Tentações a serviço do povo de Deus é uma coletânea de extratos selecionados dos autores Charles H. Spurgeon e Thomas Spencer do livro “O Homem que Deus Usa”, e parte do capítulo 10 do livro “Vida Cristã Normal”, de Watchman Nee.
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“Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz” (Tiago 1:12-14).
Tentações estão debaixo do governo de Deus
Seja lembrado que, incidentalmente, as tentações de Satanás estão a serviço do povo de Deus.
Fénelon diz que são a lixa que tira muito da ferrugem da auto-confiança, e eu adicionaria que elas são o som horrível nos ouvidos do sentinela que, certamente, o mantém alerta. Um experimentado clérigo nota que não há tentação no mundo que seja tão ruim quando não ser tentado, pois ser tentado fará com que permaneçamos vigilantes. Sem tentação podemos ser achados dormindo, pois ainda que com o espírito esteja pronto, nossa carne e o sangue são fracos (Mt 26:40.41).
As crianças não se afastam dos pais quando cães grandes latem para elas. Os ganidos do diabo tendem a nos levar para mais perto de Cristo, podem ensinar-nos nossa própria fraqueza, podem manter-nos sobre nossa torre de observação e se tornam os meios de preservação de outros danos. “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8); e nós, que estamos numa posição proeminente, vamos nos permitir fazer carinhosamente a vocês um sério pedido: irmão, orem por nós que, expostos de maneira particular à consideração de Satanás, sejamos guardados pelo poder Divino. Vamo nos enriquecer por suas orações fiéis para que sejamos mantidos firmes até o fim. (Charles H. Spurgeon, páginas 54 e 55).
Como Satanás nos engana
“O camaleão, quando está na grama em busca de moscas e gafanhotos, assume sua cor, assim como o pólipo adota a cor da rocha debaixo da qual se esconde, de modo que o peixe ousadamente se aproxime dele sem qualquer suspeita de perigo. Da mesma maneira, Satanás se apresenta na forma que menos tememos, colocando diante de nós objetos de tentação que são mais agradáveis à nossa natureza, e assim, nos aproxima de sua rede. Ele nos conduz na direção daquele caminho para o qual nos inclinamos, na direção da fraqueza da natureza humana.
“Nosso conhecimento nos assuntos da fé é deficiente? Ele, então, nos tenta ao erro. Nossa consciência é frágil? Ele nos tenta ao perfeccionismo e à extrema precisão. Nossa consciência é muito larga, como uma linha elíptica? Ele nos tenta à liberdade carnal. Somos pessoas de espírito ousado? Ele nos atrai à presunção. Somos medrosos e temerosos? Ele nos direciona ao desespero. Temos uma disposição flexível? Ele nos tenta na inconstância. Somos rígidos? Ele atua para tornar-nos heréticos, cismáticos e rebeldes obstinados. Temos temperamento austero? Ele nos tenta à crueldade. Somos ternos e brandos? Ele nos tenta à indulgência. Somos quentes em questões de religião? Ele nos tenta à superstição cega. Somos frios? Ele nos atrai à mornidão Laodicense. Assim, ele coloca diante de nós suas armadilhas para de alguma maneira nos enlaçar”. (Thomas Spencer, páginas 58 e 59).
O Alvo do Inimigo
“O Alvo da tentação é sempre nos levar a fazer alguma coisa. Durante os primeiros três meses da guerra japonesa na China, perdemos grande número de tanques, e ficamos impossibilitados de enfrentar os tanques japoneses, até que se divisou o seguinte plano: um único tiro seria disparado contra um tanque japonês por um dos nossos atiradores especiais emboscado. Após determinado tempo, seguir-se-ia um segundo tiro, depois, após novo silêncio, outro. Isso aconteceria até que o condutor, ansioso por localizar a origem da perturbação, colocaria sua cabeça para fora do tanque, olhando ao derredor. O tiro seguinte, cuidadosamente apontado, acabaria com ele.
Enquanto o homem permanecia protegido dentro do tanque estava em perfeita segurança. Todo o plano foi forjado com o fim de trazê-lo a descoberto. Do mesmo modo, as tentações de Satanás não se destinam, primariamente, a fazer-nos cometer algo especialmente pecaminoso, mas intencionam levar-nos a agir com nossa própria energia. Logo que ensaiamos um passo para fora do nosso refúgio, fazendo qualquer coisa partindo de nós mesmos, o inimigo alcança vitória sobre nós. Se não nos mexermos, se não sairmos da cobertura de Cristo para o ambiente da carne, ele não poderá nos atingir.
O caminho Divino da vitória não nos permite fazer seja o que for SEM CRISTO” (Watchman Nee).