O Convite

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O Convite é um resumo do Capítulo 5 do livro “Search of The Bride”, de Arlen Chitwood. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Aqueles que se sentirem movidos podem ler o arquivo original no link disponibilizado acima.

Leia a mensagem anterior aqui.

Arlen Chitwood

“Chamaram, pois, a Rebeca e lhe perguntaram: Queres ir com este homem? Ela respondeu: Irei.” (Gênesis 24:58)

O convite feito à Rebeca em Gênesis 24:58 (“Queres ir com este homem?”) e sua resposta (“Irei”) formam o âmago da questão mais importante que sempre confrontará qualquer Cristão em todos os tempos ao longo de toda essa dispensação. O convite e sua resposta correspondente se relacionam com a própria razão da salvação do indivíduo. Uma pessoa foi salva para um propósito revelado, que está diretamente relacionado a essa pergunta e resposta.

O Convite e o Ministério do Espírito

O Espírito Santo está no mundo buscando uma noiva para o Filho de Deus. É esse o assunto de Gênesis 24. Esse capítulo não se relaciona com a salvação eterna, mas com um convite muito especial.

O Tipo

No tipo, Abraão enviou seu servo mais antigo para a Mesopotâmia para buscar uma noiva para seu filho. E antes que seu servo partisse para cumprir sua missão, Abraão obrigou-o a jurar que essa busca seria conduzida apenas entre um povo considerado “sua parentela” (vv 3,4,9).

Então o servo tomou “10 camelos”, que é um número que indica plenitude ordinal, porque “levou consigo de todos os bens dele” (vv 10). E esses bens, pertencentes ao pai, iriam um dia pertencer ao filho.

Com respeito a isso, Isaque é visto como sendo dono desses bens (vv 36); mas, em outra ocasião, Abraão não dá esses bens ao seu filho, até que a noiva tenha sido encontrada, o filho tenha se casado, e o pai tenha se casado pela segunda vez (25:5).

Ao servo foi concedido total controle dos bens de seu mestre, e ele deveria levá-los à Mesopotâmia, encontrar a possível noiva, e então mostrar a ela o que poderia ser seu.

A noiva, se tornando noiva de Isaque, herdaria com ele. O que pertencia a Isaque pertenceria a ela. A noiva completaria Isaque, e eles seriam uma só carne, e então herdariam tudo juntos como uma pessoa completa (Gn 2:21-24).

O Antítipo

O Espírito Santo, como antítipo do servo de Abraão em Gênesis 24, está no mundo buscando uma noiva para o Filho de Deus. Ele está conduzindo Sua busca dentre o povo de Deus – os salvos – não entre os não salvos. Ele está buscando a noiva dentre aqueles que são parte do novo homem “em Cristo”, durante o tempo no qual Israel foi colocado à parte (Gn 23:1,2; 25:1-4).

O Espírito, cumprindo exatamente o tipo, tem “todos os bens” do Pai em Sua possessão para mostrar para a possível noiva.

Em um sentido, como demonstrado no tipo, o Filho é visto como sendo já o Dono (no mesmo sentido do Filho, “nascido Rei”, é visto como já sendo Rei, tendo posse de todo o poder – Mt 2:2; 28:18; Jo 18:33-37; 19:19]). Mas, em outro sentido, o Pai ainda não entregou esses bens ao Filho, até que Ele tenha encontrado a noiva, o Filho tenha se casado e o Pai tenha restaurado Sua esposa, Israel (que aguarda o Filho ser coroado Rei, no tempo em que Ele exercitar todo poder – Dn 7:12-14; Ap 19:7]).

A respeito disso, Cristo disse aos seus discípulos essas palavras, próximo do final de Seu ministério:

“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (João 16:12-15).

Hoje, o Espírito está no mundo conduzindo uma busca pela noiva para o Filho de Deus. Ele conduz Sua busca tomando a Palavra que Ele entregou através de “homens [santos]” que “falaram da parte de Deus” [2 Pd 1:21] durante o passado, revelando aos Cristãos, a partir dessa Palavra, “toda a verdade” e “as coisas que hão de vir”. O Espírito toma Sua Palavra e revela aos Cristãos aquilo que o Pai deu a Seu Filho. Ele mostra à possível noiva o que pode ser dela, se….aceitar o convite.

A noiva, herdando com o Filho, será uma coerdeira com Ele. O que pertence a Ele, pertencerá a ela. A noiva, exatamente como visto no relacionamento de casamento em Gênesis 2, será o complemento do Filho (Hb 2:10), O tornando completo. Eles serão uma só carne, e irão herdar juntos como uma só pessoa (Gn 2:21-24; Ef 5:22-32).

Salvação, Propósito, Dispensações

É muito comum as pessoas considerarem erroneamente esse texto de Gn 24 como se referindo à salvação eterna. Esse é um tratamento amplamente adotado, e é um dos maiores problemas da interpretação Bíblica nos dias de hoje. Ensinos relacionados à salvação eterna são derivados de textos diferente desses. Com isso, além de perdermos o sentido original do texto, acabamos por corromper a mensagem relacionada com a salvação pela Graça.

Os eventos descritos nesse capítulo estão relacionados a uma dispensação em que Deus está tratando com a Igreja e não Israel. Tomando esse texto e usando essa obra particular do Espírito para a salvação pela graça, indivíduos podem ser induzidos a acreditar que a obra do Espírito para realizar a salvação eterna é diferente na presente dispensação do que era nas anteriores. Isso leva as pessoas a crer que os meios de salvação de Deus para o homem mudam durante os Seus tratos dispensacionais com o homem.

Nada poderia diferir mais da verdade. A maneira pela qual os não salvos passam “da morte para a vida” e a base sobre a qual isso ocorre não muda, mesmo quando as mudanças dispensacionais ocorrem. Uma pessoa é salva exatamente da mesma maneira ao longo de todo o Dia do Homem. Ele é salvo por meio do Espírito soprando vida naquele sem vida; e o Espírito faz isso na base da morte e do sangue derramado. Isso foi verdade tanto no início do Dia do Homem (quando Deus matou um ou mais animais e vestiu Adão e Eva com suas peles), como é no tempo presente, próximo do final do Dia do homem (seguindo os eventos relacionados ao Calvário).

O meio de Deus relacionado à salvação eterna é uma das grandes constantes das Escrituras. Os assuntos relacionados ao homem não salvo passando “da morte para a vida” nunca mudam ao longo de todo o registro das Escrituras. Eles permanecem os mesmos desde o livro de Gênesis até o encerramento no livro de Apocalipse.

Apenas os tratos dispensacionais mudam. A palavra “dispensação” vem do Grego oikonomia, que é uma palavra composta relacionada à “mordomia”. Um cognato dessa palavra é oikonomos, que é formado por duas palavras – oikos (casa) e nemo (administrar). Assim, oikonomos tem a ver com a administração de uma casa – uma pessoa central colocada responsável, com outros compartilhando responsabilidades nessa casa sob seus cuidados. Então, oikonomia (a palavra usada para “dispensação”) leva o mesmo sentido.

Da mesma maneira, “uma dispensação” se relaciona com a administração da casa de Deus através de servos a quem Ele delegou a responsabilidade de Sua casa. Esses a quem Ele colocou a cargo de Sua casa só podem ser os salvos, tanto no Dia do Homem, como no futuro Dia do Senhor, caso contrário, eles não poderiam ser mordomos do Senhor.

Durante a dispensação passada, isso foi concedido a Israel. Durante a dispensação presente, é dado à Igreja. Durante o Dia do Senhor, a próxima dispensação – que não somente seguirá a conversão nacional de Israel e sua restauração, mas também a conclusão da bem sucedida busca do Espírito pela noiva na presente dispensação – Deus lidará tanto com Israel como com a Igreja a esse respeito ao mesmo tempo, usando esses dois povos para lidar com as nações gentias.

Então, a razão para o nascimento do algo, os meios da salvação em si, nunca mudaram ao longo do Dia do Homem. Essa razão, voltando para o que foi revelado em Gênesis capítulos 1 a 3, permanece completamente constante ao longo das Escrituras. Esses três capítulos revelam a criação do homem, a queda e sua redenção. O propósito segue o mesmo princípio, independente da intrusão do inimigo e do processo de restauração de Deus.

O homem foi criado para governar a terra. Mas, como resultado da intrusão de satanás, tentando frustrar os planos de Deus, o homem caiu. A restauração do homem envolve trazê-lo de volta para a posição onde possa realizar o propósito relacionado à sua criação.

Assim, o propósito da salvação do homem é inseparavelmente relacionado com o propósito de sua criação, que tem a ver com realeza. Mas diferentes facetas nesse propósito central são vistas posteriormente nas Escrituras, dependendo dos tratos dispensacionais de Deus com o homem. Há um lado relacionado à Israel e outro relacionado à Igreja.

Deus lidou com os judeus por um chamado que era essencialmente e terreno, apesar de um chamado celestial (além daquilo que é da terra) estivesse sempre presente. Esse chamamento celestial foi trazido para o primeiro plano na primeira vinda de Cristo.

Os tratos de Deus com os Cristãos são bem diferentes. Cristãos são tratados somente no que tange ao chamamento celestial (Hb 3:1), que foi tomado de Israel na primeira vinda de Cristo (Mt 21:33-43).

O homem é sempre salvo da mesma maneira, e sua salvação sempre tem em vista a realeza [o reinado].

O convite: Queres ir com este homem?

A pergunta “Queres ir com este homem?” toca o âmago da questão de tudo que envolve a obra do Espírito no mundo ao longo da presente dispensação. A obra do Espírito na vida de um Cristão é projetada para trazer o indivíduo ao ponto onde ele pode ser confrontado com esse convite. Então, a resposta do cristão a ela terá influência direta na maneira pela qual o Espírito será capaz de continuar Sua obra na vida dessa pessoa desse ponto em diante.

O alvo é trazer o Cristão a um lugar onde ele poderá, um dia, participar das atividades concernentes à noiva. Uma resposta negativa a essa pergunta “apagará [ou suprimirá]” a obra contínua do Espírito relativa aos assuntos ligados à Sua busca pela noiva (1 Ts 5:19; Ef 4:30). Entretanto, uma resposta positiva permitirá a Ele continuar Seu trabalho na vida do indivíduo, continuando a movê-lo na direção do alvo.

O Tipo

Depois de entrar na Mesopotâmia, o servo de Abraão peregrinou em direção à cidade de Naor. Chegando perto da cidade, “à tarde”, ele se aproximou de um poço e fez ajoelhar os camelos. O servo então orou, pedindo ao Senhor para que sua jornada prosperasse de acordo com uma série de circunstâncias enumeradas detalhadamente (vv 10-14).

Foi esse o momento quando uma mulher veio da cidade até o poço para tirar água. Antes que o servo terminasse de orar, Rebeca já tinha saído da cidade. O servo a viu, e ela era “mui formosa de aparência, virgem”. Então, depois que ela tirou água do poço, ele lhe pediu que desse de beber, e ela, por sua própria conta, independente de qualquer pedido dele, ofereceu-se para fazer tudo aquilo que ele havia previamente pedido em oração ao Senhor. Ela não apenas tirou água para o servo beber, mas também para os seus camelos (vv 15-21).

O servo de Abraão apenas aguardou e maravilhado observou enquanto Rebeca cumpria aquilo que, minutos antes, havia demandado do Senhor.

Deus, em Seu controle da providência, havia direcionado o Servo ao poço específico, naquele momento exato do dia. Esse era o momento do dia quando Rebeca, junto com outras mulheres da cidade, normalmente iam buscar água. O Senhor fez com que ambas as partes envolvidas estivessem no lugar certo, na hora certa. O Senhor continuou descortinando as coisas, de uma forma sistemática, permitindo que o propósito da missão do servo fosse plenamente cumprido.

“Água” é usada nas Escrituras para se referir tanto ao Espírito como à Palavra (conf. Jo 2:7-10; 4:14; 7:37-39; Ef 5:26). O processo de Rebeca tirar água do poço, com o servo observando, e a ação subsequente por parte dos dois são carregados de sentido espiritual.

Gênesis 24 provê uma riqueza de informações relacionadas à verdadeira natureza da obra do Espírito no mundo hoje. Ele conduz Sua busca pela noiva da mesma maneira vista nesse capítulo. Ele precisa fazer isso, porque o assunto já está estabelecido nas Escrituras. Para compreender adequadamente a obra do Espírito Santo como está revelado no Novo Testamento, um indivíduo primeiro precisa compreender a obra do Espírito como revelado no Antigo Testamento, particularmente em Gênesis 24.

No tipo, o servo de Abraão simplesmente aguardou e observou até que Rebeca tirasse água do poço. Apenas depois que ela havia tirado a água, para ele e para seus camelos, vendo que o Senhor havia prosperado em sua jornada de acordo com sua oração, é que ele começou a agir. Ele então trouxe diversas coisas que pertenciam ao seu mestre, carregadas nos camelos, e as deu a Rebeca (vv. 15-22).

Primeiramente, o servo deu a ela uma pequena porção desses bens. Depois que ela conheceu o propósito de sua jornada – a busca de uma noiva para o filho de seu mestre – ele então começou a trazer mais presentes para Rebeca (vs 33-53).

A partir daí, no momento em que Rebeca já estava plenamente consciente da questão envolvida, ela foi confrontada com o convite:

“Queres ir com este homem?” (vs 58).

Não houve coerção relacionada a esse convite. Todo o objetivo estava plenamente evidenciado, permitindo a ela tomar uma decisão racional, baseada inteiramente no que foi revelado e mostrado pelo servo de Abraão.

A resposta de Rebeca não afetaria seu relacionamento familiar com Abraão. Foi somente devido a esse relacionamento familiar que essas circunstâncias surgiram e essa pergunta foi feita. Assim, independente de sua resposta, positiva ou negativa, seu status familiar permaneceria inalterado.

A resposta de Rebeca estava relacionada com a sua disposição de “ir com o homem”, e isto estava ligado à possibilidade de ela, um dia, chegar à realização de todas as coisas que ele a revelou.

A resposta positiva de Rebeca foi declarada simplesmente assim:

“Ela respondeu: Irei” (vs 58).

Rebeca, seguindo sua resposta, poderia então vislumbrar se tornar esposa de Isaque e receber a herança com ele. A obra do servo então continuaria em sua vida, no que tange a conduzi-la até o cumprimento dessa missão.

Perceba que se ela tivesse respondido negativamente ao convite, nada dessas coisas aconteceriam na vida de Rebeca. Entretanto, ela permaneceria na família de Abraão, e o servo continuaria seu trabalho de buscar uma noiva, da mesma forma que tinha feito antes. Ela, entretanto, não teria se tornado esposa de Isaque, herdeira com ele.

O Antítipo

A partir do que foi revelado no tipo, a obra do Espírito no mundo hoje, buscando a noiva, seria uma questão tão simples que qualquer cristão poderia compreender. A obra do Espírito é prefigurada pela do servo em Gênesis 24. O que é visto no tipo será visto também no antítipo.

O Espírito está conduzindo Sua busca durante esta dispensação, que foi separada para essa finalidade, e exatamente como no tipo, Ele conduz Suas buscas entre os membros da família, os Cristãos.

Seguindo a salvação – logo que são trazidos à vida pelo Espírito, que sopra vida em alguém morto – então esse Espírito começa a obra na vida do indivíduo, projetada para conduzir essa pessoa do gnosis (conhecimento rudimentar da Palavra) ao epignosis (um conhecimento maduro da Palavra). Essa obra é intencionada para trazer essa pessoa a uma posição em que não apenas possa tirar água do poço, mas fazer isso com profundidade. Então, o Espírito poderá progressivamente conduzi-lo “à toda verdade”, mostrando a ele “as coisas que hão de vir” [Jo 16:13].

Como no tipo, o Espírito chama atenção de pequenas porções e partes simples de diferentes facetas daquilo que é visto em Gênesis 24. Inicialmente, tais coisas parecem elementares, porque é tudo que a pessoa pode receber ou compreender. Mas, à medida que ela progride e chega a um melhor entendimento das questões à mão – progressivamente avança do gnosis para o epignosis – o Espírito pode então continuar abrindo as Escrituras, mais e mais, revelando todas as coisas que o Pai irá um dia dar ao Seu Filho.

Em sintonia com o tipo, é somente depois que o indivíduo for levado a pelo menos algum tipo de compreensão dessas coisas, que ele se encontrará confrontado com o convite:

“Queres ir com este homem?”

À essa pessoa, neste ponto, é feita uma pergunta relativamente simples, embora com ramificações de longo alcance. Mas ela só recebe o convite depois de adquirir um conhecimento da questão geral.

(Note que a resposta da pessoa a esse convite não afeta em nada seu relacionamento familiar – ou seja, o seu fato de ser cristão. Mas afetará para sempre ou não a sua participação na formação da noiva do Filho, se tornando coerdeiro com Ele.

Gostou do texto O Convite? Leia o próximo Post, que é a continuação dessa série – A Resposta

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