Amor, a melhor coisa do mundo – 4

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“Amor, a melhor coisa do mundo – 4” é a tradução do livreto homônimo de Henry Drummond. 

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Henry Drummond (1851-1897)

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“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor” (1 Coríntios 13:13).

Estamos meditando no texto de 1 Coríntios 13, o tratado do apóstolo Paulo sobre o amor. Até aqui, o irmão Henry Drummond discorreu sobre a análise do amor e sua comparação com outros dons. Depois, analisamos suas características ou elementos. Nesse post chegamos à prática, como o amor é exercitado, desenvolvido em nossa natureza. Veja a mensagem anterior aqui.

O exercício

Já analisamos bastante o Amor. Agora nossa tarefa é experimentar essas coisas em nosso caráter. Essa é a suprema ocupação à qual devemos nos devotar neste mundo – aprender o Amor [1Jo 4:8; Jo 17:3]. A vida está cheia de oportunidades para conhecermos o amor. Todo homem e toda mulher encara milhares delas todos os dias. O mundo não é um parque de diversões, mas uma sala de aula. A vida não é um feriado, mas uma oportunidade de aprendizado. 

A lição única para todos nós é como poderíamos amar melhor.

O que faz alguém um bom jogador de cricket? A prática. O que faz de alguém um bom artista, escultor, músico? A prática. O que faz alguém dominar um novo idioma, ser um bom taquígrafo? Prática. 

O que torna alguém numa boa pessoa? Prática, nada mais. Não existe nada incomum, incoerente na vida espiritual. As leis que regem a alma não são diferentes das leis que governam o nosso corpo e mente. Se um homem exercita seu braço, desenvolve os músculos do bíceps, se ele não exercitar sua alma, ela não será fortalecida, seu caráter e força moral não se tornarão mais vigorosos, não vislumbraremos nele a beleza do crescimento espiritual. O amor não é uma emoção entusiástica. Ele é uma expressão, forte, rica, valorosa do caráter cristão integral – a NATUREZA DE CRISTO desenvolvida ao máximo. Os constituintes desse grandioso caráter só podem ser edificados por meio da INCESSANTE PRÁTICA.

O que Cristo fazia na oficina de carpintaria? Praticava. Apesar de ser perfeito, Ele aprendeu a obediência, cresceu em sabedoria e em graça para com Deus [Hb 5:8; Lc 2:40]. 

Por essa razão, não questione sua sorte na vida. Não reclame dos cuidados incessantes, do ambiente mesquinho, dos aborrecimentos que precisa enfrentar, das almas sórdidas e pequenas com as quais convive e trabalha. 

Acima de tudo, não fique ressentido com as tentações, não fique perplexo por parecerem piorar mais e mais ao seu redor, por não cessarem mediante seus esforços, pela sua agonia, nem pela sua oração. Essa á sua oportunidade de praticar. É a lição prática que Deus lhe outorgou, e seu efeito deve ser torná-lo mais paciente, mais humilde e generoso, altruísta, bondoso e cortês. Não se ressinta com a mão que está moldando essa imagem ainda disforme em seu interior. Apesar de ainda não ser possível ver, ela está se tornando cada vez mais bela, e cada toque da tentação contribui com esse processo de aperfeiçoamento. Por isso, envolva-se com as coisas da vida. Não se isole. Permaneça em meio às pessoas, aos problemas, dificuldades e obstáculos. Lembre-se das palavras de Goethe: “O talento se desenvolve na solidão, o caráter, na correnteza da vida“. O talento se desenvolve na solidão – o talento da oração, da fé, da meditação, da visão do invisível, mas o caráter se desenvolve na correnteza da vida. Esse é o lugar onde o homem aprende a amar.

Como isso acontece? Para facilitar, nomeei alguns elementos do amor. Mas vale lembrar que são apenas elementos, pois o amor em si mesmo é indecifrável. A luz é muito mais do que a soma de seus ingredientes: um fluído incandescente, brilhante e trêmulo. O amor também é superior aos seus elementos, é algo sensível, trêmulo, palpitante e vivo. 

Pela síntese de todas as cores, o homem pode produzir a cor branca, mas não pode produz a luz. Pela síntese das virtudes, o homem pode produzir virtude, mas não o amor.

Como, então, poderemos ter essa vida transcendente comunicada no recôndito da nossa alma? Nós nos esforçamos para adquiri-la, tentamos copiar aqueles que a possuem, estabelecemos regras, observamos, oramos. No entanto, essas coisas não inculcarão o amor em nossa natureza. 

O AMOR É UM EFEITO. 

Esse efeito só será produzido se cumprirmos as condições necessárias para que ele ocorra. Será que preciso nomear a CAUSA que provoca esse bendito efeito?

Observe a primeira epístola de João, quando ele afirma: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” [1Jo 4:19]. “Nós amamos”, não “Nós O amamos”. Atente para a palavra ‘porque’. Eis a CAUSA: “porque ele nos amou primeiro“. O efeito que o amor de Cristo provoca é passamos a AMAR: amar a ELE, amar a os todos os homens. Não poderemos evitar que isso aconteça. Como Ele nos amou, nós amamos, amamos a todos. O nosso coração é transformado, paulatinamente. Contemple o amor de Cristo e você também amará. Fique diante desse espelho, reflita o caráter de Cristo, e você será transformado na mesma imagem, de ternura em ternura [2Co 3:18]. Não existe outro caminho. Não podemos amar por obrigação, podemos apenas olhar para Aquele objeto amável, então nos apaixonamos por Ele, crescendo na Sua semelhança. 

Então, olhe para o Caráter Perfeito, a Vida Perfeita. Olhe para o GRANDE SACRIFÍCIO do Senhor, para Sua vida de entrega diária. Observe também Sua entrega absoluta na Cruz do Calvário. Você não terá outra escolha a não ser amá-Lo. Amado-O, precisará ser como Ele. 

Amor gera amor. É um processo de indução. Coloque uma peça de ferro perto de outro objeto magnetizado, e essa peça de ferro também ficará magnetizada por um determinado espaço de tempo. Essa barra se tornará numa força magnética temporária, simplesmente por ter estado na presença do imã permanente. Se deixarmos ambos lado a lado, manterão essa característica comum. 

Permaneça lado a lado com Aquele que nos amou e SE ENTREGOU POR NÓS, e também se tornará num centro de força atrativa. Como Ele, atrairá todos para você, e também será, como Ele, atraído para todos. Esse é um efeito inevitável do Amor. Qualquer homem que cumprir essa causa, experimentará esse efeito.

Desista da ideia de que a vida espiritual se desenvolve por acaso, misteriosa e inadvertidamente. Ela acontece por meio das leis naturais ou sobrenaturais, pois todas as leis são Divinas.

Certa vez, Edward Irving foi visitar um garoto que estava às portas da morte e, ao entrar no seu quarto, apenas colocou sua mão na cabeça do doente, dizendo: “Meu filho, Deus te ama”, então saiu. O menino foi transformado, levantando-se da cama, anunciando a todos que estavam na casa: “Deus me ama! Deus me ama!”. Essa percepção do amor de Deus o encheu de poder, derreteu seu coração, dando início à uma nova criação dentro dele. É assim que o amor de Deus derrete o coração duro das pessoas, gerando uma nova criatura que é paciente, humilde, gentil e altruísta. Não existe outro caminho, nem mistério. Nós amamos os outros, a todos, inclusive nossos inimigos, porque ELE NOS AMOU PRIMEIRO.

Continue sua leitura aqui.


Henry Drummond (1851 – 1897) nasceu em Stirling, Escócia. Segundo seu biógrafo, o prof. George Adam Smith, “ele mudou a atmosfera espiritual de sua geração”. Drummond foi um cientista, um explorador e um grande comunicador da fé cristã nos cinco continentes, especialmente a estudantes. Sua família era cristã e Henry tomou sua decisão por Cristo ainda criança, jamais se desviando de sua fé. Atuou como professor, sempre ministrando o evangelho especialmente aos jovens e desfavorecidos. Fazer a vontade de Deus era sua prioridade. Cooperou em várias campanhas evangelísticas no Reino Unido, e em um momento de descanso dos cooperadores de uma dessas campanhas, D. L. Moody (18837-1899) pediu que ele compartilhasse a mensagem. Essa mensagem sobre 1 Coríntios 13 se tornou depois um livreto, intitulado “The greatest thing in the world”. Moody referia-se a ele como o homem mais parecido com Cristo que já havia visto.

“Henry Drummond foi um dos homens mais amáveis que já conheci… De fato se podia reconhecer, assim como aconteceu com os primeiros apóstolos, “que ele havia estado com Jesus” [At 4:13]… Não conheci outro homem que, em minha opinião, tenha vivido mais próximo ao Mestre, ou que tenha procurado cumprir Sua vontade mais plenamente”. D. L. Moody (1837-1899).

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