Pelo Sangue do Cordeiro

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Essas são nossas notas baseadas artigo “Pelo Sangue do Cordeiro”, de T. Austin-Sparks, disponível para leitura no site www.austin-sparks.net. É importante salientar que não se trata do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Recomendamos fortemente àqueles que se sentirem movidos pelo Espírito Santo a irem direto à fonte, pois certamente receberão ainda mais edificação ali.

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“Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz. Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão… e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse. Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono… Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Apocalipse 12:1-5,11).

Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do Senhor, e Satanás estava à mão direita dele, para se lhe opor. Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo? Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do Anjo” (Zacarias 3:1-3).

Vamos relembrar da ilustração de Samuel, no Antigo Testamento. O seu nascimento era impossível dentro das linhas ordinárias da natureza, mas sua mãe, Ana, entrou em dores de parto espirituais por ele. Ao passar por esse sofrimento diante do Senhor, em forte choro e lágrimas por este filho varão, a outra mulher de seu marido ria, zombava dela, e a menosprezava. A razão era que ela tinha filhos, enquanto Ana não tinha nenhum. Então, por meio de uma intervenção especial e um ato de Deus, aquela dor de parto espiritual foi respondida e Samuel nasceu.

Samuel nasceu, por um lado, como fruto das dores de parto da alma de sua mãe, mas por outro, devido a uma intervenção direta de Deus, que acontece ocorre quando o homem está desamparado e naturalmente impotente. Quando Samuel foi desmamado, foi logo apresentado no Templo. Lemos que “Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda menino, vestido de uma estola sacerdotal de linho” [1 Sm 2:18] – ele vestia vestes sacerdotais.

Perceba como os estágios se passaram na vida de Samuel. Poderíamos afirmar que, desde o nascimento até a infância, sem o passar de muitos anos, ele logo foi conduzido ao ministério sacerdotal. Samuel foi projetado para isso desde que foi trazido à existência, e essa foi a causa das dores de parto de sua mãe.

Podemos notar que está registrado na Palavra de Deus que Ana desmamou a criança [1Sm 1:24]. Quando vemos o mesmo registro a respeito de Sara e Isaque, nos é dito: “quando o menino foi desmamado” [Gn 21:8], evidenciando que, no caso de Isaque, tudo seguiu o curso natural. Ana, entretanto, fez isso tão logo ela pôde, e as coisas não seguiram seu curso natural. Ela tomou aquela atitude para que fosse possível trazer Samuel a esse ministério sacerdotal o quanto antes. Então, a vida do jovem Samuel, desde o início, foi marcada por esse ministério sacerdotal, com o trono e com o reino. Devemos nos lembrar que foi Samuel que ungiu os reis de Israel, inclusive o grande rei Davi. Sua vida encarnou a grande afirmação: “reino e sacerdotes para Deus” [Ap 1:6].

Na pessoa de Samuel temos o tipo do filho varão. Dizemos frequentemente que a mulher na Bíblia representa princípios espirituais. Então, podemos afirmar que Ana representa a lei das dores de parto relacionadas a um propósito específico de Deus.

Quando chegarmos a Apocalipse 12, vemos uma mulher entrando em dores de parto espirituais, que visam dar à luz a um grupo específico, um remanescente, um filho varão nascido desse clamor do espírito, dessa angústia. O Adversário está posicionado contra esse grupo de forma mortal.

Em Zacarias, no capítulo 3, vemos a introdução desse princípio, com outro pano de fundo histórico. Josué, o sumo sacerdote, é a encarnação do ministério sacerdotal de todo Israel, que deveria ser um “reino e sacerdotes para Deus”. O sumo sacerdote simplesmente agrega toda a nação sacerdotal em sua pessoa, em relação ao reino.

O sacerdócio e o seu ministério, a vocação e chamamento sacerdotal, estavam num estado lamentável nos dias de Zacarias. Vemos Josué vestido com vestes sujas. Essa foi a condição demonstrada diante de nós: Satanás – o Adversário – é visto à sua destra para se lhe opor. A mão direita indica um lugar de poder, e Satanás estava nessa posição devido as vestes sujas de Josué, acusando-o diante de Deus.

Resumindo a visão de Zacarias, vemos Satanás num lugar de poder como acusador daquele que seria destinado a cumprir aquele ministério sacerdotal relacionado ao reino.

Juntando todas essas coisas, temos um pano de fundo com diversos princípios espirituais, e podemos ver exatamente o que está em vista no capítulo 12 de Apocalipse. “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro”.

A Base da Vitória

Qual é a base da vitória? Qual é o fundamento do triunfo definitivo? Qual será o meio usado por Deus para chegar ao Seu objetivo final? Aqui é dito que será “pelo sangue do Cordeiro”.

Isso, antes de tudo e acima de qualquer coisa, se relaciona à natureza do Sangue do Senhor Jesus. Seu Sangue representa Sua natureza e Vida sem corrupção, sem pecado e mácula. Jesus viveu em absoluta santidade e, por isso, Satanás não teve poder algum sobre Ele, como Ele mesmo afirmou: “aí vem o príncipe do mundo, e ele nada tem em mim” [Jo 14:30].

O Senhor Jesus pôde vencer Satanás, encarar o pecado e dominá-lo, porque não existia em Sua Pessoa nenhuma base para o exercício de domínio do inimigo.

Retornando ao texto de Zacarias 3, vislumbramos Josué em um lugar de fraqueza, impotência e em uma posição onde não está agindo de acordo do seu chamamento celestial, derrotado! Temos o Adversário em uma posição de poder à sua destra, como seu opositor! Josué não consegue sair dessa situação sozinho por causa das suas vestes sujas. Antes que Josué possa ser restabelecido em seu lugar de poder, receber ascendência e Satanás possa ser derrubado como acusador, essas vestes sujas precisam ser removidas. Em princípio e efeito, aqui o Sangue entra em vigor.

O Sangue precioso e imaculado deve ser trazido à luz, para tratar com o pecado, que é o terreno e poder da atividade satânica, concedendo ao Adversário meios de acusação. Antes que essa acusação aniquilada, o Sangue deve estar operando.

Permanecendo nas Perfeições de Cristo

Qual é o significado da aplicação do Sangue? Significa que a absoluta santidade do Senhor Jesus é o fundamento no qual nos apoiamos. Isso nos concede autoridade, poder.

É a perfeição essencial de Cristo que nos concede segurança, fé e confiança, nos sustentando em nosso testemunho. Se nos apoiarmos em nós mesmos, estaremos derrotados. Não existem perfeições em nós!

Não existe nada em nós que possa calar Satanás, nos livrando de suas acusações e nos tirando dessa posição onde ele prevalece. Mas quando nos firmamos em Cristo, em toda a perfeição da Sua natureza, do Seu ser, em Sua absoluta santidade representada pelo Sangue incorruptível, temos livramento.

Pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus” [Ap 12:10]. Por quê? Porque, nesse momento, não mais permanecem firmes baseados nas suas próprias imperfeições, pecados, fraquezas e faltas, mas estão fundamentados na base da absoluta perfeição do Senhor Jesus, na “palavra do seu testemunho”.

Essa é uma questão de absoluta santidade, que não está baseada em nós mesmos, mas nEle!

Tudo se relaciona com a apropriação e apreensão, pela fé, de tudo o que o Senhor Jesus é em Sua natureza essencial, como o Cordeiro sem mácula de Deus.

Ele é para Deus por nós, e de Deus para nós. Nunca poderemos exagerar ao reiterar isso. Essa é a base da vitória.

Dê ao inimigo algum pequeno fragmento do velho Adão, da carne, do ego, do pecado, e ele imediatamente tomará o lugar de poder, te subjugando com acusação, enfraquecendo sua vida e ministério. Sabemos que isso é verdade.

Permaneça continuamente sob a eficácia daquele Sangue, recebendo, pela fé, tudo o que o Senhor Jesus é diante de Deus para você. Acerte tudo o que o Espírito Santo te convencer que O desagrada, pela virtude do Sangue. Assim o inimigo será expulso e não terá mais um lugar de poder.

O Perigo da Auto-Ocupação

Se o povo de Deus pudesse compreender o grande perigo da ocupação com eles mesmos! Existem tantos dentre o povo de Deus vivendo hoje debaixo do senhorio da acusação de Satanás.

O inimigo está lançando sobre eles um senso de condenação e julgamento, roubando sua paz, certeza, descanso, esperança. Descobriremos que esse povo está sempre se remetendo às suas próprias falhas, seus pecados, sempre girando ao redor de si mesmos: ‘o que são e não deveriam ser, o que não são e deveriam ser’.

Sua libertação da opressão de Satanás só pode se basear numa apreensão renovada da absoluta satisfação do Pai no Seu Filho a favor deles. Eles precisam encontrar esse lugar para se posicionarem diante do Pai em aceitação. Esse é o caminho da libertação, para expulsar o Adversário, para vencer o inimigo como o Acusador.

Sim, o fundamento do Sangue é suficiente para essa ampla, completa e multifacetada vitória. Eles venceram por causa do sangue do Cordeiro”, esse é o primeiro e o supremo fator da virtude do Sangue em todas as direções: a ausência de pecado na natureza do Senhor Jesus. Nunca existiu ninguém assim.

Podemos nos alegrar porque foi Deus que veio em Cristo, DEUS veio a nós na Pessoa de Cristo. Será que podemos acusar Deus de pecado? Foi Deus, em Cristo, Aquele que é absoluta e totalmente santo, em Quem não havia pecado, que veio até nos por meio da encarnação; e em virtude dessa natureza Divina perfeita, Satanás é despojado de sua autoridade.

Bendito seja Deus! Nós recebemos, pela fé, a virtude desse precioso Sangue, que é a perfeição do Senhor Jesus sendo colocada em nossa conta. Isso é graça – é a maravilha do Evangelho!

Se fôssemos começar a analisar a nós mesmos e fazer contas, isso seria algo terrível, perverso, não teria fim!

Pense nisso, amado, considerando tudo o que sabemos a respeito de nós mesmos, e tudo o que Deus sabe de nós:

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos” [Jr 17:9,10].

Apesar de tudo isso ser um fato, podemos estar na presença de Deus como que perfeitos e sem pecado, não baseados em nós mesmos, mas em Cristo.

O Sangue é uma Arma a Ser Manejada

O Dragão é o Adversário, e estamos diante do Devorador. Todo o povo verdadeiramente espiritual, talvez tenha mais consciência disso do que os outros. Se o inimigo puder, irá nos engolir, e acredito que está disposto a nos derrubar até com a morte, se puder. Quanto mais nos posicionarmos em relação ao Senhor no que diz respeito ao Seu reino celestial e a esse ministério sacerdotal relacionado ao trono nesse reino, mais ficaremos conscientes da imediata proximidade do Dragão, daquele que ataca as nossas mentes e nossos corpos com a morte.

Quanto mais perto nos achegarmos da vocação do filho varão, mais próximos nos tornamos do Dragão, e mais conscientes estaremos de que estamos rodeados e envolvidos pela morte. Devemos clamar: ‘Isso não é vida, é morte!’ Será que vamos aceitar isso? Se estivermos envolvidos pela morte, onde está a virtude do Sangue? Vamos rejeitar isso, com base no poderoso Sangue derramado? “Eles venceram pelo sangue do cordeiro...”.

Não podemos aceitar essa atmosfera de morte por causa daquele Sangue. Talvez alguns não tenham entendido isso corretamente. Não estamos dizendo que não vamos para o túmulo se o Senhor se demorar; não é a isso que estou me referindo quando falo em não aceitar a morte. Podemos morrer e ir para o túmulo no sentido físico, mas isso pode até ser uma vitória, não uma derrota. Isso pode representar um triunfo! Mas não aceitamos a morte, sua atmosfera tentando nos engolir.

Precisamos saber identificar essa morte que espiritual e mentalmente nos rodeia, quando chegamos a uma proximidade do propósito de Deus no testemunho de Jesus Cristo.

Devemos manter em mente que esse é o nosso chamado: permanecer firmes contra o adversário, o devorador, o engolidor. Graças a Deus, existe Aquele que é maior que ele, e a morte finalmente será tragada.

O Sangue é suficiente contra o Dragão, o Adversário, o Acusador, o Enganador. Mas para isso, precisaremos nos apropriar positiva e ativamente do pleno poder e significado do Sangue, adotando um posicionamento decisivo; tomando-o como um instrumento ativo.

Como é fundamental que existam pessoas que conhecem e se apropriam do poder do Sangue, não na força da carne, mas esvaziando-se, em toda a humildade, insignificância, fraqueza, permanecendo firmes em Sua virtude, Seu poder, firmes usando essa poderosa arma contra a operação da morte ao nosso redor, para chegarmos ao pleno propósito que Deus. Essa é a necessidade de hoje, por um povo assim.

Lembre-se do seu território, sua arma. Lembre-se de se esvaziar de si mesmo, da necessidade do enfraquecimento, da humilhação, da disciplina e da correção. Tudo isso visa nos conduzir à uma posição efetiva, forte no Senhor. O orgulho, a autossuficiência e a força natural não podem permanecer nessa posição. Nada além do precioso Sangue do Senhor Jesus!

Fraqueza não é impotência. Desamparo de nossa parte não é desespero. Não! São um caminho aberto para a poderosa eficácia do Sangue entrar em operação em nossas vidas.

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Essas são nossas notas baseadas artigo “Pelo Sangue do Cordeiro”, de T. Austin-Sparks, disponível para leitura no site www.austin-sparks.net. É importante salientar que não se trata do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Recomendamos fortemente àqueles que se sentirem movidos pelo Espírito Santo a irem direto à fonte, pois certamente receberão ainda mais edificação ali.


T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério. Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência. Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church.

“Nenhum homem é infalível e ninguém ainda ”obteve a perfeição”. Muitos homens piedosos precisaram se ajustar, seguindo um senso de necessidade, após Deus lhes haver concedido mais luz.” (De uma Carta do Editor publicada pela primeira vez na revista “A Witness and A Testimony“, julho-agosto de 1946).

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