sob a influência de Jesus Cristo.
(2) Com essa base lançada, o aprendiz deve ouvir em seguida, com extremo cuidado, os ensinos do Senhor, buscando Dele, com fé, o alargamento do entendimento que Ele concedeu aos apóstolos. E possível ponderar essas explicações do Velho Testamento, em conjunto com posteriores elucidações realizadas por Cristo, sem ainda assumir que conhece as Epístolas e o Apocalipse.
(3) Com essa instrução, o aprendiz deve se aproximar com esperança das últimas revelações dadas pelo Espírito, com a mente preparada para eles, com algum conhecimento daquilo que as revelações anteriores da bíblia dizem.
Arriscamo-nos a pensar que, um coração imbuído com humildade, fé e diligência, vai então descobrir que as escrituras proféticas são escritas de forma tão simples e inteligível quanto qualquer outra. O homem espiritual vai ver que, mesmo o Apocalipse, é verdadeiramente o que o seu nome diz – um descortinar, uma revelação, cujo significado se vislumbra por degraus, e poucas dúvidas permanecem.
A introdução está nos versículos 4 a 7. Esse livro se inicia com a bem-aventurança às igrejas do Deus triúno, o eterno; o Pai, o Espírito, e Jesus Cristo. Os “sete espíritos” é uma expressão figurativa da plenitude do Espírito divino.
Jesus Cristo é mencionado por último para facilitar a descrição de suas características, que são declaradas em Sua relação (I) com a verdade, “testemunha fiel”; (II) com o mundo dos mortos, do qual Ele foi o primeiro a ressurgir em vida de ressurreição como o “primogênito”, lugar que ele domina e controla (vs.18); (III) com as nações, porque Ele é o seu Senhor por designação do Pai (Sl 2). Portanto, Ele é Profeta, Sacerdote e Rei. Sua relação com Seu povo é declarada de forma especial: Ele os amou e libertou, os constituiu em um reino de sacerdotes para a infinita glória de Seu Pai Deus.
Aqui é delineado todo o livro:
- A natureza e cooperação com o Deus cabeça.
- O trono que governa sobre tudo.
- O trabalho redentor e mediador de Jesus Cristo.
- O derramar de graça e paz fluindo para as igrejas no presente.
- A futura esfera e serviço dos “santos nos lugares celestiais” (Dn 7:22).
- A vinda de Jesus Cristo com as nuvens dos céus (conforme Daniel viu – Dn 7:13), e que Cristo se apropriou para Si mesmo (Mt 24:29-31), quando ele vai atacar com terror todos os Seus inimigos. Esses são os temas que ocupam esse livro e são iluminados pelo Apocalipse, todos direcionados a
- Glória de Deus, que é a finalidade para o qual o universo foi criado e é governado.
Extraído do livro “Revelation of The Jesus Christ” (Revelação de Jesus Cristo) – G.H.Lang