“Começos” é um artigo baseado no capítulo 1 do livro “The Study of Scripture”, de Arlen Chitwood, publicado e distribuido gratuitamente pela The Lamp Broadcast.
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Arlen Chitwood
“No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1).
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1).
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Quando nos achegamos às Escrituras – seja ao Antigo ou ao Novo Testamento – devemos compreender que nosso estudo se resume em um único assunto: Jesus, o Cristo, que foi por Deus constituído “herdeiro de todas as coisas” (Lc 24:25-27; Hb 1:2).
Não há nada no Novo Testamento que já não tenha sido visto de alguma maneira no Antigo. O Novo Testamento é simplesmente um revelar, um descortinar do Filho de Deus, que fora previamente apresentado nas Escrituras do Antigo Testamento.
“Jesus” é a Palavra [ou Verbo] que se fez “carne”, fazendo referência, tanto às próprias Escrituras do Antigo Testamento, com ao próprio fato de Deus ter se tornado “carne” na pessoa do Seu Filho. “Jesus” não é apenas Deus manifestado na carne, mas também é a encarnação do Antigo Testamento.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1:1,2,14).
Assim, “estudar as Escrituras” equivale a simplesmente estudar sobre o Filho de Deus. Perceba que o Verbo se fez “carne” depois que todo o Antigo Testamento fora escrito, mas antes do registro do Novo. Com respeito a isso, devemos concluir que não há nada no Novo que não tenha sido visto de alguma maneira no passado, caso contrário, o Filho de Deus – o Verbo encarnado – estaria incompleto no momento de Sua encarnação.
Vemos em João 1:14 o Verbo [ou Palavra] se tornando “carne” em conexão com duas coisas:
- A manifestação da glória de Cristo
- A Sua filiação (Unigênito, Primogênito* – Rm 8:29, Cl 1:15,18, Hb 1:6, Ap 1:5).
*Quando o Senhor nasceu, Ele era o Unigênito. Depois da obra da Cruz, se tornou Primogênito: “…vai ter com meus irmãos… meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” – Jo 20:17).
Tudo isso nos conduz de volta ao início da revelação de Deus a respeito do Seu Filho, nos primeiros versos de Gênesis. Ali, temos a semente daquilo que Deus deseja que o homem saiba a respeito dos Seus planos e propósitos, e que serão realizados por meio do Seu Filho.
A partir desse ponto tudo é majestoso, pois tem relação com o Filho de Deus, o Seu Primogênito, que foi apontado como “herdeiro de todas as coisas”. Tudo passa a se mover na direção do dia quando o Filho de Deus virá em toda a Sua glória receber Sua herança.
O Antigo Testamento se inicia dessa maneira, nos provendo uma história completa no seu livro inicial: Gênesis.
As primeiras palavras de Gênesis – “No princípio…” – curiosamente são as mesmas palavras usadas por João no início do seu evangelho [A Septuaginta, em Gn 1:1, utiliza a expressão “en arche”, que é exatamente a mesma usada em Jo 1:1].
Alguns paralelos entre Gênesis e João
Os dois primeiros capítulos de Gênesis e de João contém alguns princípios importantes em comum:
Gênesis |
João |
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A criação em um ponto inicial |
1:1 |
1:1-3 |
A subsequente ruína dessa criação |
1:2 |
1:4,5 |
A restauração da criação arruinada, por meio de intervenção Divina, ao longo de seis dias |
1:2-25 |
1:6-2:1 [1:29,35,43; 2:1 – 6 dias] |
O homem, criado (ou redimido, em João) no sexto dia, seguindo a obra restauradora de Deus, com o foco em um propósito revelado relacionado ao sétimo dia [tipo, sinal] |
1:26-31 |
2:2-11 |
Deus descansando no sétimo dia, depois de toda a Sua obra |
2:1-3 |
2:2-11 |
Em Gênesis vemos a restauração da criação material, prenunciando a restauração do homem, mesmo antes da sua criação e queda.
Em João vemos a restauração do homem arruinado, conforme prefigurado no registro de Gênesis.
O propósito é o mesmo: colocar um homem restaurado (redimido), em uma terra restaurada (redimida – Rm 8:21), em uma posição de realeza, no sétimo dia.
Gênesis é construído ao redor de inúmeros tipos, enquanto João usou oito sinais.
Os tipos de Gênesis se concentram em Abraão e sua semente: Isaque, Jacó e seus descendentes – a nação de Israel. Todos esses tipos nos fornecem diferentes facetas da obra presente de restauração do Senhor, assim como podemos ver nos sinais de João.
Todas as Escrituras são focadas e relacionadas ao Senhor Jesus Cristo. Tudo se move na direção do dia quando o Primogênito de Deus, o Seu Cristo, tomará posse da Sua herança, com Israel (primogênito de Deus Êx 4:22,23), e com a Igreja (a ser revelada como progênito de Deus na adoção – Rm 8:14-23; Hb 12:22,23). Esse propósito é mencionado nos registros de abertura da Palavra, no capítulo inicial de Gênesis: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio…” (Gn 1:26,28) [Domínio – Heb. radah, “governar”].
“Nela [Nova Jerusalém, a noiva do Cordeiro], estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele. Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap 22:3-5).
Medite mais em Gênesis aqui.