Reino da luz x reino das trevas

Print Friendly, PDF & Email

“Reino da luz x reino das trevas” são nossas notas baseadas no capítulo 2 do livro “Thine is the Kingdom, and the Power, and the Glory, Forever”. Austin-Sparks, disponível para leitura no site www.austin-sparks.net. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Recomendamos fortemente àqueles que leem em inglês e se sentirem movidos pelo Espírito Santo a irem direto à fonte, pois certamente receberão ainda mais edificação ali. 

*** 

“No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gn 1:1-3).

“Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus… Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4:3,4; 6).

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus… A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (Jo 1:1, 4-5).

*** 

No início, houve um grande conflito no universo relacionado à QUEM teria o domínio sobre ele. O Novo Testamento nos indica que existem dois reinos, o Reino de Deus e o reino de Satanás, o Reino do Filho de Deus e aquele outro reino que busca usurpar aquilo que Lhe é devido. 

Ao longo da história, esses dois reinos tem permanecido em um conflito mortal. 

Quando nos referimos ao Reino de Deus, essa seria a esfera onde Deus governa.

Deus governa por meio de Sua própria natureza

Normalmente pensamos em um reino como um local onde reside um número de pessoas debaixo do domínio de algum autocrata, ditador, que as subjuga. Mas Deus não é assim, Ele não governa como autocrata ou ditador.

Seu Reino é composto por aqueles que são semelhantes a Ele. Seu governo é baseado naquilo que Ele é, e é assim que Ele governa agora. 

Quando afirmamos: “Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”, afirmamos que esse Reino é relacionado à algo que satisfaz Sua natureza.

Devemos considerar então que se fazemos parte do Reino de Deus, devemos ser reconstituídos de acordo com Deus.

Existe um “não” de Deus para a natureza humana que ainda não foi reconstituída de acordo com a natureza Divina. Podemos nos lembrar de uma ilustração disso na parábola de Mateus 22, quando um homem participava das bodas do filho do rei, mas não tinha vestes nupciais adequadas. Quando o rei notou isso, disse: “Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu. Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes” (vs 12,13).

Lembrando do capítulo 3 de João, naquela conversa com Nicodemos o Senhor diz que para VER o reino de Deus algo precisaria ocorrer primeiro. Independente do fato de Nicodemos ser bastante religioso, educado e estimado entre os homens, a porta estava fechada para ele, naquele momento e condição. Nicodemos carecia de algo mais. Existe algo relacionado ao Reino de Deus que demanda por uma nova constituição. É como um homem tentar viver no vácuo, no espaço sideral… ele não tem constituição física para isso, precisará de um aparato especial. 

Para entrar no Reino precisaremos ter a natureza DIVINA (2Pe 1:4). 

O Reino de Deus, o governo da luz Divina

Mas como Deus se parece? Se o Reino de Deus é a esfera onde a natureza de Deus governa, isso nos descortina diversas possibilidades. Isso é uma questão fundamental. 

“Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1Jo 1:5).

O Reino de Deus equivale ao governo da luz Divina, e sabemos que essa LUZ sempre é um PONTO FOCAL de intenso conflito espiritual.

A Bíblia se inicia com um tremendo conflito. Vemos um estado na natureza contrário à Deus, e Ele inicia investindo tudo contra aquela condição. Sua primeira ação foi CONTRA AS TREVAS:

“Havia trevas sobre a face do abismo” (Gn 1:2).

Aquela certamente era uma situação que Deus não poderia tolerar, por se tratar de uma severa contradição à SUA NATUREZA. 

Então vemos o decreto Divino: “HAJA LUZ!”.

Temos todo o pano de fundo da Palavra para confirmar essa atitude Divina em relação às trevas. O apóstolo Paulo, em 2 Coríntios 4:3-6, disse: “o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, PARA QUE lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo”.  As trevas são uma obra do maligno, e DEUS É ABSOLUTAMENTE CONTRÁRIO À ELAS.

O primeiro ataque de Deus foi desferido contra as trevas, e essa parábola natural também se remete ao reino espiritual. Sempre veremos a redenção associada à luz, assim com aconteceu com a redenção natural da terra. Aquilo ocorreu em um combate contra as trevas, vimos a luz subjugando aquela condição.

Seguindo na Palavra de Deus vemos outras ocasiões quando isso também ocorreu:

  • Abraão teve uma visão, segundo o relato de Estêvão (At 7:2): “O Deus da glória APARECEU a Abraão”. Os olhos de Abraão foram abertos para ver a glória de Deus, e a grandiosa obra redentora de Deus seguiu baseada naquela visão. Luz e visão são coisas similares, pois sem luz nada vemos. Jesus disse aos Judeus: “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se” (Jo 8:56). Que iluminação! Uma chave no plano redentor de Deus.
  • Os Filhos de Israel estavam no Egito, em densas trevas. Percebemos como Deus odeia as trevas nos Seus 10 julgamentos sobre o Egito! Deus entrou em um combate grandioso com as trevas do Egito, e mesmo em momentos de trevas palpáveis, os filhos de Israel tinham LUZ em suas casas (Êx 10:21-23). Mesmo na jornada do deserto, os filhos de Israel tinham um pilar de fogo ao seu redor, sempre combatendo as trevas. Eles foram redimidos dos riscos de se perderem no deserto por meio do pilar de fogo, a LUZ NAS TREVAS.
  • Os profetas do Antigo Testamento eram centros de luz em meio às trevas do povo, levantados para redimi-los daquela condição. Se tomarmos Isaías como exemplo, veremos que seu grandioso ministério se iniciou com uma visão (Is 6:2). O profeta repetidamente aludia à trevas e luz, até que ele viu: “Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti” (Is 60:1).

Existe um severo conflito entre esses dois reinos: da luz e das trevas. A obra do reino das trevas é CEGAR… essa é sua obra suprema. O inimigo não arrasta os homens para o pecado, tornando-os maus, conduzindo-os à profundeza da degradação e corrupção. Não! Esses são apenas subprodutos de sua obra inicial, que é CEGAR. Remova a cegueira deles, abra os seus olhos, e tudo ficará bem mais fácil. 

A LUZ é absolutamente fatal para o reino das trevas, temida acima de qualquer outra coisa. Satanás é o príncipe do império das trevas. Ele cegou as mentes dos incrédulos com um propósito em vista: PARA QUE a luz do evangelho da glória de Cristo não reluza diante deles. Se a luz do evangelho entrar, o reino dele será perdido, a batalha será vencida. 

O inimigo fará qualquer coisa ao seu alcance para impedir isso.

Na verdade Paulo descreve isso na epístola aos Efésios: “obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração” (4:18). Ele obscurece o entendimento dos homens. 

Isso não é somente verdade com os incrédulos, perceberemos que o inimigo investe fortemente contra qualquer acréscimo de luz em nossas vidas também. Esse forte assalto ocorria com os profetas, focos de luz em Israel, que atravessavam momentos de severo conflito em seus ministérios.

Jesus afirmou: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8:12), e Ele viveu em grave conflito! 

O Senhor nos diz: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14). Aqui vemos um desafio: a luz é POSITIVA. É impossível ter luz Divina e ser neutro. Se Deus brilhou em seu coração, então sua vida desafiará o reino das trevas, e o inimigo fará tudo que puder para apagar essa luz. 

A LUZ DIVINA não é um mero ensino ou teoria, mas uma verdadeira ameaça para o reino de Satanás. 

“Lembre-se de que este não é apenas um assunto inicial na vida cristã. Cada novo passo de avanço na vida espiritual é o resultado de alguma nova luz. Só progrediremos na vida espiritual por meio de mais luz Divina, e o maligno não deseja que avancemos para a plenitude da luz. Assim que acharmos que temos toda a luz, a morte se instalará” (T.A-S).

Leia mais artigos do mesmo autor aqui.

*** 

Essas são nossas notas baseadas no capítulo 2 do livro “Thine is the Kingdom, and the Power, and the Glory, Forever”. Austin-Sparks, disponível para leitura no site www.austin-sparks.net. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Recomendamos fortemente àqueles que leem em inglês e se sentirem movidos pelo Espírito Santo a irem direto à fonte, pois certamente receberão ainda mais edificação ali. 


T. Austin Sparks (1888-1971) nasceu em Londres e estudou na Inglaterra e na Escócia. Aos 25 anos, iniciou seu ministério pastoral, que perdurou por alguns anos, até que, depois de uma crise espiritual, o Senhor o direcionou a abandonar aquela forma de ministério, passando a segui-Lo integralmente naquilo que parecia ser “o melhor que Deus tinha para ele”. Sparks foi um homem peculiar, que priorizava os interesses do Senhor em vez do sucesso do seu próprio ministério. Sua preocupação não era atrair grandes multidões, mas ansiava desesperadamente por Cristo como a realidade de sua pregação. Por isso, suas mensagens eram frutos de sua visão e intensas experiências pessoais. Ele falava daquilo que vivenciava, e sofria dores de parto para que aquela visão se concretizasse primeiramente em sua própria vida. Pelo menos quatro linhas gerais podem ser percebidas em suas mensagens: (a) o grandioso Cristo celestial; (b) O propósito de Deus focado em ganhar uma expressão corporativa para Seu Filho; (c) a Igreja celestial – a base da operação de Deus na terra e (d) a Cruz – o único meio usado pelo Espírito para tornar as riquezas de Cristo parte da nossa experiência. Sparks também acreditava que os princípios espirituais precisavam ser estabelecidos por meio da experiência e do conflito, quando finalmente seriam interiorizados no crente, tornando-se parte de sua vida. Sparks desejava que aquilo que recebeu gratuitamente fosse também assim repartido, e não vendido com fins lucrativos, contanto que suas mensagens fossem reproduzidas palavra por palavra. Seu anseio era que aquilo que o Senhor havia lhe concedido pudesse servir de alimento e edificação para os seus irmãos. Suas mensagens são publicadas ainda hoje no site www.austin-sparks.net e seus livros são distribuídos gratuitamente pela Emmanuel Church. 

“Nenhum homem é infalível e ninguém ainda ”obteve a perfeição”. Muitos homens piedosos precisaram se ajustar, seguindo um senso de necessidade, após Deus lhes haver concedido mais luz.” (De uma Carta do Editor publicada pela primeira vez na revista “A Witness and A Testimony“, julho-agosto de 1946).

Post anterior
O Reino e o Cordeiro
Próximo post
Siga o Cordeiro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.