A Partida da Noiva é um resumo dos Capítulos 10 e 11 do livro “Search of The Bride”, de Arlen Chitwood. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Aqueles que se sentirem movidos podem ler o arquivo original no link disponibilizado acima.
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Arlen Chitwood
“Ora, Isaque vinha de caminho de Beer-Laai-Roi, porque habitava na terra do Neguebe. Saíra Isaque a meditar no campo, ao cair da tarde; erguendo os olhos, viu, e eis que vinham camelos.” (Gênesis 24:62,63)
A obra do servo de Abraão não se encerrou quando ele encontrou a noiva na Mesopotâmia e a deixou de prontidão. Ao contrário, houve uma obra final e conclusiva, que se relacionava com o remover da noiva preparada da Mesopotâmia até apresentá-la a um noivo que a aguardava em outro lugar. O noivo é visto esperando (próximo ao cair da tarde) em um lugar específico, entre a casa de seu pai e a casa da noiva, onde encontraria aquela que o servo buscou, preparou e removeu.
Exatamente o mesmo é visto no antítipo. A busca e preparação da noiva pelo Espírito, enquanto está na terra, durante a presente dispensação, é seguida por uma obra final e conclusiva no fim desta dispensação. O Espírito removerá a noiva preparada da terra e irá apresentá-la ao Noivo. O Noivo, naquele momento (no final da dispensação), estará aguardando em um lugar específico, entre a casa do Seu Pai e a casa da noiva, com o objetivo de encontrar aquela a quem o Espírito terá buscado, preparado e removido.
Em tipo, a noiva de Isaque foi acompanhada por outras moças naquele momento. Elas subiram nos camelos e deixaram a Mesopotâmia. Apesar do número dos camelos não ser dado nesse momento do tipo, a referência pode ser os mesmos 10 camelos que o servo tinha previamente trazido para a Mesopotâmia (vs 10).
“Dez” é número de plenitude ordinal nas Escrituras. Então, essas moças montando sobre “10 camelos”, naquele momento, poderiam demonstrar plenitude ordinal em relação àquelas que iriam encontrar com Isaque. Ou seja, todas elas foram – não apenas Rebeca, mas todas, conforme representado pelo número 10. Entretanto, apenas uma moça seria apresentada a Isaque como sua noiva, a quem o servo de Abraão havia procurado, preparado e removido.
Acontecerá exatamente o mesmo quando na partida da noiva de Cristo, no final desta dispensação. A noiva não partirá sozinha. Ao contrário, ela será acompanhada por outros, que a Escritura claramente revela ser todos os outros Cristãos.
Como aconteceu no tipo, todos irão juntos encontrar com Cristo. Mas também, como no tipo, nem todos serão apresentados a Cristo como Sua Noiva. Apenas aqueles que correspondem ao antítipo de Rebeca naquele dia irão compor a noiva.
Quando a caravana de camelos carregando Rebeca e as outras moças se aproximou de Isaque, Rebeca é vista se arrumando para encontrá-lo. “Tomou ela o véu e se cobriu” (vs 65). Entretanto, nada é dito no tipo que aquelas que a acompanhavam fizeram algo da mesma natureza.
Esse ato realizado por Rebeca no tipo fala muito ao antítipo, porque o mesmo será verdade sobre os Cristãos correspondentes à noiva naquele dia no futuro. Como Rebeca, eles terão o privilégio de se arrumar adequadamente para encontrar Cristo em relação às atividades que cercam a noiva e o noivo.
[As escrituras apresentam duas formas na qual os Cristãos podem aparecer na presença de Cristo naquele dia. Um cristão pode aparecer vestido ou nu [Ap 3:18]. Note que aquilo que Mt 22:11-13 revela acontecerá a qualquer indivíduo que aparecer nu na presença de Cristo naquele dia futuro].
A noiva, sob a liderança do Espírito, terá previamente sido preparada para encontrar o Noivo. Por causa disso, a ela será permitido se arrumar naquele dia (não “ser arrumada ou ataviada”, mas “a si mesma se ataviar”) “de linho finíssimo, resplandecente e puro”. Esse “linho fino” é descrito como “os atos de justiça dos santos“ (Ap 19:7,8).
Mas o Espírito, ao mesmo tempo, removerá mais pessoas além da noiva preparada, quando for apresentá-la ao Noivo que a aguarda. O Espírito removerá todos os Cristãos – o novo homem “em Cristo” completo. A Escritura é muito clara no que diz respeito ao fato todo inclusivo do registro referido como “arrebatamento”, que ocorrerá imediatamente depois da obra completa do Espírito na terra durante a presente dispensação.
Inúmeros estudantes da Bíblia tentam ver o ensino da Escritura que a noiva somente será removida no momento do arrebatamento, e que o restante dos Cristãos será deixado para trás para ir em outra parte da Tribulação. Entretanto, a Escritura claramente revela que todos os salvos da presente dispensação – o novo homem completo, composto tantos dos Cristão fiéis como dos infiéis – serão removidos da terra para os céus e serão tratados no tribunal de Cristo, no mesmo lugar e momento.
Todos os Cristãos irão aparecer diante do tribunal de Cristo. A Escritura revela claramente que “iremos aparecer”. Também nos revela que essa aparição tem a ver com uma “justa recompensa” sendo dispensada – “todos nós [não apenas um grupo seleto, mas cada Cristão] compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (conforme 2 Co 5:9-11; Lc 19:15-26; 1 Co 3:12-15; Hb 2:1-3).
Uma interpretação indevida, relacionada com esse aspecto todo-inclusivo do arrebatamento, é feita com frequência, por meio de uma visão falha de todos os tipos como um todo. Em tal interpretação, é tomado apenas um ou alguns tipos e antítipos, sem considerar outros. Por exemplo, toma-se apenas o tipo em Enoque, em Gênesis 5, ignorando os outros tipos e antítipos).
Seria suficiente dizer que a Escritura deve ser interpretada à luz da Escritura. Uma porção da Escritura precisa ser interpretada à luz tanto do seu contexto como de outra porção relacionada da Escritura (conforme 1 Co 2:9-13 e 2 Pe 1:20). O todo das Escrituras apresenta uma figura completa, desenhada quando Deus entregou Sua palavra. Todos os tipos, como sendo apenas um assunto, precisam ser vistos em conjunto, junto com o antítipo.
A Obra do Espírito como Antítipo de Gênesis 24
Mantendo a estrutura do tipo em Gênesis 24, esse é o momento, quando o Espírito irá remover todos os Cristãos da terra (tanto os mortos [ressurretos] como aqueles que estiverem vivos naquela ocasião). Entretanto, a obra do Espírito no momento do arrebatamento envolverá muito mais do que isso.
O Espírito dá vida através do sopro (tanto físico como espiritual). O princípio relacionado a esse assunto foi estabelecido nos dois primeiros capítulos de Gênesis, e, uma vez estabelecido, não pode ser mudado. Essa é a conexão do Espírito em dar vida ao homem.
É por isso que o Espírito é visto como o instrumento da ressurreição de Cristo (Rm 8:11). Ele deveria ser Aquele soprando vida no corpo físico de Cristo, para que a vida fosse restaurada nEle. Então, além dessa obra do Espírito naquele tempo, Cristo precisou ressurgir dos mortos (Jo 2:18-22), porque, novamente, Ele é “a ressurreição e a vida”.
Quando Cristo descer do céu e der o comando para os mortos “em Cristo” para se apresentarem, permanecendo naquele princípio estabelecido na abertura de Gênesis, o Espírito agirá na mesma capacidade, em conjunto com a ordem de Cristo. O Espírito soprará vida naqueles a quem o mandamento se relaciona – “os mortos em Cristo” – exatamente como ele fez naquele tempo com Lázaro ou qualquer um que Ele ressuscitou dos mortos no passado, caso contrário eles não teriam voltado (Mt 27:52, 53; Lc 8:55; Jo 11:43,44; Hb 11:35, conforme Tg 2:26).
Quando tanto o Filho como o Espírito agirem dessa forma já revelada, “os mortos em Cristo” ressurgirão.
Então temos a questão tanto dos crentes ressurretos como os vivos sendo transformados por meio da obra do Espírito (1 Co 15:55). Os mortos não serão apenas ressurretos, mas seus corpos serão transformados, o que também ocorrerá com os crentes vivos. Os mortos e os vivos terão um corpo como o que Cristo recebeu depois de Sua ressurreição.
Tanto os mortos como os vivos – todos “em Cristo” – serão removidos da terra, da maneira que a Escritura se refere a corpos “espirituais”, não “naturais” [almáticos] (1 Co 15:44-50). Cristo possuiu um corpo “natural” [almático] antes de Sua morte no Calvário, mas Ele foi ressurreto em um corpo “espiritual” depois do terceiro dia.
Um corpo “espiritual”, de acordo com o descrito em 1 Co 15:44-50, não é como um fantasma, um corpo intangível. Ao contrário, é um corpo de carne e osso (o mesmo corpo que a pessoa possuía no momento da morte, e o mesmo corpo que os crentes possuirão quando Ele retornar); mas, apesar de ser um corpo de carne e osso, ele possuirá um outro princípio de vida o animando.
No corpo “natural” [almático], o princípio da vida está no sangue (Lv 17:11). No corpo “espiritual”, o princípio da vida é o Espírito de Deus (Rm 8:11).
O mandamento de Cristo e a obra do Espírito em relação a isso acontecerá em “um momento”, que será tão curto como “um abrir e fechar de olhos” (1 Co 15:52).
A palavra traduzida como “momento” é atomos no Grego. Dessa palavra derivamos a palavra átomo, que se refere a algo tão pequeno, que não pode ser dividido. A referência é a uma partícula de tempo tão pequena, que não pode ser reduzida a algo ainda menor (por exemplo, como se fosse um milésimo de segundo).
Assim, o comando do Senhor e a obra do Espírito será tão rápida (um período tão rápido e curto como já foi descrito) que a Escritura simplesmente usa a palavra atomos para descrevê-la.
Resumindo, os Cristãos, tanto mortos como vivos, serão removidos e, de repente, estarão na presença do Senhor nos céus, sem perceber a passagem do tempo. Eles estarão lá. O passar do tempo será tão rápido, será impossível de perceber pela compreensão humana.
A noiva, no entanto, não será apresentada e conhecida ao Filho, até os eventos que se seguem o momento do tribunal de Cristo. Será apenas em meio às decisões e determinações que sairão do julgamento, que a Noiva será separada do resto do corpo, permitida se ataviar de linho fino e ser apresentada a Cristo, conforme o antítipo do que foi visto pelo servo de Abraão completando sua obra com Rebeca em Gênesis.
No tipo, vemos Isaque aguardando a noiva “na terra do Neguebe” (vs 62) – uma aparente referência em sua permanência na parte sul da terra, onde seu pai vivia. Foi ali que ocorreu o encontro entre Isaque e sua noiva.
O mesmo será verdade quando Cristo encontrar Sua noiva. O trono de Deus é o norte da terra (conforme Sl 75:6, Is 14:13,14). Cristo, quando descer dos céus, estará “no Neguebe” – na parte sul do reino do Seu pai, se isso fosse relacionado a terra – o sul do trono de Deus. Será lá que, no antítipo, o Espírito conduzirá aqueles tipificados pela Rebeca e suas moças a encontrar Aquele tipificado por Isaque.
Assim, quando os Cristãos forem tomados nos ares para encontrar o Senhor, eles serão tomados para uma só direção – ao norte – para encontrar o Senhor em um lugar na parte sul do reino de Seu Pai.
A Noiva Revelada
“Também Rebeca levantou os olhos, e, vendo a Isaque, apeou do camelo, e perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? É o meu senhor, respondeu. Então, tomou ela o véu e se cobriu.” (Gênesis 24:64,65)
A Igreja completa – todos os Cristãos, completando o novo homem (todos salvos ao longo do período da presente dispensação) – serão removidos da terra no final dessa dispensação, e serão tomados nos ares. Depois que esse novo homem “em Cristo” for removido da terra e tomado nos ares, esse novo homem permanecerá diante de Cristo no dia do tribunal de Cristo. Esse julgamento ocorrerá no Dia do Senhor, não no Dia do Homem. Esse julgamento terá avaliará se um cristão venceu ou foi vencido, se experimentará salvação ou ira (1Ts 5:9; Ap 2,3).
No tribunal de Cristo, Aquele que “sonda mentes e corações” (Ap 2:23) trará todas as coisas à luz. Nada permanecerá oculto ou escondido. Tudo será revelado e conhecido (Mt 10:26,27; Lc 12:2,3). Por meio dessa plena revelação de todas as coisas, a noiva será revelada.
Aqueles Cristãos formando a Noiva serão separados do restante do corpo de Cristãos, cumprindo o tipo que Deus estabeleceu quando Ele criou o homem desde o início (Gn 2:21-24). Isso será um sinônimo da “ressurreição dentre os mortos” (a primeira ressureição), em Fp 3:11 – um grupo de Cristãos tendo permissão de se levantar de entre todo o corpo de Cristãos.
À noiva, possuindo vestes nupciais (feitas dos “atos de justiça”, que foram previamente provados pelo fogo no tribunal de Cristo [1Co 3:11-15; Ap 3:4,5]), será permitido andar com o Senhor de “branco”. Mas isso não será a experiência dos Cristãos que não possuírem vestes nupciais (Ap 3:17,18).
Essa atividade desses encontrados dignos tomará lugar nas festividades das bodas – ocorrendo nos céus antes da volta de Cristo no final da Tribulação, pelo menos por sete anos depois que a noiva tiver sido revelada. Por esse tempo, será concedido à Noiva o privilégio de se ataviar “em linho fino, branco e limpo” (a mesma veste “branca” que a noiva havia previamente possuído, seguindo determinações e decisões do tribunal de Cristo, antes da tribulação – Ap 19:7,8). Mas não será permitido comparecer qualquer outra pessoa que não tiver vestes nupciais (Mt 22:11-13; 25:10-12).
As bodas e o casamento não são o mesmo. O casamento em si será no futuro. Muito diferente dos casamentos no Ocidente hoje, o casamento de Cristo e Sua noiva ocorrerá nos termos de uma transação legal, sem a presença ou nenhuma atividade da noiva.
Essa transação legal será realizada por Cristo, imediatamente antes da Tribulação, quando Ele tomar os sete selos do rolo na destra do Seu Pai (Ap 5:1-7). Esse rolo contém os termos dessa transação legal. As coisas que envolvem essa transação (os julgamentos) serão concluídos logo depois que Cristo retornar ao fim da Tribulação (Ap 10:1; 11:15; 19:11).
Essa transação legal se relaciona com a obra futura de redenção a ser realizada pelo Filho – uma obra relacionada à herança usurpada, o domínio que atualmente é governado por Satanás (sobre o qual Cristo e Sua noiva estarão exercendo a redenção – Ap 6:19). Essa obra redentora será concluída somente depois que Cristo retornar e destruir os poderes Gentios do mundo.
Só nesse momento, depois de concluir essa transação legal, a noiva se tornará a esposa de Cristo. Por meio da redenção da herança, a noiva automaticamente irá se tornar a noiva de Cristo, exatamente como foi visto quando Boaz redimiu a herança no tipo (Rt 4:1-10). Então, depois que isso acontecer, o Filho de Deus irá subir até o trono e reinar sobre a terra por 1.000 anos, como uma Pessoa completa com Sua Noiva.
O Livro de Apocalipse, encerrando o Novo Testamento, esboça o todo dos eventos do tempo do fim em relação à noiva – desde a sua revelação até o tribunal de Cristo e o reino milenar.