Amor, a melhor coisa no mundo – 3

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“Amor, a melhor coisa no mundo – 3” é a tradução do livreto homônimo de Henry Drummond. 

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Henry Drummond (1851-1897)

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“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor” (1 Coríntios 13:13).

No post anterior, iniciamos uma análise do amor, conforme o apóstolo Paulo resume em 1 Coríntios 13. Vamos continuar analisando as características do amor:

Domínio Próprio

O próximo ingrediente é extraordinário: o domínio próprio. O amor “não se exaspera”. Nada poderia ser mais surpreendente do que isso. Somos inclinados a considerar o gênio difícil como uma fraqueza inofensiva. Falamos dele como uma simples deficiência de nossa natureza, uma debilidade hereditária, uma questão de temperamento, e não como algo a ser levado muito a sério na hora de avaliar o caráter de uma pessoa. Porém essa questão é abordada aqui, bem no cerne dessa análise sobre o amor, e a Bíblia a condena repetidamente como um dos elementos mais destrutivos da natureza humana.

A peculiaridade do gênio difícil é ser a fraqueza dos virtuosos. Frequentemente é a mancha no caráter, que sem ela seria tão nobre. Conhecemos homens e mulheres que seriam considerados perfeitos, não fosse por um ânimo tão fortemente perturbável, tão irritável e melindroso. A estranha compatibilidade do temperamento difícil com um caráter moralmente elevado é um dos mais tristes e estranhos dilemas éticos que existe. 

A verdade é que temos duas grandes classes de pecados – pecados do corpo e pecados do temperamento. O filho Pródigo é um ótimo exemplo da primeira categoria, seu Irmão mais velho, da segunda. A sociedade não tem a menor dúvida em apontar qual é o pior dos dois irmãos. O estigma cai sobre o Pródigo, sem objeções. Mas, estaremos certos? Nós não temos parâmetros para pesar os pecados uns dos outros, e as palavras humanas podem ser mais grosseiras ou mais refinadas, mas falhas de natureza mais elevada são menos perdoáveis que as inferiores. Aos olhos dAquele que é Amor, um pecado direto contra o Amor pode parecer cem vezes mais profundo. Nenhuma outra forma de fraqueza, mundanismo, ganância ou até mesmo bebedice podem causar mais dano à sociedade não cristã do que um gênio ruim. Sua influência traz amargor à vida, divide comunidades, destrói os mais sagrados relacionamentos, devasta lares, enfraquece homens e mulheres, tira o brilho da infância. Essa influência é responsável por tudo isso devido ao SEU MERO E GRATUITO PODER DE PRODUZIR SOFRIMENTO.

Veja o Filho mais Velho – boa moral, trabalhador, paciente, obediente – conceda-lhe os créditos por suas virtudes – observe esse homem, esse bebê, zangado, permanecendo do lado de fora da casa de seu pai. “Ele se indignou e não queria entrar” (Lc 15:28). Perceba o efeito disso sobre o Pai, os servos, a alegria dos convidados. Calcule o efeito que essa atitude causou sobre o Pródigo – quantos pródigos são mantidos fora do Reino de Deus pelo caráter nada amável daqueles que professam estar dentro dele!

Analise, estude esse temperamento, perceba a nuvem escura que se forma nas sobrancelhas do Irmão mais velho. Quais são seus elementos? Inveja, raiva, orgulho, egoísmo, crueldade, justiça-própria, melindre, rabugice, obstinação – ingredientes de uma alma obscura e carente de Amor. Em diferentes proporções, esses são os ingredientes do gênio difícil. Avalie se esses tipos de pecados do temperamento não são mais difíceis de conviver do que os pecados do corpo. 

Será que o próprio Cristo não respondeu a essa pergunta ao dizer: “Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus” (Mt 21:31b).

De fato não há lugar no céu para esse tipo de temperamento. Uma pessoa com esse gênio só pode tornar o Céu em um lugar miserável para todas as pessoas que lá estiverem. Dessa forma, esse homem precisa nascer de novo, caso contrário não poderá entrar no reino dos céus. Entenda porque a disposição do temperamento é importante. Não se trata daquilo que é, mas aquilo que revela. Por isso falo a respeito com tamanha franqueza. Isso é um teste para o amor, um sintoma, uma revelação de uma natureza não amorosa no interior. É uma febre intermitente que evidencia uma doença oculta, uma bolha ocasional que escapa à superfície, evidenciando podridão lá no fundo, o escape involuntário de uma amostra daquilo que está oculto na alma, resumindo, uma demonstração relâmpago de uma centena de pecados escondidos. A falta de paciência, de bondade, de generosidade, cortesia, abnegação, todos são instantaneamente traduzidos em uma faísca dessa disposição difícil.

Por essa razão, não adianta lidar com o gênio difícil. Precisamos ir direto à fonte, mudar a natureza interior, e naturalmente as atitudes raivosas morrerão. A alma não se torna doce quando ingerimos fluidos ácidos, mas quando colocamos nela algo novo – um Amor grandioso, um novo Espírito, o Espírito de Cristo. Cristo, o Espírito de Cristo penetrando no nosso interior traz doçura, purifica, transforma tudo. Somente isso pode erradicar aquilo que está errado, produzir uma mudança química, renovar e regenerar, reabilitando o homem interior. A força de vontade não muda ninguém. CRISTO SIM. Portanto: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2:5). “Nós, porém, temos a mente de Cristo” (1Co 2:16).

Muitos de nós não dispõe de muito tempo a perder. Lembre-se disso mais uma vez, pois é uma questão de vida ou morte. Não posso deixar de transmitir esse senso de urgência, pois isso é importante para todos nós. “E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar” (Mc 9:42). Isso equivale a dizer, de acordo com o veredicto do Senhor Jesus, que é melhor não viver do que não amar. É melhor não viver do que não amar.

Inocência e Sinceridade

Essas duas qualidades podem ser abordadas sem muitas palavras. Inocência é a graça para as pessoas desconfiadas. Possuí-la é um GRANDE SEGREDO DE INFLUÊNCIA PESSOAL. Se parar para pensar, perceberá que as pessoas que mais te influenciaram na vida foram aquelas que acreditaram em você. Em um ambiente de desconfiança as pessoas se retraem, em uma atmosfera sem malícia e com sinceridade as pessoas se expandem, encontram encorajamento e é possível desenvolver uma comunhão edificante. 

É maravilhoso que aqui e ali, neste mundo tão difícil e egoísta, ainda existam algumas raras almas que não suspeitam mal. Esse é o grande não-mundanismo. O amor “não suspeita mal”, não atribui motivações, vê o lado positivo, avalia as coisas da melhor forma possível. Que estado mental mais prazeroso de se viver! Que estímulo e graça divina seria alcançá-lo, ainda que fosse por um dia apenas! Ser confiável é como ser salvo. Se tentarmos influenciar ou promover o próximo, logo veremos que seu sucesso virá na proporção que ele acredita que acreditamos nele. De fato, o respeito pelo outro é o primeiro passo na restauração da auto-estima perdida pelo ser humano, nosso ideal a seu respeito se torna em sua própria esperança e no padrão daquilo que se tornará. 

Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade“. Denominei isso de sinceridade, pelas palavras apresentadas na Bíblia Versão Autorizada Almeida: “regozija-se com a verdade“. Certamente, se considerarmos essa tradução, perceberemos que nada é mais justo pois aquele que ama amará a Verdade na mesma proporção que ama as pessoas. Essa pessoa se regozijará com a Verdade – não naquilo que aprendeu a crer, em uma doutrina desta ou daquela igreja – um ‘ismo’, mas “na verdade”. Só aquilo que é real será aceitável, todo o empenho será empregado na busca pelos fatos, a Verdade será buscada humildemente, sem preconceitos, e cada achado dessa busca será entesourado a qualquer preço. Mas a tradução da versão revisada nos exorta a fazer sacrifícios pela verdade. O que Paulo realmente quis dizer, como está escrito, foi: “Não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a justiça“, uma qualidade que nenhuma palavra em nosso idioma pode definir adequadamente, nem mesmo a palavra sinceridade.

Esse conceito engloba, com maior exatidão, o auto-controle de se recusar a tirar proveito das fraquezas dos outros, a caridade que se deleita em não expor suas faltas, mas “cobre todas as coisas” [1Pe 4:8], uma sinceridade de propósito que se empenha em ver as coisas como elas são, se alegrando em encontrá-las melhores do que inicialmente suspeitava e que as calúnias denunciavam.

Continue sua leitura aqui.


Henry Drummond (1851 – 1897) nasceu em Stirling, Escócia. Segundo seu biógrafo, o prof. George Adam Smith, “ele mudou a atmosfera espiritual de sua geração”. Drummond foi um cientista, um explorador e um grande comunicador da fé cristã nos cinco continentes, especialmente a estudantes. Sua família era cristã e Henry tomou sua decisão por Cristo ainda criança, jamais se desviando de sua fé. Atuou como professor, sempre ministrando o evangelho especialmente aos jovens e desfavorecidos. Fazer a vontade de Deus era sua prioridade. Cooperou em várias campanhas evangelísticas no Reino Unido, e em um momento de descanso dos cooperadores de uma dessas campanhas, D. L. Moody (1837-1899) pediu que ele compartilhasse a mensagem. Essa mensagem sobre 1 Coríntios 13 se tornou depois um livreto, intitulado “The greatest thing in the world”. Moody referia-se a ele como o homem mais parecido com Cristo que já havia visto.

“Henry Drummond foi um dos homens mais amáveis que já conheci… De fato se podia reconhecer, assim como aconteceu com os primeiros apóstolos, “que ele havia estado com Jesus” [At 4:13]… Não conheci outro homem que, em minha opinião, tenha vivido mais próximo ao Mestre, ou que tenha procurado cumprir Sua vontade mais plenamente”. D. L. Moody (18837-1899).

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