Introdução ao livro de Rute

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Introdução ao livro de Rute é um artigo baseado em meditações nos versículos iniciais do livro de Rute. Tomamos por referência os livros: “Estudos sobre o livro de Rute” de H. L. Heijkoop e “União com Cristo: Um vislumbre do livro de Rute” de Christian Chen.

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“Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra…” (Rute 1:1).

“Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos. Este homem se chamava Elimeleque, e sua mulher, Noemi; os filhos se chamavam Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; vieram à terra de Moabe e ficaram ali. Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos, os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. Morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois filhos e de seu marido. Então, se dispôs ela com as suas noras e voltou da terra de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o SENHOR se lembrara do seu povo, dando-lhe pão” (Rute 1:1-6).

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A posição do livro de Rute na Palavra de Deus é estratégica, pois ele é o oitavo livro desde Gênesis. O número 8 é cheio de significado, indicando um novo começo. O número 6 remete à algo incompleto, pois foi o dia da criação do homem, quando ainda faltava o sétimo dia. O sete nos indica plenitude, pois no sétimo dia tudo estava completo. Então, nesse sequência, o número 8 aponta para um novo começo.

Além disso, esse livro está posicionado entre Juízes e Samuel, que é cheio de instrução para nós.

“No livro de Juízes observamos o declínio do povo de  Israel e o seu completo fracasso em preservar o testemunho nacional do único verdadeiro Deus em meio à escuridão da idolatria e do paganismo em Canaã e nos países circunvizinhos. 

Como resultado, Deus teve de discipliná-los e permitiu que seus inimigos os oprimissem (Jz 2:6-23). Em Sua graça, Ele sempre levantou juízes que os libertaram e lhes deram alívio de sua opressão. Contudo, nenhum dos juízes lhes permitiu desfrutar legitimamente da herança que Deus lhes havia dado. A restauração era somente parcial: e, embora em certas ações e circunstâncias cada juiz possa ter sido um tipo do Senhor Jesus, cada um deles manifestou muitas imperfeições. O livro de Rute se liga ao livro de Juízes por sua frase de abertura: “Nos dias em que julgavam os  juízes…” (v. 1). No entanto, encontramos no livro de Rute uma pessoa  que pode ser o perfeito redentor. Boaz quer dizer “nele está a força“, ele é “senhor de muitos bens” (capítulo 2:1). Ele é o redentor — o parente chegado — e é perfeitamente capaz de resgatar e tomar para si alguém como Rute, a moabita, que, por pertencer a um povo inimigo de Deus, não tinha nenhum direito a isso. Boaz redimiu a sua posteridade e suscitou uma semente para desfrutar de toda a porção e herança. E, então, a nossa atenção é dirigida a Davi, que estabelecerá o reino em poder e introduzirá a nação no repouso da plena herança. Isto nos leva aos livros de Samuel”. (HEIJKOOP, HL – Estudos RUTE)

Então perceberemos que esse é UM LIVRO DE TRANSIÇÃO que reserva alguns tesouros para nós:

– Mostra o relacionamento entre Cristo e a Igreja

– Evidencia o caminho para o cumprimento do propósito Eterno de Deus

Um ponto importante é que o nome de RUTE é bastante mencionado na narrativa: 12 vezes nesse pequeno livro. Ela também é retratada de maneira distinta nos 4 capítulos, indicando pontos importantes que vão dirigir nosso estudo:

1) Rute, a Moabita
2) Rute, a rebuscadora
3) Rute, a serva
4) Rute, a esposa de Boaz

A pessoa de BOAZ é outro elemento importantíssimo nesse estudo. Ele é o seu “goel”, ou resgatador. Essa palavra aparece 9 vezes nesse livro.

O sentido dos principais nomes abordados no livro também é muito instrutivo:

BOAZ – Nele está a força
BELÉM – Casa de Pão
JUDÁ – Louvor, Ele será Louvado
EFRATA – Lugar de fertilidade
ELIMELEQUE – Deus é meu Rei
NOEMI – Minha amada, minha delícia

Estes nomes por certo nos dão uma idéia maravilhosa daquilo que Deus tem concedido ao Seu povo — tanto a Israel como também à igreja. 

Existe um lugar onde o Senhor tem a Sua despensa, e é possível encontrar abundância de pão (Mq 5:2; Jo 6:32-58). Este lugar é também o lugar de culto, aonde levamos ao Senhor a adoração, louvor e gratidão. 

Que lugar maravilhoso é este! Ali o SenhorJesus ajunta os Seus em torno de Si mesmo (Mt 18:20)! Ali é a Sua casa de pão, onde a nossa alma pode constantemente dEle se alimentar. Ali podemos entregar-Lhe o louvor  e a gratidão do nosso coração, e podemos adorá-Lo. Ali Ele permanece no meio daqueles que O confessam como Senhor (Rm 10:9). 

Um ponto importante é lembrar que o período de Juízes abrangeu nada menos que 400 anos. 

Ao longo desses 400 anos, por 111 anos o povo foi governado por um juiz, indicando que por 300 anos eles viveram em escravidão, cativeiro e espoliação. 

Apostasia, arrependimento, restauração foi o ciclo interminável descrito no livro de Juízes.

Em Juízes, temos um verso recorrente que revela a condição do coração do povo de Israel:

Vs 6,18:1, 19:1, 21:15: “naqueles dias não havia rei em Israel, cada um fazia o que achava mais reto”.

Como o povo não cumpriu sua parte, Deus em Sua bondade e misericórdia os disciplinava, para que eles pudessem ser restaurados, porque Deus jamais vai abençoar-nos em nossa licenciosidade. Então, eles se arrependiam e o Senhor levantava um juiz para libertá-los.

Mas por quê Deus fazia isso? Por que Ele adotou Israel como Seu filho. A partir daí, como um Pai, Ele não poderia entregá-los à própria sorte. 

“Dirás a Faraó: Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva; mas, se recusares deixá-lo ir, eis que eu matarei teu filho, teu primogênito” (Êx 4:22,23).

“Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hb 12:5-7).

Apesar dos percalços, o Senhor não abandonou Israel até hoje, “porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11:29). Veja também Rm 11:25-26.

Claro que a vontade de Deus era ver seu povo vivendo em abundância, crescendo no conhecimento de Deus, mas se eles tomavam o caminho errado, o Senhor, como Pai, os corrigia.

Referências:

Estudos sobre o livro de Rute H. L. Heijkoop (Depósito de Literatura Cristã)
União com Cristo: Um vislumbre do livro de RuteChristian Chen (Edições Tesouro Aberto)

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