Participante de Cristo
“Lembrou-se Deus de Noé e de todos os animais selváticos e de todos os animais domésticos que com ele estavam na arca; Deus fez soprar um vento sobre a terra, e baixaram as águas” (Gênesis 8:1).
A história do dilúvio é retratada com uma grandiosidade de detalhes! Sabemos que a pena do Espírito Santo não tem seu foco na história humana em si, mas tem como critério para os registros na Santa Palavra aquilo que é importante à luz do propósito eterno de Deus.
Vamos pedir ao Senhor que ilumine os olhos do nosso coração para ver a beleza do retrato desse registro tão impressionante de Gênesis.
- A Ação do Senhor (vs 1-5) – Vemos o julgamento Divino chegando ao fim. O servo Noé é lembrado por Deus e a aliança será levada à termo. “Fecharam-se as fontes do abismo e também as comportas dos céus, e a copiosa chuva dos céus se deteve” (vs 2). A arca pousa com segurança no monte Ararate.
- A Atitude do Servo (vs 6-14) – Sua atitude foi de fé. Noé estava alerta e responsivo aos movimentos Divinos. Enviou um corvo, uma pomba. Sua atitude também refletiu esperança. Ele aguardou mais sete dias, e enviou novamente a pomba, que retornou com uma folha de oliveira. Ele então sabia que as águas estavam retornando. Sua atitude foi de paciência. Ele aguarda mais sete dias antes de enviar a pomba mais uma vez (a terceira), quando ela não mais retorna. Noé imagina que sua libertação está próxima. Quando Deus dá Sua palavra e estabelece Sua aliança, Seus servos tem uma forte fundação para sua fé, esperança e paciência.
- O Mandamento do Senhor (vs 15-17) – Quando chegou o tempo de Noé deixar a arca, a Palavra que foi dita com total clareza para que ela ali entrasse, também foi para que ele saísse com sua família, levando tudo mais que ali estava. Deus nunca dá um mandamento antes do tempo necessário para a obediência completa. Passo a passo Ele faz conhecida Sua vontade. Ele nunca se adianta, nem se atrasa.
- A Obediência do Servo (vs 18-19) – O servo obedece totalmente e imediatamente antes do dilúvio, da mesma forma o faz agora, debaixo do mandamento de Deus. Obediência real deve ser pronta e completa. Esse é um dos testes supremos da vida genuína.
- A Consagração do Servo (vs 20) – O primeiro ato de Noé ao pisar na terra é construir um altar e edificar sacrifícios. Assim ele testifica de sua gratidão a Deus pela libertação, sua necessidade de sacrifícios para se aproximar do Senhor e da consagração de sua vida para o serviço a Deus conforme é simbolizado pela oferta queimada.
- A Revelação do Senhor (vs 21,22) – Em resposta, vemos um movimento duplo de Deus. Primeiro, a aceitação do sacrifício, então a garantia Divina a respeito do futuro da terra. Não haveria mais maldição na forma de dilúvio, e é feita uma garantia absoluta da permanência das estações, ano a ano, enquanto a terra existisse.
Vamos ler os três capítulos de Gênesis (6 a 8) à luz do Novo Testamento. Tomando as palavras do Apóstolo Pedro (1Pe 3:20), não é errado considerar a história do dilúvio como uma grande lição simbólica repleta de verdades espirituais. Algumas vezes é dito que a história nunca se repete, mas em um certo sentido isso acontece, quando falamos das realidades espirituais e morais. Nosso Senhor nos diz de forma clara que a história de Noé se repetirá nos dias de Sua vinda (Mt 24:37-42). Como foram os dias de Noé, e como serão os dias do Filho do Homem?
Dias de Pecado
a) O Caminho de Deus é Abandonado. A terra se torna corrupta por meio do pecado, e o coração do homem continuamente mau.
b) A Palavra de Deus Ressoava. A Arca era o protesto Divino contra o pecado. Enquanto Noé, o pregador da justiça, era a testemunha visível da certeza da retribuição e o tempo limitado do Espírito de Deus entre os homens (Gn 6:3).
c) A Vontade de Deus era Menosprezada. Por 120 anos, Noé pregou sem obter um único convertido. Isso evidencia a extensão da depravação da humanidade, e a certeza de que a ira de Deus, que é a manifestação da santidade Divina contra o pecado. “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:31).
Dias de Tristeza
Pensamos nas pessoas no momento do Dilúvio e nossos pensamentos se estendem àqueles que estão vivendo da mesma forma nos dias do Filho do Homem.
a) A Mensagem de Deus foi Negligenciada. Cada prego colocado na Arca era um apelo de Deus à humanidade e ainda assim esse testemunho foi infrutífero ano após ano.
b) O Refúgio de Deus foi Rejeitado. Não havia outro caminho de salvação, exceto pela Arca. Nenhum artifício humano era suficiente. Eles poderiam ir até o pico mais elevado do monte mais alto, e ainda assim não haveria salvação.
c) O Dom de Deus foi Perdido. Eles tiveram a oferta da salvação e da vida. Eles a negligenciaram e a rejeitaram, como consequência a perderam.
Dias de Salvação
a) A Graça de Deus Operava. Noé era um santo solitário naqueles dias, e isso demonstra que a bondade é possível, mesmo nas circunstâncias mais adversas. Ele viveu como pregou, sua vida e suas palavras testificaram da realidade da oportunidade da graça de Deus.
b) O Amor de Deus estava Planejando. As instruções em relação à arca, o convite para entrar nela, a proteção da arca, o cessar do dilúvio e a libertação de Noé e sua casa, tudo isso testificando da realidade do amor de Deus manifestado em prover um caminho para salvação.
c) O Poder de Deus estava Sustentando. Como é significativo ler “o Senhor fechou a porta após ele”! Havia uma provisão perfeita na Arca. Nenhuma ansiedade, nem possibilidade de vazamento ou arrombamento; uma porta de entrada, e essa porta protegida pelo poder Divino. A Arca era um lar para o povo salvo. Tanto quanto sabemos, não havia barco, mastro, leme, apenas Deus! E aquilo era absolutamente suficiente!
Assim, como foi nos dias de Noé, acontecerá nos dias do Filho do Homem. Dias de mau, mas dias de bem. Em meio aos dias maus, oportunidade de salvação e o convite de participar da misericórdia Divina. Dias de perigo e perda; e ainda assim oportunidade de perdão, paz, proteção, preservação.
“Porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6:2).
Tradução baseada no livro “Genesis, A Devotional Commentary”, de Griffith Thomas, capítulo 9.