A Resposta é um resumo do Capítulo 8 do livro “Search of The Bride”, de Arlen Chitwood. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Aqueles que se sentirem movidos podem ler o arquivo original no link disponibilizado acima.
Leia a mensagem anterior aqui.
Arlen Chitwood
“Chamaram, pois, a Rebeca e lhe perguntaram: Queres ir com este homem? Ela respondeu: Irei. Então, despediram a Rebeca, sua irmã, e a sua ama, e ao servo de Abraão, e a seus homens. Abençoaram a Rebeca e lhe disseram: És nossa irmã; sê tu a mãe de milhares de milhares, e que a tua descendência possua a porta dos seus inimigos. Então, se levantou Rebeca com suas moças e, montando os camelos, seguiram o homem. O servo tomou a Rebeca e partiu.” (Gênesis 24:58-61)
Abraão enviou seu servo mais velho para a Mesopotâmia para buscar uma noiva para seu filho, Isaque. Ao servo foi dada a instrução específica de que a noiva deveria vir da própria família de Abraão. Para cumprir adequadamente sua missão, todos os bens de Abraão foram entregues a ele (Gn 24:1-10).
O servo de Abraão então tomou 10 dos camelos de seu senhor e, pela clara inferência do texto, usou esses camelos para carregar os bens de Abraão até a Mesopotâmia. No texto (vs 10), o número de camelos está especificamente relacionado com a quantidade de bens na posse do servo de Abraão. “Dez” é um número que demonstra plenitude ordinal, indicando que todos os bens do seu mestre estavam em seu poder.
Na Mesopotâmia, o servo encontrou a possível noiva próxima a um poço. Por meio de uma série de eventos que revelavam ao servo que Rebeca era aquela a quem ele buscava, ele começou a tomar os bens do seu senhor e dar a ela.
Dessa forma, o servo começou a demonstrar e revelar a Rebeca as coisas que pertenciam ao pai, e que um dia pertenceriam ao filho. E isso aconteceu apenas depois que a noiva foi confrontada com a pergunta:
“Queres ir com este homem?” (vv 58).
Isso que havia sido revelado tinha um só propósito. Se relacionava à missão do servo na Mesopotâmia e aquilo que estava proposto no futuro uma vez que o propósito se realizasse. Para que isso acontecesse, o servo usou apenas um meio.
Depois de encontrar a possível noiva e fazer conhecida a causa de sua jornada, ele começou a tomar certas coisas que pertenciam ao mestre e dar a Rebeca. Ele não falou de si mesmo, pelo contrário, ele falou de seu mestre e do seu filho. E, por meio disso, ele começou progressivamente a revelar a Rebeca que aquilo um dia iria pertencer e ser controlado pelo Filho. A esposa do filho, herdaria aquilo com ele, e ambos, como uma pessoa completa, exerceriam controle sobre todas aquelas coisas em algum momento no futuro.
O Tipo
A obra do servo de Abraão ocorreu entre aqueles de sua família (vv 3,4,9,15), seguindo a oferta de Isaque (Cap. 22) e a morte de Sarah (Cap. 23), mas antes do novo casamento de Abraão (Cap. 25). Aquilo que ocorreu no capítulo 22 – morte, com o filho sendo recebido do lugar de morte no terceiro dia (vs 4,5 conf. Hb 11:17-19) – tornou tudo possível.
Então, os eventos nos capítulos subsequentes se movem em direção ao fim do capítulo 24 e início do capítulo 25 – o filho casando-se com uma esposa que vai receber a herança com ele, e o pai novamente encontrando uma esposa frutífera, diferente da anterior.
Esse fim não aconteceria enquanto o servo estivesse na Mesopotâmia buscando uma noiva para o filho do seu mestre. O servo precisava permanecer na Mesopotâmia apenas até que tivesse encontrado a noiva. Uma vez que isso tivesse ocorrido, ele deveria partir com a noiva para apresentá-la ao filho, trazendo um fim a essa missão. Só isso poderia permitir que os eventos do capítulo 25 ocorressem.
Tudo que o servo revelou na Mesopotâmia tinha relação com o alvo. Tanto Rebeca como sua família compreenderam isso. E a razão é bem simples: o servo revelou tudo a eles, e eles acreditaram no seu testemunho.
Esse é o tipo, e exatamente da mesma forma deve acontecer com o antítipo.
O Antítipo
Como foi visto no antítipo em Gênesis 22, a morte e ressurreição do Filho tornou tudo possível. No final do capítulo 22, seguindo aquilo que foi revelado sobre a morte e ressurreição do Filho, é feita menção sobre uma semente celestial e uma semente terrena de Abraão possuindo as portas do inimigo. Então, esposas ocupam o lugar proeminente nos próximos três capítulos:
- A esposa de Abraão morre (Capítulo 23).
- Ocorre a busca de uma esposa para Isaque (Capítulo 24).
- Abraão toma uma nova esposa (Capítulo 25).
A que isso tudo se refere? Muito simples. O todo do tipo está tratando com o homem um dia ocupar a posição para a qual ele foi criado desde o início. Salvação, provida com esse propósito (primeira parte do capítulo 22), e possuir as portas do inimigo (segunda parte do capítulo 22) têm relação com o Seu propósito. Então o restante do tipo está relacionado com trazer esse propósito à luz.
A “porta” da cidade era o lugar onde as questões legais eram resolvidas a favor daqueles que habitavam ali (veja o exemplo em Rt 4:1). Possuir as portas seria uma forma Oriental de dizer que a pessoa exercitava o controle sobre aquela cidade específica. Em relação ao supremo destino da semente de Abraão – tanto celestial como terreno – seria o controle governamental da terra, tanto a partir da esfera celestial, como terrena.
Perceba que a família de Rebeca, ao se despedirem dela, em Gn 24:60, falando sobre a sua descendência que viria do relacionamento que ela estava prestes a entrar, utilizaram uma expressão similar àquela usada em Gn 22 [vs 17,18].
Mas por que a ênfase nas esposas nesses três capítulos, seguindo aquilo que foi revelado no capítulo 22? Por aquilo que foi revelado em relação ao primeiro homem, o primeiro Adão, que foi criado para governar, conforme evidenciado em Gn 1 e 2. O homem não pode governar sozinho. Ele precisa de uma esposa para governar com ele – ele como rei, ela como rainha consorte.
Perceba que a revelação na Escritura é progressiva a esse respeito. Não devemos iniciar nossos estudos em Gn 23-25 sem entender o que está revelado antes desses capítulos. Caso contrário, não seremos capazes de compreender adequadamente o que está sendo descortinado ali. Esse mesmo princípio é verdadeiro ao longo de toda a Escritura. A revelação posterior é construída com base na revelação anterior. Se um individuo vai compreender corretamente o Novo Testamento, ele primeiro precisa compreender o que foi revelado antes, no Antigo Testamento. É por isso que, ao estudar o Novo Testamento, a pessoa se vê continuamente voltando para Moisés e os Profetas. Ao estudar um comentário sobre o Novo Testamento, será necessário compreender aquilo ao qual o comentário pertence, se deseja ter um entendimento correto.
Os eventos do final do capítulo 24 e no início do capítulo 25 prefiguram coisas que acontecerão na Era Messiânica, quando a semente de Abraão – tanto celestial como terrena – possuirá os portões do inimigo. Esse é o ápice para o qual os eventos iniciando no capítulo 22 conduzem.
“Eu Irei”
De Gênesis 22 a 24, encontramos 6 passos bem distintos, tomados de forma progressiva, que podem ser vistos na vida de um indivíduo em relação à obra completa do Espírito durante a presente dispensação. Essa obra completa abrange todo o panorama da salvação, libertação – a partir do momento quando o Espírito sopra vida naquele que está morto, até a hora em que a noiva aparece na presença de Cristo, propriamente ataviada com vestes matrimoniais. Todo esse assunto é a obra do Espírito, do início ao fim.
Note abaixo esses 6 passos vistos nos 3 capítulos:
- O “passar da morte para a vida” e a razão revelada para isso ocorrer (Cap. 22);
- O início da obra do Espírito, seguindo o Seu conduzir do indivíduo de volta do seu estado de morte para a vida (Cap. 24). [Isso acontece depois dos eventos demonstrados nos capítulos 22, 23, mas antes aos do capítulo 25];
- O Espírito, ao longo do tempo, trazendo o indivíduo ao ponto onde ele pode ser confrontado com a questão essencial (24:58a);
- O indivíduo respondendo a essa questão (24:58b);
- Uma obra contínua do Espírito na vida do Cristão que respondeu positivamente à pergunta essencial (24:61);
- O Espírito completando Sua obra, removendo a noiva e apresentando-a ao Filho (24:62).
O Início da Obra do Espírito
O passar de um indivíduo da morte, de um estado de alienação, para um estado de vida, precisa ser o ponto inicial em qualquer trato de Deus com o homem. O homem caído é espiritualmente morto, e a vida precisa ser concedida a ele, antes que Deus possa lidar com ele em relação à razão para a sua criação.
“Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:24).
Deus lida com o homem em um plano espiritual, e o homem caído precisa ser tornado vivo espiritualmente para que as coisas possam acontecer.
O Espírito sopra vida em alguém morto, na base da obra concluída de Cristo no Calvário. Apenas a partir daí – quando o morto em transgressões e pecados passa a possuir vida espiritual – Deus pode tratar com o homem no plano espiritual necessário.
Mas, qual é a maneira que Deus trata com o homem, depois de ser trazido à vida dessa maneira? Do ponto de vista das Escrituras, é sempre da mesma maneira. Assim como aconteceu com Abraão em Gênesis, ou na morte dos primogênitos em Êxodo 12, Deus trata com o homem separando-o do mundo e das coisas do mundo, com vistas a receber uma herança em outra terra, removendo-o do mundo; e isso tudo preservando completamente a razão para a criação do homem desde o início (conforme Gn 12:1-3; 15:5-21; 12:29,40,41; 15:17,18; 19:5,6; Dt 6:23).
Como previamente notado, exatamente a mesma coisa é vista em Gênesis 22, e é levada a bom termo no final do capítulo 24 e início do capítulo 25. No capítulo 22, imediatamente após a porção que prefigura a morte e ressurreição do Filho de Deus, “do céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a Abraão” [vs15]. A primeira vez estava relacionada com questões relativas à salvação (vs 1-14), e a segunda vez tinha relação com o propósito da salvação (vs 16-18).
Tal propósito não é, como é amplamente difundido entre Cristãos, que alguém seja salvo do inferno para passar a eternidade com Deus no céu. O propósito tem a ver com o reinado e essa terra (o homem exercendo governo sobre a terra, que acontecerá na Era Messiânica); e seguindo a Era Messiânica, o propósito de Deus para a salvação do homem está relacionado com o reinado e o universo como um todo (o homem exercendo governo além da terra, no universo, que será exercido na nova terra e a partir das Eras subsequentes).
Assim, o homem foi salvo para que finalmente seja trazido à posição para a qual foi criado desde o início. Isso é o que é visto em qualquer ponto das Escrituras quando o assunto é tratado, iniciando-se nos versos iniciais, quando Deus estabeleceu o esboço fundamental para o restante da Sua Palavra (Gn 1:1-2:3). E o todo subsequente das Escrituras simplesmente forma um comentário àquilo que foi revelado nos primeiros 34 versos do livro de Gênesis. Ou seja, o restante forma os tendões, carne e pele que recobrem a estrutura dos ossos daquele corpo (Ez 37:1-10), provendo todos os detalhes necessários e permitindo ao homem ser capaz de compreender o que Deus revelou, Seus planos e propósitos.
No esboço fundamental, que equivale aos ossos do ser humano, descritos em Gn 1-2:3, uma estrutura septenária é vista, e questões relacionadas a isso se movem através de seis dias até o sétimo, o Sábado, dia de descanso. Esse é um padrão progressivo visto ao longo de todo o Livro Sagrado.
Deus tomou seis dias para restaurar a criação arruinada, estabelecendo um padrão imutável relacionado a como Deus restaura uma criação arruinada. Atualmente Ele está também tomando seis dias (6.000 anos conforme 2 Pe 3:8) para restaurar duas criações arruinadas (o homem e a criação material). Assim como Deus descansou no Sábado depois da restauração, Ele irá descansar no Sábado (1.000 anos, o sétimo milênio depois de Adão, a Era Messiânica, o Sábado que resta para o povo de Deus), na última restauração (Hb 4:1-9).
O pensamento amplamente disseminado em meio à Cristandade é que o homem é salvo para escapar do inferno, com o céu se tornando sua morada eterna, e isso não é o que as Escrituras dizem a esse respeito. Esse ensino sofre uma corrupção da verdade bíblica, conduzindo miríades de Cristãos para o caminho errado nos seus estudos Bíblicos.
Uma vez que os Cristãos tenham esses pensamentos errôneos arraigados em suas mentes, é quase impossível levá-los a ver a verdade nessa questão. Quando foram assim conduzidos erroneamente, é quase impossível levá-los a ver a verdadeira natureza da obra do Espírito nesta dispensação. Mas essa é a maneira que as coisas acontecem hoje quase que universalmente entre a Cristandade. Isso é resultado da operação do fermento (Mt 13:33) por quase 2 milênios.
A Obra Contínua do Espírito
O segundo dos seis passos progressivos da obra do Espírito na vida de um indivíduo durante a presente dispensação é visto em Gn 22 até 24, e tem a ver com o início da obra do Espírito entre os salvos. Uma obra peculiar a essa dispensação. Essa é uma obra inicial que é realizada logo depois do nascimento do alto (Gn 22), dentre um novo povo de Deus (uma nova nação, a Igreja Cp 24), seguindo o tempo quanto Israel é deixado de lado (Gn 23), mas precedendo o tempo da sua restauração (Gn 25).
O Espírito de Deus está no mundo para revelar aos Cristãos – indivíduos que possuem vida espiritual e são, por isso, capazes de compreender as verdades espirituais – todas as questões relacionadas ao fato da semente de Abraão (tanto celestial como terrena) um dia possuir os portões do inimigo. O Espírito de Deus revela essas coisas exatamente da mesma forma que vimos o servo de Abraão revelando o propósito de sua missão em Gn 24. Ele faz isso tomando certas coisas dos bens do Pai, que um dia pertencerão ao Filho, e dando aos Cristãos.
Todos esses bens do Pai podem ser vistos na Palavra revelada de Deus (2 Co 2:9-13). O Espírito toma essa Palavra – que Ele mesmo moveu homens para escrever no passado – e conduz os cristãos à “toda a verdade”. Ele, por meio da Palavra, revela aos cristãos “as coisas que hão de vir”. Essas “coisas que hão de vir” serão manifestadas a todos quando o Pai, naquele dia para o qual o Espírito aponta, dará tudo o que Ele tem ao Seu Filho (Gn 25:5; Jo 16:12-15).
A Resposta do Crente à Pergunta Essencial
Isso tudo tem em vista o terceiro dos cinco passos progressivos da obra do Espírito, visto no tipo de Gn 22 a 24. A obra do Espírito previamente descrita conduz o indivíduo ao terceiro passo, que será ser confrontado com as questões relacionadas à pergunta em Gn 24:58:
“Queres ir com este homem?” (vv 58).
Ser confrontado com essa questão leva o indivíduo ao próximo passo progressivo. A pessoa precisa, por ela mesma, de forma pessoal, responder ao convite. Ele precisa pessoalmente escolher ir em frente ou não com o Espírito a partir desse ponto. Não existe posição intermediária a escolher (conforme Lucas 11:23).
Exatamente como no tipo (Rebeca estando plenamente consciente da questão), o Cristão também será completamente conscientizado da questão. Então, como aconteceu com Rebeca, ele será confrontado nesse ponto com essa decisão.
O Cristão que ousar atentar para a verdade da obra do Espírito durante essa dispensação, que é o período de Laodicéia na história da Igreja, invariavelmente encarará rejeição e escárnio da parte de seus próprios companheiros Cristãos. Ele poderá, como Paulo, tento todos eles voltados contra si mesmo (2 Tm 1:15; 4:10,11, 14-16).
Mas note Aquele que não apenas permaneceu com Paulo quando todos os demais o abandonaram, mas também o livrou “de toda obra maligna” (2 Tm 4:17,18). Isso deveria ser a experiência de qualquer Cristão através da dispensação que seguiu o padrão demonstrado por Paulo (conforme 1 Tm 1:15,16; Ap 3:18-20).
A Obra Final do Espírito
A obra do Espírito não chega ao fim durante a presente dispensação, mas depois que o Espírito tiver removido os Cristãos da terra, depois que decisões e determinações tiverem ocorrido no tribunal de Cristo (baseadas na reação do Cristão à obra do Espírito na prévia dispensação), e depois que a tão buscada noiva se encontre em uma posição de ser revelada para todos a contemplarem.
Esse será o dia quando o propósito da salvação, demonstrado em Gn 22, finalmente se realizará. Esse será um dia de glória para inúmeros Cristãos. Mas para a vasta maioria dos Cristãos, será tudo menos um dia de glória. Ao contrário, será um dia de vergonha e humilhação, seguido de profundo arrependimento por algo que nunca será uma realidade para eles – ter um lugar entre aqueles que formarão a noiva, e assim, serão incapazes de reinar como co-herdeiros com o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” durante o tempo futuro para o qual todas as coisas se direcionam desde a criação de Adão.
O Caminho
O caminho do Espírito, visto no tipo pelo caminho do servo em Gn 24, começa seguindo a morte e ressurreição.
A passagem da “morte para a vida” restaura um relacionamento espiritual entre Deus e o homem, mas aquilo que foi trazido à existência no momento da queda – o homem da carne – presente no tempo que o Espírito sopra vida no indivíduo, precisa permanecer sob uma sentença de morte. A obra do Espírito não realiza nenhuma mudança no homem da carne. Ele permanece intocável, imutável, e ele permanece no mesmo lugar que sempre esteve – sob sentença de morte.
Note que Deus não tirou as trevas em Gn 1:2-5, no tipo original relacionado à Sua obra inicial de restauração da criação arruinada. Ao contrário, Ele colocou logo ao lado a luz. A luz brilhou nas trevas, algo completamente alheio a elas [conforme Jo 1:5; 2 Co 4:6].
O homem da carne não pode ter nada a ver com as coisas relacionadas ao propósito envolvido na obra do Espírito, tanto na vida dos não salvos com nos Cristãos durante a presente dispensação – uma obra resultando em Cristãos um dia sendo encontrados dentre aqueles que formarão a noiva do Filho e obtendo a herança, como co-herdeiros com Ele.
Por isso, no tipo, a passagem do Mar Vermelho foi a primeira coisa que confrontou os Israelitas, sob a direção de Moises, em sua marcha saindo do Egito rumo à Canaã. “O Mar” é o lugar de morte. O primogênito tinha morrido, e agora ele seria enterrado e nunca mais ressurgiria.
Os Israelitas deveriam passar pelo Mar. Eles precisavam passar pelo lugar de morte. No sentido ensinado pelo tipo, é esse o lugar onde o velho homem deve ficar. A pessoa agora possui vida espiritual (depois da obra inicial do Espírito), e o velho homem (alheio à obra do Espírito), com suas obras, deve ser deixado de lado. Esse velho homem deve ser considerado morto. Somente o novo homem deve estar em vista além daquele ponto prefigurado na passagem do Mar Vermelho (conforme Rm 6:4-12).
A liderança do Espírito – desde o Mar Vermelho até o Sinai, e então à terra de Canaã – foi dirigida somente ao homem do espírito. Só o homem do espírito passou pelo lugar de morte e foi removido dali figurando a ressurreição, com vistas à herança na outra terra.
O homem carnal não tem herança na terra oferecida àquela nação. Esse fato deveria ser bem compreendido para qualquer Israelita sob Moisés, porque Deus previamente deixou isso bem claro ao pai da nação de Israel, Abraão. Ismael não herdaria com Isaque (conforme Gl 4:19-31).
Seguindo a obra inicial do Espírito, as coisas imediatamente se voltam para a razão de sua obra – a vinda do reino de Cristo, e não a vida eterna. No tipo – os Israelitas sob Moisés – isso é visto na morte do primogênito do Egito e a passagem do Mar Vermelho, com algo em vista – obter uma herança em outra terra, em uma teocracia, como o filho primogênito de Deus.
A passagem do Mar Vermelho sob Moisés poderia apenas ser aquilo que Jesus aludiu em Sua resposta à Nicodemos em Jo 3:3-6, com o verso 5 como explicação mais detalhada do vs 3, e o vs 6 sendo uma explicação mais detalhada do vs 4. A resposta como um todo refletia os sinais realizados (vs 2), que tinha a ver com ver / entrar no reino, não na vida eterna.
No verso 5, ser nascido da água (o velho homem ser deixado no plano de morte, com o novo homem em vista) e do Espírito (com vistas ao novo homem seguindo a liderança do Espírito, como uma progressão na direção à essa nova terra) é a forma que os assuntos são demonstrados na Palavra de Deus. Isso é o que Deus, na pessoa do Seu Filho, disse a respeito da Sua primeira vinda; e é isso que a Escritura menciona em qualquer ponto que esse assunto é tratado; isto é aquilo a que o homem deve aderir se um dia for entrar no reino oferecido e herdar com o Filho.
A liderança do Espírito, tendo a ver com o homem espiritual apenas, deve ser vista à luz do tipo em Gn 24. Uma vez que Rebeca se determinou a seguir o homem, ela seguiu “seu caminho”.
Rebeca se levantou, subiu no camelo (que carregava os bens pertencentes ao pai, que um dia seriam do filho) e seguiu o servo. “Esse caminho” tinha a ver com a liderança do servo enquanto eles ainda estavam na Mesopotâmia (Gn 24:61).
A direção da viagem era singular (em direção a outra terra, para cumprir a missão do servo). Aquilo para o qual Rebeca se associou também era singular (subir no camelo, que carregava os bens do pai, que um dia pertenceriam ao filho). Da mesma forma, aquilo para o qual ela se entregou era singular (seguir o servo, o “seu caminho”).
Seria suficiente dizer que, iniciando com a morte e ressurreição, toda essa apresentação das Escrituras relacionada ao assunto é a razão pela qual Paulo estava tão desejoso que a sua morte se conformasse à morte em relação a Cristo. Ele desejava “conhecer” Cristo, “o poder da sua ressurreição [de Seu ressurgir do lugar de morte], e a comunhão dos seus sofrimentos [a ordem é sofrimentos pós-ressurreição, durante o tempo presente de Sua rejeição, assim como aqueles que o seguem serão rejeitados durante este tempo]” (Fp 3:10).
Paulo desejava compreender tudo isso, em uma medida em que poderia se manifestar em sua vida, de tal forma que ele seria encontrado entre aqueles que um dia seriam capazes de obter “a ressurreição dentre os mortos” [primeira ressurreição]. Alcançando essa primeira ressurreição, ele obteria “o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:11-14).